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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Um pouco por todo o mundo, o cansaço dapandemia  vai agudizando as posições negacionistas e as manifestações contra as medidas impostas pelos governos para controlar o avanço da pandemia. Esta realidade vai também gerando neologismos como "covideiro" ou "fraudemia", usados para acusar aqueles que agem em conformidade com a existência de uma ameaça pandémica. A medicina, por seu turno, avança indiferente aos acontecimento, procurando aliviar com midazolan os pacientes que têm de ser submetidos à intubação orotraqueal. Descobre-se também que a clofazimina, fármaco usado no tratamento da lepra, pode ser eficaz no tratamento da covid-19 e que o sono é também fundamental para evitar sequelas graves da doença. Todavia, enquanto todas as atenções recaem sobre a covid-19, outras doenças, como a tuberculose, vão ficando para segundo plano, com as consequências daí inerentes. No campo da vacinação, várias equipas mundiais, responsáveis pela organização do processo, adotam o camuflado como indumentária, porque de uma guerra se trata e Israel destaca-se pelo avanço da campanha de vacinação da população e por se ter oferecido como país-cobaia para os estudos dos efeitos da vacina Pfizer. Já no plano económico, famílias e empresas veem-se em dificuldades para suportar as obrigações bancárias, pelo que o governo decretou as moratórias como medida de apoio. Os nove termos destacados correspondem às novas entradas no glossário A covid-19 na língua

2. A ausência de acento gráfico em palavras como rainha ou moinho dá o mote para uma explicação deste fenómeno que se encontra num preceito anterior à reforma de 1911, como se explica numa das respostas que integram a atualização do Consultório. No plano da evolução das palavras do latim para o português, surge uma dúvida relacionada com a presença de uma assimilação na evolução de ipse para esse. No âmbito das classes de palavras, esclarecemos uma questão relacionada com o uso de cujo como pronome interrogativo e analisamos as expressão «o guloso do rato». A nível sintático, considera-se a sintaxe do verbo apelar e a natureza das orações introduzidas pela locução assim como

3. O acesso a livros editados noutros países é frequentemente uma tarefa difícil e nem sempre bem-sucedida. Partindo desta constatação, a professora universitária Margarita Correia reflete sobre a importância de serem criadas condições, entre os países que integram da CPLP, para um acesso facilitado a livros e bens culturais (artigo publicado no Diário de Notícias, aqui transcrito com a devida vénia). 

4. Numa altura em que se celebra aquele que seria o 76.º aniversário da cantora Elis Regina, o linguista Aldo Bizzocchi apresenta um apontamento onde analisa algumas das particularidades da pronúncia da intérprete brasileira, considerando inclusive algumas evoluções que a sua fala foi incorporando (texto transcrito na rubrica O Nosso Idioma, com a devida vénia).

5.  A palavra parabéns resultou de um empréstimo do parabienes castelhano, que a língua portuguesa adaptou e generalizou a muitas situações, como nos conta neste texto o professor universitário e tradutor Marco Neves (crónica publicada originalmente no sítio SAPO 24 e aqui transcrita com a devida vénia).

6. Em Portugal, o  Conselho Económico e Social tem em preparação um novo manual de comunicação interna que visa a linguagem neutra e inclusiva. Entre as propostas encontrava-se o abandono do masculino enquanto forma universal ou a substituição de termos como trabalhadores, gestores ou idosos por expressões como «população trabalhadora, gestora ou idosa». Aí sugere-se também a possibilidade de recurso aos dois determinantes, como em «o trabalhador e a trabalhadora», entre outros exemplos que visam a neutralidade linguística e procuram promover a inclusão. 

7. Entre as notícias relacionadas com a língua e cultura, destacamos as seguintes:

— A conferência dedicada à vida e obra do escritor angolano Pepetela, promovida pela Academia Angolana de Letras e moderada pela professora e linguista Inocência Mata, com lugar no dia 25 de março, pelas 18h00, via plataforma Zoom;

— A Priberam, enquanto membro do consórcio europeu SELMA, integra um projeto que visa criar uma plataforma multilingue de código aberto, que foi selecionado para apoio pela União Europeia (notícia aqui);

— O falecimento do antropólogo, psicanalista e estudioso da vida das comunidades ciganas José Gabriel Pereiravítima de covid-19.

Vide alguns dos seus artigos publicados na imprensa portuguesa: por exemplo no matutino Público (A paixão xenófoba de Bonifácio, a questão cigana e o racismo de EstadoO assassinato de companheiras obedece a um padrão cultural que importa combater frontalmente e Portugueses ciganos – o escamoteamento da ciganofobia e o discurso institucional) e na  na revista Visão"É branco, negro, cigano ou asiático?" – A fúria estatística e o racismo em Portugal»).

8. Associadas a esta época, realce-se  as seguintes datas: 

 Estas datas convidam à releitura de alguns textos divulgados no Ciberdúvidas: «A origem da palavra meteorologia», «A diferença entre aluno e estudante», «A classe e a subclasse da palavra estudante», «Morrer de /com/por», «A origem da expressão «ouvidos de tísico»», «Sobre a palavra vítima», «Vítima não é só quem morre», «Acerca das palavras escravo e servo», «À volta da palavra (e do conceito) escravatura».

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 1. Em Portugal desenrola-se gradualmente o plano de desconfinamento estabelecido pelo Governo, com aplicação desde o dia 15 de março de 2021, por exemplo, com o retomar das atividades presenciais no ensino pré-escolar e no 1.º ciclo. Os restantes níveis de ensino funcionam ainda à distância e alinham com o teletrabalho, pelas plataformas de videoconferência, entre elas, o Zoom. Este nome é uma das 10 novas entradas que atualizam o A covid-19 na língua, marcado pelos avanços e recuos dos últmos dias no processo de vacinação mundialmente em curso: são os efeitos secundários da vacina da AstraZeneca (que, afinal, é segura, como garante a Agência Europeia do Medicamento) ou outros aspetos associados a diferentes tipos de vacina – falha vacinal, tromboembolismo, vacina inativadavacina viva atenuada; é a urgência de alcançar resistência ao contágio – imunização ativa, imunização passiva, prevalência; e é o combate ao impacto da pandemia em diferentes dimensões – desde a da existência material, que o verbo bazucar  tão belicamente evoca, às necessidades da vida espiritual a que as missas on-line dão a resposta que podem.

2. Se, numa frase, há informação que pode ser intercalada por travessões ou por parênteses, será que o uso destes sinais é equivalente? A resposta está no Consultório, cuja atualização inclui outras sete questões: que valores semânticos pode ter o modificador do grupo verbal? Qual a função sintática de «coitado» na frase «coitado, continua muito doente»? Frente e fronte têm a mesma origem? E como terá a expressão «boca de lobo» adquirido o mesmo significado que bueiro e sarjeta? Que relação tem o apelido Roiz com o apelido Rodrigues? Finalmente, como se faz o plural de claro-escuro?

