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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Na presente atualização, o consultório do Ciberdúvidas centra a sua atenção em nomes das tradições judaica, islâmica e cristã: o que é a Torá e qual o adjetivo correspondente? Quanto ao Alcorão, diz-se corânico ou alcorânico? E a que se referem os nomes próprios Canaã e Caná? Outros tópicos: que relação terá a palavra caramelo com a cidade portuguesa de Palmela? Como escrever certa interjeição usada para pedir silêncio?

2O nosso idioma dá relevo à história das palavras com um texto de Gonçalo Neves, que traça a etimologia do adjetivo compreensivo para depois comentar a atual interferência semântica do cognato inglês comprehensive. Em Diversidades, também se divulga um trabalho do jornal Globo, onde se retoma o tema das palavras de diferentes línguas que não encontram equivalente nem em inglês nem em português.

3. Na rubrica Acordo Ortográfico, dá-se acesso às audições promovidas na Assembleia da República pelo grupo de trabalho para Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, nas quais várias entidades e personalidades têm dado conta da suas posições públicas sobre esta matéria. Fica ainda disponível mais um texto anti-Acordo Ortográfico de 1990 publicado no Público em 5/4/2017.

4. Uma nota para assinalar o simpósio Futuro Português – O futuro da língua portuguesa na Europa, que se realiza em 8 de abril p. f., na Universidade de Lancaster, no Reino Unido (ver programa aqui). Trata-se de um encontro organizado pelo linguista germano-português Patrick Pereira Rebuschat, que reúne um painel de especialistas, entre eles, João Costa, o atual Secretário de Estado da Educação em Portugal, com o propósito de discutir as perspetivas do português como língua de herança no contexto europeu.

5. Sobre os temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa da presente semana veja-se a informação anterior.

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1.  Na atualização deste dia ficam em linha cinco novas respostas no consultório do Ciberdúvidas: a origem do apelido Picareta, sobre a grafia e pronúncia de afetar, os sons nasais no Norte de Portugal, o uso da crase e as suas regras e, finalmente, a introdução da palavra ioió/ioiô no português.

2.  Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa da presente semana:

• No Língua de Todos de sexta-feira, 7 de abril (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado seguinte, depois do noticiário das 09h00*), a propósito da publicação da sua mais recente obra, Como Escrever (Tudo) em Português Correto, a linguista Sara Leite debruça-se sobre alguns destes tópicos: como organizar e planificar uma composição; o vocabulário recomendável em cada tipo de texto; os erros mais comuns de pontuação e ortografia na comunicação escrita; como expor da melhor forma o que se quer transmitir; e, finalmente, as regras-base de uma carta de apresentação.

• No Páginas de Português de domingo, 9 de abril (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), Maria de Fátima Silva, professora da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, esmiúça o programa e os objetivos do Curso de Atualização para Professores de Português como Língua Estrangeira.

* Hora oficial de Portugal continental.

3. Três registos finais. O primeiro para a notícia de o português ter sido finalmente incluído em exames norte-americanos que atribuem créditos no acesso ao ensino superior nos EUA. O segundo sobre a participação de vários escritores de língua portuguesa na Feira do Livro de Leipzig**, realizada de 23 a 26 de março útlimo. E o terceiro acerca da visita oficial que o primeiro-ministro português António Costa faz neste dia ao Luxemburgo, durante a qual vai ser assinado um memorando de entendimento para manutenção ou reforço do ensino do português nas escolas luxemburguesas.

** Os autores lusófonos convidados para este evento cultural foram os portugueses Patrícia Portela, Dulce Maria Cardoso, Gonçalo M. Tavares, Margarida Vale de Gato, Raquel Nobre Guerra e Miguel Cardoso; o moçambicano Mia Couto e o angolano Kalaf Epalanga.

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1. Retoma-se neste dia o funcionamento regular do Ciberdúvidas, cujas atualizações voltam a fazer-se às segundas, quartas e sextas-feiras, semanalmente. No caso do Consultório – de novo disponível1 –, ficam em linha estas quatro novas respostas: Sobre a utilização do termo cacicado, A origem e o significado da palavra pirralhoO uso de «cerca de», de «perto de» e de «quase» e As alternativas em português dos anglicismos check-in e check-out.

