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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A atualidade da pandemia do covid-19 é marcada pela polarização do modo como no Brasil se encara a pandemia, mesmo no interior das instituições políticas. Entre os termos a que os media brasileiros dão grande visibilidade, refiram-se dois pouco ou nada conhecidos em Portugal: panelaçocarreata, que denominam formas de protesto distintas – a primeira contra o presidente Jair Bolsonaro e a sua desvalorização quanto à perigosidade da doença e a segunda de apoiantes seus, a favor do levantamento das restrições em alguns estados brasileiros. E há ainda a expressão «força-tarefa», um decalque de task force, em alusão ao grupo de especialistas que assessoram o presidente norte-americano Donald Trump no combate ao novo coronavírus. Estes termos são as novas entradas de "A covid-19 na língua".

Na imagem, a representação de parte do território do Brasil num fragmento do Planisfério Português (1502) de autor anónimo, confeccionado clandestinamente por solicitação do comerciante italiano Cantino.

2. No Consultório, quatro perguntas: como se define o conceito de «conteúdo proposicional»? A expressão «epicentro da epidemia» é redundante? Campanha é da família de palavras de campo? Para um grupo de pessoas, diz-se «viva» ou «vivam»?

3. Em Portugal, o Alentejo faz-se notar nas estatísticas por parecer relativamente poupado pela covid-19, facto que as suas características naturais e demográficas singulares talvez expliquem. A propósito da identidade desta região portuguesa, Sara Mourato apresenta em O nosso idioma um apontamento sobre alguns vocábulos típicos de muitas terras alentejanas: por exemplo, manajeiro, sinónimo de capataz.

4. Em O nosso idioma, disponibiliza-se o texto  "A pandemia e o festival de inanidades", da autoria do poeta moçambicano Luís Carlos Patraquim, emitido  em 19/04/2020 no Páginas de Português  da Antena 2). Como anteriormente  já anunciado, nele participou também a professora  Carla Marques, que apresentou e comentou o glossário "O léxico da covid-19" – trabalho organizado pelo Ciberdúvidas com os termos mais usados na presente crise sanitária mundial e que se encontra em constante atualização (ouvir aqui).

5. Em Portugal, a pandemia de covid-19 levou o Governo português a adotar um conjunto de medidas para funcionamento das escolas, que continuam a trabalhar em regime de ensino à distância, com recurso a plataformas em linha. Além disso, a partir deste dia, 20 de abril, as aulas do 1.º ao 9.º ano são reforçadas pelas emissões televisivas do  #EstudoEmCasa na RTP Memória, as quais envolvem mais de 100 professores, num esforço de abranger todos os alunos, mesmo os que não disponham de computadores nem de ligação à Internet (ver horários). Esta solução não está isenta de riscos: por um lado, verificam-se situações de quebra de cibersegurança*, nas aulas realizadas nas plataformas digitais usadas pelos professores; por outro, há quem duvide da igualdade educativa do acompanhamento de todos estes jovens portugueses**, como é o caso do economista Luís Aguiar-Conraria, em artigo de opinião publicado no Expresso (18/04/2020) e transcrito com a devida vénia na rubrica Controvérsias.

* A palavra cibersegurança nem sempre figura corretamente escrita nos media portugueses. Escreve-se sem hífen, com um único s (depois de qualquer consoante, é impossível escrever ss), formando uma só palavra gráfica, tal como se infere de casos como cibercafé ou ciberataque, conforme registou o saudoso consultor José Neves Henriques (1916-2008), numa resposta de 1997, que não perdeu atualidade, nem mesmo com a norma ortográfica em vigor.

** A propósito deste  tempos de preocupação acrescida dos pais com os filhos, leia-se o que o tradutor Marco Neves escreveu em 19/04/2020 no blogue Certas Palavras e no Sapo 24 sobre a etimologia da palavra filho, em complemento do que registara anteriormente noutro artigo.

6. O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO) que vigora no Brasil desde 2009 e, em Portugal, desde 2015, continua a alimentar debate aceso. Na rubrica Acordo Ortográfico, transcreve-se com a devida vénia um texto do jornalista Nuno Pacheco, muito crítico de novas grafias usadas em Portugal, como é o caso de infeção, em consequência da supressão do antigamente chamado "c mudo"; a réplica, igualmente aqui transcrita, vem do constitucionalista Vital Moreira, que assinala a vantagem trazida pelo AO com a supressão dessa letra. Cf. O Acordo Ortográfico em tempos de pandemia

7. A presente semana é marcada, em Portugal, pelos preparativos do 46.º aniversário da Revolução de 25 de Abril no meio de alguma polémica, por se anunciar uma sessão comemorativa presencial do parlamento português, apesar da necessidade ou obrigação de distanciamento social. Mas quem, confinado ou não, se interessa por cinema em língua portuguesa e pela história contemporânea de Portugal encontra motivos de regozijo no acesso livre, facultado pela Cinemateca Portuguesa até 24 de abril p. f., a O Mal-Amado (1973), um filme de Fernando Matos Silva, que só pôde ser exibido depois de 25 de abril de 1974. Outra obra disponível é o filme Os Lobos, de Rino Lupo, um cineasta italiano que explorou a essência de certos ambientes rurais portugueses.

Na imagem, fotograma do filme O Mal-Amado (atores: Maria do Céu Guerra e João Mota).

8. Porque o bulício das redes digitais não chega a todos nem a todos tem de agradar, a Casa Fernando Pessoa (CFP), em Lisboa, oferece o serviço Leituras ao ouvido: ligados pela poesia e pelo telefone, que funciona de segunda a sexta, a partir das 16h00. Conforme se esclarece na sua página, a CFP mantém a partilha diária de poemas no Facebook e Instagram; mas, para chegar «ao ouvido de quem não está ligado às redes», fica alargada ao telefone a distribuição de poemas e textos curtos.Mais informação aqui.

9. No Alentejo, o que se quer dizer com a frase «vamos lá enregar»? E para que serve uma almotolia, palavra que nos chegou do árabe? Ou, ainda: o que é a segundeira, que se retira de um sobreiro? E os javalis à volta dos montes afuçam o quê... e para quê? São perguntas acerca da região alentejana à qual é dedicado o 5.º programa da 10.ª e última série do Cuidado com a Língua!, em repetição na RTP 1 na terça-feira, dia 21/04, às 14h30*.

*Hora oficial de Portugal continental, com repetição igualmente na RTP Internacional. 

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1. A identificação das orações explicativas constitui uma área da sintaxe que levanta algumas dúvidas pelo facto de se tratar de uma construção que não apresenta todas as características típicas da coordenação. Todavia, quando se coloca a hipótese de existência de uma coordenação no interior de uma oração explicativa, a classificação dos constituintes pode tornar-se ainda mais complexa, como se pode verificar na resposta «Duas orações explicativas», que marca o regresso das atualizações do Consultório do Ciberdúvidas. Neste espaço, trata-se ainda uma questão relacionada com o nome próprio que designa os cidadãos dos Países Baixos e uma outra que aborda os nomes dos grupos étnicos do Brasil. Por fim, reflete-se sobre a possibilidade de «o mesmo» poder retomar antecedentes referentes a pessoas. 

