Aberturas - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Aberturas
Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A pandemia em Portugal não dá sinais de abrandamento, como acontece, aliás um pouco por toda a Europa.  Em apenas oito dias, o número de pessoas infetadas ultrapassou os 7000. A evolução dos acontecimentos obriga a repensar medidas e a ponderar a adoção de disposições mais restritivas. Nesta linha, Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República português, referiu que, se fosse necessário «Repensar o Natal em família», isso teria de ser feito. É esta também uma das sete novas expressões introduzidas no A covid-19 na língua, um glossário que procura deixar registadas as palavras e expressões mais marcantes destes tempos conturbados. Poderão ainda ser consultadas as expressões «Bora Testar», «Confinamento suave», «Confraternizações familiares», «Cuidados de proximidade», «Funcionários postais» e «Taxa de infeção».

Primeira imagem: Infografia do jornal Público relativa à situação da pandemia em Portugal a 11/10/2020

2. Estará a origem do nome tartaruga associada a Tártaro, designação que os gregos atribuíam ao inferno? A relação entre o nome deste animal e o conceito que dele tinham alguns povos da antiguidade pode trazer alguma luz sobre a designação que lhe foi dada, tal como se clarifica numa das novas respostas da atualização do Consultório, onde também se inclui a explicação dos regionalismos algarvios alfoquemujerona e se comenta a inexistência de contração da preposição a com o artigo definido antes do topónimo Canaã. No campo da sintaxe, analisa-se a função sintática do constituinte «embora descontente», usado numa frase simples e esclarecem-se as diferenças de plano de análise entre a classificação de constituintes e a sua função sintática

3. Na rubrica Montra de Livros, dá-se a conhecer a nova publicação da linguista Sandra Duarte Tavares: Fala Sem Erros (edição da Porto Editora). Uma obra que procura dar resposta a dúvidas frequentes da língua portuguesa, que se poderá ficar a conhecer melhor a partir da entrevista concedida pela autora ao programa Páginas de Português, da Antena 2, emitido no dia 11 de outubro de 2020 (aqui).

4.  A palavra muleta, para além dos conhecidos sentidos relacionados com a haste a que se apoia uma pessoa e o próprio suporte que fornece, pode ser usada, num contexto pouco formal, para designar o objeto que o carteirista usa para disfarçar a sua atividade. É o que nos é explicado no blogue Travessa do Fala-Só num apontamento aqui transcrito com a devida vénia.  

5.  Entre as notícias da atualidae, destacamos as seguintes: 

— A  Antena 1, o principal canal da rádio púbica portuguesa, passa a emitir uma nova série do programa Serviço Público – Bloco de Notas, da autoria da jornalista Maria Flor Pedroso. Orientado para os alunos de 11.º e 12.º anos com exames no ano letivo de 2020/21, o pós-5 de outubro é o primeiro tema, com a participação de historiadora Maria Fernanda Rollo. O programa será emitido no novo horário das 22h20 (hora oficial de Portugal continental) – ficando todos os episódios, de segunda a sexta-feira, disponíveis posteriormente na RTP Play;

— A abertura de dois concursos a Bolsa de Investigação para Doutoramento, na área de Linguística Aplicada, e um na área de Linguística do Português, pelo Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada (CELGA-ILTEC) (mais informações aqui);

— As II Jornadas de Educação e Desenvolvimentoque terão como tema aglutinante Educação para o Desenvolvimento e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. As jornadas são promovidas pelo Camões - Instituto da Cooperação e da Língua em colaboração com outras entidades e terão lugar dia 17 de outubro de 2020, via Zoom.

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O número de infetados com covid-19 dispara de tal maneira que, em Espanha, o governo central decretou estado de alarme na própria capital, Madrid. O agravamento da pandemia satura, portanto, a agenda mediática, fazendo circular torrentes de novos termos e expressões, uns a marcar apreensão e angústia, outros a alimentar a esperança de uma cura e do regresso à verdadeira normalidade. Refletindo, pois, este contraste, o glossário "A covid-19 na língua"  (in O nosso idioma) acolhe seis novas entradas: #aovivooumortoIoT, intubação orotraqueal (IOT), onda, «O que aí vem» e politicagem.

Ainda quanto ao impacto da covid-19 na vida pessoal e coletiva: Ensino à distância impôs aos pais mais tempo para apoio aos filhos

2. Comemora-se em 10 de outubro o Dia Mundial da Saúde Mental, assinalado este ano com acrescida pertinência, dado o aumento de patologias psíquicas potenciadas pela crise pandémica nos contextos privado e profissional. O tema ativa e enriquece o respetivo campo lexical, tornando mais frequentes vocábulos ou perífrases como «pessoa com doença mental» ou «pessoa com deficiência mental», como se lê, por exemplo, num artigo da página Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. É assunto que pede rigor terminológico e sensibilidade na comunicação, equilíbrio que, noutras línguas irmãs do português, é bem ilustrado pela intervenção da Fundación para el Español Urgente (Fundéu), na sua recomendação,  entre outras indicações, do uso da perífrase «persona con problemas de salud mental», ou seja, «pessoa com problemas de saúde mental».

Sobre este tema, vide: Saúde mental Mental coach: que equivalentes em português? + Palavras que matam e palavras que salvam + Autismo e autista + Sobre a palavra esquizofrénico + A diferença entre personalidade e carácter + Sobre o vocábulo depressão. E, ainda: OMS divulga guia com cuidados para saúde mental durante pandemia

3. Por vezes, considera-se apressadamente que os regionalismos são formas incorretas do português e, portanto, o melhor é condená-las ao esquecimento. É uma visão empobrecedora da língua, rebatida à saciedade pelo livro Palabras co Bento no Leba, que o estudioso de temas regionais Domingos Freire Cardoso dedica à fala popular de Ílhavo (Aveiro) e que a linguista Carla Marques apresenta na rubrica Montra de Livros.