3. Em Portugal, com a data de 19 de março coincide o Dia do Pai, o qual se associa à comemoração de S. José, do calendário religioso católico. À volta da palavra pai, propõe-se a consulta de várias respostas e artigos do arquivo do Ciberdúvidas: "Pai", "A etimologia das palavras pai e mãe", "Pai, merónimo de família, e família, holónimo de pai", "Pátrio, pátria e pai", "Pai e Mãe Nossa que estais no céu", "O pai-nosso", "Querido pai", "Maiúscula inicial em mãe e pai".

Estando os pais de parabéns, sugere-se ainda a leitura de uma crónica do tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves, sobre a etimologia da palavra parabéns, cuja origem, para surpresa de muitos, não é portuguesa (SAPO24, 14/03/2021). Um desafio do mesmo texto: que significará prolfaças?

4. Um registo com interesse para o uso especializado da língua portuguesa: a Priberam alargou o acesso gratuito à base de dados jurídica LegiX para os alunos de Direito, sobretudo a pensar no estudo feito mesmo a partir de casa. Mais informação aqui.

5.  Em 21 de março assinalam-se o Dia Mundial da Poesia, o Dia Mundial para a Eliminação da Discriminação Racial, o Dia Internacional da Síndrome de Down, o Dia do Sono, o Dia Mundial da Floresta e o Dia Nacional da Árvore.

A respeito de poesia, leiam-se os muitos textos poéticos reunidos na Antologia +  Marcelo celebra Dia Mundial da Poesia com recital de poetas lusófonos no Palácio de Belém

 6. Outras datas relevantes, por estes dias: 

Sobre greve, ver "Em greve", "Greve e boicote", "Greve vs. locaute" e "Greve para os transportes!"

As Conferências  do Casino realizaram-se na primavera de 1871 (de 22 de março a 26 de junho de 1871) numa sala alugada do casino situado no Largo da Abegoaria, em Lisboa. Foram impulsionadas pelo poeta Antero de Quental, que, sob a influência das ideias revolucionárias de Proudhon, insuflou no chamado grupo do Cenáculo (também conhecido como Geração de 70) o entusiasmo para realizá-las. O Cenáculo reunia jovens escritores e intelectuais de vanguarda. As Conferências do Casino estão na sequência de um evento que marcou a vida cultural portuguesa na década de 60 do séc. XIX, a Questão Coimbrã. Alusivo à Geração de 70, consultem-se as páginas: relativas a Ramalho Ortigão e Eça de Queirós. Sobre o estilo e a escrita desta último leia-se o registo irónico de "Eça de Queirós não escrevia bem" 

7. Nos programas da presente semana que a Associação Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa*, são temas em destaque:

 – A língua portuguesa hoje em Macau, em tempos de globalização, numa conversa com Liliana Gonçalves e Roberval Teixeira e Silva, ambos docentes da Faculdade de Letras da Universidade de Macau, em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 19 de março, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).

– O Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo), um projeto em fase  de elaboração, sediado na Cátedra de Português Língua Segunda e Estrangeira da Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Eduardo Mondlane e financiado pelo Camões – Instituto da Cooperação e Língua, através do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), é apresentado pela professora Inês Machungo da Universidade Eduardo Mondlane, convidada especial no programa Páginas de Português, transmitido na  Antena 2, no domingo, 21 de março, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 27 de março, às 15h30*).

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas A Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis  aqui e aqui.

8. Também na Antena 2, passa o programa Palavras Cruzadas*, que na semana de 22 a 26 de março* tem como convidado o matemático João Caraçapara abordar temas que passam pelas palavras natureza e ambienteeconomia verde (e de outras cores), energia e resiliência (ver notícia).

* De segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50, ficando o programa fica disponível posteriormente na RTP Play.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A 18 de março de 2020 era decretado em Portugal o primeiro estado de emergência e, com ele, veio o primeiro período de confinamento. A evolução da situação sanitária marcou também o início de uma intensa atividade lexical que trouxe inúmeras palavras, novas ou recuperadas, para os usos do quotidiano e cujos sentidos importava esclarecer. Assim foi nascendo o projeto A covid-19 na língua, que, desde então, tem acompanhado atentamento o evoluir da realidade lexical, registando novos termos e expressões que vão sendo mobilizados a propósito da situação pandémica no mundo da lusofonia. No momento atual, vive-se em Portugal um processo gradual de desconfinamento e, mais uma vez, o léxico não fica indiferente à realidade. Entre as medidas restritivas associadas ao desconfinamento gradual, os portugueses podem contar com «[uma] Páscoa confinada». Assim o exige o princípio da precaução para que as consequência do Natal de 2020 não voltem a ter lugar. Entretanto, aposta-se tudo na «efetividade vacinal» e na sua eficácia, apesar do contratempo trazido pela «AstraZeneca em pausa», devido aos problemas de saúde que eventualmente pode desencadear. Caso de sucesso é a Ilha do Corvo, no arquipélago dos Açores, cuja população já se encontra toda vacinada. Entretanto, as escolas começam também a abrir faseadamente e os professores, que vão dividindo as suas atividades entre «aulas presenciais + à distância», veem os esforços que desenvolveram para assegurar as aprendizagens dos seus alunos serem reconhecidos por campanhas como «Querida professora...», da Associação Portuguesa de Futebol, ou da Vodafone Portugal. Os sete termos destacados atrás incluem a atualização de O Léxico da Covid-19 e a eles se juntam outras nove novas entradas: agente etiológico, área endémica, cadeia de frio, café ao postigo, caos sanitário, etiologia, foquinha, nsp14 e vacinas a mais, vacinas a menos.  

2. São comuns as funções sintáticas de predicativo do sujeito e de predicativo do complemento direto, esta última considerada uma predicação secundária. Na nova atualização do Consultório, avalia-se se a predicação secundária existente em «Não gosta de sair com as filhas enfeitadas» terá alguma semelhança com as anteriores. E ainda: o determinante que acompanha a sigla SS deve surgir no singular ou no plural? Qual a forma correta do verbo: esgaravatar ou esgravatar? Que diferenças existem entre participativo, participante e participado? O que significa o símbolo ò usado nos dicionários? Qual o recurso expressivo presente no verso «chegar antes de ti para te ver chegar», de um poema de Nuno Júdice?

3. O termo bazuca entrou recentemente no léxico do quotidiano por ter sido recuperado para referir o plano de recuperação económica, da responsabilidade da União Europeia. Todavia, este nome comum tem uma longa história, que vai da música ao arsenal militar, como nos conta a colaboradora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques, na sua crónica divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2 (aqui transcrita). 

4.  A palavra vacina tem estado na ordem do dia, surgindo na comunicação social associada a diferentes pronúncias, ora com "a fechado" ora com "a aberto átono", que se ficam a dever às diferentes origens regionais dos falantes. Com se explicou aqui, a pronúncia com "a aberto" é típica em falantes oriundos da região norte e não pode ser considerada incorreta. Todavia, ouvidos menos habituados a este confronto de variantes fonológicas regionais continuam a manifestar a sua estranheza, como se observa neste apontamento transcrito, com a devida vénia, na rubrica Controvérsias.  