2. A situação de crise sanitária continua a motivar a utilização de palavras que enriquecem o já vasto campo lexical da pandemia que vivemos. Atento à evolução da situação, o Ciberdúvidas integra agora no glossário A covid-19 na língua os termos custos, desconfinamento, generosidade (mas também o seu contrário, a especulação e a pirataria de países...), máscaras cirúrgicas vs. máscaras de utlização comunitária, reativação e vigilância social.

3. Alguns destes termos estão estreitamente relacionados com os objetivos subjacentes à renovação do estado de emergência, instituído por mais quinze dias em Portugal, que mantém as restrições à circulação das pessoas, mas prevendo já a possibilidade de uma abertura faseada e gradual de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais. Uma vez que se mantém a indicação de confinamento,as medidas tomadas na área da educação seguem o percurso previsto, estando agendado para segunda-feira, dia 20 de abril, o início do projeto #EstudoEmCasa. Esta nova versão da telescola destina-se a alunos até ao 9.º ano de escolaridade e será emitida na RTP Memória (notícia aqui e aqui e Abertura). 

4. Nestes tempos em que milhões de de lusófonos  se encontram confinados em casa,  a televisão pública portuguesa  teve a feliz opção de repor a 10.ª e última série do magazine Cuidado com a Língua! Évora é á o tema de um desses programas, que recorda o nome da cidade em tempos romanos e léxico como ménir, cromeleque megálito, entre outros assuntos de interesse linguístico (na RTP2, no domingo, 19/04, às 20h45). Na RTP1, recorda-se o episódio dedicado ao Alentejo, no qual se tratam expressões típicas como «enregar» ou «almotolia», entre outros temas relacionados com a região (na terça-feira, 21/04, pelas 14h30). Mais  pormenores aqui.

5. Adotando o tema da viagem, que lhe é muito caro, Marco Neves, professor universitário e tradutor, propõe, desta feita, um périplo por alguns países asiáticos com o objetivo de identificar como estes escrevem (e pronunciam) o nome próprio Portugal. Uma curiosa crónica divulgada no blogue Certas Palavras, extraída da obra do autor Palavras que o português deu ao mundo – viagens por sete mares e 80 línguas (Editora Guerra & Paz). 

6. Na rubrica Diversidades, divulga-se um vídeo relativo a um programa televisivo da Televisão da Galiza, emitido a 15 de fevereiro, no qual se apresentam as principais regras de colocação do pronome átono em galego. O interesse deste documento reside no facto de estas regras terem muitas semelhanças com o que acontece em português europeu. 

7. In memoriam  do escritor chileno Luis Sepúlveda falecido de covid-19 no dia 16 p.p. – ele que foi um empenhado ativista  ambiental  e na  luta contra as injustiças no mundo –, lembramos a sua  obra marcada pelo humanismo e pelas causas que defendeu na primeira pessoa*. Vários dos seus livros integram a lista o Plano Nacional de Leitura, como História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar, O velho que lia romances de amor, História de um caracol que descobriu a importância da lentidão, entre outras.

*cf. Luis Sepúlveda e o polícia culto +  Luis Sepúlveda. “É preciso resistir ao processo que transforma revoluções em autocracias” + Luis Sepúlveda: “Todos os silêncios são cúmplices e têm uma quota parte de responsabilidade”

8. Nos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa, destaque para o Almanaque da Língua Portuguesa (editora Guerra & Paz), de Marco Neves*, e para o glossário de termos associados ao coronavírus e à covid-19, organizado pelo Ciberdúvidas**. 

* O programa Língua de Todos é difundido a 17 de abril, pelas 13h20 e é repetido no sábado, dia 18 de abril, depois do noticiário das 09h00; e o  **Páginas de Português  é emitido a 19 de abril, pelas 12h30 e tem repetição no sábado, dia 25 de abril, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

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1. Entre os muitos termos que se tornaram correntes no contexto da pandemia de covid-19, há a denominação de uma peça que se tornou parte da indumentária quotidiana de milhões de pessoas: máscara. Na rubrica O nosso idioma, um novo apontamento da linguista Carla Marques dá conta dos significados e da importância social e cultural de máscara, cujo campo semântico ganha nova dimensão com a experiência coletiva da presente crise sanitária mundial. Importa assinalar que esta é também uma das palavras listadas em "A covid-19 na língua", um glossário que, na mesma rubrica, tem tido repetidas atualizações ao longo das últimas semanas, acompanhando o desenrolar da situação (ver mais baixo o ponto 5, sobre). Novos termos averbados nesta atualização: crise sanitária, curva de contágio, drone pandémicogeolocalização, novo normal e área T – este último em homenagem à imunologista portuguesa Maria de Sousa (1939-2020), falecida em 14 de abril p. p.

2. No regresso às atualizações do Consultório, a sintaxe marca presença com duas questões: qual é o sujeito de «custou ao aluno entender a lição»? E podemos omitir o pronome neutro o na frase «não sei se o quero»? Outras perguntas: uma pessoa que faz armadilhas é um "armadilheiro"?  O que é correto: «visitei a Bósnia e Herzegovina», ou «visitei a Bónia e a Herzegovina»? E diz-se «cópias pirata» ou «cópias piratas»?

3. Em Portugal, recomeçaram as aulas dos ensinos básico e secundário, sem atividades letivas presenciais, conforme a comunicação governamentalo de 9 de abril p.p. (cf. Abertura de 09/04/2020), agora reiterada pelo normativo legal que rege todo o 3.º período letivo, o Decreto-Lei n.º 14-G/2020, que inclui um novo calendário para os exames finais do ensino secundário. Apesar da ansiedade de alunos e pais neste arranque (ler notícia do Diário de Notícias de 14/04/2020),  a partir de 20 de abril, recorde-se, faz-se frente ao cenário de pandemia com as sessões televisivas #EstudoEmCasa (na RTP Memória) numa iniciativa conjunta do Ministério da Educação e da RTP. Estas sessões vão estar também disponíveis no YouTube, em canal próprio – assista-se à apresentação:

 

 

4. Registem-se as repercussões do coronavírus nas universidades e a diversidade de meios digitais para o ensino à distância neste nível de ensino: "Covid-19 – ISCTE mantém aulas através de videoconferência e e-learning" (Jornal Económico, 16/03/2020); "Por agora não haverá aulas e a covid-19 não permite cenários" (Público, 07/04/2020); "Universidades: Covid-19 deixa professores e alunos separados por um ecrã" (Pessoas, 15/04/2020); "COVID-19: Como usar o Teams da Microsoft para aulas e reuniões online" (Pplware, 12/04/2020); "FCCN disponibiliza várias plataformas para ensino a distância" (Pplware, 13/04/2020). São também de mencionar as páginas de acesso a recursos digitais para reuniões à distância como o COLIBRI (Fundação para a Ciência e Tecnologia; também acessível pelo Instituto Superior Técnico).

5. Temas em destaque nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa:

– No programa Língua de Todostransmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 17 de abril, pelas 13h20*, entrevista-se o professor universitário e tradutor Marco Neves, que em janeiro do presente ano publicou mais um livro com o título sugestivo de Almanaque da Língua Portuguesa (editora Guerra & Paz).

– No programa Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 19 de abril, pelas 12h30*, a linguista e professora Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, fala sobre uma iniciativa destas páginas: o glossário de termos associados ao coronavírus e à covid-19, organizado do pelo Ciberdúvidas ao longo da presente crise sanitária.