4. Uma velha comédia portuguesa, o Pai Tirano, filme realizado em 1941 por António Lopes Ribeiro, surpreende um consulente brasileiro, porque aí se ouve dizer  em lugar de você. Será que esta redução se encontra comummente em Portugal, como no Brasil? A resposta é dada no Consultório, onde estão em linha outras quatro perguntas: porque se escreve pan-ótico com hífen? Malgrado é preposição ou conjunção? Em que regiões se emprega a expressão «fazer festas»? Na frase «ele vai comer ao restaurante», o verbo ir é mesmo auxiliar?

5. Em O nosso idioma, transcreve-se, com a devida vénia, o artigo que o professor universitário e tradutor Marco Neves publicou em 4 de outubro de 2020 no blogue Certas Palavras e no Sapo 24, à volta da origem do advérbio e quantificador bué, que se enraizou no português coloquial de Portugal.

Sobre este angolanismo,  lembramos os esclarecimentos  A etimologia de bué, novamente  Do angolanismo bué aos crioulos asiáticos de base lexical portuguesa +  Bué de… 

6. Das notícias sobre escrita literária, ensaística e científica em português, dois registos:

♦ A atribuição ex-aequo do prémio Prémio de Ensaio Jacinto do Prado Coelho ao linguista Fernando Venâncio, pelo livro Assim Nasceu Uma Língua (ver Montra de Livros), e ao poeta Nuno Júdice, pela obra Camões por cantos nunca dantes navegados.

♦ E o anúncio da apresentação, em 14 de outubro p.f., de O Cânone, volume coordenado por Miguel TamenAntónio FeijóJoão Figueiredo (professores da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa) e apoiado pela Fundação Cupertino de Miranda, que, em associação ao referido livro, inaugura dias depois, em 18 de outubro, uma “torre literária”, espaço que ficará instalado na sede da instituição, em Famalicão.

8. Nos dois programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, são temas centrais:

♦  Uma conversa com a linguista são-tomense Abigail Tiny Cosme, à volta do português de São Tomé e Príncipe  – no programa Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 9 de outubro, pelas 13h20* (com repetição no sábado, 10 de outubro, depois do noticiário das 09h00*).

♦ O novo livro da linguista portuguesa Sandra Duarte TavaresFala sem Errose um apontamento da professora brasileira Edleise Mendes, sobre a relação língua-identidade – no programa  Páginas de Português, transmitido  na Antena 2, no domingo, dia 11 de outubro, pelas 12h30* (repetido no sábado, 17 de outubro, às 15h30*).

* Hora oficial de Portugal continental, ficando os programas disponível posteriormente aqui. e aqui.

9. Último registo: a atribuição do prémio Nobel da Literatura 2020 à poetisa** norte-americana Louise Glück, autora ainda sem livros traduzidos em Portugal. 

 

Nos fins do outono uma rapariga deitou fogo
a um trigal. O outono

fora muito seco; o campo
ardeu como palha.

Depois não sobrou nada.
Se o atravessávamos, não víamos nada. (...)

 

in Observador, 09/10/2020; tradução originalmente publicada em Telhados de Vidro, n.º 12, Editora Averno.

 

** A despeito do uso cada vez mais difundido de poeta como nome comum de dois (como «o/a artista»), a forma feminina poetisa é a recomendada – tal como se deve dizer /Nobél/ e não /Nóbel/.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A notícia de que o presidente dos Estados Unidos Donald Trump está infetado com covid-19 trouxe para a ribalta mediática termos relacionados quer com os tratamentos que estão a ser aplicados ao doente, quer com o seu estatuto de doente especial e também com as suas atitudes. Esta evolução das situações relacionadas com a pandemia motiva, deste modo, a introdução de seis novas expressões em A covid-19 na língua: cocktail de anticorposdoente diferenciado e «Não tenham medo (da covid-19)». Para além destas, poderão ainda ser consultadas as entradas espectadoresFMPM e Regra dos três cês

Créditos de Image: Reuters 

2. A Academia Real das Ciências da Suécia começou a divulgar os vencedores do Prémio Nobel 2020 nas diferentes áreas. Este é um assunto amplamente acompanhado e comentado nos meios de comunicação social e, em particular, no audiovisual português. Quase invariavelmente, com a prolação  errada da palavra Nobel –  que deve dizer-se /nobél/ e não /nóbel/. Voltamos a recordar, por isso, o recomendado em diversas ocasiões: «Outra vez a pronúncia de Nobel», «Nobel, palavra oxítona (aguda): /Nobél/». Não esqueçamos ainda que, se se quiser referir o conjunto dos prémios, a expressão correta será «Prémios Nobel», sem lugar a pluralização da palavra Nobel. Todavia, se esta for usada como nome comum, referindo as pessoas premiadas, a sua forma plural será nobéis (cf. «O plural de Nobel e a sua pronúncia»). 

3. As palavras quistoquerido terão, pelo menos até ao século XVI, coexistido como particípios do verbo querer. É o que se explica na nova atualização do Consultório. Uma viagem pela história da língua é o que exige uma questão relacionada com a existência do adjetivo perfunctório na língua portuguesa. Também no âmbito da lexicografia se encontra a identificação do gentílico de Ribeira Seca (Açores). Por fim, na área da sintaxe, esclarecem-se as possibilidades de colocação do pronome átono em oração infinitiva e classifica-se uma oração que integra uma frase copulativa

4. A pandemia continua a não dar sinais de abrandamento, contribuindo para o aumento dos números de pessoas infetadas. Este é o mote para a crónica da professora Carla Marques, que aborda as palavras doençacura (crónica divulgada no programa Páginas de Português da Antena 2, no dia 4 de outubro de 2020). 

