1. Assinalou-se, em 19 de maio, o 20.º aniversário da restauração da independência de Timor-Leste, onde, na mesma data, se realizou a tomada de posse de José Ramos Horta, como chefe de Estado do país, pela segunda vez. A cerimónia contou ainda com a presença do Presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. Relativamente à real implantação do português no único país asiático que o tem como idioma nacional, registe-se a entrevista de José Ramos Horta à jornalista Rita Colaço, para a Antena 1, na qual se apontam insuficências por parte da cooperação portuguesa, nomeadamente no que respeita à escassez de professores. Nessas declarações, o Nobel da Paz de 1996 (conjuntamente com o bispo Ximenes Belo) refere que, 20 anos depois do fim da ocupação indonésia, cerca de 40% dos timorenses falam ou percebem português – no período colonial, a percentagem mal chegaria aos 1% –, embora a população comunique no já chamado "tetuguês", ou seja, o tétum-praça, uma variedade do tétum que tem uso corrente no país e é idioma oficial, a par do português.
Sobre este tema, escute-se ainda a peça, também da mesma jornalista da Antena 1, "Timor: a língua portuguesa era uma língua da resistência"; e, na RTP 1, vide a reportagem da autoria do jornalista Vítor Gonçalves, no programa Linha da Frente, "A Construção de um País". Vide, ainda o artigo 20 de Maio: o simbolismo de uma data, da autoria de Luísa Teotónio Pereira (in jornal Público, 19/05/2022).
Consultem-se igualmente alguns dos vários artigos e respostas disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: "Timor, Timur" (1997), "Língua Portuguesa e Timor-Leste" (1999), "Timor Loro Sae" (1999), "Português e tétum continuam línguas oficiais de Timor-Leste" (2005), "A língua portuguesa na mais próspera nação do planeta" (2007), "Português, tétum ou tetuguês?" (2007)", "Português e tétum continuam línguas oficiais de Timor-Leste (2007), "'Presença portuguesa em Timor-Leste é uma farsa'" (2007), "Timor fala todas as línguas e nenhuma" (2008), "A língua portuguesa em Timor-Leste" (2008), "Timor-Leste: uma «ficção lusófona»?" (2008), "Timor-Leste, tétum, português, língua indonésia ou inglês?" (2012), "Timor e a língua portuguesa" (2016), "Questões do bom português e as políticas linguísticas de Timor-Leste" (2019), Identidade e resistência da Língua Portuguesa em Timor-Leste (2020), "O significado que um dicionário pode ter" (2020), "O português em Timor-Leste e Entre Textos" (2021). Na imagem, uma praia da ilha de Jaco, no extremo oriental de Timor-Leste.
2. Os números da pandemia voltam a disparar em Portugal, falando-se de uma «sexta vaga», enquanto a crise económica mundial decorrente da pandemia se agrava com a guerra na Ucrânia. Esta é a atualidade que transparece nas três novas entradas na rubrica A covid-19 na língua: «absentismo elevado», em referência ao impacto do novo surto de casos positivos de covid-19 registados em Portugal no mês de maio de 2022, situação que, segundo as confederações patronais, «ameaça colocar em causa a atividade das empresas»; «números assustadores», expressão do secretário-geral da ONU, António Guterres, que, numa reunião sobre segurança alimentar global realizada em Nova Iorque em 19/05/2022, alertou para o fortíssimo agravamento da fome em todo o mundo, numa conjuntura de mudanças climáticas, pandemia e desigualdade, amplificada pela guerra da Rússia na Ucrânia; e rastilho («sulco, cordão ou tubo cheio de pólvora ou outra substância incendiária para comunicar o fogo a qualquer coisa», Infopédia), vocábulo incluído num título do semanário Expresso – «"Rastilho para pegar fogo em palha seca”» –, que identifica a Queima das Fitas e os festejos do Futebol Clube do Porto como “motor[es] do aumento de casos” de covid-19 em Portugal, em maio de 2022.
3. Que diferença existe entre as locuções «pelo contrário» e «ao contrário»? Cervo e veado denotam o mesmo animal? Como identificar o predicativo do sujeito? O que é correto: «foram realizadas centenas de protestos» ou «foram realizados centenas de protestos»? Diz-se «o atleta que sagrou-se campeão», ou «que se sagrou campeão»? O que significa bagre? E a expressão «em Cristo», que sentido tem? São, portanto, sete as novas questões em linha no Consultório.
4. Nos últimos anos, o tradutor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves tem-se distinguido em Portugal pelo seu trabalho de divulgação e pelos contributos dados para uma discussão lúcida de temas como a história da língua e a norma. Em Montra de Livros, apresenta-se o novo livro deste autor: Português de A a Z (Guerra & Paz, 2022).
5. Na rubrica Literatura, a professora Lúcia Vaz Pedro revisita as cantigas medievais galego-portuguesas, num apontamento intitulado "O desnudar da humanidade na poesia trovadoresca".
6. A recente publicação do Relatório de Felicidade Mundial 2022 (em inglês, World Hapiness Report 2022), elaborado pela ONU, levou o escritor José Luís Mendonça a uma reflexão sobre a realidade multilingue de Angola e os horizontes da política linguística neste país. O texto resultante encontra-se disponível na rubrica Lusofonias.
7. Cada país tem a sua história, e a do próprio vocábulo país revela como a noção associada foi no passado muito mais difusa do que hoje. Na presente atualização, o professor universitário e tradutor Marco Neves volta a marcar presença com um artigo acerca da história da palavra país, publicado em 19/05/2022 no blogue Certas Palavras e também transcrito com a devida vénia em O Nosso Idioma.