1 Antes do acesso ao consultório, consulte-se previamente o arquivo do Ciberdúvidas, de momento com mais de 40 mil respostas e outros textos, dos mais variados temas da língua portuguesa. Como aqui se recomenda, a pesquisa é fácil e rápida: clicando-se na lupa, no canto superior direito, fica de imediato acessível o campo onde se deve registar então a palavra, expressão, nome do autor ou o título da obra procurados. Não foi encontrado o que se pretende? Então – e só nessa eventualidade, voltamos a pedi-lo –, resta o recurso ao consultório. Responderemos tão brevemente quanto possível.

2. A propósito de anglicismos, tem algum sentido a televisão pública portuguesa usar palavras, expressões e indicações em inglês na sua página oficial na Internet? Obviamente que não – como se pronunciou o seu atual provedor, Jorge Wemans, no programa Voz do Cidadão2, do dia 1 de abril p.p., dando sequência ao reparo de um telespectador: «"Contact Center" porquê? Não estamos em Portugal? Fomos ocupados por anglo-saxões? Ninguém sabe traduzir algo tão simples para "Centro de Contactos"?». Ou, simplesmente, "Contacto", como sugeriu a professora Maria Eugénia Alves, ouvida sobre o uso imoderado de anglicismos nos media portugueses e na RTP em particular3.

2 Ver do minuto 09'45'' ao minuto 10'57''.

3 E, já agora, porquê e-mail, em vez de «correio eletrónico», por exemplo? E porquê a opção pelo inglês até na programação da televisão pública portuguesa (Brainstorm, Chefs Academy Kids, Got Talent Portugal, Magazine RTP Arena eSports, The Voice Portugal, etc., etc.) Cf. Sobre os estrangeirismos.

3. No primado – e no gosto – pelo (bom) uso do português pelos seus falantes assenta o magazine televisivo Cuidado com a Língua!, agora, já, na sua nona série. À volta dos chocalhosPatrimónio Imaterial da Humanidade desde 2015, gira o tema do seu oitavo programa. Gravado no seu cenário ex-libris de Alcáçovas, no Alentejo, passa esta terça-feira, dia 4 de abril, na RTP 1, às 21h00 (hora de Portugal continental).4

4 Com repetição nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na sua página oficial. Outras informações, aqui.

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Como antes anunciado, o consultório do Ciberdúvidas interrompe a sua atividade de 1 de março a 3 de abril, dada a necessidade de o Ciberdúvidas encontrar formas de contornar constrangimentos de vária ordem – sobretudo materiais e humanos –, muito semelhantes aos verificados noutros momentos da sua história de 20 anos. Durante este período, publicaremos o que for considerado relevante, e sempre que a atualidade assim o justificar, a propósito da língua portuguesa e da sua promoção. Disso daremos conta nos Destaques, assim como na nossa página no Facebook. E, como sempre, fica permanentemente acessível o vasto e diversificado arquivo do Ciberdúvidas, bastando para tal a pesquisa do que se pretenda saber. Para assuntos extragramaticais, mantém-se a nossa disponibilidade pelos contactos habituais (indicados aqui).

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1. Na época do Carnaval ou do Entrudo, propomos a leitura do que sobre esta festa de raízes tão remotas existe em arquivo: "Portugal, Alentejo, no Carnaval", "'Enfezar o Carnaval': etimologia", "'Enfezar o Carnaval', mais uma vez", "Entrudo, novamente", "Natal, Carnaval, Páscoa: palavras variáveis", "A palavra confete", "Do Carnaval ao futebol", "O Carnaval e o futebol são o ópio do povo»", "Partidas de Carnaval". Quanto ao ciclo que vem após o tempo de folia, releia-se "Sobre a origem de Quaresma".