5. A questão da discriminação por intermédio da linguagem é um assunto de grande atualidade, que tem sido debatido em diversos setores da sociedade, o que tem dado origem a propostas de natureza diversa. Desta feita, é a Universidade de Manchester que vem propor um novo "livro de estilo" que procura evitar uma linguagem que promova a discriminação de género ou a discriminação relacionada com a orientação sexual, a idade ou algumas situações laborais. A discussão está lançada (artigo originalmente publicado no jornal Observadoraqui transcrito, com a devida vénia).

6. Entre as notícias relacionadas com a língua portuguesa, destaque para:

— A realização do webinário «Professor, tira-me esta dúvida de gramática?», orientado pela professora Carla Marques, que poderá ser (re)visto aqui;

— O desenvolvimento de um conjunto de atividades conducentes à preparação do Dicionário de Português de Moçambique (DiPoMo) (ver notícia); 

— O lançamento do projeto "Canções para abreviar distâncias: uma viagem pela língua portuguesa", dos músicos Isabella Bretz, Rodrigo Lana e Matheus Félix, que inclui oito poemas musicados, cada um de um país falante do português;

— A realização do curso de crítica literária O cânone - Dez lições de literatura portuguesa, promovido pela Fundação Cupertino de Miranda (mais informação aqui);

— A abertura do período de submissão de resumos para o 14.º Encontro Nacional da Associação de Professores de Português, com lugar em Chaves, em 9 e 10 de julho de 2021, subordinada ao tema «Português: avaliação na aprendizagem».

7. Entre as efemérides assinaladas por estes dias, destaque para: 

— Os 60 anos do início da guerra colonial, com os ataques da UPA (União das Populações de Angola) no norte de Angola, em 16 e março de 1961;

A este propósito recordem-se algumas publicações do Ciberdúvidas: «Governo de Angola», «A língua portuguesa em Angola», «O português em Angola», «A ortografia em Angola», «Língua e segurança nacional em Angola», «Angola, variantes da comum língua», «Português de Angola: uma variante carente de registos e legislação», «Português, língua nacional angolana -2».

— O 150 anos da Comuna de Paris, a insurreição popular que ficou para a História com o primeiro governo de caráter popular no mundo.

Cf. «Vermelho / encarnado», «A classificação «de Paris» na frase «Cheguei de Paris» (nova terminologia)»; «A tradução do francês arrondissement» e «O aportuguesamento de nomes das regiões francesas».

— A constituição, em Portugal, no dia 18 de março de 1911, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a partir do Arquivo Real, com origem em 1378.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  O governo português anunciou em 11 de março p. p. um novo conjunto de medidas  – o «Estado de emergência XIII», de 17 a 31 de março –, integrado num plano de desconfinamento que se desenrolará «a conta-gotas», na expressão do próprio primeiro-ministro António Costa. Pede-se prudência e disponibilizam-se autotestes, porque a pandemia ainda está longe de controlada em Portugal, como indica a instabilidade das descidas e subidas do Rt, num quadro em que a cobertura vacinal ainda não é suficientemente significativa; entretanto, torna-se preocupante a saúde mental da população, razão para cientistas comportamentais serem escutados. Internacionalmente, chega-se assim ao 1.º ano pandémico, com a atualidade marcada pelo perigo da formação de coágulos em pacientes de covid-19, pelos danos colaterais de uma vacina, pelo aparecimento das vacinas de «dose única», pelo caso raro do Camboja, pouco atingido pela pandemia, e pelo alerta do ex-presidente brasileiro Lula da Silva, dirigindo-se aos brasileiros, em absoluta contracorrente com as posições do atual inquilino do Palácio da Alvorada: «tome a vacina». Todas as expressões destacadas ao longo deste parágrafo constituem, na presente atualização, as 13 novas entradas no glossário "A covid-19 na língua".

2.  No Consultório, sete novas questões: há pleonasmos, isto é, repetições de palavras ou ideias, que não estão errados? A locução «de forma a» separa-se do artigo definido numa oração de infinitivo? O que se entende por «referências deíticas espaciais»? «Denominada de...», com preposição, será erro? A expressão «quase morte» escreve-se com hífen? Qual é o aportuguesamento do italiano mezzanino? E não será incorreto dizer «entre ela e eu»?

3. Em O Nosso Idioma:

– A propósito do falecimento de Lou Ottens (1926-2021), o inventor da cassete, Carla Marques apresenta uma pequena reflexão sobre os galicismos.

– A respeito dos termos Mioceno e Miocénico, correntes no domínio da geologia, o paleontólogo Carlos Marques da Silva esclarece que deve empregar-se o segundo em Portugal, num artigo propositadamente escrito por este especialista para o Ciberdúvidas.

– Ainda assinalando a comemoração, em 8 de março, do Dia Internacional da Mulher, transcreve-se, com a devida vénia, a crónica que a linguista Margarita Correia dedicou, no Diário de Notícias, aos nomes das profissões no feminino (sobre este o tratamento deste tema no Ciberdúvidas, ler aqui).

– Do blogue Diário de um Linguista, de Aldo Bizzocchi, vem um outro apontamento deste autor, sobre as relações etimológicas do nome mulher com os seus equivalentes semânticos em algumas línguas românicas e germânicas.

4. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se Línguas em Português – A Lusofonia numa Visão Crítica, obra organizada por Sweder Souza e Francisco Calvo del Olmo, que reuniram os contributos de 11 especialistas em estudos portugueses para a discussão das práticas sociais que envolvem as questões de língua e os  aspetos políticos associados.

Com temática afim, faça-se igual referência a Interculturalidade e plurilinguismo nos discursos e práticas de educação e formação em contextos pós-coloniais de língua portuguesa, editado pelas investigadoras Maria Helena Araújo e Sá (Univerdade de Aveiro) e Carla Ataíde Maciel (Universidade Pedagógica de Maputo).

5. Algumas formações e comunicações a realizar proximamente e com pertinência para o estudo e o ensino do português:

– Em 13 de março, o colóquio virtual Fonologia e suas Interfaces, promovido pela Associação Brasileira de Linguística (Abralin).

– Estão abertas as inscrições para a ação Literatura, para que te quero? – módulo para o 3.º ciclo do Ensino Básico.

– Até junho p.f., o curso em linha Metodologias e Recursos para Promover as Literacias Digitais.

–  Em 15 e 22 de março, às 17h30, Professor, tira-me esta dúvida de gramática?, duas sessões dinamizadas por Carla Marques e Ana Paula Neves.

6. Um registo também relacionado com o Dia Internacional da Mulher é o da homenagem prestada em São Tomé e Príncipe, em 8 de março, à poetisa Alda Espírito Santo (1927-2020), figura importante na história  pela independência do seu país e autora da letra do hino nacional são-tomense.

7. Entre atividades culturais com interesse direto para a promoção da língua, destacam-se:

– Promovido pelo Centro Cultural de Belém (CCB), o ciclo de entrevistas Palavra Cruzada com Helena Vasconcelos, de 16 de março a 4 de maio de 2021, no qual são convidados vários escritores portugueses (cf. programa aqui; sobre a entrevistadora, ler aqui).

– A quarta edição do festival de poesia em linha Ronda, coordenado a partir da página do Ronda Leiria Poetry Festival ou da página de Facebook do pelouro de Cultura da Câmara Municipal de Leiri.;

– No âmbito do projeto de curtas-metragens Culto, promovido pelo Município de Oeiras e a MUSGO Produção Cultural, o episódio de Ana Deus e Luca Argel,que exploram a sua proposta musical em torno de Pessoa, Drummond de Andrade, Ana Farrah Baunilha, Regina Guimarães e do próprio Luca Argel.