6. Um destaque final, de pesar, pelo falecimento, neste dia, do escritor brasileiro Rubem Fonseca, Prémio Camões em 2003. Tinha 94 anos e não resistiu a um ataque cardíaco. 

Cf.  Rubem Fonseca escreveu primeiro livro aos 17 anos e foi um dos maiores autores brasileiros O adjetivo bocalivrista + Rubem Fonseca: o narrador como atirador

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1. Em Portugal foi já anunciado oficialmente que o início do 3.º período (previsto para o dia 14 de abril) terá lugar em casa e que os alunos até ao 10.º ano não regressarão à escola neste ano letivo, decisão que tem motivado o desenvolvimento de projetos de acompanhamento das aprendizagens dos alunos. Esta realidade tem levado a que, em termos linguísticos, surjam dúvidas sobre a correção da locução «a distância» que integra a expressão «ensino a distância» e figura no documento «Roteiro - 8 princípios orientadores para implementação do ensino a distância nas escolas». Assinale-se que a forma mais congruente com a tradição e funcionamento do português europeu é «à distância», isto é, com a contração "à". No entanto, aceita-se a forma «ensino a distância», dado ter estatuto científico próprio e ocorrer em usos institucionais (cf.  Direção-Geral de Educação + Universidade Aberta)*. Entre os projetos divulgados, assinale-se o #Estudo em casa, com emissões asseguradas pela RTP Memória e destinadas a alunos até ao 9.º ano. A grelha de programação, entretanto divulgada, contempla aulas de 30 minutos, transmitidas entre as 9h00 e as 17h50 (hora de Portugal), que arrancam a partir do dia 20 de maio. 

*A este propósito, recordamos algumas respostas e textos sobre o assunto publicados no Ciberdúvidas: «Ter razões para ser «à distância» (e não «a distância»)», «Breve história recente de «a distância»» e «À distância, e não à pressa». 

Primeira imagem: ruas vazias em Portugal. Foto João Cortesão. 

2. A covid-19 na língua continua a ter uma importância crucial nestes dias de confinamento centrados ainda no objetivo de controlar a propagação dos contágios.Os esforços e as ações da população direcionam-se para diferentes áreas da realidade e há diferentes domínios que vão emergindo com o desenrolar da situação. O Ciberdúvidas continua a acompanhar atentamente a evolução dos acontecimentos e, nesse sentido, a atualizar o seu léxico covid-19, esclarecendo o significado de termos, o contexto mais frequente de usos ou as realidades que convocam. Nesta nova atualização, destacamos os termos aerossóis, doente covid, ECMO, incubação, insuficiência respiratória, lares, países "frugais" (ou "forretas"), testes sorológicos, vírus sincicial respiratório e zona de risco

3. A palavra confinamento passou a fazer parte do nosso quotidiano, tendo tido a capacidade de transformar a sua significação num facto real com o qual lidamos diariamente. Esta situação é comum a um cada vez maior número de cidadãos do mundo interior, pelo que a mesma palavra vai assumindo a sua centralidade em inúmeras línguas. Eis um breve apontamento relativo às palavras que alguns falantes de outras línguas usam para referir esta mesma realidade: encierro (espanhol), confinement (francês), lockdown (inglês), confinamento (italiano), Beschränkung (alemão),  (jìnbì em chinês), περιορισμό (periorismó em grego) e 감금 (gamgeum em coreano).

4. A expressão «curva em V» é usada para referir um gráfico que mostra uma queda abrupta seguida de uma subida drástica. Aplica-se, portanto, a um gráfico cuja evolução tem uma aparência semelhante a essa letra. Para designar esta realidade, a melhor opção é a de usar a expressão que inclui o nome da letra «curva em vê» ou então a de usar expressões que indiquem que estamos a considerar o desenho da curva, como «em forma de V», com letra maiúscula e sem uso de aspas. Um conselho semelhante para o espanhol está divulgado na página da Fundéu BBVA (aqui). 

5.  A atividade dos rebocadores e a linguagem náutica associada são o tema central do episódio do magazine televisivo Cuidado com a Língua! que a RTP1 transmite na terça-feira, 14 de abril, às 14h30. Expressões, ditos e curiosidades abordados nesta emissão: porquê «bombordo» e porquê «estibordo»? E «andar à frente» e «andar à ré»? E a diferença entre «barco», «barca». «iate» e «cruzeiro? E a frase «deixar barco e redes» o que significa? E «arrear cabo»? Finalmente: o que se quer dizer, em São Tomé e Príncipe, com o provérbio «O mar enche e vaza»?

Recorde-se que a RTP está a repor a última e 10.ª série do Cuidado com a Língua! na RTP2, aos domingos, pelas 20h20, e na RTP1, às 14h30. O programa é repetido nos canais internacionais da televisão pública portuguesa.

6. O sucesso do combate em Portugal à pandemia covid-19 continuar a ser tema na imprensa internacional. Num artigo dedicado ao assunto, o jornal espanho El País considera que os portugueses são os «suecos do sul», atendendo ao sucesso da implementação das medidas que têm como resultado metade das morte da Suécia por milhão de habitantes (ver aqui).

 

7. As propostas de atividades para o isolamento continuam a surgir um pouco por todo o lado. Desta feita, as novas sugestões chegam da Cinemateca Portuguesa, que anunciou que vai reforçar os conteúdos disponíveis na sua página, contemplando também o público mais jovem e ensaios sobre cinema. Ainda no âmbito do cinema, estão também disponíveis produções da realizadora portuguesa Teresa Villaverde Cabral, algumas propostas culturais da plataforma Gerador e da Companhia de Teatro de Braga, que, no dia 16 de abril, transmite «As Bacantes», de Eurípides. Outras sugestões:

8. Informamos os nossos consulentes que o Consultório do Ciberdúvidas está de novo disponível, sendo as questões colocadas através do formulário disponível. 

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1. Com a renovação do estado de emergência em Portugal de modo a conter e debelar a pandemia de covid-19, é num clima de estranheza que decorre a Páscoa. Este ano, a celebração fica marcada por restrições especiais em reforço dos comportamentos de distanciamento social e confinamento, termos que, como tantos outros, eram até há poucos meses muito menos correntes. Assim, no glossário que constitui "A covid-19 na língua" e está disponível em O nosso idioma, continuam a registar-se novas entradas, a saber: anticorpos, a propósito da identificação da sua presença em pessoas já infetadas e da emissão de certificados de imunidade; especulação, em referência ao aumento de preços de alguns bens de acesso dificultado; gotículas, que denomina uma das formas de contágio pelo novo coronavírus;  «linha da frente», expressão alusiva a todos os profissionais de saúde que arriscam a vida no combate contra a covid-19; reagentes, ou seja, os químicos usados nos testes à doença. Igualmente à volta do funesto tema da pandemia, tornam-se recorrentes certos usos nada recomendáveis: por exemplo, a prolação da palavra coronavírus como "kôrônavírus", que, em Portugal, deveria soar "kuronavírus"; ou, falando do número de infetados e mortos, a impropriedade «dezenas de milhar», em lugar de «dezenas de milhares».

Na imagem à esquerda, Última Ceia de Francisco Henriques (Fonte: MatrizNet).

