Nomofobia e os novos processos de neologia, «o que você é meu?», o topónimo Farminhão e a Gramática histórica do português europeu
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Nomofobia e os novos processos de neologia, «o que você é meu?», o topónimo Farminhão e a Gramática histórica do português europeu
1. As mudanças sociais, técnicas, científicas ou culturais são um fator que conduz muitas vezes ao aparecimento de novas palavras. A criação lexical é um processo que se insere na dinâmica própria das línguas, a qual encontra na renovação lexical um campo fértil para a sua ação. É neste quadro que vamos encontrar a neologia, um fenómeno fundamental que se caracteriza pela criação de palavras novas, pela atribuição de novos sentidos a palavras já existentes ou pela introdução na...
O uso de humanitário, «pipi e betinho», refém, futebol e idioma, falar à Porto e o barranquenho
1. A tragédia que se vive na Faixa de Gaza desencadeia operações de ajuda à população palestiniana em fuga, perante a ofensiva militar israelita. O adjetivo humanitário está, portanto, de regresso aos noticiários, com os problemas de sempre, herança do próprio anglicismo que decalca, humanitarian. No Ciberdúvidas, continua a recomendar-se a associação de humanitário a nomes que denotem ações para a proteção de pessoas: diz-se e...
O Manifesto de Óbidos pela Língua Portuguesa, verbo impessoal haver, palestiniano vs. palestino e um caso de paraetimologia
1. O Manifesto de Óbidos pela Língua Portuguesa, lançado no festival literário Fólio, a decorrer na vila de Óbidos, tem como objetivo central a defesa do uso e da valorização do português como «língua de culturas e de pensamento e, sobretudo, como língua produtora de conhecimento». Trata-se de uma petição pública que decorreu de uma conversa, no Fólio de 2022, entre os investigadores e professores universitários Luísa Paolinelli, José Eduardo Franco e Regina Brito. A esta...
Lisboa multilingue, o português do Brasil, os pleonasmos, a gramática inclusiva, «casamento real» e o Manifesto de Liubliana
1. A atualidade internacional é marcada pela escalada do conflito entre Israel e o Hamas, com notícias chocantes em que avulta a terrível palavra massacre. Em segundo plano, aparece a guerra russo-ucraniana, que nem por isso conhece tréguas, constantemente motivando a ativação dos vocábulos drone e míssil. Em Portugal, vive-se felizmente em paz, mas o léxico mediático denota o mal-estar social causado pela crise da...
Línguas em tensão, a construção «haver por + adjetivo», a origem de «pena de morte», tem-no vs. tem-lo
1. As relações entre as línguas podem estabelecer-se de inúmeras formas, mas neste processo há sempre espaço para algum tipo de tensão: em muitas situações, há línguas que ocupam espaços comuns e que tendem a competir entre si, o que pode levar a que uma dada língua ocupe gradualmente o espaço de outra, minimizando-a; há outras línguas que divergem entre si para sobreviver ou para consolidar a autonomização e afirmação de um dado território. São relações de poder, que nem sempre são conduzidas de...
Nobel e binormativismo, aborrecer vs. apetecer, o nepali nas escolas e expressões em desuso
1. São tema recorrente em outubro e em 2023 voltam à atualidade – os Prémios Nobel. Além do relevo dado à atribuição do Nobel de Medicina a Katalin Karikó e Drew Weissman, cujas descobertas têm sido decisivas para o desenvolvimento de vacinas anti-covid-19, do de Física a Pierre Agostini, Ferenc Krausz e Anne L'Huillier e do de Química a Moungi Bawendi, Louis Brus e Alexei Akimov, as atenções centram-se também no Prémio Nobel da Literatura, ganho pelo norueguês Jon Fosse, e no da Paz, que foi...
Sorte vs. trabalho, pudico vs. púdico, a origem da linguagem inclusiva e a variabilidade do prefixo in-
1. A cantora portuguesa A Garota Não recebeu a 1 de outubro o Globo de Ouro da SIC para a melhor intérprete. Agradeceu a distinção não com o habitual discurso, mas com um poema de sua autoria, que analisa de forma crítica alguns dos fatores que podem estar na base do sucesso, terminando com as seguintes palavras: «Há quem tenha muita sorte / A sorte, a mim, tem-me dado muito trabalho». Esta afirmação rapidamente se tornou viral nas redes sociais, chegando às páginas da comunicação...
O futuro da língua, o discurso inclusivo, o português não materno, o inglês publicitário, os verbos auxiliares e reivindicações do mirandês
1. O português é sempre mencionado como uma das dez línguas mais faladas no mundo, e na cimeira da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), realizada em agosto de 2023, em São Tomé e Príncipe, o presidente do Brasil, Lula da Silva frisou que «era tempo de o português ser língua oficial das Nações Unidas e os países deveriam, em conjunto, desenvolver esforços nesse sentido» – assinala Ana Paula Laborinho, diretora em Portugal da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), em artigo...
O sistema ELU, cibernético vs. cibernáutico, polissemia do verbo contrair e «tolerância de ponto»
1. O livro infantil No Meu Bairro, de Lúcia Vicente, ilustrado por Tiago M. (ed. Nuvem de Letras) saiu recentemente a público. Na sessão do seu lançamento, um grupo de pessoas manifestou-se, de forma ruidosa e por vezes agressiva, contra a publicação, os seus valores e até o código de escrita adotado, evidenciando comportamentos considerados uma violação da liberdade de expressão. O ruidoso prototesto de extremistas de direita, que se repetiu quatro dias depois...
Pressão anglófona em Portugal, a diversidade linguística na escola, a locução «pelo menos» e o ponto de interrogação invertido
1. Em Lisboa e noutras cidades de Portugal, a presença da língua inglesa é uma constante em textos promocionais, nos nomes de estabelecimentos comerciais e até em iniciativas culturais. Junta-se a pressão do turismo massificado a fazer da anglofonia, correta e incorreta, o veículo de comunicação de todos, empurrando o português para um papel secundário na vida económica do país. Fica igualmente a impressão de numerosos modismos anglo-saxónicos se enraizarem entre os mais novos, a ponto de a campanha...