8.  O português na Guiné Equatorial e a semântica da palavra bazuca são alguns dos temas focados nos programas* que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa:

Língua de Todos, na RDP África, é transmitido na sexta-feira, dia 12 de março, pelas 13h20 (é repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00). O Páginas de Português, vai para o ar na Antena 2, no domingo, 14 de março, pelas 12h30 (com repetição no sábado seguinte, 20 de março, às 15h30). Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui, respetivamente.

9. No programa Palavras Cruzadas* (números 51, 52, 53, 54 e 55), transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50, abordam-se o tema dos vírus e o dos neologismos nascidos com as novas tecnologia.

*O programa fica disponível posteriormente na RTP Play.

10. Entre efemérides e outras datas a celebrar neste e nos dias seguintes, salientam-se:

– em 12 de março, o Dia Mundial do Glaucoma;

– em 14 de março, os 110 anos da lei eleitoral da República instaurada em Portugal em 1910, como o sufrágio alargado a todos os portugueses maiores de 21 anos que soubessem ler e escrever e fossem chefes de família;

– e em 15 de março, o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor e os 10 anos da publicação da Lei n.º 7/2011, sobre Mudança de sexo e de nome próprio no Registo Civil.

Sobre género, consulte-se "Género", "Ainda a diferença entre género e sexo", «"Violência de género" e "igualdade de género"» e «"Machista" e "heteropatriarcal", a língua portuguesa?».

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1. Marcelo Rebelo de Sousa tomou posse nesta terça-feira (9 de março, p.p.) como Presidente da República de Portugal, dando início ao seu segundo mandato. Trata-se do sétimo Presidente da República desde o 25 de Abril, em 1975, o quinto do período constitucional, com início em 1976, e o 20.º desde a implantação da República no país, em 1910 (ver aqui). Esta ocasião justifica que se recorde que a expressão «Presidente da República» deve ser grafada com maiúscula, uma vez que se trata de uma designação de um órgão de soberania português. Já no caso de presidentes de outros países, a minúscula pode ser adotada porque se trata de um cargo, como se explica na resposta «Títulos e cargos, de novo». Recordemos ainda a distinção entre mandato e mandado. A noção de mandato diz respeito ao conjunto de funções que são delegadas numa pessoa ou numa entidade. Trata-se, assim, de uma autorização que se dá a outrem para praticar determinados atos. O mandado, por seu turno, designa a ordem dada por alguém, à partida superior, a qual deve ser cumprida (ver também aqui). 

A tomada de posse do Presidente da República português é um bom motivo também para a releitura dos seguintes artigos, disponíveis no Ciberdúvidas: «Quem foi o primeiro presidente de um país?», «Um presidente americano entre vírgulas», «A bem da previdência e do respeito pela língua da República» e ««Viva a República» e «vivà República»» e a resposta sobre «A maior palavra da língua portuguesa». 

2. O mundo, afetado globalmente pela pandemia, vai avançando a diferentes velocidades, deixando sinais de esperança no aparecimentos das vacinas indianas (covaxin e covishield) e na vacina chinesa verocell. Chegam-nos também notícias de que os países africanos mais desfavorecidos começam a recebem vacinas para administrar às suas populações, como acontece em Moçambique. Não obstante, em sentido contrário, parecem avançar países como o Brasil, que embora se encontre à beira de um colapso sanitário, continua a conviver com o negacionismo, como bem o comprova a utilização da expressão popular «Zoio tapado». Ao descalabro sanitário, junta-se ainda a subida dos preços dos bens essenciais, situação que um grupo de publicitários batizou como bolsocaro. Entretanto, em Portugal, a população começa a manifestar sinais de cansaço das medidas impostas, o que está a levar a situações de «confinamento em erosão». Os termos destacados  registam a sua entrada no glossário A covid-19 na língua e a eles se juntam «convívios ao ar livre», «limbo jurídico», «positividade alta/baixa», «valores de incidência», «vão ficar chorando até quando?» e «venda ao postigo». 

3. A correção de construções que incluem formas dos verbos cursar e diagnosticar dá o mote à primeira dúvida analisada no Consultório, onde se abordam expressões como «a doença cursa com diarreias» ou a construção «ser diagnosticado com». É também a busca da correção, desta feita ortográfica, que motiva uma questão relacionada com a forma correta de grafar "mi-mi-mi" ou o topónimo irlandês Ulster (ou Úlster). Ainda uma questão sobre se se deverá escrever com maiúscula a expressão «paços do concelho». Por fim, a análise de uma oração com função de complemento de nome e a abordagem do pronome relativo quem para hispanofalantes

4. A recente edição do Festival da Canção 2021 português levantou imensas questões de natureza linguística. Para além de ter sido selecionada uma canção em inglês para representar o país, os problemas articulatórios e sintáticos evidenciados pela apresentadora foram notórios – como assinala o jornalista José Mário Costa, neste seu apontamento para a rubrica Pelourinho

5. A investigadora cabo-verdiana Vanusa Vera-Cruz numa palestra académica nos EUA, apontou diversas passagens de cariz racista no romance Os Maias, de Eça de Queirós. Posteriormente, numa entrevista à agência Lusa, defendeu a inclusão  d notas de «cariz pedagógico» a serem trabalhadas em contexto de sala de aula. A notícia transcrita, com a devida vénia,  fica disponível na rubrica Controvérsias. Esta posição tem motivado dúvidas em torno da legitimidade de uma visão do século XXI sobre uma obra do século XIX (ver, por exemplo, aqui). 

 6. Palavras Cruzadas, o novo programa da Antena 2 à volta da língua portuguesa – de segunda a sexta-feira (9h55 e18h20) – , na presente semana, tem como convidado o epidemiologista Salvador Massano CardosoEm foco estarão, entre outros temas, a importância dos nomes das pessoas, o sentido correto do termo adito, a expressão «vencer a doença»doentepacienteutentecliente (o que somos, de facto, quando vamos ao médico?), a distinção entre pandemiaepidemia e endemia, e «o lado bom do vírus».

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1. Enquanto os números descem, fala-se das consequências da pandemia em Portugal e no mundo, traduzidas pelo abandono escolar, pelo agravamento das desigualdades entre ricos e pobres, ou entre homens e mulheres, bem como pelo balanço trágico das mortes, mesmo entre os profissionais de saúde (17 mil mortos)*. Analisam-se também as alterações na vida quotidiana, num processo de digitalização que vai do acesso à cultura (cresce a procura do  cinema on-line) ao teletrabalho e à chamada «fadiga do Zoom». Por seu lado, as medidas de confinamento – no Brasil, o grau mais restritivo é a «fase vermelha» – repercutem-se na própria vivência do amor, essa «arte da boa distância», no dizer do filósofo português João Pedro Cachopo. Deste modo se perfila o contexto da atualização de A covid-19 na língua, onde se incluem, além dos termos atrás destacados, expressões como «testar, rastrear, isolar, vacinar», «turismo de vacina» e «[um] vírus [que] não vai desaparecer».