8. Em três dos programas que a rádio pública em Portugal dedica a temas de língua e gramática, os temas centrais são:
♦ A variação e mudança nas variedades africanas do português de Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe, em Língua de Todos, transmitido pela RDP África (sexta-feira, 20/05/2022, 13h20*).
♦ O livro Português de A a Z , numa entrevista com o autor, Marco Neves, em Páginas de Português, emitido na Antena 2 (domingo, 22/05/2022, 12h30*).
♦ A contabilidade das empresas e as subtilezas da sua linguagem, de 23 a 27 de maio, no programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*).
*Hora oficial de Portugal continental.
1. O Dia Internacional contra a Homofobia, a Transfobia e a Bifobia assinala-se em 17 de maio e tem como objetivo nuclear contribuir para a consciencialização das violações dos direitos LGBTI. Este é um dia reconhecido e comemorado em mais de 130 países espalhados pelo mundo inteiro que continua a revelar-se importante porque ainda há locais que criminalizam as relações entre pessoas do mesmo género e ainda há regiões onde a violência contra gays, lésbicas e bissexuais é uma ameaça contínua. Continua, portanto, a ser fundamental a mudança de mentalidades para a construção de um mundo que aceite a diferença. No Ciberdúvidas, abordámos, desde a primeira hora, questões linguísticas relacionadas com o tema. Recordamos, por isso, algumas respostas que fazem parte do nosso acervo («Sobre a formação de homofóbico e homofobia», «Homossexual ou gay?», «Parada gay», «Casal “gay” ou par “gay”?») e esclarecimentos que foram dados sobre o significado e a grafia de siglas como LGBT, LGBTI, LGBTIQ, entre outras (aqui).
2. Entretanto, a covid-19 teima em não dar tréguas: o número de infeções continua a aumentar devido ao aparecimento de sublinhagens da variante ómicron muito infecciosas. Esta situação abre a porta ao regresso a algumas das medidas de contenção implementadas anteriormente. Continuamos, deste modo, atentos ao aparecimento de novas expressões / palavras relacionadas com a pandemia e registamos em A Covid-19 na Língua quatro novas entradas: H78Y, Ómicron XE, «Vírus recombinante» e XE. Também em O Afeganistão de A a Z tem lugar uma nova entrada que descreve a medida imposta pelo regime talibã sobre a obrigatoriedade do uso de véu absoluto pelas mulheres afegãs: «Regressão civilizacional».
3. Ao Consultório chega-nos uma dúvida relacionada com o uso de irradiado com o sentido de «afastado, expulso». Aqui se esclarece que se trata de um uso que se encontra atestado, embora não constitua uma opção que respeite o bom estilo. Apresentamos ainda perguntas relacionadas com o uso do infinitivo pessoal, com o significado da locução «ao abrigo de» ou com a correção da construção «sinto a falta». Por fim, um esclarecimento sobre a correção de expressões como «figura de prol» ou «figura de proa» e sobre a origem e significado de interlocado.
3. Na rubrica Ensino, Inês Gama passa em revista a classificação dos verbos em português, considerando subclasses, o seu comportamento sintático e valores que estes convocam.
4. O jornal digital brasileiro Nexo publica uma detalhada infografia sobre a origem indígena dos nomes de municípios brasileiros, revelando que, nesta área da toponímia, cerca de 37% dos nomes têm origem nas línguas dos povos originários, sendo que na região do Amazonas cerca de 73% dos nomes de municípios se enquadram nesta situação (aqui partilhado com a devida vénia).
5. Marco Neves, tradutor e professor universitário, publicou um conjunto de três artigos dedicados às línguas de Lisboa, desde a época anterior à nacionalidade até à atualidade. Partilhamos, com a devida vénia, o terceiro desses textos, desta feita dedicado ao período temporal entre o terramoto de 1755 e a atualidade.
6. Nas notícias relacionadas com a língua, registe-se o Curso de Verão de Língua e Cultura Portuguesas online 2022. Trata-se de um curso à distância que envolve seis instituições do ensino superior e o Camões, Instituto da Cooperação e da Língua. O curso é destinado a um púbico de não falantes de português como português língua materna, estando abertas inscrições para os diferentes níveis (A1 a C2) até 22 de maio.
1. Na Europa, mantêm-se o conflito russo-ucraniano e a tensão político-militar entre a Federação Russa e a OTAN. Entretanto, volta a subir o número de doentes de covid-19, e desenha-se uma sexta vaga, afirmando-se que «a pandemia não acabou», conforme alerta um relatório do grupo de trabalho do Instituto Superior Técnico (Lisboa), divulgado em 11/05/2022. A eliminação do uso de máscaras em espaços públicos e o regresso à atividade presencial nos locais de trabalho estarão a contribuir para novos surtos de infeção, situação que arrisca agravar-se perante o anúncio da identificação de novas linhagens da variante ómicron do SARS-CoV-2– a BA.4 e a BA.5, – consideradas mais transmissíveis do que a BA.2. Ainda em Portugal, é tempo de fazer um balanço da estratégia de combate à covid-19, e o grupo de especialistas que a concebeu publica o livro Covid 19 em Portugal. A estratégia. Internacionalmente, assinala-se a realização, em 12 de maio de 2022, de uma cimeira mundial, em formato virtual, enquanto autoridades chinesas proclamam o objetivo de «covid zero», com medidas fortemente restritivas nas principais cidades do país, e a Coreia do Norte anuncia os primeiros casos de covid-19 no país. É este o panorama revelado pelas expressões destacadas, num conjunto de oito novas entradas na rubrica "A covid-19 na língua".