Na imagem, capa da revista Ilustração Portuguesa nº 781 (5/2/1921) com ilustração do pintor Tomás Leal da Câmara (1876-1948). Digitalização disponível na Hemeroteca Digital. Note-se como, anos depois da reforma ortográfica de 1911, certas publicações mantinham a grafia mais antiga de algumas palavras (portugueza, hoje portuguesa).

2. O uso da preposições com verbos, adjetivos e locuções – as chamadas regências – torna a ser tema no consultório: diz-se «apaixonado por cinema» ou «apaixonado no cinema»? «De mãos dadas a alguém», ou «de mãos dadas com alguém»? E uma dúvida sobre a palavra pecã (ou noz-pecã): no português de Portugal, pronuncia-se com o e aberto, ou este, por ser átono, segue a regra de redução vocálica ("p'cã")?

3. No Alentejo, o que se quer dizer com a frase «vamos lá enregar»? E para que serve uma almotolia, palavra que nos chegou do árabe? Ou, ainda: o que é a segundeira que se retira de um sobreiro? E os javalis à volta dos montes alentejanos – o tema central do 5.º programa da nova série do magazine Cuidado com a Língua! – «afuçam» o quê... e para quê? Na RTP 1, nesta terça-feira, dia 28/02, às 21h00*. Vide, ainda, o apontamento assinado pelo jornalista Ribeiro Cardoso, na página do Clube de Jornalistas portugueses, neste dia.

* Hora de Portugal Continental. A nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, passa igualmente nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.

4. Constrangimentos de vária ordem – sobretudo materiais e humanos, à semelhança do que já aconteceu noutros momentos da história de 20 anos do Ciberdúvidas – forçam o consultório a uma interrupção a partir de 1 de março, a qual se prolongará até 3 de abril. Durante este período, não deixaremos de  publicar o que for considerado relevante e sempre que a atualidade assim o justificar, a propósito da língua portuguesa e da sua promoção. Disso daremos conta nos Destaques, em baixo. Para assuntos que não digam respeito a dúvidas gramaticais, continuamos disponíveis nos contactos indicados aqui.

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1. Há palavras apenas ou mais usadas em certas épocas do ano, a marcar certos eventos. Por exemplo, em fevereiro, além dos ruidosos festejos do Carnaval, multiplicam-se as notícias sobre a atribuição dos Óscares da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood – em 2017, a cerimónia realiza-se em 26 de fevereiro – e, com elas, ouve-se e lê-se novamente, aqui e ali, o verbo oscarizar e o seu particípio passado, oscarizado, usado adjetivalmente – «o ator oscarizado», «a atriz oscarizada». Será este um uso correto? Sim, porque se trata de um derivado de Óscar, bem formado e com um significado que é compatível com a semântica dos seus constituintes. Diga-se também que oscarizado ainda não generalizou nos dicionários, mas começa a ter aparições: pro exemplo, no Vocabulário Ortográfico do Português. Contam-se, além disso, o derivado oscarizável e o nome comum óscar, «avaliação de uma obra realizada em determinado domínio (arte em geral, ciência etc.) como excepcional e premiável» (Dicionário Houaiss), como conversão do nome próprio Óscar, que corresponde ao inglês Oscar. Por fim, o plural de óscar é óscares, e não "oscars" como às vezes se lê – cf. resposta de João Carreira Bom (28/3/2000) e apontamento de Sara Mourato no Pelourinho (ler mais abaixo).

2. Outro verbo com o sufixo -izar, muito produtivo, mas nem sempre com resultados que inspirem confiança. Por isso, uma pergunta: o verbo empatizar estará bem formado? O seu uso é aceitável? Com perífrases verbais («pode falar»), onde se coloca o pronome pessoal átono? Ou seja, o que é melhor: «pode falar-se», ou «pode-se falar»? Por último, diz-se «estudar português», ou «estudar o português»? As respostas no consultório.

3. No Pelourinho, além da grafia já aportuguesado do nome Óscares, Sara Mourato surpreende uma cedilha intrusa na escrita de uma forma verbal que a dispensa: conhece.