5. O processo de cooficialização das línguas no contexto de um país ou de uma região multilíngue é o objeto da crónica da professora e autora Edleise Mendes, que aqui transcrevemos (divulgada originalmente no programa programa Páginas de Português da Antena 2, no dia 22 de setembro de 2020).

6. O tradutor é considerado classicamente um traidor. «Traduttore, traditore», afirma o provérbio italiano, que, na verdade, acaba por dar conta da profunda dificuldade que preside ao ato de encontrar a palavra, a expressão ou a frase certa, que verta noutra língua os sentidos da língua original. É esta problemática que o artigo «Minha pátria é minha língua», da jornalista Mariana Payno, aborda (originalmente divulgado na revista Gama e aqui transcrito com a devida vénia).  

7. No dia 5 de outubro, para além da Implantação da República Portuguesa,  assinalou-se também o Dia do Professor. A UNESCO celebrou esta data destacando o importante papel dos professores no contexto da pandemia, que foram um agente essencial na defesa do direito à educação e na criação de soluções para a definição de um novo cenário de aprendizagem em contexto de isolamento (notícia). 

8. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, recordamos aqui o Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, que será difundido no domingo, dia 11 de outubro, pelas 12h30*, com repetição no sábado, 17 de outubro, às 15h30*. e o programa Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 9 de outubro, pelas 13h20* (com repetição no sábado, 10 de outubro, depois do noticiário das 09h00*. 

9. Registo final, e bem triste: o encerramento da centenária Coimbra Editora –  especialmente afamada em Portugal pelas obras publicadas de natureza jurídica e de medicina, mas também de livros de  português, nomeadamente o primeiro Vocabulário de Língua Portuguesa, o de F. Rebelo Gonçalves, em 1966,  hoje uma raridade bibliográfica.

 

*Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Com o aumento mundial de casos de covid-19, sucedem-se notícias a respeito de fármacos, de precauções a tomar, do grau de vulnerabilidade ao SARS-CoV-2 e de formas de enfrentar a crise económica e social decorrente. Em "A covid-19 na língua" (O nosso idioma), entram, portanto, doze novos termos, repartidos por diversas áreas lexicais. Assim, entre os medicamentos, contam-se, por um lado, antibióticos que a Organização Mundial de Saúde já declarou ineficazes, como sejam a azitromicina e a amoxicilina, e, por outro, os corticoides,o ibuprofeno, o paracetamol, que atenuam ou suprimem sintomas como febre e dores musculares. Quanto à bioquímica do novo coronavírus, registam-se massa molecular, material genético e partícula viral. Referindo a prevenção e o tratamento da doença, ocorrem as expressões sistema imunitário (ou sistema imunológico, ou, ainda, sistema imune) e espectrometria de massa. Acerca do risco de mortalidade, fala-se do fator idade. À volta do impacto negativo da pandemia, insiste-se na locução retoma progressiva.

2. Ao Consultório, chegam sete dúvidas: donde vem a forma dialetal "devolvero", equivalente a devolveram? Para falar dos naturais de Matosinhos, é correto empregar o termo matosinheiro? Como deve  dizer-se: «modelagem» ou «moldagem de balões»? As reticências podem ser seguidas de ponto? A preposição para tem sílaba tónica? Que sentido se dá à locução «estar para ali»? Por último, uma pergunta de sintaxe e semântica: o verbo concorda no singular ou no plural com «um total de 35 médicos»?

3. Quem foi, afinal, Machado de Assis (1839-1908)? Qual o seu segredo? Como conseguiu ele contornar o classismo e o racismo da sociedade brasileira de finais do séc. XIX e alcançar o reconhecimento institucional do seu mérito literário? Em O nosso idioma, transcreve-se com a devida vénia, do jornal digital Tornado, uma breve biografia deste escritor brasileiro, «um homem «tão recatado, tão cioso da sua intimidade, [que] só teve um descuido, só deixou uma porta aberta: os seus livros». Um trabalho do jornalista brasileiro José Carlos Ruy, que recolhe também algumas observações da crítica literária e ensaísta Lucia Miguel Pereira (1901-1959).

4. Conforme aqui se anunciou, 30 de setembro p. p., em Lisboa, fez-se a divulgação pública dos resultados do estudo Práticas de Leitura dos Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário, coordenado pelo Plano Nacional de Leitura 2017-2027 e pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. A grande conclusão é preocupante – há um decréscimo nos hábitos de leitura (ler também aqui) – e aponta para a necessidade de redefinir estratégias para incentivar no seio das próprias famílias o interesse e a vontade de participação na cultura escrita. O registo vídeo deste evento encontra-se aqui.

5. O feriado de 5 de Outubro em Portugal assinala o fim da monarquia e a implantação da República em 1910. Um século e uma década depois, novamente se comemora a data, em ano marcado pelas restrições do combate à covid-19; mas nem por isso se deixa de evocar a efeméride, celebração a que o Ciberdúvidas também se associa, relembrando conteúdos à volta  do tema e da sua repercussão na norma linguística: "'Viva a República' e 'Vivà República'", "As palavras república e monarquia", "100 anos de reformas ortográficas","'As mudanças na orthographia da lingua portugueza» há 100 anos", "A palavra verdade, vocábulos das eleições portuguesas e a 1.ª reunião do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa", "A ortografia antes de 1911", "Quando o s passou a escrever-se z", "Reforma de 1911 em Portugal. Acordod ortográficos"

Na imagem, uma página da Ilustração Portuguesa, 2.ª série, n.º 250, 5 de Dezembro de 1910, na qual se vê o famoso busto da República do escultor Simões d'Almeida Sobrinho (1880-1950) . Sobre esta escultura, que hoje se encontra.no Museu da Presidência da República, em Lisboa, lê-se na Wikipédia: «Escultura de Simões de Almeida, tendo como modelo Hilda Puga. Hilda tinha 16 anos, e trabalhava numa camisaria na R. Augusta, na Baixa de Lisboa. Estava a fazer uma entrega quando se cruzou com o escultor, que lhe achou graça e a convidou para ser sua modelo.»