2. Apesar de tudo, é Páscoa. Releia-se, portanto, uma antiga resposta sobre o compasso pascal, uma tradição de muitas localidades portuguesas que, por estes dias de quarentena, fica à espera de retoma no próximo ano. E, a propósito da Última Ceia, ou seja, a última refeição que juntou Cristo e os apóstolos na véspera da crucificação (a chamada Quinta-Feira Santa ou de Endoenças), na qual foi instituída a Eucaristia, leia-se a publicação do professor universitário e classicista Frederico Lourenço no Facebook, comparando os relatos dos quatro Evangelhos.

Recorde-se também que o regresso às atualizações do Consultório terá lugar a 15 de abril p. f. Até lá, fica desativado o acesso ao formulário para envio de perguntas, mas, para assuntos que não digam respeito a dúvidas linguísticas, mantêm-se disponíveis os contactos habituais. E, como sempre, temas da atualidade ficarão devidamente assinalados nos Destaques  e na nossa página do Facebook.

3. Ainda sobre a crise da covid-12, refira-se que, neste dia, o Governo português anunciou a sua decisão relativamente à continuidade do presente ano letivo no ensino básico e secundário: até ao 10.º ano, retomam-se as atividades em 14/04/2020, mas mantém-se o regime de ensino à distância, havendo para alunos até ao 9.º ano o complemento de emissões televisivas por cabo, satélite e TDT na RTP Memória, a partir de 20 de abril; os alunos do 11.º e do 12.º podem eventualmente voltar a ter aulas presenciais, ficando os exames do secundário adiados para julho para possibilitar a extensão das aulas até 26 de Junho. Saliente-se que a emissão televisiva de conteúdos pedagógicos tem uma precursora na antiga Telescola, que funcionou entre 1965 e 1987 e possibilitou a a milhares de alunos portugueses completarem o ensino do quinto e sexto anos de escolaridade. Sobre esta experiência, transcreve-se com a devida vénia, na rubrica Ensino, o artigo de opinião que o economista e professor universitário José Reis assinou no jornal Público, no dia 8 de abril de 2020.

 

4. Apesar do cenário de paralisação de muitas atividades imposto pela covid-19, a promoção da língua portuguesa no estrangeiro busca estratégias alternativas para se concretizar. Um exemplo vindo de Espanha, tão flagelada pela pandemia: o da XVI Maratona de Leitura em Língua Portuguesa, que a Universidade da Estremadura, em Cáceres, adiou para nova data, a 5 de maio p. f., coincidindo, portanto, com o Dia Internacional da Língua Portuguesa. Este evento vai ter lugar em formato exclusivamente virtual, nas redes sociais (consultar o programa aqui).

5. Como sugestão para uma programa cultural sem sair de casa, registe-se o canal em linha Studio Casa, que a Casa da Arquitetura (Matosinhos) lançou para transmitir entrevistas realizadas em 2019 a arquitetos, artistas e outros convidados. No mesmo canal, disponibiliza-se ainda  uma visita virtual a 360º aos espaços da Casa da Arquitetura e à exposição “Souto de Moura – Memória, Projectos, Obras” (ler aqui).

6.  A calçada portuguesa como expressão de arte urbana tem abundante vocabulário técnico associado. Este é o tema que, entre curiosidades e breves apontamentos sobre dificuldades da língua, dá o mote ao magazine televisivo Cuidado com a Língua!, no episódio que vai para o ar no domingo de Páscoa, 12 de abril, na RTP2, pelas 20h20. Recorde-se que a RTP está a repor a última e 10.ª série do programa igualmente na RTP1, às 14h30*.

*Com repetição nos canais intenacionais da televisão pública portuguesa.

7. Nesta semana que finda, os programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa centram-se nos seguintes temas:

O programa Língua de Todostransmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 10 de abril, pelas 13h20**, é dedicado ao papel dos mediadores da leitura, entrevistando-se Andreia Brites, que exerce essas função e responde a perguntas como «o que é uma mediadora de leitura?» e «textos, livros, temas – a quem propor o que escolher?».

– No programa Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 12 de abril, pelas 12h30**, Carlos Ascenso André, professor do Instituto Politécnico de Macau, fala do papel que a língua portuguesa tem desempenhado em Macau, desde que este território transitou para a china há 20 anos. 

** O programa Língua de Todos é repetido no sábado, dia 11 de abril, depois do noticiário das 09h00; e o  Páginas de Português  tem repetição no sábado, dia 18 de abril, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

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1. O fecho das escolas foi uma das consequências da pandemia. Esta situação tem obrigado professores, responsáveis políticos e diversos agentes da comunidade a repensar os processos de ensino, em busca de soluções.  Foi o caso de Portugal, com o  regresso do ensino a distância, segundo o modelo da telescola, como forma de apoiar o percurso formativo dos alunos até ao 9.º ano de escolaridade. Os conteúdos serão transmitidos na RTP Memória, canal de acesso universal, disponível na TDT (Televisão Digital Terrestre). A Ciberescola da Língua Portuguesa, da responsabilidade da Associação Ciberdúvidas da língua Portuguesa, desenvolverá também um projeto em parceria com a Direção-Geral de Educação (DGE), com o objetivo de assegurar aulas por videoconferência a alunos estrangeiros. 

2. Atento à evolução da situação relacionada com a covid-19, o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa continua a enriquecer e a rever o documento A covid-19 na língua, introduzindo novos termos e relacionando-os com o contexto em que são utilizados e com a realidade que convocam, sempre numa ótica de serviço público. O documento encontra-se disponível na rubrica O Nosso Idioma, estando em constante atulização.

3. As palavras têm ocupado o nosso quotidiano de forma proeminente. Embora muitos vivam atualmente confinados ao espaço de suas casas, é por meio das palavras que conseguem acompanhar e compreender a realidade dos acontecimentos. Algumas trazem consigo um mundo negativo que arrasta sentimentos do foro pessimista e derrotista, outras trazem esperança de mudança e de regresso à normalidade. É sobre o poder das palavras que reflete a professora Carla Marques neste apontamento

4. A linguista Margarita Correia deixa-nos um depoimento laudatório sobre a linguista Maria Helena Mira Mateus, recentemente falecida. Recordando o seu vasto trabalho na área da linguística e as suas qualidades como investigadora e como pessoa, Margarita Correia oferece-nos o retrato de uma mulher exemplar (depoimento oral para os programas de rádio Língua de Todos e Páginas de Português, transcrito em O Nosso Idioma). 

5. São também as palavras, neste caso luva  máscara, que motivam uma viagem pelo seu percurso de formação, proposta pelo professor universitário e tradutor Marco Neves, que dá atenção a estes termos tão presentes no nosso léxico ativo (crónica disponível no blogue Certas Palavras). 

 

6.  A RTP está a repor  séries anteriores do magazine televisivo Cuidado com a Língua!As questões da língua, as suas dificuldades, curiosidades e a correção de alguns erros podem ser acompanhados às terças-feiras, na RTP1, às 14h30, e ao domingo, na RTP2, pelas 20h20. 

7.  Dia 5 de abril, foi Domingo de Ramos. Pensando na origem deste ritual religioso, o professor universitário Frederico Lourenço  escreveu um texto que parte em busca da referência à presença de ramos na celebração desta data nos textos bíblicos, tendo concluído que não se trata de uma menção comum a todos os evangelhos, não obstante a importância que este elemento veio a assumir mais tarde. 