* Registe-se o prémio Award of Excellence no concurso de fotografia PoY – Pictures of the Year International, na categoria Spot News, atribuído ao fotógrafo português Rodrigo Cabrita, pela imagem que captou, de um doente muito jovem de covid-19.Ler e ver aqui e aqui.

2. Porque será que, no ensino não universitário, não se foca a diferença entre o porque causal e o porque explicativo? A pergunta é feita no Consultório, que apresenta outras cinco: se existe saliente, que alude ao verbo sair, porque não se usa "saiente"? Será que parece infantil o uso de tu numa mensagem publicitária? Numa construção consecutiva – «comeu tanto que ficou maldisposto» –, a  conjunção consecutiva é a expressão descontínua «tanto... que»? O que é mais correto: «antes de que» ou «antes que»? Por último, qual era a antiga regra ortográfica aplicada ao prefixo tele-?

3. Na rubrica O Nosso Idioma, três apontamentos:

– Num registo áudio, a entrevista  que a  linguista Margarita Correia deu ao programa de rádio Páginas de Português em 21/02/2021, sobre as diferenças entre glossário, dicionário e vocabulário.

– O artigo que o jornalista Nuno Pacheco dedicou,em 04/03/2021, ao 31.º aniversário do jornal Público, abordando  o uso idiomático de trinta-e-um, por exemplo, em «foi/vai ser um trinta-e-um».

– Um  apontamento do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi publicado no mural Língua e Tradição em  01/03/2021, no Facebook, a respeito de trocadilhos e outros jogos de palavras humorísticos, típicos da cultura brasileira, como este: «O pai ia dar ao filho que estava para nascer o nome de Edison; só que, quando o menino nasceu, seu pai o batizou de Pelé. Os amigos estranharam e perguntaram: "Ué, não era pra ser Edison?" Ao que o pai respondeu: "Não, Edison era antes do nascimento"» (Obs.: o verdadeiro nome de Pelé é Edson Arantes do Nascimento).

4. O Partido Comunista Português (PCP), o mais antigo partido português com assento na Assembleia da República, foi fundado em 6 de março de 1921. O centenário é comemorado pelo partido, claro está, mas também por outras entidades, como é o caso da Fundação Mário Soares e Maria Barroso, que assinala o dia do aniversário, a partir das 17h30, com um evento digital a que se pode ter acesso aqui.

Relacionados com o enquadramento ideológico e a história recente do PCP, leiam-se "Figuras de urso", "Tradução desumana", "Salamizar", "Marxizante" e "A pronúncia de racismo".

5. Outra comemoração, a do Dia Internacional da Mulher, em 8 de março, coincidente com o Dia das Nações Unidas para os Direitos da Mulher e a Paz Internacional. Em 2021, o tema associado à data é "As mulheres na liderança: alcançar um futuro igualitário num mundo de COVID-19". Mais informação aqui.

Consultem-se, a propósito, as respostas e artigos do Ciberdúvidas sobre género como categoria linguística e o tema da violência de género: «O feminino de guarda-noturno», «O feminino de palhaço», «Feminino de piloto aviador», «Juíza + a aprendiza», «Capataz ou capataza?», «Ainda o feminino de capitão», «Feminino de escanção», «Qual o feminino de bombeiro?», «A tropa no feminino», «O feminino de gramático», «O feminino de músico», «Político-mulher», «Palavras à procura de feminino», «Ginocídio e feminicício», «Feminicício ≠ uxoricídio». Na imagem, um desenho de Álvaro Cunhal (191-2005), secretário-geral do Partido Comunista Português entre 1961 e 1992.

6. Datas também com interesse, algumas com incidência linguística:

– Neste dia, em 1946, Winston Churchill, primeiro-ministro britânico, fala pela primeira vez da cortina de ferro, metáfora para a divisão entre a Europa Ocidental e a de Leste durante a Guerra Fria, num discurso no Missouri; e, em 2016, o International Board (IFAB), entidade que regula as leis no futebol, aprova, a título experimental, o recurso às imagens vídeo nas arbitragens dos jogos, o chamado VAR (cf. "Uma questão de terminologia" e "Videoárbitro").

– A  6 de março é assinalado o Dia Europeu da Terapia da Fala.

– Em 7 de março, faz 95 anos que se efetuou a primeira conversa radiotelefónica transatlântica, entre Nova Iorque e Londres.

Cf. "Rádios-piratas", "Radiodespertador...", "Radiocontrolada", "Radiouvinte" e "A rádio e o rádio".

7. Nos programas* que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa, são temas centrais as políticas e planeamento linguístico na Guiné-Bissau e o portal Portulan, uma infraestrutura de investigação para a ciência e tecnologia da linguagem.

Língua de Todos, na RDP África, é transmitido na sexta-feira, dia 6 de março, pelas 13h20 (é repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00). O Páginas de Português, vai para o ar na Antena 2, no domingo, 7 de março, pelas 12h30 (com repetição no sábado seguinte, 13 de março, às 15h30). Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui, respetivamente.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Foi em 2 de março de 2020 que foram confirmados os dois primeiros casos de pessoas infetadas em Portugal. Num ano, os números subiram para cerca de 80 500 pessoas infetadas, tendo já falecido mais de 16 000 doentes (Cf. Relatório DGS). A chegada do coronavírus trouxe mudanças profundas a vários domínios da sociedade, situação a que o léxico não ficou indiferente. Novas palavras e expressões passaram a integrar os textos quotidianos dos falantes: coronavírus, covid, confinamento, «estado de emergência», entre outras tantas. Um ano depois, a situação evoluiu, mas ainda não se encontra resolvida. O desconhecido e a incerteza em tantas frentes – desde as medidas restritivas da mobilidade social tomadas para travar a  transmissão do vírus e as suas sequelas até  ao facto  de 80% das infeções em Portugal terem ainda origem desconhecida* — fica bem patente na entrevista da ministra da Saúde Marta Temido, concedida  à Antena 1.

Afinal, só 10% dos casos ocorrem comprovadamente nas famílias. Mais de 80% dos casos de Covid em Portugal são de origem desconhecida

2. É dessa realidade multifacetada e das suas manifestações na língua que o glossário A covid-19 na língua vai deixando registo para memória futura da dinâmica lexical de um período muito particular da história. Desta feita, assinala-se a entrada dos seguintes 16 novos termos: Adriano Maranhão, amostras de saliva,  «animais  errantes», «apartheid informal», «Burguesia do teletrabalho», colapso, «comércio essencial», «cuidados paliativos», «desconfinamento em segurança», «desconfinamento informal», dose, «2 de março», «mitigação», PRR, resiliência e  «vacinação VIP».

3. A designação da nova época geológica e cultural em que se terá  chegado até nós o em meados do século XX dá matéria na rubrica Consultório a uma questão sobre o nome adequado para a designar: antropoceno ou antropocénio? Noutra resposta analisa-se a possibilidade de o nome natureza se ter formado a partir de "naturaleza". Do ponto de vista da classe de palavras, identifica-se a subclasse do verbo sentir-se e a possibilidade de o advérbio ter um valor temporal. Por fim, indicam-se valores que poderão estar associados a dois tempos do conjuntivo, o futuro simples e o futuro composto (perfeito) e apresenta-se uma resposta sobre a presença do r retroflexo em Portugal. 