6. Destaques dos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa: no Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, dia 2 de outubro, pelas 13h20*; com repetição no sábado, dia 3 de outubro, depois do noticiário das 09h00*), além da intervenção da professora Sandra Duarte Tavares, que apresenta o seu livro Fala sem Erros, a crónica da linguista Edleise Mendes, sobre a cooficialização de línguas no Brasil; no Páginas de Português, (Antena 2, domingo, dia 3 de outubro, pelas 12h30*, com repetição no sábado, dia 10 de outubro, às 15h30*), uma entrevista a Carlos Reis, a propósito da sua Última Lição, proferida em 28 de setembro p. p. (vídeo da aula completa aqui), bem como a crónica da professora e linguista Carla Marques sobre as palavras doença e cura.

*Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui

7. Devido ao feriado de 5 de Outubro, em Portugal, a próxima atualização do Ciberdúvidas fica marcada para quarta-feira, 7 de outubro de 2020.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O mundo atingiu no dia 29 de setembro o marco de um milhão de mortos por covid-19, o que significa que, a cada 16 segundos, há uma pessoa vitimada por esta doença. Este número motiva a introdução no A covid-19 na língua do termo Milhão, ao qual se juntam as expressões «Boatos.org», designação de uma plataforma brasileira cujo objetivo é desmontar notícias falsas que circulam na internet, e «Transportes públicos». Este número de óbitos, que foi comentado um pouco por todo o planeta, justifica que se recorde que em algarismos um milhão se regista com o número 1 seguido de seis zeros, que devem ser agrupados em três algarismos com um espaço em branco entre eles (1 000 000). Isto significa que não se deve recorrer ao uso de pontos para separar estes grupos de algarismos (como aconteceu nesta notícia). 

A propósito deste tema, recordem-se algumas respostas divulgadas no Ciberdúvidas: «2500, 2 500 ou 2.500?», «Vírgulas e pontos em números cardinais», «Milhão de milhões», «Biliões, triliões, etc.», «Um bilião, outra vez»

2. Em Portugal, continuamos a assistir à opção de atribuir designações inglesas a produtos portugueses, uma situação infelizmente cada vez mais recorrente. Desta feita, aconteceu com o projeto "HomeSafe", que integra a plataforma "BeyondCovid". Trata-se de um protótipo cuja função é monitorizar alguns sintomas de covid-19 entre a população idosa. A defesa do português deve passar também pela sua elevação à condição de língua de ciência, o que poderá passar pelo recurso a designações em língua portuguesa. Vejamos como seria simples encontrar equivalentes para os nomes dos referidos projetos: «Protegido em casa» ou «Além da Covid». Esta mesma atitude deveria ter estado presente no momento de opção por designações como o selo "Clean & Safe" ou "Covid Safe" ou ainda a aplicação "StayAwayCovid", que denunciam uma infeliz submissão ao peso da anglofonia. 

 3. As formas troubetroubeste são, entre outras, variantes regionais do verbo trazer, cuja formação por analogia se explica no Consultório, onde também se incluem duas respostas de âmbito ortográfico: a acentuação das palavras paroxítonas terminadas em -n (como próton) e a abreviatura da fórmula antiga «atentos e veneradores», que era usada na correspondência formal. A atualização do Consultório contempla também uma questão que procura saber se o termo "jactobol" se encontra averbado no dicionário e uma outra que se centra nas diferenças entre cotextocontexto. Por fim, analisa-se a função sintática de constituintes da frase «A Antonieta, uma rapariga que conheci no parque, é simpática». 

4. O recurso à construção passiva motiva reações muito distintas, desde a total rejeição à sua aceitação em condições específicas. O que é certo é que pragmaticamente, este é um recurso linguístico que permite atenuar o peso que se colocaria sob o autor de uma dada ação ou colocar o foco sobre outro elemento da frase, como nos explica Chico Viana, especialista em Teoria Literária e colunista, no artigo «Notas sobre a voz passiva» (divulgado originalmente na página do Facebook Língua e Tradição)

5. Entre as notícias relacionadas com a língua, destaque para: 

— A diretiva do Ministério da Defesa português que apela ao uso de linguagem inclusiva em assuntos que envolvam questões de género (aqui e aqui);

— A divulgação dos resultados do estudo Práticas de Leitura dos Estudantes dos Ensinos Básico e Secundário, no dia 30 de setembro, um estudo coordenado pelo Plano Nacional de Leitura 2017-2027 e pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia, do ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa

6. Comemora-se, no dia 1 de outubro, o Dia Mundial da Música, com eventos muito diversificados, que procuram responder a diferentes gostos e sensibilidades.

O tema da música tem estado presente na ótica da língua em várias respostas do Ciberdúvidas: «Música», «Músico/a», «Letra de música», «As subclasses dos nomes friomúsica», «A música e o seu vasto campo lexical».