Na imagem, A Grande Onda de Kanagawa, a mais famosa xilogravura do pintor japonês Hokusai (1760-1849).
2. O poema "O sentimento de um ocidental" será o mais conhecido de Cesário Verde (1855-1886), pois é estudado no ensino secundário em Portugal. Uma nova questão, em linha no Consultório, vem exatamente de um estudante que procura identificar a figura de estilo predominante no verso «chora-me o coração que se enche e que se abisma». A atualização inclui ainda cinco outros tópicos: a expressão ouvidos de mercador; a origem de vários apelidos contemporâneos em patronímicos medievais; a abreviatura de companhia; o uso do pronome se com gerúndio; e o comparativo «menos mau», a propósito da incorreção "menos pior".
3. Ainda a respeito do Dia Mundial da Língua Portuguesa (5 de maio) e do tema do idioma materno, transcreve-se com a devida vénia, em O Nosso Idioma, a crónica "As minhas duas mães", que José Eduardo Agualusa assinou no jornal O Globo em 7 de maio de 2022. Na mesma rubrica, igualmente se disponibiliza uma lista de dez palavras portuguesas de origem persa elaborada pelo professor universitário e tradutor Marco Neves, que a publicou como artigo em 6 de janeiro de 2022 no blogue Certas Palavras, a que mais recentemente, em 11 de maio, juntou versões em vídeo e áudio.
4. O plural metadados tornou-se recorrente nas notícias em Portugal, por causa do juízo de inconstitucionalidade que, no final de abril, o Tribunal Constitucional (TC) fez recair sobre a conservação de metadados pelas operadoras de telecomunicações para eventuais investigações criminais, de acordo com a lei 32/2008. Para o TC, «[...] a conservação dos dados de tráfego e localização de toda a população, de forma generalizada, “restringe de modo desproporcionado os direitos à reserva da intimidade da vida privada e à autodeterminação informativa”, uma vez que também abrange pessoas sobre as quais não há qualquer suspeita de actividade criminosa» ("Um guia para perceber a polémica sobre os metadados", Público, 12/05/2022). O termo metadado – formado com o prefixo meta, de origem no grego («além de») — é sinónimo de metainformação. Significa o «dado descritivo ou relativo a determinado item ou informação (que não o seu conteúdo); informação sobre informação (por exemplo, em relação a um documento: o seu título, o seu formato, etc.)» (Infopédia, consultada em 13/05/2022; ver também "O que são metadados", em Metadados). Metadados são, pois, «informações que acrescem aos dados, com o objetivo de nos informar- sobre eles para tornar mais fácil a sua organização».
Sobre esta a polémica, em Portugal, gerada pela decisão do Tribunal Constitucinal, leiam-se as seguintes peças jornalísticas: "Serviços de informações portugueses são os únicos europeus sem acesso a metadados", Público, 10/05/2022; "Costa admite revisão constitucional cirúrgica devido à lei dos metadados", Sapo 24, 11/05/2022; "Meta quê? Um guia para perceber a polémica sobre os metadados" (Expresso, 11/05/2022).
5. Relativamente a três dos programas que a rádio pública em Portugal dedica a temas de língua e gramática:
♦ O Língua de Todos, transmitido pela RDP África (sexta-feira, 13/05/2022, 13h20*), tem como convidado o crioulista Tjerk Hagemeijer, para falar da variação e mudança nas variedades africanas do português de Cabo Verde, Guiné-Bissau e S. Tomé e Príncipe, nomeadamente em relação aos verbos de movimento.
♦ Em Páginas de Português, emitido na Antena 2 (domingo, 15 de maio, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 21 de maio, às 15h30*), o tema central são as VI Jornadas Pedagógicas da Associação de Professores de Português (APP) – «A Propósito da Leitura e da Escrita», realizadas em 07/04/2022, com depoimentos do presidente da APP, Luís Filipe Redes, e da formadora Carla Silva.
♦ O programa Palavras Cruzadas, realizado por Dalila Carvalho, é transmitido pela Antena 2 de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.
*Hora oficial de Portugal continental.
1. A guerra que se mantém às portas da Europa força os países da União Europeia a pensar em novas soluções que possam contribuir para a resolução dos problemas que se têm vindo a avolumar. Entre elas surge a proposta do presidente francês Emmanuel Macron, que sugeriu, no discurso proferido a propósito do Dia da Europa (9 de maio), a criação de uma nova "Comunidade Política Europeia", para incluir países como a Ucrânia, cujos processos de adesão à UE poderão ser muito demorados. A ser acolhida, esta proposta abriria portas à criação de uma nova sigla que designaria o conjunto de países subordinados a estes novos tratados: falaríamos da CPE. Enquanto isso, do lado da Rússia celebra-se o Dia da Vitória e o presidente russo Vladimir Putin, no seu discurso, classifica a guerra a decorrer a Ucrânia como um ato preventivo contra as intenções de invasão por parte da NATO. O que é certo é que, para além das muitas interpretações, mais ou menos surrealistas, relativas ao conflito na Ucrânia, milhares de pessoas estão em fuga e precisam de ajuda para retomarem as suas vidas. Em Portugal, entre as muitas medidas adotadas, pensou-se também nas crianças e jovens que precisam de aprender a língua portuguesa para que possam fazer o seu percurso de integração. Nesta linha, a RTP lançou um novo conjunto de aulas do projeto Estudo em Casa, destinadas a alunos ucranianos. A este recurso vem juntar-se ainda o Dicionário Básico Português-Ucraniano, acessível na plataforma RTP Ensina.