4. A eutanásia foi a palavra que serviu como ponto de partida para a crónica apresentada pela professora Carla Marques no programa Páginas de Português, emitido na Antena 2, no dia 28 de fevereiro de 2021, a qual pode ser recordada aqui.

5. A pronúncia afetada, à inglesa, do nome próprio Camp Nou, designação do estádio da cidade de Barcelona, motiva a reflexão crítica do jornalista português João Alferes Gonçalves, num pequeno apontamento disponível na rubrica Pelourinho – um caso mais da pandemia anglófona, recorrente no audiovisual português. 

6. As palavras mais pesquisadas no Dicionário Priberam da Língua Portuguesadurante o mês de janeiro de 2020, foram ontem divulgadas, tendo revelado que o novo confinamento, as medidas associadas à pandemia e a onda de frio determinaram as áreas da curiosidade lexical do portugueses, como fica patente nas palavras postigo, colapso ou profilático (notícia aqui).

7. A covid tem aberto muitas batalhas e exigido esforços acrescidos a diferentes classes profissionais, entre as quais se destaca o pessoal de saúde. No entanto, a classe dos professores, com a sua ação e os seus esforços, também não deve ficar esquecida nesta pandemia, porque o ensino continuou a ter lugar apesar de todas as vicissitudes, graças à disponibilidade, força e coragem dos professores, o que nos é recordado neste artigo do professor Dinis Rebelo (texto divulgado no jornal Público e aqui transcrito com a devida vénia). 

8. A professora e colaboradora permanente do Ciberdúvidas Carla Marques promoveu, em 1 de março, um webinário dedicado à oralidade, que poderá ser (re)visto aqui.

9. Palavras Cruzadas, da autoria e apresentacão de Dalila Carvalho, é um novo programa diário na Antena 2, que se recomenda vivamente. Iniciado em janeiro p.p, reflete sobre as palavras do dia a dia, em conversa com um convidado especializado no tema em foco em cada semana de emissão. Por exemplo: Faça o favor de dizer se tem uma neoplasia maligna ativa ; Velho, Idoso, Sénior ou Maior? ArrasarO que faz de um texto uma boa letra para uma canção?;  Há palavras de direita e de esquerda?; Os números também mentem?; Expressões psiquiátricas; Mister (Porque é que os treinadores de futebol são Mister? E as secretárias agora são assistentes? E os vendedores de imóveis são consultores? E os fotógrafos do jornal são repórteres fotográficos?);Títulos Profissionais (Como resolver de forma airosa o uso inadequado dos títulos profissionais?); Tratamento por tu e por você?; Esposa ou mulher?; ou Com os melhores cumprimentos. Emite de segunda a sexta-feira, às 9h55 e às 18h20 – ficando permanentemente disponível, em arquivo, depois, na RTP Play   

10. No âmbito das notícias de relevo, destaque para as seguintes

— A  formação de professores "A Europa na Escola", ação de curta duração com inscrições abertas até 22 de março. 

— O projeto de mentorado desenvolvido pela Fundação Calouste Gulbenkian, que apoia o estudo dos alunos mais desprotegidos, durante o período de confinamento.

— A criação da plataforma Book it, por parte de um grupo de ex-alunos da Universidade de Aveiro, com o objetivo de rentabilizar o uso e a leitura de livros usados;

— O projeto «Conta Comigo: Leitura à distância de uma chamada», que permite aos colaboradores da biblioteca de Baião a ler histórias às pessoas mais idosas, via telefone. 

11. Assinalam-se neste dia os 45 anos da independência de Marrocos, pretexto para se recordar alguns textos disponíveis no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa: «Marrocos, Marráquexe e Marraquexe», «Rabat e Rebate (Marrocos)», «O aportuguesamento Melilla (enclave espanhol em Marrocos)», «O berbere, o latim e os dialetos berberes africanos», «Fonemas portugueses de origem árabe», «O artigo em topónimos estrangeiros», «Não, o inglês não basta», «A volta dos gentílicos (ou adjetivos pátrios)» e «Para Marrocos» ou «Para o Marrocos».

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Apesar de opiniões contrárias, como a carta "Prioridade à escola!", de 23 de fevereiro p. p., apelando à retoma urgente da atividade letiva presencial, mantêm-se em Portugal as aulas à distância e o confinamento estrito. Do discurso que, em 25 de fevereiro, o presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa associou à renovação do estado de emergência (até 16 de março p. f.), os media portugueses destacam uma frase de força ilocutória diretiva: «Temos de ganhar até à Páscoa o verão e o outono deste ano.» Entretanto, revela-se que antes do primeiro anúncio de infeções em Portugal, em 2 de março de 2020, o coronavírus já circulava no país. Assim se desenha o pano de fundo das 15 novas entradas de A covid-19 na língua: automação, B. 1.526Butantan, conta-gotas, «dois anos», «Estado de emergência XII», Gana, «positividade tóxica», prioridades, Sinopharm, «toque de recolher», «vacina russa», «vacinas chinesas», «vacinação em massa» e «(o) valor do R».

Na imagem, p. 24 de O Escritor (1975), de Ana Hatherly (1929-2015).

2.  Na presente atualização, o Consultório recebe seis perguntas: um determinante possessivo pode desempenhar função sintática? O verbo inocular tem voz passiva? Como analisar a expressão «ser a gota de água» numa frase? Como se opera a localização temporal na frase «antes de escrever, o escritor sente-se ansioso»? O que é no em «não no pode estorvar» (Camões)? Qual é a pronúncia de racismo no português de Portugal?

3. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o livro Conversando é que a Gente se Entende, obra da autoria do professor Nélson Cunha Mello. Publicada no Rio de Janeiro em 2009, que reúne 10 mil expressões idiomáticas, casos, ditos populares, gírias e bordões da criativa linguagem popular no Brasil.

4. Em O Nosso Idioma, a consultora permanente do Ciberdúvidas, Carla Marques, propõe uma reflexão sobre as distorções que, em Portugal, o uso mediático da última década tem infligido ao nome narrativa, hoje convertido num irritante modismo. Três outros artigos ficam aí transcritos e atribuídos, com a devida vénia, aos respetivos autores e às fontes onde foram originalmente publicados:

 ♦ O artigo "Da tradução automática gratuita", assinado pela professora portuguesa Margarita Correia, sobre as limitações do Google Tradutor (in Diário de Notícias, de  22/02/2021).

 ♦ Um apontamento do linguista brasileiro Aldo Bizzocchi, que a pretexto das origens da palavra fidalgo, fala de investigação etimológica criteriosa e do apoio que se não dá no Brasil a projetos nesta área de estudos (in blogue Diário de um Linguista, em 24/02/2021).

♦ E um texto do escritor e letrista Fernando Gomes sobre a vírgula de Oxford – a propósito da ambiguidade de uma sequência do decreto presidencial para renovação do estado de emergência em Portugal (Facebook, fevereiro de 2021).