8. Recordamos que o regresso às atualizações do Consultório terá lugar a 15 de abril p. f. Até lá, fica desativado o acesso ao formulário para envio de perguntas, mas, para assuntos que não digam respeito a dúvidas linguísticas, mantêm-se disponíveis os contactos habituais. E, como sempre, temas da atualidade ficarão devidamente assinalados nos Destaques  e na nossa página do Facebook.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A omnipresença nefasta do vírus SARS-CoV-2, que ameaça a existência real da humanidade, não deixa de se manifestar virtualmente nas conversas quotidianas ou nas notícias que chegam insistentemente às nossas casas. Este assunto passou a ser quase único, o que tem gerado, no plano linguístico, a ativação de léxico adormecido (ou até agora usado em contextos muito circunscritos), a criação de novas palavras, a extensão semântica de várias outras ou a formação de campos lexicais até ao momento inexistentes ou pouco prováveis. O Ciberdúvidas tem acompanhado atentamente esta dinâmica linguística e tem vindo a esclarecer, em diferentes aberturas, significados de palavras, contextos de uso e as suas formas corretas. Este trabalho conduziu à compilação de um documento (que se encontra em constante atualização) que reúne em A covid-19 na língua, contemplando diversas áreas que têm vindo a ser referidas na atualidade mediática, e que envolvem conceitos da área médica, da economia, da política, da estatística, da educação e da comunicação social, entre outras. Uma realidade complexa que aglutina inúmeros domínios do saber e que, portanto, convoca léxico específico, cujos significados e contextos de uso importa conhecer para compreender a estranha realidade que vivemos, sempre com a convicção de que o futuro que se avizinha poderá significar o retorno à nossa antiga forma de vida e ao nosso modo de sermos humanos. 

Ainda no âmbito das expressões usadas com frequência, uma vez que a comunicação não presencial vai sendo uma constante, recordamos que deve dizer-se «a pessoa x fala-nos de sua casa» (e não «*desde sua casa» ou «*a partir de sua casa») e «a pessoa y dá aulas/trabalha em sua casa» (e não «*a partir de casa»).

A este propósito, recordemos as respostas «Disparatado desde», «... do estádio» e não "desde" o estádio...» e «A construção «desde... até...» com sentido temporal».

2. No século XVI, uma doença desconhecida espalhou-se pelas Ilhas Molucas, passando das galinhas para os humanos. Este mal converteu-se numa epidemia que vitimou, de forma nunca vista, inúmeros habitantes das ilhas: «E por toda a terra era este mal tão geral que os não podiam enterrar e o mar era coalhado dos mortos e muitos lugares despovoados; andavam os homens e mulheres como pasmados, dizendo que nunca tal viram nem ouviram aos antepassados», conta-nos o autor do Tratado das ilhas Maluco e dos constumes índios e tudo o mais (texto geralmente atribuído a António Galvão, governador português das Ilhas Molucas entre 1536 e 1540). Este é um texto que, cinco séculos depois, nos recorda a importância e a eficácia do isolamento no controlo da propagação das doenças desta natureza. Com efeito, na altura, a disseminação da infeção não atingiu outros países dado o isolamento das ilhas e a falta de vento, que impediu a chegada de comerciantes de especiarias. Nos dias de hoje, a facilidade de viajar para diferentes pontos do planeta, independentemente da sua distância ou dos ventos, permitiu que a infeção pelo novo coronavírus se convertesse numa pandemia, chegando a quase todo o lado. Por isso, resta-nos aprender com a experiência dos nossos antepassados: ontem como hoje, o isolamento é profilático e pode salvar vidas (leia-se o texto que apresenta a obras e as conclusões que esta suscitou em O Nosso idioma – um original da agência Lusa aqui transcrito com a devida vénia).

3.  Um destaque, ainda,  para o importante trabalho que, em Portugal,  tem vindo a ser desenvolvido pelos intérpretes para língua gestual portuguesa que têm acompanhado todas as comunicações oficiais dos vários organismos do governo ou da presidência da República transmitidas pelos canais televisivos. Um verdeiro serviço público que permite à comunidade surda acompanhar de modo informado a evolução da situação, com destaque neste trabalho publicado no  Diário de Notícias

4.  Os programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa são inteiramente dedicados à linguista e professora universitária Maria Helena Mira Mateus, recentemente falecida. No Língua de Todos, divulga-se um extrato de uma antiga entrevista dada a propósito da pluralidade linguística dos alunos do ensino básico na zona da Grande Lisboa (RDP África, na sexta-feira, dia 3 de abril, pelas 13h20*). O Página de Português recupera também uma entrevista que a professora deu a propósito do lançamento da sua autobiografia Uma vida cheia de palavras (aqui apresentado) (Antena 2, no domingo, 5 de abril, pelas 12h30**). Ambos os programas contarão ainda com depoimentos sobre Maria Helena Mira Mateus. 

 

5. Como  foi referido na Abertura de 27/03/2020, o Consultório do Ciberdúvidas faz uma pausa coincidente (em condições normais) com a das atividades escolares em Portugal durante o período da Páscoa *. O regresso às atualizações está marcado para 15 de abril p. f. Até lá, fica desativado o acesso ao formulário para envio de perguntas, mas, para assuntos que não digam respeito a dúvidas linguísticas, mantêm-se disponíveis os contactos habituais. E, como sempre, temas da atualidade ficarão devidamente assinalados nos Destaques  e na nossa página do Facebook.

*O programa Língua de Todos será repetido no sábado, dia 4 de abril, depois do noticiário das 09h00.

**O Páginas de Português  tem repetição no sábado, dia 11 de abril, às 15h30.

 Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Morreu a linguista e professora universitária portuguesa Maria Helena Mira Mateus (Carcavelos, 18 agosto 1931 – 30 de março de 2020), figura cimeira dos estudos linguísticos sobre o português (cf. notícia agência Lusa em 31/03/2020*). Licenciada em Filologia Românica em 1954 e doutorada em Linguística Portuguesa em 1974, na Universidade de Lisboa, Maria Helena Farmhouse da Graça Mira Mateus era professora catedrática jubilada da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), onde foi docente durante mais de três décadas. 

Distinguindo-se pelo seu extraordinário dinamismo e poder de iniciativa, foi fundadora e presidente da direção da Associação de Professores de Português (1978-1984) e da direção da Associação Portuguesa de Linguística (1984-1986 e 2000-2004). Dirigiu também a Revista Internacional de Língua Portuguesa do n.º 1 (1988) ao n.º 17 (1997); e de 1986 a 1989 foi vice-reitora da Universidade de Lisboa.

A ação de Maria Helena Mira Mateus foi notável no desenvolvimento científico e institucional da investigação na área do processamento informático da língua portuguesa: em 1986, o presidente da Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica incumbe-a de criar o grupo português do Projeto de Tradução Automática da CEE, EUROTRA; em 1989, fundou e presidiu (até 2012) à direção do Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC), – entidade hoje integrada no CELGA-ILTEC (unidade criada em 2015, em fusão com Centro de Estudos de Linguística Geral e Aplicada da Universidade de Coimbra). Foi no ILTEC que se desenvolveram trabalhos com significado para a definição dos usos padronizados e institucionais da língua, como sejam o Observatório de Neologia do Português, o projeto Bilinguismo, aprendizagem do Português L2 e sucesso educativo na escola portuguesa, a Rede de Difusão Internacional do Português: rádio, televisão e imprensa (REDIP) e o Portal da Língua Portuguesa.