2. O Dia da Europa é uma boa oportunidade para recordar que a União Europeia se caracteriza pela diversidade linguística. Se contabilizarmos todas as línguas faladas neste espaço, verificamos que aqui se reúnem 24 línguas oficiais e, se considerarmos toda a Europa, chegamos ao curioso número de 287 línguas (aproximadamente), faladas em cerca de 50 países, o que perfaz cerca de 4% das línguas do mundo. Na Europa, o russo é a língua mais falada, sendo seguida do alemão e do francês. A diversidade de línguas está também associada às palavras que designam os gentílicos (nome que designam os habitantes de diferentes locais) e topónimos (nome que designam os países e regiões) da Europa, que poderão ser recordados aqui.
3. A importância das datas e, em particular, do Dia da Europa e do Dia da Vitória, está na base da reflexão proposta pela professora universitária e linguista Margarita Correia, que considera que «A invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de fevereiro, e todas as suas consequências fazem de nós, em 2022, cidadãos mais europeus, sejamos mais ou menos informados ou críticos relativamente à visão oficial dos acontecimentos, a que nos vai sendo servida pela comunicação social nossa de cada dia» (publicada no Diário de Notícias e aqui transcrita com a devida vénia).
4. A covid-19 continua a não dar tréguas. Com efeito, em sentido contrário ao aligeirar das medidas de restrição, assiste-se ao aumento do números de «Novos casos». Esta situação motiva a elaboração de um Dashboard, termo inglês que designa os registos dos números associados à doença nos diferentes países. As palavras e expressões destacadas constituem as novas entradas em A Covid-19 na Língua.
5. A origem da palavra rama, usada em locuções como «em rama», é uma das matérias que integram a atualização do Consultório. A ela juntam-se as respostas que abordam aspetos como o uso de ele como complemento direto (no Brasil), construções com o verbo tratar, o uso das preposições nas expressões «dor de costas» ou «dor nas costas». Integram ainda as novas respostas uma reflexão sobre a evolução da nomenclatura gramatical e a integração dos avanços da linguística no ensino não universitário e uma questão sobre os princípios da coerência textual.
6. A língua sempre falou de amor e das suas nuances. As construções e as palavras usadas para descrever atitudes, situações e sentimentos com lugar na esfera do amor foram evoluindo ao longo dos tempos. A coita de amor medieval poderia ter sido provocada, nos dias de hoje, por um dumping ou por um zumping. Estes e outros termos são explicados no apontamento que a professora universitária Sónia Valente Rodrigues dedica ao léxico amoroso juvenil, marcado atualmente por forte influência dos anglicismos (aqui transcrito com a devida vénia).
7. Em defesa da língua portuguesa e contra a invasão dos anglicismos que a dominam manifesta-se um leitor do Público, cuja carta dirigida ao jorna se partilha com a devida vénia, na ribrica Correio.
8. As línguas de sinais constituem o tema nuclear da crónica da professora universitária Edleise Mendes, que recorda o desafio associado à promoção de metodologias de ensino que incluam alunos da comunidade surda (crónica difundida no programa Páginas de Português, da Antena 2).
9. Língua e identidade: foram estas as duas palavras-chave de um artigo publicado pelo professor universitário e tradutor Marco Neves por ocasião da vitória de Portugal na Festival Eurovisão da Canção (em 2017). Uma reflexão que o autor retoma a propósito da edição de 2022 do mesmo evento (texto transcrito com a devida vénia).
10. Reflexões sobre a escrita académica será o tema da sessão de formação orientada pelo professor universitário Paulo Nunes da Silva, com lugar no dia 12 de maio, às 16h00 (evento em linha com inscrição obrigatória).
1. As celebrações do Dia Mundial da Língua Portugal puseram a tónica no número de falantes de português, no seu caráter pluricêntrico e no facto de ser predominantemente falado no hemisfério sul, como a linguista Margarita Correia já frisou (ler aqui). Em Portugal, na área político-institucional, são de salientar, em Portugal, o discurso (em vídeo) de João Gomes Cravinho, ministro dos Negócios Estrangeiros, sublinhando o significado da data, e a mensagem de João Ribeiro de Almeida, presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua. O Ciberdúvidas não deixa de ir assinalando nos Destaques destas páginas e nas redes sociais algumas das muitas iniciativas que direta ou indiretamente marcam as celebrações à roda de 5 de maio: por exemplo, o debate promovido pela FORGES, dedicado ao uso da língua nos contextos académico e científico; o colóquio "A codificação do português de Moçambique", realizado pela Cátedra de Português da Universidade Eduardo Modlane; e o 5L – Festival da Literatura e Língua Portuguesa, entre 5 e 9 de maio. Cabe ainda referir o lançamento de Este Imenso Mar, uma antologia publicada pelo Camões I.P., com organização de Ana Maria Martinho, que reuniu textos de vários escritores contemporâneos de língua portuguesa.
2. Muitos dos eventos comemorativos do Dia Mundial da Língua Portuguesa têm como tema principal as literaturas em português, as suas tradições e os seus horizontes. A propósito da literatura e do seu sentido ôntico, fica em linha um texto da professora Lúcia Vaz Pedro intitulado "O poder demiúrgico do escritor", com o qual se inicia a nova rubrica Literatura.
3. Play, que significa «jogar, tocar, reproduzir», é um anglicismo insistente em títulos e nomes de conteúdos mediáticos e digitais, tirando desastradamente partido do prestígio promocional do inglês. Este é o tópico de uma crítica ao abuso da palavra que José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, faz no Pelourinho,
4. A covid-19 recupera força, e a rubrica A covid-19 na língua dá conta do facto com «15 milhões», uma nova entrada relativa à estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o número de mortes mundialmente atribuídas ao vírus SARS-CoV-2, até maio de 2022.
5. O quererá dizer «25.ª hora»? Revelando as origens literárias da expressão, a resposta à pergunta faz parte da atualização do Consultório, que conta com mais sete questões: diz-se «à medida» ou «por medida»? Que uso figurado tem o nome deriva? Como se escreve o gentílico correspondente a Vila Real? Como se analisa sintaticamente a frase «viemos para o almoço»? Todos e exceto podem coexistir na mesma frase? É correto dizer-se «enquanto fiz o jantar, ele fez as sobremesas»? E a interjeição ah! constitui uma frase?
6. Em Ensino, Inês Gama retoma o tema das estruturas passivas, agora no contexto dos desafios do ensino do Português Língua Estrangeira.
7. A história singular da língua portuguesa em Angola dá-lhe forte personalidade e já se faz sentir como norma nacional. Em Montra de Livros, apresenta-se A Norma do Português em Angola, um estudo do linguista Márcio Undolo publicado em 2016 e que mantém atualidade.
8. Entre os programas que, na rádio pública de Portugal, têm a língua portuguesa por tema, têm relevo:
– Língua de Todos, transmitido pela RDP África (sexta-feira, 06/05/2022, 13h20*), no qual se convida a investigadora Chiara Truppi para falar sobre o kriol (crioulo) da Guiné-Bissau.
– Páginas de Português, emitido na Antena 2 (domingo, 08/05/2022, 12h30*), que inclui uma entrevista com Margarita Correia, investigadora e docente de Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa , acerca das comemorações do Dia Internacional da Língua Portuguesa, que se celebrou a 5 de maio, bem como uma crónica de Edleise Mendes à volta da relação das línguas gestuais com o português.
– Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta, às 09h50* e às 18h50*.
*Hora oficial de Portugal continental.
1. O Dia Mundial da Língua Portuguesa é comemorado oficialmente a 5 de maio, uma data proclamada pela UNESCO em 2019, na senda da comemoração que era feita nesta mesma data, desde 2009, pela CPLP. Este é o dia em que se coloca no centro das atenções uma língua falada por mais de 265 milhões de pessoas, em todos os continentes. Em diferentes espaços físicos da lusofonia espalhadas pelo mundo, a data será marcada por palestras, recitais, exposições, eventos que recordarão que a língua portuguesa «para ser verdadeiramente grande [...] deve crescer sem desertificar tudo à sua volta, criando terreno fértil para habitar com outras línguas, tornar-se cada vez mais mestiça, multicolorida e multifacetada». Este é o repto da linguista e professora universitária Margarita Correia na crónica que aqui partilhamos, com a devida vénia.
Primeira imagem: detalhe da imagem da Rede de Bibliotecas Escolares
2. É também a língua portuguesa e a sua defesa face a uma subjugação crescente ao inglês, língua sentida como mais elegante e cosmopolita, que leva José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, a apontar, num apontamento da secção Pelourinho, as opções pouco amigas do português no lançamento de uma revista destinada ao público que tem como língua o português.
3. No mundo, quando a covid-19 parece dar sinais de querer abrandar e as sociedades se preparam para uma nova fase pós-covid com abrandamento de restrições em diferentes planos, eis que surge um novo problema de saúde: a hepatite aguda. Trata-se de um surto mundial que tem afetado crianças e que está a ser acompanhado com muito cuidado pelos responsáveis de saúde. No plano da língua, a situação abre caminho a que se recorde que, em Portugal, não se deve pronunciar "hepàtite", mas sim "hepâtíte" (com "i" tónico e "a" fechado átono), como se preceitua nesta resposta.
4. Ao Consultório continuam a chegar perguntas muito diversificadas, algumas pertencentes ao âmbito da sintaxe, como é o caso das questões relacionadas com a possibilidade de concordância do verbo ser com o predicativo do sujeito e da colocação do pronome átono sob a influência de palavras como mesmo ou próprio. A pontuação é também uma área que levanta muitas dúvidas, como acontece nos casos relacionados com as orações coordenadas explicativas e as orações subordinas causais. As questões de sentido estão também presentes em respostas que tratam a diferença entre estrutural e estruturante ou a expressão «ter de ter tinta na caneta». Por fim, a origem da expressão «boa esperança».
5. O Dia do Trabalhador deu o mote para a crónica da professora Carla Marques dedicada à palavra trabalhador, que transcrevemos (divulgada no programa Páginas de Português, da Antena 2).
6. Divulgamos alguns eventos no âmbito da língua portuguesa:
— Sessão de formação sobre regras de acentuação gráfica, dinamizada pelo LCT em colaboração com o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, orientada pela professora Lúcia Vaz Pedro, no dia 11 de maio, via plataforma zoom (inscrições aqui).