7.  Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesao Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, entrevista o professor universitário da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Carlos Reis, a propósito da sua jubilação, que motivou a sua «Última Lição», proferida no dia 28 de setembro, subordinada ao tema «Releitura Intermediática da Ficção Queirosiana» (a aula completa pode ser vista aqui). Neste programa ainda, uma crónica da professora e linguista Carla Marques sobre as palavras doença e cura (domingo, dia 3 de outubro, pelas 12h30*, com repetição no sábado, dia 10 de outubro, às 15h30*). O programa  programa Língua de Todos, emitido pela  RDP África, convida a professora e linguista Sandra Duarte Tavares, que virá apresentar o seu livro “Fala sem Erros”, onde se abordam erros típicos da língua portuguesa. Ainda a crónica da professora Edleise Mendes, sobre a cooficialização de línguas no Brasil: Português, línguas indígenas e línguas de imigração (sexta-feira, dia 2 de outubro, pelas 13h20* (com repetição no sábado, dia 3 de outubro, depois do noticiário das 09h00*).

*Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A  pandemia de covid-19 ganha força em Espanha, em especial, em Madrid (no meio de grande antagonismo político), sendo enorme a pressão sobre a capacidade de resposta dos hospitais. Portugal acompanha preocupado a situação nas diferentes regiões do país vizinho, com a comunicação social a dar relevo a várias siglas* designativas de unidades hospitalares, abreviações que passam também a ter entrada no glossário "A covid-19 na língua" (O nosso idioma), a saber: UCC = Unidade de Cuidados Críticos; UCI = Unidade de Cuidados Intensivos; UMI = Unidade de Medicina Intensiva; UTI = Unidade de Terapia Intensiva; UVI = Unidade de Vigilância Intensiva.

* Lembramos aqui que, em português, as siglas se grafam em maiúsculas e não se pluralizam.

2. No Consultório, uma investigadora pergunta qual o uso do verbo estugar, recorrente na expressão «estugar o passo» e mais raro noutras combinações. Na perspetiva da análise gramatical, um aluno quer saber se é possível a realização do predicativo do sujeito por uma oração. Alguém pretende apurar qual a extensão do uso da forma "entrem" em lugar da correta entram, que deteta na região de Vila da Feira, em Portugal. Há ainda quem se interrogue sobre a correção de «para si», que em Portugal é forma empregada em lugar de «para você». Por último, um consulente pede um comentário sobre a origem da expressão idiomática «rodar a baiana».

Fonte da imagem: No rastro da memória (Santa Rita do Sapucaí), 21/08/2011.

3. No dia a dia, a polidez no trato visa instaurar um mínimo de ponderação e harmonia nas sempre difíceis relações sociais – apesar de estar longe de óbvio o que pode ser a boa educação em diferentes países e culturas. A professora Edleise Mendes aborda este tema num apontamento escrito para o programa Páginas de Português de 09/08/2020 e agora disponível em O nosso idioma. Da mesma autora, outra  crónica igualmente emitida no referido programa, em 07/09/2020, a propósito do 198.º aniversário da proclamação da independência do Brasil.

4. Merece referência o neologismo "chegano", criado pelo humorista Ricardo Araújo Pereira no programa Isto é Gozar com Quem Trabalha (SIC, 27/09/2020), a propósito da II Convenção Nacional do Chega, que decorreu em 19 e 20 de setembro p.p. Para explicar a formação de "cheganos", com que Araújo Pereira apelida ironicamente os promotores e militantes deste partido, basta recordar certas tomadas de posição do Chega em relação a minorias, muito em especial, os ciganos – em sintonia, portanto, com a sua família política europeia, o grupo Identidade e Democracia.

5. Comemora-se nesta data o Dia Internacional do Acesso Universal à Informação, que, em alusão ao contexto internacional agitado que rodeia a 75.ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas, é o tema do novo artigo que a linguista Margarita Correia publicou no Diário de Notícias, em 26 de setembro de 2020 (também disponível em O Nosso Idioma).

6. A respeito da educação em Portugal, tem atualidade mediática (e não só) a publicação dos resultados das candidaturas ao ensino superior – aqui e aqui. –, em 2020 e em clima de pandemia, a destacar-se pelo número recorde de alunos colocados.

7. Apesar da pandemia, também a atividade desportiva procura adaptar-se às condições de normalidade possível. Registe-se, portanto, o começo da 82.ª edição da Volta a Portugal em Bicicleta, que teve um prólogo inaugural em 27 de setembro p.p. Sobre conteúdos em arquivo que têm as bicicletas e o ciclismo por tópicos, leiam-se, entre outros artigos e respostas, "As palavras atletismo, ciclismo, natação, futebol, voleibol e basquetebol", "À volta do ciclismo, dos anglicismos, do ponto abreviativo nos numerais e de outros temas do português", "Ciclista: derivada ou primitiva?", "Ciclista, corredor ou betetista?", "Bicicleta reclinada", "Bicicletas desdobráveis ou dobráveis", "Andar à nora", "Andar às aranhas", "Estar-se a marimbar", "Leva lá a bicicleta!" , "Bicicleta recumbente".

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  Decorre desde o dia 21 de setembro a comemoração do 75.º aniversário da ONU, organização que foi estabelecida a 24 de outubro de 1945. A iniciativa viu o seu início marcado por um evento de alto nível, onde se discutiu o futuro das Nações Unidas. Esta sessão decorreu no auditório da Assembleia Geral, em Nova Iorque, para permitir a distância dos participantes, e muitos outros encontros terão lugar por meios digitais, devido à situação de pandemia. Este acontecimento justifica que aqui se recorde, uma vez mais, que ONU é um acrónimo que se pronuncia "onú", como palavra oxítona (aguda), estando a pronúncia "ónu", que se vai ouvindo na comunicação social ou entre membros da classe política, errada.

cf. «Prosódia das siglas ONU, OVNI e UCI» e  «A pronúncia dos acrónimos ONU, SMPU e INPI».