4. Reforça-se a consciência de que o bilinguismo tem enormes vantagens cognitivas, mas para o êxito é necessário o envolvimento afetivo dos falantes. Uma peça do Diário Notícias (24/2/2017) mostra que, como em tudo na vida, a aprendizagem de uma língua estrangeira é também facilitada pela intimidade.

5. Virando a atenção para o que se passa a norte de Portugal, para lá do rio Minho:

– É de assinalar que em 21 de fevereiro p. p. – Dia Internacional da Língua Materna – foi lançado o documentário Porta para o Exterior, que Sabela Fernández e José Ramom Pichel realizaram. É um filme que, por um lado, suscita preocupação pelo futuro do galego, que perde falantes de forma vertiginosa, segundo dados de 2013; por outro, na perspetiva do reintegracionismo, defende uma mudança de atitude, que conceba a língua da Galiza não como uma relíquia medieval mas como uma ponte para o mundo que fala português.

– Registe-se ainda aqui a publicação de Ortografia Galega Moderna – Confluente com o Português no Mundo, uma obra coordenada por Eduardo Maragoto e Joseph Ghanime, na qual «se descreve todos os usos gráficos reintegracionistas» e se propõe «dar resposta às dúvidas ortográficas e morfológicas que a gente da Galiza encontra». Lembramos que o reintegracionismo é uma corrente que na Galiza advoga a convergência do galego com o português em vários níveis, designadamente na ortografia.

6. Em foco nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, a proposta de aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) viu rejeitada pelo parlamento e pelo governo de Portugal. O Língua de Todos de sexta-feira, 24 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 25 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), ouve o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, que critica esta iniciativa unilateral. No Páginas de Português de domingo, 26 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), o presidente da ACL, Artur Anselmo, explica quais as razões da iniciativa e quais as alterações sugeridas, que lhe valeram críticas contundentes dos académicos João Malaca Casteleiro, Rolf Kemmler e Telmo Verdelho

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. No consultório, torna-se ao uso das formas terminadas em nasal na conjugação pronominal: por exemplo, como pronominalizar «leiam este livro»? "Leiam-o"? Igualmente volta o tema da nem sempre fácil da distinção entre prefixos e elementos de composição: no verbo justapor, a forma justa- será o quê? E regressam as questões à volta dos graus dos adjetivos: qual o superlativo absoluto sintético de esguia?

2. Que significa comunicar bem? De que modo contribuem a gramática e o estilo para a credibilidade do discurso oral ou escrito? A professora Sandra Duarte Tavares vai ao encontro destas interrogações numa reflexão publicada na edição digital da revista portuguesa Visão (21/2/2017) e agora também disponível na rubrica O nosso idioma.

3. Impõe o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO) que a locução interrogativa «por que» passe a ter a grafia porque? No Correio, uma breve observação sobre os limites do AO.

4. Olhando para o que se faz em Espanha em matéria de planificação e aconselhamento linguísticos dos media, dá-se conta de um parecer da Fundéu BBVA, que recomenda neste dia a substituição do anglicismo blockchain por cadena de bloques. Trata-se da designação de uma tecnologia que garante a fidedignidade das operações feitas pela Internet, na moeda virtual Bitcoin, consistindo no «registo compartilhado por milhões de computadores conectados onde se inscrevem e arquivam as transações de duas partes de maneira verificável, permanente e anónima sem a necessidade de intermediários» (tradução livre da definição da Fundéu BBVA). E, em português, como achar termo vernáculo equivalente a blockchain? Ainda não parece haver palavra, mas as línguas irmãs podem ajudar: tomando como fontes de inspiração quer a solução espanhola quer a do Office Québecois de la Langue Française, que apresenta «chaîne de blocs» – literalmente «cadeia de blocos» – afigura-se adequado propor «cadeia de blocos».

5. Entre as notícias da atividade literária em língua portuguesa, saliente-se a 18.ª edição do Correntes d'Escritas, que decorre na Póvoa de Varzim até 25 de fevereiro p. f. Mais informação aqui.

6. Nos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, o tema central é a proposta de aperfeiçoamento do Acordo Oortográfico que a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) viu rejeitada pelo parlamento e pelo governo de Portugal:

– No Língua de Todos de sexta-feira, 24 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 25 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), o linguista Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, critica esta iniciativa unilateral.