— Encontro de autores, académicos e universitários para discussão em torno da língua portuguesa e do papel das instituições de ensino superior no reforço da língua e da cultura, promovida pela FORGES, no dia 5 de maio, pelas 14h, via plataforma zoom (ligação).
— Colóquio A Codificação do Português de Moçambique, organizado pela universidade Eduardo Mondlane, a decorrer entre 2 e 6 de maio. Este evento marcará o lançamento oficial do projeto de elaboração do Dicionário do Português de Moçambique (DiPoMo).
7. Um registo final para a tomada de posse, neste dia, do novo presidente da Fundação Calouste Gulbenbenkian: o professor de Literatura, tradutor de Shakespeare, António Feijó, o primeiro com uma formação que não do Direito ou da Economia a assumir o cargo.
1. A guerra na Ucrânia, sempre em crescendo, repercute-se cada vez mais em diferentes áreas de atividade na Europa e noutros continentes. É um conflito sem fim à vista, como pode revelar um balanço da deslocação do secretário-geral da ONU, António Guterres, a Moscovo e Quieve. Entretanto, em Portugal, depois do discurso de Zelensky ao parlamento português (Assembleia da República), surge a proposta de uma missão parlamentar, num texto discutível quanto à propriedade verbal, pois confunde o verbo envidar (como em «envidar esforços») com enveredar. No Consultório, explica-se a (enorme) diferença entre os dois verbos numa nova resposta a que se juntam cinco outras: pode empregar-se «entre si» depois do nome colaboração? Porque se põe um ponto sobre o i minúsculo? A frase «fiz um login» estará correta? E por que razão se usa da em «coelho da Páscoa», mas de em «domingo de Páscoa»? Falando de Deus, não será melhor escrever «acredito Nele» do que «acredito n'Ele»?
2. Em O Nosso Idioma, dedica-se um apontamento da autoria de Inês Gama às frases passivas. Ainda na mesma rubrica, transcrevem-se com a devida vénia dois textos: a propósito do levantamento quase total da imposição do uso de máscara contra a covid-19, a linguista Margarita Correia refere-se à etimologia e à semântica do vocábulo máscara (Diário de Notícias (25/04/2022); e do blogue Certas Palavras, de Marco Neves, um artigo a respeito da relação do galicismo fetiche com o vernáculo feitiço e do seu contexto histórico.
3. Em Diversidades, disponibiliza-se um breve ensaio (Língua e Tradição, Facebook, 24/04/2022) do linguista Aldo Bizzocchi acerca de certas características comuns às línguas românicas e germânicas, profundamente influenciadas pela tradição do latim e grego clássicos.
4. O idioma português distingue-se pela diversidade e pujança das literaturas que o recriam. Esta é a realidade celebrada pela primeira edição do Lisboa 5L – Festival Internacional de Literatura e Língua Portuguesa, que decorre de 4 a 8 de maio de 2022. A sessão de abertura é em 4 de maio, às 17h30, no Teatro Municipal São Luiz (ver programa aqui). Trata-se de um festival realizado pela Câmara Municipal de Lisboa, para, «com todas as letras», celebrar «simultaneamente a Língua, a Literatura, os Livros, as Livrarias e a Leitura», com numerosos escritores dos diferentes países de língua portuguesa a participarem num evento que assinala assim outra festa, a do Dia Mundial da Língua Portuguesa, em 5 de maio.
5. Festeja-se o 1.º de Maio, que é, em todo o mundo, o Dia do Trabalhador mas, no hemisfério norte, também é data assinalada por ritos e cerimónias ancestrais ligados aos ciclos agrícolas. Relativamente a diferentes aspetos do uso de maio, também conhecido como o «mês das flores», sugere-se a consulta dos seguintes artigos e respostas: "O calendário e os meses do ano", "Preposição em datas que identificam espaços públicos: 'Estádio 1.º de Maio'", "Unicidades a menos e a mais de um 1.º de Maio", "Um 1.º [de Maio] não é propriamente um 1º [de Maio]" e "Um «conjunto de diagnóstico» pelo 1.º Maio...".
6. Registo de três dos programas que a rádio pública de Portugal dedica a temas da língua:
♦ O significado de «comunicação assertiva» e outras questões do uso do português com o esclarecimento da investigadora Sandra Duarte Tavares, em Língua de Todos, programa transmitido pela RDP África, na sexta-feira, 29 de abril, às 13h20*.
♦ O I Simpósio Internacional de Descrição, Análise e Ensino de Línguas na Amazónia Oriental , que o Observatório de Linguagem do Sul e Sudeste do Pará (OLISSPA – Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará), realizou de 7 a 9 de abril de 2022, é o tema principal de Páginas de Português, emitido na Antena 2, domingo, 1 de maio, às 12h30*. Este programa inclui ainda a crónica da professora Carla Marques sobre o 1.º de Maio, Dia do Trabalhador, mais concretamente, à volta da origem da palavra trabalhador e das várias alterações do seu uso.
♦ De segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*, na Antena 2, transmite-se Palavras Cruzadas, um programa realizado por Dalila Carvalho.
* Hora oficial de Portugal continental.
1. A comemoração dos 48 anos do 25 de Abril abriu caminho no espaço político português à troca de recados que conviveram nas entrelinhas com a afirmação da importância de recuperar e manter alguns dos valores que permitiram a revolução e abriram espaço à construção de um país democrático. No Ciberdúvidas associamo-nos à evocação da data, olhando para a língua portuguesa e para o seu estado atual. Uma língua que soube evoluir com a sociedade, que se soube abrir à evolução, à mudança e aos novos tempos, mas que tem também sido objeto de tratamentos menos cuidados ou empobrecedores. Uma língua que nem sempre tem conseguido resistir à quase omnipresença do inglês e que, não raro, abandona a sua essência para se enfileirar na língua da moda. Uma língua que nem sempre tem sido mimada pela comunicação social. Uma língua, afinal, que, tal como Abril, precisa de ser protegida e cultivada para que a sua essência não se desvirtue na voragem dos dias. É neste âmbito que se insere a reflexão da professora Carla Marques, que apresenta 48 palavras e expressões que contribuem para descrever o estado do português no virar dos 48 anos do 25 de Abril.
2. Em A covid-19 da língua damos conta da expressão usada pelo primeiro-ministro português António Costa, que justificou o uso de máscara, apesar de já não ser obrigatório, recorrendo ao aforismo abreviado: «cautela e caldos de galinha». Registo ainda para a entrada de «ovo preservado», o nome dado na China a um dos robôs utililizado para controlo do novo confinamento obrigatório envolvendo toda a população de Xangai e outra cidades do país especialmente atingidas com um novo surto epidémico.
3. No Consultório, pode ler-se uma resposta que aborda a questão do uso dialetal presente em «a-i-água», encontro vocálico ouvido nas Beiras e em certas regiões do Norte de Portugal. Da atualização fazem ainda parte respostas sobre a relação dos fenómenos fonológicos e a elaboração da norma-padrão, a redundância presente na expressão «nós todos», as subclasses dos advérbios aliás, também e sobretudo e os significados de provocatório, provocativo, provocante e provocador. Por fim, uma classificação de palavras de uma frase.
4. Em viagem até Andorra, o professor e linguista Marco Neves enceta uma reflexão sobre questões relacionadas com a variação e a diversidade linguísticas, abordando ainda a temática dos processos de padronização: «Ao viajar pelos Pirenéus, encontramos duas maneiras de ver as línguas. Um mundo em que as palavras — e as horas — são diferentes de terra para terra e outro em que os idiomas mudam em fronteiras bem marcadas». Texto aqui transcrito com a devida vénia.
6. A crónica da professora universitária brasileira Edleise Mendes analisa a questão da multimodalidade nos processos de comunicação contemporâneos, que deixaram de incluir apenas a linguagem verbal para se codificarem com a integração de outros elementos, num crescendo de complexidade (texto divulgado no programa Páginas de Português, da Antena 2).
1. Se a guerra na Ucrânia revela novamente como a humanidade é vítima de si mesma, outra vulnerabilidade se faz sentir em confronto com a Natureza. Em 1755, a capital portuguesa conheceu essa experiência esmagadora quando um sismo violento a destruiu quase completamente. O acontecimento, sempre mencionado em intervenções preventivas, pode ser pretexto para projetos recreativos, como o recente espaço museológico denominado Quake – Centro do Terramoto de Lisboa. No Pelourinho, um apontamento de José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas, critica a escolha do anglicismo quake («tremor», «terramoto»), que é de estranhar quando existem várias designações adequadas em português.
2. Na rubrica A covid-19 na língua, uma nova entrada: «anticorpos monoclonais», em referência a medicamentos de origem biológica, caracterizados pela precisão no combate ao cancro e a doenças autoimunes, entre os quais, desde julho de 2020, se contam já alguns autorizados para terapêutica de combate à covid-19: Evusheld, Fluvovaxina, Regigkirona e Ronapreve.
2. Cinco respostas atualizam o Consultório, acerca dos seguintes tópicos: as denominações das lojas onde se vende fruta; a grafia das formas da conjugação do verbo reusar; o emprego de seu e dele para exprimir a posse na 3.ª pessoa; a análise da construção «como amigas»; e a ocorrência do singular «muita coisa» em lugar do plural «muitas coisas».
3. À imprensa portuguesa chegaram ecos de, no princípio de abril, o Partido Popular espanhol ter eleito como novo líder o galego Alberto Núñez Feijóo, que assim se retira das funções de presidente da Junta (Xunta) da Galiza. Nos meios galegos, não faltam críticas à política linguística da presidência de Feijóo, quanto à perda galopante de falantes de língua galega. Na Montra de Livros, a propósito dos laços culturais e linguísticos dos países de língua portuguesa com a Galiza, dedica-se uma breve nota de apresentação ao lançamento de A Galiza e(m) Nós, um conjunto de estudos sobre essas relações, na perspetiva de Portugal.
4. A França continua a chamar as atenções devido à segunda volta das eleições presidenciais. País de tradição centralista, a sua história revela grande diversidade étnica e linguística: a par de situações de multilinguismo urbano, ainda hoje se conservam regionalmente línguas e dialetos de diferentes origens, depreciativamente classificados como patois (aportuguesamento patoá ou patuá). Em Diversidades, a tradução de um apontamento em francês, do jornalista Michel Feltin-Palas (revista L'Express, 05/04/2022), dá conta de como urge valorizar oficialmente todo esse património linguístico.
5. Registos da atualidade que envolvem temáticas da língua portuguesa e encontram contextualização em conteúdos no Ciberdúvidas:
– Em Timor-Leste, a vitória de José Ramos-Horta na segunda volta das eleições presidenciais que se realizou em 20 de abril. Cf. "O português de Timor-Leste: uma verdadeira língua nacional?".
– A celebração do Dia da Terra em 22 de abril, criado nos Estados Unidos em 1970 e reconhecido pela ONU em 2009. Cf. "O ambiente e o clima".