5. No campo da formação com interesse para docentes de Português e eventualmente para outros profissionais, destacamos:

 ♦ A sessão Professor, não consigo fazer a minha apresentação oral, um webinar (ou webinário) sobre oralidade em contexto escolar a realizar em 1 de março, pelas 17h30, e dinamizado pela professora e linguista Carla Marques

♦ O 5.º webinário A Interculturalidade na aula de PLE, organizado pela Área de Filologia Galega e Portuguesa, do Departamento de Filologias Integradas da Universidade de Sevilha, pelo Grupo de Pesquisa HUM889: Línguas em Contato: Tradução, Ensino, Linguística e Literatura, e pela Área de Português do Instituto de Idiomas da Universidade de Sevilha (27 de fevereiro de 2021, às 18h00 de Madrid, às 17h00 de Lisboa e às 14h00 de Brasília; inscrições aqui).

6. Da atualidade relativa à língua e às suas literaturas, salientam-se:

♦ a atribuição do  Prémio Universidade de Coimbra, em 2021, assinalando o seu 731.º  aniversário, ao cardeal e ensaísta português Tolentino de Mendonça, atual bibliotecário e arquivista da Biblioteca do Vaticano.

♦ Mais uma edição do festiva literário Correntes d'Escritas, promovida pela Câmara Municipal da Póvoa de Varzim, que em 2021 a realiza em modo virtual e no qual será prestada uma homenagem ao escritor chileno Luís Sepúlveda, falecido em 2020.

Maria Teresa Horta vence prémio literário Correntes d' Escritas 2021

♦ A série Culto, em nove curtas-metragens, dedicada à poesia portuguesa e apresentada pela Musgo e Câmara Municipal de Oeiras.

7. Impondo-se por enquanto o confinamento, justifica-se aqui o registo da lista de bibliotecas em linha, com livros para descarregar, que o jornal Observador publicou em 17/03/2021.

8. Tópicos desta semana nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa:

♦ O português em S. Tomé e Príncipe e a palavra saudade em A Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 26 de fevereiro, pelas 13h20* (repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).

♦ As iniciativas oficiais do Brasil para a promoção internacional do português no Páginas de Português, transmitido na  Antena 2, no domingo, 28 de fevereiro, pelas 12h30** (com repetição no sábado seguinte, 6 de março, às 15h30**).

 * Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas Língua de Todos e Páginas de Português disponíveis aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A senda da evolução da covid-19 coloca as populações a depositar a sua confiança nas formas de proteção que as investigações científicas têm desenvolvido. Entre elas encontram-se as vacinas, concebidas sob diferentes formas de abordagem, que dão origem já a vacinas de 1.ª, 2.ª e 3.ª geração e às quais se juntam também as vacinas de ADN. No entanto, a mesma solução que promete salvar as populações tem levantado problemas ligados à corrupção ou à falta de ética, como se verifica pela hipótese de administração de vacinas de vento (sobretudo no Brasil) ou pela existência de fura-filas, que teimam em desrespeitar as prioridades de vacinação definidas pelas autoridades. Apesar de ter encontrado já soluções de vacinação, a comunidade científica mantém uma especial atenção a cada mutação, variante, cepa e linhagem do vírus SARS-CoV-2, atentando sobretudo na sua disseminação, virulência ou patogenicidade. Presta-se igualmente especial atenção a sequelas da covid-19, tais como o aparecimento de formas de pneumonia raras ou o desenvolvimento de bactérias oportunistas. Entretanto, na ordem do dia em Portugal instala-se a dúvida sobre se é chegado o momento de desconfinar. Cansada do isolamento e das suas consequências e confiante na diminuição dos números diários de contágios, a população começa a dar sinais de vontade de regresso à vida normal, o que implicará, entre outros aspetos, a reabertura das escolas. Pensando nesta realidade, diversos setores da sociedade deixam já exigências relacionadas com as creches. Os termos destacados incluem a nova atualização de A covid-19 na língua e a eles juntam-se ainda as entradas Antígenos, Cepa, Informação ≠ especulação e espetáculoLinhagem e Matriz (de riscos).  

2. A exploração dos significados da palavra mentideiro, originária do castelhano mentidero, abre a atualização do Consultório, acompanhada pela explicação da origem do termo membresia, de aceitação ainda duvidosa. A estas respostas juntam-se a análise do constituinte «a que houvesse discórdia» enquanto complemento do verbo levar, a análise de um complemento direto preposicionado, a explicitação da regra de concordância do possessivo com um sintagma nominal composto por nomes coordenados, uma explicação sobre diferentes tipos de modalidade estudados no ensino não universitário e ainda uma reflexão sobre o uso das palavras dordores

3. Os problemas de tradução estão presentes, em diversas situações, nos programas televisivos. Desta feita, o erro merecedor de entrada no Pelourinho foi a tradução do inglês camaraderie por "camaradaria", como nos dá conta neste apontamento a jornalista Paula Torres de Carvalho

4. Partindo da tese defendida por Roland Barthes de que não existe linguagem objetiva, o escritor português Gonçalo M. Tavares desenvolve um artigo no qual demonstra como a linguagem permite perspetivar de formas distintas uma mesma realidade, o que abre o caminho à manipulação das perceções sobre a realidade com recurso a mecanismos que importa conhecer para defesa da própria ação de cidadania (crónica originalmente divulgada na Revista E do jornal Expresso e aqui transcrita com a devida vénia). 

5. A profusão de estrangeirismos que integra o léxico quotidiano dos portugueses leva o escritor e argumentista Alexandre Borges a defender a tese de que a língua portuguesa acabará por definhar naturalmente face à hegemonia da língua inglesa (artigo originalmente publicado no jornal Observador e aqui transcrito com a devida vénia).

6. A importância do léxico está patente também nos palavrões que o integram, os quais assumem funções muito diversas nas relações humanas. Tomando este facto como mote, a jornalista mexicana Darinka Rodríguez apresenta a nova série da Netflix intitulada History of Swear Words [«A História dos Palavrões»], que aborda a história de seis dos insultos mais usados em língua inglesa (artigo originalmente publicado em espanhol na página Verne, que aqui transcrevemos com a devida vénia).

7.  O jornal espanhol El País lançou uma nova edição do seu Livro de Estilo (editora Aguilar). Nesta 23.ª edição Este documento integra questões muito atuais, como a problemática do género gramatical a adotar. Neste plano, determina-se, pela primeira vez, o uso das formas femininas "jueza" [juíza] e "concejala" [vereadora], embora para os restantes casos se mantenha o uso do masculino. Apresenta também recomendações relativamente ao sexismo na linguagem e às formas de apresentação da violência machista (artigo completo aqui). 

Sobre a formação, em português, do feminino de profissões e cargos tradicionalmente excercido por homens, vide. entre outros textos disponiníveis no arquivo do Ciberdúvidas Juiz, juíza + A juíza e a presidente + Palavras à procura do feminino + O sexo e a língua, Capelã e capelã + Capitã, outra vez + O feminino de mestre + Mulheres... barbeiras + O feminino de carteiro  + A tropa no feminino + Poetisa inferiroiza?Uma maestrina a quem chamam maestro + A chanceler, a chancelera ou a chancelerina? Palavras à procura do feminino + Os cidadãos e a gramática.