– No Páginas de Português de domingo, 26 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), o presidente da ACL, Artur Anselmo, explica quais as razões da iniciativa e quais as alterações sugeridas, que lhe valeram críticas contundentes dos académicos João Malaca Casteleiro, Rolf Kemmler e Telmo Verdelho

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Qual é a diferença entre arrear e arriar? E o que dizer dos modismos «estar à condição», «funcionar por defeito» e «realizar que...» que enxameiam o discurso mediático, em Portugal? Sobre o primeiro tema, a professora Maria Regina Rocha escreve um texto que deixamos disponível na rubrica O Nosso Idioma, em resposta a dúvidas geradas pela grafia da locução «arrear (o) cabo», utilizada no 4.º programa da 9.ª série do magazine televisivo Cuidado com a Língua!. Na mesma rubrica fica o artigo saído no jornal Público (16/2/2017), da autoria do professor universitário António Bagão Félix*, criticando o uso dessas expressões três expressões de uso tão inadequado nos meios de comunicação portuguesa.

* Sobre o apelido Félix, que pronuncia como "félis" – ou seja, com s final, e nunca como "félics" – vem a propósito registar um outro tema da atualidade em Portugal, a Operação Fénix. Ora, a palavra fénix deve também ser pronunciada com "s" final (e não com "cs"). Sobre a pronúncia de palavras graves grafadas com -ix final, leiam-se "Félix" e "Fénix".

2. O purismo linguístico tem futuro? O que se entende por língua correta? São questões suscitadas pela leitura do texto que o historiador brasileiro Leandro Karnal publicou em 15/2/2017 no jornal digital Estadão e que se encontra igualmente acessível na rubrica Controvérsias.

3. No consultório, dois tópicos de gramática: retoma-se a construção do grau superlativo relativo e fala-se de regências.

4. Entre os assuntos da atualidade, tem relevo a realização da IV Cimeira Luso-Cabo-Verdiana, na Cidade da Praia, no dia 20 de fevereiro, durante a qual o primeiro-ministro português, António Costa, e o seu homólogo de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, rubricam o Programa Estratégico de Cooperação 2017-2021, que prevê o reforço da intervenção portuguesa na consolidação e melhoria do sistema educativo cabo-verdiano – cabo-verdiano, e não "caboverdiano". Sobre Cabo-Verde, a sua cultura e a sua situação linguística, consultem-se: "Cabo Verde sem tradução", "Cabo Verde lança a sua academia de letras", "Ensino cabo-verdiano adota Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", "A pronúncia de paulense (natural de Paul, Cabo Verde)", "Topónimos começados por Tôp (crioulo, Cabo Verde)", "As línguas crioulas de Cabo Verde e Guiné", "Formação de professores de Língua Portuguesa em Cabo Verde". Veja-se também a seleção de textos de autores cabo-verdianos na Antologia.

5. Como anunciado oportunamente, por razões de programação do primeiro canal da televisão pública portuguesa, com a transmissão da Liga dos Campeões Europeus de futebol no dia 21, a nova série do Cuidado com a Língua! regressa com novos episódios no dia 28 de fevereiro p. f., no mesmo horário, tanto na RTP 1 como na RTP Internacional. Mais informações aqui.

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1. A respeito de João Malaca Casteleiro, um dos membros da delegação portuguesa que elaborou o Acordo Ortográfico de 1990 (AO), escreve-se no jornal digital Observador (13/2/2017): «Passados quase 30 anos, o linguista afirma que nunca pensou que ainda estaria a falar do mesmo assunto. Apesar disso, sente que tem de o fazer para que todos percebam o que estava e está em causa, que nada foi feito ao acaso e que o novo Acordo Ortográfico, tal como é, foi a melhor solução final possível.» São frases introdutórias de uma entrevista conduzida pela jornalista Rita Cipriano, na qual, ainda a propósito da rejeição por parte do parlamento e governo portugueses da proposta da Academia das Ciências de Lisboa (ACL) para aperfeiçoamento do AO, Malaca Casteleiro fala da história recente da ortografia em Portugal e faz duras críticas à atual presidência da ACL. Este trabalho fica disponível também na rubrica Acordo Ortográfico.