– Em 23 de abril, o Dia Mundial do Livro, marcado por vários eventos culturais. Cf. "No tempo do livro", de João Ubaldo Ribeiro.
6. Em três dos programas que rádio pública de Portugal dedica ao idioma, são temas principais:
– Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, o convidado é o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, João Ribeiro de Almeida, para falar dos projetos em curso sobre a formação de professores de Português nos países africanos de língua oficial portuguesa – em Língua de Todos (RDP África, sexta-feira, 22/04/2022, 13h20*) – e de iniciativas para a promoção da língua portuguesa no mundo – em Páginas de Português, emitido na Antena 2, domingo, 24 de abril, às 12h30* (repetido no sábado seguinte, 30 de abril, às 15h30*).
– De 25 a 29 de abril, no Palavras Cruzadas, programa realizado por Dalila Carvalho e transmitido na Antena 2 (segunda a sexta, às 09h50 e às 18h50*), conta-se com a participação do cruciverbalista Paulo Freixinho, que recorda as palavras cruzadas que saíram nos jornais na semana do 25 de Abril de 1974.
* Hora oficial de Portugal continental.
7. Uma referência final para o 48.º aniversário do 25 de Abril de 1974, que se festeja em Portugal. São quase cinco décadas de profundas transformações internas e com impacto internacional, dado que o derrube do anterior regime trouxe o fim da guerra colonial, a descolonização e o reconhecimento da independência dos atuais países africanos de língua oficial portuguesa. A mutação também foi linguística, como o Ciberdúvidas já fez questão de frisar noutros aniversários – são exemplos: "47 palavras nos 47 anos do 25 de Abril"; "Os 46 anos do 25 de Abril via Internet..."; "Palavras do 25 de Abril (1974-2014)"; "Palavras que nasceram com a década [1974-1984]"; "O 25 de Abril no léxico português".
Um bom 25 de Abril a todos os nossos consulentes!
Na imagem, Delacroix no 25 de Abril em Atenas, de Nikias Skapinakis, 1975 (fonte: P55Art).
1. Um pouco por todo o lado e a diferentes ritmos, a covid-19 mantém-se tema de notícia e vai deixando o seu rasto na língua: no Brasil declara-se o fim da situação de «Emergência sanitária» relacionada com a covid-19; em Portugal, deixam-se avisos de que teremos um «Verão (ainda) pouco descontraído»; na China, declara-se «Tolerância zero» ao surto de covid-19 que se encontra em fase crescente. Chegam também notícias de uma nova vacina, a CoVac-1, ao mesmo tempo que as cidades de Lisboa e Porto são consideradas «Destinos (+) da era covid». As cinco expressões destacadas constituem novas entradas em A covid-19 na língua e a elas juntam-se ainda «Gestantes e puérperas», «Imagens do cuidar» e Transmissibilidade.
A guerra com os seus contextos políticos vai igualmente deixando as impressões na língua, como o demonstra a expressão «O país mais infeliz do mundo», nova entrada em O Afeganistão de A a Z.
Primeira e segunda imagens: R. Cabrita, Imagens do Cuidar. O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central e a Covid-19. Ed. Guerra & Paz, 2022.
2. A palavra folioscópio, pertencente ao campo lexical do cinema, dá matéria a uma resposta que integra a atualização do Consultório neste regresso após a interrupção pascal. Outras sete novas respostas poderão ser consultadas: a origem do topónimo Ossa (Serra de Ossa), a diferença entre aldeia e lugar, o significado da expressão «alma em pena e clamorosa», a grafia «d'Ele», a tradução de sign in, as regências e o significado do verbo desgarrar e o uso redundante do pronome numa canção de Vinicius de Morais.
3. Na Montra de Livros, apresentamos O português à descoberta do brasileiro, de Fernando Venâncio: um «documento claro e incontornável relativo à história recente da língua portuguesa em território português», pode ler-se na introdução do texto de apreciação/divulgação da obra.
4. O nome Páscoa dá matéria à crónica da professora Carla Marques, que vai em busca das origens do termo e dos seus significados (apresentada no programa Páginas de Português, da Antena 2 e aqui transcrita).
5. Transcrevemos, com a devida vénia, os seguintes textos, que abordam temáticas relacionadas com a língua:
− «A ignorância é a mãe de todos os preconceitos», uma crónica em duas partes da professora universitária e linguista Margarita Correia, dedicada ao povo cigano, à sua língua e aos preconceitos que os acompanham;
− Uma reflexão sobre a palavra guerra e o seu uso (ou a recusa em usá-la), no contexto dos recentes conflitos, da autoria da jornalista Catarina Maldonado Vasconcelos;
− Também evocando o contexto da atual guerra, o professor universitário Vital Moreira reflete sobre a banalização e o mau uso das palavra genocídio;
− O professor e tradutor Marco Neves apresenta uma crónica sobre dez palavras portuguesas de origem catalã, entre as quais se encontram, por exemplo, ilha, viagem ou relógio;
− O professor universitário Carlos Ceia reflete sobre o perfil ideal do formador de professores, num apontamento que constitui uma reação ao estudo Perfil académico e profissional de professores de ensino superior que asseguram a formação inicial de professores, promovido pela EDULOG-Fundação Belmiro de Azevedo.
6. O Centro Científico e Cultural de Macau vai promover uma oficina sobre a língua patuá, crioulo macaense de raiz portuguesa, entre maio e outubro de 2022 (mais informações aqui).
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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