Numerosos são os artigos de que é autora em revistas portuguesas e estrangeiras sobre as áreas da sua investigação (com particular incidência na fonologia do português europeu) e sobre questões de linguística geral, especialmente no que toca às políticas de língua e à teoria da gramática generativa. Entre as obras que escreveu ou coordenou, têm destaque, Aspetos da Fonologia Portuguesa (1975), Fonética, Fonologia e Morfologia do Português (1991), The Phonology of Portuguese (2000, com Ernesto d'Andrade), A Face Exposta da Língua Portuguesa (2002), Gramática da Língua Portuguesa (2003, com Ana Maria Brito, Inês Duarte, Isabel Hub Faria, entre outras), Linguística (2006, com Alina Villalva), Norma e Variação (com Esperança Cardeira), A Língua Portuguesa. Teoria, Aplicação e Investigação (2014); e em 2018 publicou um livro de memórias, Uma Vida Cheia de Palavras.

Conferencista e orientadora de cursos de graduação e de pós-graduação, organizou e colaborou em seminários e colóquios em Portugal e no estrangeiro, com especial referência ao Brasil, a Moçambique, a Cabo Verde e a Macau.

Maria Helena Mira Mateus foi homenageada em várias ocasiões, sendo de realçar a cerimónia que a FLUL realizou em 24 de maio de 2017, marcada com a criação de uma sala com o seu nome na mesma instituição.

Também aqui no Ciberdúvidas da Língua Portuguesa se registam algumas das intervenções de M.ª Helena Mira Mateus na comunicação social portuguesa a propósito de questões de ensino e política linguística: "Pode estudar-se a língua materna?" (transcrição do Expresso, 24/04/2004), "Terminologias: a nova e a antiga" (Público, 29/11/2006), "Viver em diversidade" (Expresso, 08/12/2006), "O ensino da gramática e a terminologia" (13/12/2006), "Em defesa da diversidade linguistica" (Público, 26/09/2007). Ler também "Sobre a natureza fonológica da ortografia da língua portuguesa". Por várias vezes foi também entrevistada no programa  Páginas de Português, transmitido na Antena 2 (por exemplo, entre outras emissões, aqui ou aqui).

A familiares, amigos e colegas da professora Maria Helena Mira Mateus, também o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa exprime pesar, não deixando de sublinhar o contributo marcante da sua personalidade e visão para o conhecimento e promoção da língua portuguesa.

* Cf. também notícias saídas em 31/03/2020 nos jornais Observador e Público, bem como na RTP Notícias, com origem  na agência Lusa. Registo ainda para as notas da Imprensa Nacional-Casa da Moeda,  da Associação de Professores de Português,da Associação Brasileira de Linguistas (ABRALIN) e do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa. Fonte da imagem à esquerda: Associação Portuguesa de Linguística.

 

2. Com  foi referido na Abertura de 27/03/2020, o Ciberdúvidas faz uma pausa coincidente (em condições normais) com a das atividades escolares em Portugal durante o período da Páscoa *. O regresso às atualizações está marcado para 15 de abril p. f. Até lá, fica desativado o acesso ao formulário para envio de perguntas, mas, para assuntos que não digam respeito a dúvidas linguísticas, mantêm-se disponíveis os contactos habituais. E, como sempre, temas da atualidade ficarão devidamente assinalados nos Destaques  e na nossa página do Facebook.

*A palavra Páscoa vem do latim vulgar pascua, que significa “alimento (pasto)”, sentido que se associa ao facto de a Páscoa ser o momento que põe fim ao tempo de jejum que marca a Quaresma. A palavra latina teve origem no hebreu pasach (“passagem”), designação dada à comemoração judaica que evocava a fuga do Egito pelo povo de Israel e que tinha lugar na altura da crucificação de Jesus. Esta designação terá servido de inspiração para o nome da festa cristã que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo.

 

 

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1. Por todo o mundo, é difícil fugir ao mesmo assunto: a pandemia da covid-19, que, em Portugal, entrou na chamada «fase de mitigação», conforme declaração da Direção-Geral de Saúde (DGS). Pelo uso de  mitigação, que significa «alívio», poderia julgar-se que a covid-19 recuou entre a população portuguesa, mas infelizmente a DGS esclarece que «a fase de mitigação é a terceira e a mais grave fase de resposta à doença covid-19 e é ativada quando há transmissão local, em ambiente fechado, e/ou transmissão comunitária». Mas não haverá aqui um uso impróprio do termo? Na rubrica O nosso idioma, a linguista Carla Marques, consultora permanente do Ciberdúvidas, mostra que a denominação não é contraditória.

2. O Consultório faz eco do impacto da covid-19 no quotidiano de quem acompanha o Ciberdúvidas: comenta-se a locução «(estar/ficar) de quarentena»; a propósito de desinfeção e higiene, fala-se do plural e da grafia das  formas «álcool-gel» e «álcool gel», equivalentes a «álcool em gel»; e da construção «testar positivo/negativo», que os padrões léxico-semânticos e morfossintáticos do português podem pôr em causa. Entretanto, em confinamento doméstico, professores e alunos enviam perguntas mais técnicas: a respeito da seleção de modos verbais nas orações relativas; sobre o contraste entre o Brasil e Portugal quanto à escrita de porque e por que em frases interrogativas; acerca da eventual relação de um modificador do nome com um predicativo do sujeito.

3. Com as sombrias perspetivas do atual cenário de pandemia, é recorrente falar-se em guerra, como bem ilustram os títulos «No mundo, líderes adotam discursos de guerra contra pandemia» (O Tempo, 23/03/2020) ou «Covid-19: o secretário-geral da ONU, António Guterres, defende "economia de guerra"» (Euronews, 26/03/2020). E, na Europa, regressam velhos preconceitos à cena política – a propósito da reunião informal do Conselho da Europa de 26/05/2020 *; por reação, sente-se,o desejo de, um dia, se abrirem todas as portas e janelas, reais ou imaginárias. À volta das palavras guerra e e janela, sugere-se, ainda na rubrica O nosso idioma, dois apontamentos etimológicos da autoria de João Nogueira da Costa. Do mesmo autor é também um pequeno artigo dedicado às maneiras de se dizer «gratificação» em diferentes línguas.

*Cf. "Costa considera discurso de ministro holandês "repugnante" e anti-União Europeia" (Público, 27/03/2020)

Na imagem, à esquerda, Janela 17 (1981), de Maluda (1934-1999).

4. Entretanto, os governos não deixam de tomar medidas para conter a crise económica que se desenha. Tendo como pano de fundo uma conversa telefónica entre Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, e Xi Jinping, presidente da China, o G20 (o grupo constituído por 19 países e pela União Europeia), «disse que  injetaria 5 "triliões" de dólares na economia global para combater a pandemia», conforme se lê numa notícia do jornal português Diário de Notícias (27/03/2020). Sabendo que todo o cuidado é pouco com os termos bilião e trilião, porque, em português, não significam eles o mesmo que em inglês, da consulta da notícia em versão anglo-saxónica  infere-se haver equívoco da publicação portuguesa. Na verdade, se a agência Reuters pode dizer que o G20 tenciona injetar 5 "triliões" na economia mundial – «G20 Leaders to Inject $5 Trillion Into Global Economy in Fight Against Coronavirus» (fonte: The New York Times, 26/03/2020) –, espera-se que um jornal de Portugal anuncie uma promessa de ajuda que orça os 5 biliões, conforme se pode confirmar em "'O bilião e a nomenclatura dos grandes números: regra “N” e regra “n –1” , um artigo de Guilherme de Almeida (rubrica O nosso idioma, sub-rubrica Ciência e Tecnologia).

5. Uma sugestão de leitura: o depoimento de quem encontrou pela frente o desafio de aprender português e, com esforço, é certo, teve a abertura de alma e espírito para o adotar no dia a dia. Justifica-se, portanto aqui o registo da experiência relatada pela pianista Mariana Dellalyan, uma arménia radicada em Portugal, em texto intitulado "Como eu aprendi, e continuo a prender, todos os dias o português",  disponível no blogue Certas Palavras, do tradutor, escritor e divulgador de temas linguísticos Marco Neves.

6.  A Ciberescola/Cibercursos da Língua Portuguesa, projeto desenvolvido no âmbito de um protocolo da Associação Ciberdúvidas com a Direção-Geral de Educação (Ministério da Educação de Portugal), encontra-se disponível ao utilizador comum, com todos os seus materiais de Português como Língua não Materna (PLNM) e Português como Língua Estrangeira (PLE). Mais informação nas Notícias.

7. No Dia Mundial do Teatro, a imposição do isolamento é a (quase) negação de qualquer arte performativa pela falta da presença do público. Mas não seja por isso que não se celebram a data. Por exemplo, em Portugal, ocorrem várias iniciativas no mundo virtual:

– O Teatro do Noroeste-Centro Dramático de Viana oferece peças de teatro para os mais novos, tendo já acessíveis Antes de Começar, A vida trágica de Carlota, A filha da Engomadeira, Bojador ou João e o Pé de Feijão, entre outros.

– na sala virtual do Teatro Municipal Joaquim Benite, em Almada, pode assistir-se, às 21h00, a O Mandarim, a partir do conto homónimo de Eça de Queirós;

– no Teatro Nacional de São João, no Porto, disponibilizam-se quatro peças de Alfred Jarry: depois de Rei Ubu (foi no dia 25), Ubu Agrilhoado (no dia 26), apresentam-se Ubu Cornudo (dia 27) e Ubu no Outeiro, (dia 28);

– na sala online do Teatro Nacional de D. Maria II, em Lisboa, divulgam-se espetáculos: A origem das espécies (às 11h), Sopro (às 21h); e, no dia 28 de março, será a vez de Frei Luís de Sousa (às 21h).

8. Outras sugestões em modo virtual:

– Visitas a museus portugueses: Museu Nacional dos CochesMuseu RTPMuseu Nacional de História Natural e da CiênciaMuseu Calouste Gulbenkian (note-se, aliás, que museus do mundo inteiro podem ser visitados virtualmente a partir do Google Arts & Company );
– Música: Miguel Araújo canta canções de embalar (para a sua filha) todas as noites no Facebook; Festival, festival que decorre entre 27 de março e 1 de abril, com a participação de mais de 80 artistas de 11 nacionalidades diferentes, que é transmitido em linha, a partir de seis países, nas áreas de música e teatro na página do Facebook da iniciativa.
– Cinema: a Agência da Curta Metragem disponibiliza filmes curtos do seu catálogo: Viagem a Cabo Verde, animação de José Miguel Ribeiro; Água Mole, de   Alexandra Ramires (Xá) e Laura Gonçalves; e Versailles, de Carlos Conceição, entre outros (mais informação e sugestões no Plano Nacional de Cinema).

9. Outra efeméride: foi a de 26 de março de 1487 que foi impresso o primeiro livro em Portugal – curiosamente um livro em hebraico, o Pentateuco, saído das oficinas de Samuel Gacon, em Faro – e que  assinala oDia do Livro Português, por uma iniciativa da Sociedade Portuguesa de Autores.

10. Temas centrais dos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa: no Língua de Todostransmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 27 de março, pelas 13h20*, Margarita Correia, linguista, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), fala sobre a situação do português na Guiné-Equatorial no contexto da CPLP; e, no Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 29 de março, pelas 12h30*, o Projeto Read On Portugal, criado para apoio da entre jovens europeus, é explicado por João Paulo Proença, seu coordenador.

11. Com a Páscoa *, o Ciberdúvidas faz uma pausa coincidente (em condições normais) com a das atividades escolares em Portugal. O regresso às atualizações está marcado para 15 de abril p. f. Até lá, fica desativado o acesso ao formulário para envio de perguntas, mas, para assuntos que não digam respeito a dúvidas linguísticas, mantêm-se disponíveis os contactos habituais. E, como sempre, temas da atualidade ficarão devidamente assinalados nos Destaques  e na nossa página do Facebook.

*A palavra Páscoa vem do latim vulgar pascua, que significa “alimento (pasto)”, sentido que se associa ao facto de a Páscoa ser o momento que põe fim ao tempo de jejum que marca a Quaresma. A palavra latina teve origem no hebreu pasach (“passagem”), designação dada à comemoração judaica que evocava a fuga do Egito pelo povo de Israel e que tinha lugar na altura da crucificação de Jesus. Esta designação terá servido de inspiração para o nome da festa cristã que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo.

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1. Se a China começou por ser o país mais afetado  pela covid-19 *– e onde tudo começou –, na Europa, nos Estados Unidos ou noutras regiões do planeta, a pandemia também se expande inexoravelmente e, portanto, continua tema dominante da atualidade nacional e internacional. Na comunicação social, não deixam de se fazer notar anglicismos recorrentes, que se somam ao vocabulário mais ativo nas notícias e nas opiniões sobre a presente crise (aquiaqui e aqui):

— Impeachment. O mesmo que impugnação. A palavra tem-se salientado a propósito da situação política no Brasil, onde o presidente Jair Bolsonaro  enfrenta novo pedido de impugnação.

 — Lay off. Ou seja, «dispensa temporária de pessoal», termo que figura entre as 30 medidas que o Governo português adotou para conter a pandemia.

— Spread. Termo da área da economia, que ainda não encontrou equivalente estável em português, ainda que diferença (de preços na compra e venda de ativos ou instrumentos financeiros) e margem (sobre taxa de juro) sejam palavras que o definam (cf. spread, no dicionário da Porto Editora, em linha na Infopédia). Seja como for, é o anglicismo que prevalece nas notícias sobre linhas de crédito para apoiar as empresas pelo impacto que estão a sofrer com a crise.

Entre os termos vernáculos, simples ou compostos, contam-se:

— "Covidário". Um doente com ou de covid-19 ou área hospitalar destinada a tais doentes**. Trata-se de um termo que, por enquanto, fará parte da gíria dos profissionais da saúde, atestando-se num título da edição de 24/03/2020 do jornal Público:  "Não basta ter “covidários”. É preciso vacinar crianças e continuar a tratar os outros doentes".

— Cloroquina Medicamento usado no tratamento e profilaxia da malária e que está a ser utilizado nalguns países em casos graves de coronavírus.

 Crime de desobediência. Crime praticado por aquele que desrespeita uma ordem ou um mandado comunicado ou mandado de uma autoridade ou funcionário com poderes para tal; na atual situação, o não cumprimento desta norma implica incorrer no crime de desobediência por violação de isolamento obrigatório que, segundo o Código Penal, consiste numa pena de prisão até um ano ou multa até 120 dias.

EPI. Sigla, também usada como acrónimo, de «equipamento de proteção individual» Esta expressão é recorrente nas  avaliações desencontradas que o primeiro-ministro português e os hospitais fazem acerca dos meios existentes nos hospitais de Portugal para o combate à epidemia.

Fase de mitigação. É quando as cadeias de transmissão do covid-19 já estão estabelecidas, e podem acontecer em ambientes abertos ou fechados. A fase de mitigação, nível vermelho de alerta e de resposta três (a mais elevada de uma escala de três), corresponde à presença de casos de infeção com vírus da covid-19 em território nacional. Divide-se aos subníveis de «cadeias de transmissão em ambientes fechados» e «cadeias de transmissão em ambientes abertos».  O país passa então a ter uma epidemia ou pandemia ativa. Cf. Fase de mitigação

Hospital de campanha. Estrutura de emergência que funciona como hospital provisório para dar resposta às necessidades dos doentes.

— Evacuar. Desocupar totalmente um edifício (em situação de emergência); é errado o uso  aplicado a  pessoas.

Paciente zero.  O caso inicial numa população com um surto epidemiológico, por poder indicar a fonte de uma nova doença, uma eventual propagação e o que detém o possível "segredo" da doença e como foi disseminada. O termo  foi usado pela primeira vez aquando da disseminação do HIV nos EUA , e, agora em relação ao covid-19 (aqui e aqui, por exemplo).

Ventilador. Aparelho que auxilia as trocas respiratórias no caso de perturbação da ventilação pulmonar.

Viseira. Resguardo que protege o rosto ou a parte dos olhos.

Zaragatoa. Vareta com algodão na extremidade (espécie de cotonete mais longo) usada para colheitas; na situação atual recolhem-se amostras do trato respiratório no nariz.

* Apesar de o termo cunhado pela Organização Mundial de Saúde para designar a doença ter a forma alfanumérica COVID-19, com maiúsculas, já em aberturas anteriores (ver também aqui) se assinalou que se usa covid-19, como nome comum do género feminino («a covid-19») escrito com letras minúsculas. Aliás, é esta a grafia que parece generalizar-se no uso, ainda que, referencialmente, ela se deva aplicar apenas à doença, e não ao vírus causador, o (novo) coronavírus, denominado SARS-CoV-2 pelo Comité Internacional de Taxonomia de Vírus. É de recordar que, relativamente à SIDA (síndrome de imunodeficiência adquirida), acrónimo que se converteu num nome comum («a sida»), também se distingue entre este termo, que denomina a doença, e o vírus causador, o HIV (ou transpondo para português, VIH, isto é, «virus de imunodeficiência humana»). Entretanto, para saber mais sobre o tema, merecem registo dois trabalhos do jornal Público, pela explicação da terminologia à volta deste e dos anteriores coronavírus: "O novo coronavírus: factos, respostas e previsões", de 10/03/2020; e "O novo coronavírus: factos, respostas e previsões II". Na imagem, mapa indicativo do alastramento da covid-19 do Coronavirus Resource Center da Universidade Johns Hopkins (consultado em 25/03/2020).** Definição corrigida em 24/04/2020.

2. No Consultório, as novas respostas abordam cinco tópicos: a locução «de acordo com»; a forma -no do pronome pessoal o; o esquema rimático de um poema com rima encadeada; o uso adjetival de xadrez; e a expressão «ainda bem».

3. Dois textos do mesmo autor, João Nogueira da Costa, em duas rubricas diferentes: em O nosso idioma, um pequeno elenco de palavras do dia a dia com origem em mitónimos, isto é, nomes mitológicos da Antiguidade greco-latina; em Lusofonias, o relato em tom de fantasia de uma visita a diferentes lugares de países de língua portuguesa e aos escritores que aí nasceram.

4. Voltando às medidas impostas em Portugal para combater a covid-19 e, em especial, à interrupção das aulas presenciais nas escolas (a partir de 16/03/2020), refira-se a preocupação com a avaliação e os exames finais do presente ano letivo. As avaliações do segundo período estão garantidas, segundo o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, enquanto alunos, professores e famílias se afadigam na realização de tarefas escolares pela alternativa do ensino a distância*. Resta saber até que ponto os níveis de literacia digital ou outra são satisfatórios para enfrentar estas condições, pois de acordo com dados divulgados pela Pordata, a propósito do Dia Nacional do Estudante, comemorado em Portugal em 24/03/2020, metade da população de Portugal, dos 25 aos 64 anos, não completou o ensino secundário.

** Sobre a locução adverbial a/à distância, que define o tipo de atividades realizadas em alternativa às aulas presenciais, ocorre esta expressão com duas variantes, com preposição a ou com a contração à. Existem bons argumentos para adotar uma ou outra, conforme se pode confirmar pelas seguintes respostas e artigos: "Ensino a distância", "'À distância' ou a 'distância?", "À distância, e não à pressa", "Três razões para ser 'à distância' ( enão 'a distância')", "Breve históira recente de 'a distância'".

5. Perante os desafios do confinamento, maior significado e relevo têm as notícias da multiplicação de recursos digitais para aquisição e desenvolvimento de competências em língua portuguesa: um exemplo vem do Brasil, onde a Universidade do Livro, pertencente à fundação Editora da Universidade Estadual Paulista (UNESP), oferece cursos em linha para domínio da língua culta; e, no quadrante do Português como Língua Estrangeira, tem destaque o guia de apoio em linha disponibilizado pelo Camões-Instituto da Cooperação e da Língua.

6. Uma sugestão de leitura para estes tempos de quarentena: Bode Inspiratório uma iniciativa que o semanário português Expresso leva a cabo como atividade de escrita colaborativa de um folhetim ao estilo de antigamente. Trata-se de uma história que tem a participação de vários autores, entre eles, o português Mário de Carvalho, que escreve o primeiro capítulo na edição de sábado, 28 de março p. f. O último capítulo, previsto para final de abril, fica a cargo de Luísa Costa Gomes.

7. Nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa são temas centrais:

– no Língua de Todostransmitido pela RDP África, na sexta-feira, dia 27 de março, pelas 13h20*, o depoimento de Margarita Correia, linguista, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e presidente do Conselho Científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), sobre a situação do português neste país, na sequência da sua recente deslocação à Guiné-Equatorial, integrada numa delegação da CPLP;

– no Página de Português, emitido pela Antena 2, no domingo, 29 de março, pelas 12h30*, entrevista-se João Paulo Proença, professor e coordenador do Projeto Read-on Portugal, iniciativa que visa apoiar e disseminar a paixão pela leitura nos jovens europeus, entre os 12 e os 19 anos, através do seu envolvimento ativo na reformulação das formas de vivenciar, compartilhar e criar literatura.

O programa Língua de Todos é repetido no sábado, dia 28 de março, depois do noticiário das 09h00; e o  Páginas de Português  tem repetição no sábado, dia 4 de abril, às 15h30. Hora oficial de Portugal continental, ficando ambos os programas disponíveis posteriormente aqui e aqui.