2. O governo português decidiu manter a situação de contingência até ao dia 14 de outubro, altura em que será feita uma reavaliação da evolução epidemiológica. A expressão «Estado de contingência» encontra-se já contemplada no glossário A covid-19 na língua, que vai reunindo as palavras da pandemia. Introduzem-se agora os termos/expressões Álcool-gel, «Preparar o pior e esperar o melhor», Semáforos e Toma.  

3. Várias notícias deram esta semana a conhecer o programa de cadeiras do mestrado em Direito onde se aproxima o movimento feminista do nazismo. Este facto motivou uma reflexão da professora Carla Marques sobre as zonas de contacto e de separação que as palavras mantêm, do ponto de vista formal e dos seus significados, divulgada na rubrica O Nosso Idioma sob o título «O que o feminismo e o nazismo (não) têm em comum».

4.  No Consultório esclarece-se uma questão, oriunda do Brasil, sobre a correção da forma «com si» na variedade brasileira. Outra pergunta versa o valor e a classificação da conjunção que seguida do advérbio não em determinadas construções com valor contrastivo. Analisa-se, ainda, a possibilidade de formação de um adjetivo a partir do verbo inundar e, numa outra questão, a razão de ser da grafia do nome tessitura e a sua etimologia. Por último, uma reflexão sobre a pronúncia do /d/ intervocálico em Portugal e outra sobre o significado da locução «em detrimento de».  

5. Na rubrica Montra de Livrosdivulgamos a obra do professor e escritor João Carlos BritoEm Português nos Desentendemos, da Porto Editora, apresentada pela mão da jornalista Paula Torres de Carvalho. Trata-se de uma publicação sobre a diversidade linguística no plano das expressões regionais e populares portuguesas.

6.  Entre as notícias do âmbito da língua portuguesa, destacamos a «Última Lição» do Professor Carlos Reis, professor catedrático da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que atinge a sua jubilação. Esta será proferida no dia 28 de setembro de 2020, pelas 16:30, no Auditório da Reitoria. O evento poderá ser acompanhado via Internet

7.  Recordamos os programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa: uma entrevista com Moisés Lemos de Martins, diretor do Museu Virtual da Lusofonia, no programa Língua de Todos, emitido pela  RDP África,  na sexta-feira, dia 25 de setembro, pelas 13h20* (com repetição no sábado, dia 26 de setembro, depois do noticiário das 09h00*); no programa Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, será difundida uma entrevista à professora Joana Meirim e a Roberto Vecchi, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas, a propósito do encontro centrado na importância e na expressão da língua e da cultura portuguesas no mundo, realizado  pelo Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa (no domingo, dia 27 de setembro, pelas 12h30*, com repetição no sábado, dia 3 de outubro, às 15h30*).

*Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

 

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O número de infetados sobe na Europa, e Portugal não foge a um cenário já concebível como "segunda vaga" pandémica. Fala-se de bolhas, de testes rápidos e infelizmente de óbitos, termos registados neste dia em "A covid-19 na língua" (O nosso idioma), onde também passa a ter entrada a expressão «pandemia de desinformação», empregada em referência aos muitos mal-entendidos veiculados por material supostamente informativo.

2. Não obstante a atualidade sombria, há, mesmo assim, espaço para a ironia e até para algum humor, como foi o caso da cerimónia de atribuição dos prémios Emmy, em 2020 jocosamente batizados como "Pand-emmys", nome que entra  igualmente no nosso glossário. No mesmo tom, regista-se ainda o título Covid-19 Simplificado para Totós (totó em Portugal pode significar «incompetente, ignorante, desajeitado»), um curtíssimo vídeo com que o português Tomás Felício de Oliveira, jovem aluno da Escola Artística António Arroio (Lisboa), ganhou o concurso ABCovid (ver no Youtube).

3. A linguagem à volta da covid-19 é também o tópico abordado no apontamento que José Mário Costa escreveu para o Pelourinho, a propósito de mais um caso, em Portugal, de anglicismo impertinente em textos  oficiais de prevenção: trata-se de "covid free", termo agora (incompreensivelmente) associado à identificação de unidades hospitalares livres de contaminação.

4. Um aluno manifesta o seu desconcerto: se para é uma preposição em «vá para casa», como pode tornar-se uma conjunção em «disse para ir embora»? Trata-se de uma palavra que pode ter essa dupla classificação pelos motivos que são expostos na presente atualização do Consultório. Mais dúvidas: que tipo de oração subordinada ocorre em «sei como resolver o problema»? Será a grafia co-hóspede válida para todos os países de língua portuguesa? O que distingue os monossílabos tónicos dos monossílabos átonos? A forma "aliteracia" está correta? O que significa revezar?

5. Registos de iniciativas com participação de público – à distância ou presencialmente:

 – Arranca um novo concurso de jornais escolares promovido pelo Público no começo do presente ano letivo em Portugal.

– A 4.ª edição de Alvalade Capital da Leitura decorre até 26 de setembro p. f., dedicada a Lídia Jorge, que neste ano de 2020 comemora 40 anos de vida literária. A homenagem feita à autora de O Dia dos Prodígios (1980) é uma iniciativa da junta de freguesia deste bairro lisboeta e é comissariada pelo jornalista Carlos Vaz Marques. Abriu com uma sessão na Biblioteca Nacional de Portugal, na qual participaram, entre outros, Carlos Reis, Fernando Pinto do Amaral, Guilherme d’Oliveira Martins, Isabel Pires de Lima, António Carlos Cortez e Pierre Léglise Costa. Mais informação aqui.