8. No dia 21 de fevereiro assinalou-se o Dia Internacional da Língua Materna, o que motivou uma variedade de eventos. Entre eles, destacamos os seguintes (que poderão ser revistos):

— A Journée Internationale des Langues Maternelles: 36 voix pour un petit tour du Monde, um encontro onde se apresentaram testemunhos relacionados com línguas como o basco, o bretão, entre outras (disponível aqui);
— A tertúlia «O desassossego das palavras», organizada pela Biblioteca Lúcio Craveiro da Silva, em Braga, que contou com a presença dos linguistas Marcos BagnoFernando Venâncio e do moderador José Moreira da Silva, que abordaram o tema do preconceito linguístico e a intolerância (notícia aqui).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Além da premência do rastreio e da vacinação contra o coronavírus, tornam-se patentes problemas de outra ordem – da falta de sustento à perda da saúde mental. Valoriza-se, portanto, o gesto de quem, fora dos hospitais, antes e depois deles, se solidariza com os desamparados pela atual crise. Tudo isto documenta o aparecimento de iniciativas  como «Vizinhos à Janela», denominação que, com outras vinte, constituem a atualização de "A covid-19 na língua": «apoio alimentar», «cama solidária», «contact tracing», «contentores frigoríficos», «distribuição gratuita», «exaustão extrema»,«fadiga pandémica»,«gig workers», «humidade», «índice de transmissão ( ou de transmissibilidade)», Our World In Data, «severidade (da doença)», «simulador para vacinação», «síndrome de pânico», «SOS Hotelaria», take away, «teorias da conspiração», «testar, testar, testar», «tomada única» e «Vacinas... em falta».

2. Com a presente atualização do Consultório, volta-se às orações com a função de predicativo do sujeito e dão-se pistas sobre o conjuntivo a um estudante da China. Descreve-se a sintaxe da construção «quem (me) dera...» e do nome pejo; depois, distingue-se o pronome se reflexivo do se apassivador, além de se abordar a relação entre  as noções de campo lexical e hiperonímia/hiponímia. Finalmente, revisitam-se as expressões idiomáticas,  listando as que significam «ter sabor excelente», e regista-se o uso de «ir para baixa da égua» no Nordeste brasileiro.

3. Na rubrica  Notícias, assinala-se a realização do webinar «Professor, o que tenho de estudar? Processos de compreensão do texto», que teve lugar no dia 9 de fevereiro de 2021, sob orientação de Carla Marques, professora e consultora permanente do Ciberdúvidas. A sessão, destinada sobretudo a professores de Português, tratou de vários aspetos da compreensão leitora.

4. Na Montra de Livros, apresenta-se A Língua das Cantigas (Vigo, Editorial Galaxia, 2019), uma breve gramática descritiva elaborada pelo filólogo sueco Pär Larson, no intuito de facilitar a leitura e a compreensão da lírica medieval da Galiza e de Portugal.

5. Em O Nosso Idioma, transcrevem-se com a devida vénia dois apontamentos do matutino  Público: sobre a banalização do uso de certos termos políticos, "Os direitos das palavras:  fascista" (17/11/2018), do jornalista Jorge Almeida Fernandes; e, a propósito de estrangeirismos desnecessários e do vernáculo que anda esquecido, "Importações verbais" (17/02/2021), do escritor Miguel Esteves Cardoso.

6. Em Portugal, o mês de fevereiro vai manifestando a chegada da primavera, como é o caso das míticas amendoeiras em flor do Algarve e do Alto Douro, mas outras plantas há também, mais prosaicas e merecedoras de igual atenção. Na rubrica Diversidades, disponibiliza-se um texto de Miguel Boieiro, vice-presidente da Direcção da Sociedade Portuguesa de Naturalogia, à volta da ervilheira cujos grãos, as ervilhas, têm importante uso culinário.

7. Em situação de pandemia, serviços e comércio procuram conjugar a presença do utente/cliente com um mínimo de contacto físico graças a meios de leitura e registo digitais. Fala-se, portanto, de phygital um neologismo inglês que resulta da amálgama de physical («físico») e digital. O  anglicismo começa a ter ocorrências no discurso mediático em português, mas ainda sem aportuguesamento estável à vista. Uma adaptação possível seria "fisigital" (ou "figital"), formas ainda não atestadas que copiam sem dificuldade o espanhol figital e fisigital, propostas pela Fundación para el Español Urgente (Fundéu).

8. Continuando com neologismos, anote-se a ocorrência de amartagem, termo associado à chegada a Marte do rover Perseverance. Sobre maneiras de denotar o ato de pousar numa superfície terrestre ou extraterrestre, consultem-se "Amartar", "Efeito aquaplanagem", "A formação de alunar", "Ainda aterrar, amarar,alunar" e "Aterrar,aterrissar".

9.  Assinala-se em 21 de fevereiro o Dia Internacional da Língua Materna. A data é marcada por diferentes eventos nos países de língua portuguesa não só para festejar a língua hegemónica – o português –, mas a diversidade linguística no interior de cada Estado. Ao encontro desta perspetiva, mencione-se o programa de atividades (virtual) que a Câmara Municipal de Barrancos dedica ao idioma local, o barranquenho, interessantísismo resultado raiano do contacto entre  populações alentejanas e andaluzas.

10. Da atualidade em que a língua é tema e atividade, salientam-se ainda:

– A aula aberta Contacto linguístico e emergência de novas variedades do português: o caso angolano, pela linguista Liliana Inverno, com organização do CELGA-ILTEC, em 5 de março p. f., das 14h00 às 15h00 (acesso ao Zoom aqui; mais informação em Notícias); e

–  A iniciativa "Leituras ao ouvido" da Casa Fernando Pessoa, em Lisboa.

11. Temas principais dos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa:

– O ensino do português em Moçambique e em S. Tomé e Príncipe, no contexto dos conflitos entre usos prescritos e os usos reais, em análise com a linguista moçambicana Ermelinda Mapasse e o investigador Gabriel Antunes Araújo, em A Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 19 de fevereiro, pelas 13h20*; repetido no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*);

– Um glossário elaborado por alunos do Agrupamento de Escolas de Paredes sobre a pandemia causada pelo SARS-CoV-2, no Páginas de Português (Antena 2, domingo, 21/02/2021, pelas 12h30*), que conta ainda com uma nova crónica da linguista brasileira Edleise Mendes e uma intervenção da professora Sandra Duarte Tavares acerca da palavra agnotologia.

** Hora oficial de Portugal continental.

12. Uma breve referência final ao falecimento  da atriz portuguesa Carmen Dolores (1924-2021), cuja voz e dicção configuraram um modelo de excelência para a pronunciação cuidada e expressiva do português europeu do século XX. Muito se escreveu sobre a sua herança artística, e, portanto, pouco haverá a acrescentar a não ser recordar também a sua iniciação e constante presença no teatro radiofónico que se transmitia em Portugal nos anos 40, 50 e 60 do século passado. Deixa-se aqui como pequena homenagem o registo de poemas de Camilo PessanhaAntónio Nobre ditos por Carmen Dolores: