O português finalmente aceite na Guiné Equatorial, o acrónimo COVID-19, o anglicismo sell-off e cinco nomes de frutos
Informação relacionada sobre todas as Aberturas
O português finalmente aceite na Guiné Equatorial, o acrónimo COVID-19, o anglicismo sell-off e cinco nomes de frutos
1. A Guiné Equatorial foi integrada na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) em 23 de julho de 2014 na Cimeira de Díli, sob duas condições: a abolição da pena de morte e a adotar o português como língua oficial, de par com o espanhol (ler aqui). Seis anos depois, o segundo compromisso estará, finalmente, prestes a ser concretizado. Pelo menos, Teodoro Obiang, presidente guinéu-equatoriano, parece assim disposto, conforme relata a jornalista Bárbara Reis no...
A erosão linguística em raisparta, a pergunta-tag «não já?», ainda o coronavírus e a leitura digital vs. leitura em papel
1. A oralidade é, muitas vezes, o espaço das grandes inovações linguísticas. Num lento processo, a língua falada lima, transforma, deturpa. Este é um contexto onde a vigilância e o controlo da norma são menos eficazes, o que contribui para a criação de novas realidades lexicais, semânticas e sintáticas. É neste âmbito que se insere a ação da erosão linguística sobre a expressão «raios me/te partam», como se explica numa das respostas divulgadas na nova atualização do Consultório. É também na oralidade que...
Direitos por conquistar e palavras por criar no Dia Internacional da Mulher, acentos em ditongos nasais e a discriminação racial nos dicionários
1. Dia 8 de março celebra-se o Dia Internacional da Mulher, data instituída oficialmente em 1957, pelas Nacões Unidas. Embora haja quem associe o dia a um momento de festejo, o seu mais profundo intuito é de protesto pelos direitos que as mulheres ainda não conseguiram ver reconhecidos. E é por esta razão que este dia mantém a sua essência. Com efeito, em pleno século XXI, continuamos a verificar a existência de direitos diferentes com base apenas na discrimunação de género. As mulheres continuam a...
Perigos da escrita descuidada, a expressão «tomar comprimidos», a menorização das Humanidades e como (não) calar o preconceito
1. Em Portugal, por precipitação, descaso ou ignorância, acumulam-se perigosos sinais de descuido no que se escreve no espaço público. O Pelourinho regista duas situações críticas. Primeiro, a de um concurso televisivo, novamente aqui mencionado num texto de Sara Mourato, desta vez, por causa de uma questão ortográfica que não deveria gerar dúvidas: a dos nomes compostos que denotam espécies botânicas e zoológicas, sempre hifenizados. A segunda é abordada num apontamento de Carla...
A história de março e os seus provérbios, o termo empreendedorismo, a superterça-feira nos EUA e a pronúncia de coronavírus
1. O mês de março, que teve início ontem, tem o seu nome formado a partir de Martius (Marte), o deus romano da guerra, a quem este mês era dedicado. Antes do calendário juliano, era neste mês que o ano tinha início, o que coincidia com a chegada da primavera. Era o mês consagrado ao deus Marte porque nesta altura tinham início as campanhas bélicas. Há ainda países, como o Irão, em que o ano começa em março, nomeadamente a 20 de março, no momento do equinócio da primavera (mais detalhes associados ao mês de...
A pronúncia de obus, o regionalismo manaxo, preconceitos linguísticos, ainda os termos médicos à volta da COVID-19 e o léxico galego-português
1. Falando de entretenimento mediático, volta-se novamente a atenção para um concurso muito popular da televisão pública em Portugal. Trata-se do Joker, um campeão de audiências, que com aflitiva despreocupação deixa incólumes vários erros de escrita e oralidade. Um caso recente com o vocábulo obus motivou o professor João Nogueira Costa a escrever um apontamento no Pelourinho, para lembrar que esta palavra é aguda (isto é, oxítona) – soa obus –, e não...
A linguagem do racismo, histórias antigas de preconceito e discriminação e o Carnaval contra o assédio sexual no Brasil
1. Era um jogo de futebol, e o desportivismo deveria ser inerente aos gestos e às palavras. Não foi o que aconteceu em 16 de fevereiro de 2020, no jogo entre o o Vitória de Guimarães e o Futebol Clube do Porto, durante o qual o jogador franco-maliano Moussa Marega foi insultado por adeptos da equipa minhota. A deceção pela derrota levou várias pessoas a dar voz a palavras e expressões de ódio, testemunhos verbais de práticas e visões racistas de um passado para não repetir. Fazendo...
Disfemismos, a troca de estar por ter, o relativo «o qual» e Pepetela, vencedor do Prémio Literário do Correntes d'Escritas em 2020
1. Ao contrário dos eufemismos, cujo conteúdo suaviza a alusão a certas realidades – caso de «ir desta para melhor», em vez de morrer –, fala-se de disfemismos quando em discurso se usam palavras e expressões desagradáveis e depreciativas que acentuam e dão vazão a sentimentos de amargura, rancor ou ódio. São bons exemplos as metáforas inspiradas no mundo natural: «seu burro!», «grande camelo!», «este tipo é um cepo». Sobre a criatividade linguística mobilizada e fixada ao...
A etimologia de noite, a palavra ianomâmi e a afirmação da língua portuguesa no mundo
1. De onde vêm as palavras? Que percursos realizaram para chegar até nós com a roupagem que hoje trazem? Dúvidas desta natureza ocorrem muitas vezes aos falantes e algumas delas chegam ao Consultório do Ciberdúvidas. Na nova atualização, ocupamo-nos da etimologia do substantivo noite, que se explica vir de uma forma do latim vulgar. As palavras que se apresentam como novas aos falantes que as pretendem converter à forma escrita são, por vezes, feitas de sons que parecem resistir à grafia....
A vírgula em «ave Maria», a concordância temporal do verbo haver, as expressões relacionadas com a morte assistida e o COVID-19
1. Na atualização do Consultório, a pontuação volta a motivar uma questão, desta feita relacionada com as expressões «ave Maria» e «salve Maria», relativamente às quais se pretende determinar se deveriam ter vírgula antes dos nomes próprios, que têm a função de vocativo, apesar de na tradição religiosa tal não fazer parte dos usos. Uma resposta esclarece que a concordância do verbo haver com sentido temporal com o verbo principal é considerada de regra pela linha mais tradicional de...