6.  Assinala-se em Portugal, em 26 de setembro p. f., o Dia Europeu das Línguas, com organização da Comissão Europeia em parceria com a EUNIC Portugal, da rede de embaixadas e de institutos culturais. Realizado de forma virtual, ao encontro das medidas de combate à pandemia, este acontecimento é antecedido por um "webinário" dirigido às escolas, à Europa e às suas 26 línguas, que começa às 10 horas de 25 de setembro. Entretanto, na segunda-feira, dia 28, a Comissão Europeia organizará uma conferência em linha, subordinada ao tema A Educação começa com a língua, inserida na campanha  #DiscoverTranslation, visando o papel da tradução no nosso quotidiano.

O Dia Europeu das Línguas e a diversidade   e cultural da Europa são temas já tratados anteriormente aqui: "Dia Europeu das Línguas comemorado a 26 de setembro"; "Europeidade e 'europeialidade'/'europalidade'"; "Euro, de novo"; "Eurorregião, de novo"; "Gentílicos usados pelos serviços da União Europeia"; "A soberania contra a língua"; "A grafia de nações da Europa de Leste"; "Novamente o português, língua da Europa"; "Estamos à altura da língua que temos? Um teste muito simples"; "Uma Europa que subalterniza o português"; "A pseudodefesa do português"; "O ensino de línguas estrangeiras, hoje na Europa"."O euroléxico de A a Z".

7.  Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, salientam-se os seguintes temas:

– Sobre o Museu Virtual da Lusofonia, criado em 2017 e, desde o início de Setembro de 2020, integrado na plataforma Google Arts & Culture, Língua de Todos, emitido pela RDP África, na sexta-feira, 25 de setembro, pelas 13h20*, inclui uma entrevista com o Moisés Lemos de Martins, do departamento de Ciências da comunicação da Universidade do Minho e diretor do museu. 

– O Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Universidade Católica Portuguesa realiza em 25 de Setembro de 2020 um encontro acerca da importância e da expressão da língua e da cultura portuguesas no mundo. No Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 27 de setembro, pelas 12h30*, entrevistam-se a professora Joana Meirim, coordenadora do mestrado em Português Língua Estrangeira/Língua Segunda nesta universidade, além de coordenadora da conferência, e Roberto Vecchi, presidente da Associação Internacional de Lusitanistas e participante no evento com uma palestra intitulada “Língua Portuguesa: O desafio no mundo global”. O programa conta ainda com uma crónica da professora Edleise Mendes, da Universidade Federal da Bahia, sobre a cooficialização de línguas no Brasil – "O Português, as línguas indígenas e de imigração".

* Língua de Todos é repetido no sábado, dia 26 de setembro, depois do noticiário das 09h00, e Páginas de Português, no sábado, dia 3 de outubro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1.  Numa semana que se inicia marcada pela incerteza e pelo medo, chega-nos a notícia de que, em Portugal, há escolas que vão fechar poucos dias depois de ter tido início o ano letivo, devido ao aparecimento de infetados entre a população escolar. Em simultâneo, surtos vão surgindo, sobretudo em lares de terceira idade, e o número de infetados continua a crescer, em linha com o que acontece um pouco por toda a Europa, onde se começa já a desenhar um cenário de novas restrições à população para conter a propagação das infeções. Esta é também a semana em que se discute a utilização de testes rápidos entre a população escolar, após a oferta de meio milhões de análises pela Cruz Vermelha Portuguesa (destinadas também a lares). Esta situação motivou novas entradas relacionadas com o tema no A covid-19 na língua: Teste antígeno e Teste IgG e IgM, e ainda os termos Coronavir, Estupidez EverydayCovid.

2. Foi também o sentimento de medo, que alastra e que domina o espaço social, a motivação para a crónica da professora Carla Marques dedicada às palavras medo meticuloso, um apontamento divulgado no programa Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, dia 20 de setembro, que aqui partilhamos.  

3. O perigo de aumento das infeções devido à abertura das escolas levou a GNR a produzir um vídeo de animação com conselhos de higiene destinados sobretudo aos mais jovens. Foi na notícia de divulgação desta iniciativa que detetámos o uso das formas verbais 'terão' (por estarão) e 'tiveres' (por estiveres), o que denota um total descuido com a correção linguística, como se aponta no pequeno texto «Se 'tiver' preocupado com a língua, não leia isto», disponível no Pelourinho. É também nesta secção que recordamos mais uma vez que a expressão «crime humanitário», usada, desta feita, pelo líder do CDS, Francisco Rodrigues dos Santos, é incorreta, e deixamos nota da insólita entrevista de uma jornalista portuguesa à ministra dos Negócios Estrangeiros de Espanha Arancha Gonzalez Laya... em inglês.  

4.  No Consultório, analisa-se a origem do topónimo Penaguião e explica-se que nem todas as palavras portuguesas começadas por al- têm origem árabe. Esclarece-se também a pronúncia do termo latino imitatio e explora-se a natureza e algumas manifestações da função sintática complemento do advérbio. Por fim, no âmbito de uma frase copulativa identificadora, reflete-se sobre um problema de concordância

5. Em Portugal, tem-se discutido a inclusão da disciplina de Cidadania no currículo do sistema de ensino, problemática que tem motivado posições muito díspares. Neste quadro, a professora e investigadora Margarita Correia aborda a palavra cidadania na perspetiva da sua formação e no âmbito da pertinência do estudo desta área em contexto escolar, num artigo originalmente publicado no Diário de Notícias (aqui transcrito com a devida vénia).

6. No que se refere às notícias relacionadas com a língua e com a literatura, destaque para as seguintes: 

— As edições e reedições da Fundação Calouste Gulbenkian passaram a ser em formato digital, com acesso gratuito e universal;

— A comemoração do centenário do nascimento do dramaturgo Bernardo Santareno teve início em Santarém, no sábado, dia 19 de setembro, e prolonga-se até 16 de dezembro, com inúmeras atividades culturais destinadas a diferentes públicos (ver aqui). 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Em Portugal, a abertura do novo escolar marcou a semana, pois, apesar da pandemia de covid-19, as atividades decorrerão presencialmente conforme orientações do Ministério da Educação. Procurando a harmonia (possível?) com as normas da Direção-Geral de Saúde, alunos e professores reencontram-se de máscara, mas nas salas de aula, lado a lado, ao contrário, portanto, do que ocorreu nos últimos meses do ano letivo transato, em que o confinamento impôs o ensino à distância.

2. Em "A covid-19 na língua" (O nosso idioma), cinco novas entradas fazem eco da inquietação decorrente desta e doutras situações: o anglicismo cyberbullying, que lembra aos incautos os perigos da navegação em linha; os nomes escravidão e fome, que denotam as ameaças da presente crise; e o termo pós-pandemia que, com o verbo voltar, marca o sonho de fuga desta sinistra "nova normalidade".

3. No Consultório, os problemas são outros, mas bem mais benignos. Voltam as questões de classificação gramatical e análise sintática, uma preocupação constante da população escolar e não só: analisa-se, pois, uma frase que envolve a regência do adjetivo grato; e fala-se da classe de palavras de quando. Também o regresso às aulas em Portugal motiva outra dúvida, sobre a boa pronúncia das palavras, a chamada ortoépia: o o final do elemento físico- no nome da disciplina de Físico-Química, é mesmo aberto? E há ainda mais uma pergunta, relativa a tipos de conta bancária: porque é que se diz e escreve «à ordem», com a contração à, e não «a ordem», visto existir «a prazo», sem essa contração? Finalmente, uma incursão na antroponímia: qual é a origem do apelido Cristino?

4. Tempos agitados estes, cuja desarmonia evoca períodos paralelos no passado. Em crónica publicada em 16 de setembro de 2020, no jornal Público, o historiador e político português Rui Tavares propõe o neologismo mundicordioso numa reflexão à volta do latinismo mundicordes, vocábulo usado por Santo Agostinho, em época extremamente conturbada. Na rubrica O nosso idioma, transcreve-se, com a devida vénia, este artigo escrito igualmente a propósito da 75.ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, que começou a 16 de setembro de 2020 e se realizou pela primeira vez em modo virtual, por causa da pandemia de covid-19.

5. Memórias e recordações de gente e eventos passados ficam associadas a nomes de ruas e lugares (topónimos), que, por sua vez, precisam, por exemplo, de placas toponímicas para adiar o implacável esquecimento do tempo. É este o tópico geral de um artigo publicado em 16 de setembro de 2020 na página Get Lisbon e dedicado às placas toponímicas mais originais, daquelas que quebram regras.

6. Quem não pensou já na possibilidade de vida extraterrestre? O tema voltou a ser notícia porque uma equipa internacional de cientistas, incluindo uma portuguesa, anunciou a descoberta de moléculas de fosfina na atmosfera de Vénus, o que sugere já ter existido vida neste planeta. O termo fosfina, da área da química, é definido pelo Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa como «fosfeto de hidrogénio (PH3) ou qualquer derivado resultante da substituição de um ou mais átomos de hidrogénio por radicais alquilo», e, segundo a mesma fonte, tem fosfamina por sinónimo.

Refira-se, a propósito, que no espanhol já se usou a forma homóloga fosfina, mas hoje o termo correto é fosfano, de acordo com uma recomendação da Fundación para el Español Urgente (Fundéu). Para o português, não parece haver alteração, mantendo-se, portanto, correto o uso de fosfina (ver também O Linguagista, de Helder Guégués).

7. Regista-se o lançamento em 22/09/2020, pela editora Guerra & Paz, do novo livro do professor universitário e tradutor Marco Neves: Pontuação em Português: Guia Prático para Escrever Melhor. Do mesmo autor, no blogue Certas Palavras, sugira-se a leitura de "O português é uma língua estranha?", um extrato do primeiro capítulo do seu livro Dicionário de Erros Falsos e Mitos do Português.

8. A RTP 2, que tem estado a emitir aos fins de semana, em repetição, alguns episódios da 10.ª e última série do magazine Cuidado com a Língua!, passa  neste domingo, dia 20 de setembro, às 20h25*, o programa sobre a ilha da Madeira.

* Hora oficial de Portugal continental, ficando  o programa disponivel também na  RTP Play, depois de passar também na RTP Internacional nos dias 21 e 28 p.f.

8.  Relativamente aos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, recordem-se os destaques: as confusões geradas pelo uso de palavras parónimas, no Língua de Todosemitido pela  RDP África, na sexta-feira, 18 de setembro, pelas 13h20*; e um comentário da professora de Português Lúcia Vaz Pedro sobre os desafios da pandemia na abertura do ano letivo em Portugal, no Páginas de Português, transmitido pela Antena 2, no domingo, 20 de setembro, pelas 12h30*. Neste último programa, é ainda abordado o ensino à distância nos contextos português e brasileiro, pela professora brasileira Rosângela Pimenta; e a linguista Carla Marques dedica um apontamento à palavra medo.

* O Língua de Todos é repetido no sábado, dia 19 de setembro, depois do noticiário das 09h00, e o Páginas de Português, no sábado, dia 26 de setembro, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.