2. No seio da CPLP, continua a distinguir-se Angola, que não ratificou o AO. Igualmente na rubrica Acordo Ortográfico, transcreve-se um artigo saído no Jornal de Angola em 14/2/2017, sob o título "É preciso retificar para ratificar", cujo autor, Wa-Zani, faz o historial da posição angolana sobre esta matéria, considerando «relevante o trabalho aprovado em plenário [de 26/1/2017] pela Academia de Ciências de Lisboa», porque «a forma dinâmica e não estática de se encarar a questão do AO90 permite aos académicos e outros membros da sociedade civil abordarem esta problemática de forma abrangente, tolerante e descomplexada, diferentemente de muitos políticos, que fazem da Língua Portuguesa um cavalo de batalha».

3. Continuando com o tema da ortografia em clima de querela, registe-se a organização do cordão humano «Em aCção contra o "acordo ortográfico"» em 16 de fevereiro p. f., em Lisboa, da sede da ACL ao Tribunal Constitucional, evento da iniciativa da médica Madalena Homem Cardoso.

4. Na referência a um biénio, deve escrever-se 2016-2017, ou 2016-17Quem ouve rádio é um radio-ouvinte, ou radiouvinte? E que história tem a palavra chalé? Estas e outras perguntas no consultório.

5. Sobre os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

«No fundo» «fui sempre uma criança que chorava» – confessou Fernando Pessoa, mas tal asserção não basta. Na Fundação Calouste Gulbenkian, de 9 a 11 de fevereiro de 2017, decorreu a 4.ª edição do Congresso Internacional Fernando Pessoa. Mais de 40 estudiosos da obra do autor de Ode Marítima e de Tabacaria apresentaram comunicações inéditas, lançaram questões e responderam a dúvidas do público. No Língua de Todos , transmitido na sexta-feira, 17 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 18 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), Richard Zenith fala sobre o eu em Pessoa e a influência do inglês na obra do poeta, que, tendo vivido a adolescência em Durban (África do Sul), fez a escolarização nessa língua.

– O 4.º Congresso Internacional Fernando Pessoa também está em foco no Páginas de Português de domingo, 19 de fevereiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), numa conversa com o filósofo e escritor José Gil, que explica quem é Pessoa.

* Hora oficial de Portugal continental.

 6. Voltamos com nova atualização na segunda-feira, dia 20 p.f.

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1. Comemora-se nesta data o Dia Mundial da Rádio, instituído pela UNESCO e aprovado em 2013 pela ONU. Coincidindo com o aniversário da Rádio das Nações Unidas, que arrancou em 1946, trata-se de uma iniciativa que este ano tem por objetivo incentivar a maior participação das audiências e comunidades nas políticas e no planeamento da radiodifusão. Sobre o tema da rádio e algumas palavras derivadas consultem-se, no arquivo do Ciberdúvidas, "Pela língua portuguesa na rádio e na televisão", "Pelo bom português na rádio e na televisão públicas", "Radiodespertador vs. rádio-despertador", "Radiocontrolada", "Radiomodelismo", Sobre a flexão de emissor e recetor", "A formação dos termos radiografia e electrocardiograma", "«Todas as músicas que sabe(m) bem ouvir»?", "Radialista", "Radiouvinte" e "Relator, relatador ou narrador?".

 2. Dois outros tópicos da atualidade ao encontro das preocupações com a promoção do nosso idioma:

– As notícias de França dão conta de ter aumentado (pouco) o número de professores contratados para ensinar português nas escolas. Sobre as promessas feitas em 2016, por ocasião da visita do presidente francês François Hollande a Portugal, releia-se "A língua entre o interesse por ela (em França) e o seu desleixo... oficial (em Portugal)"; e acerca dos bons e maus momentos por que tem passado o português em terras gaulesas, consultem-se ainda "Boas notícias para o ensino do português em França" (2012), "Professores de português na França, Suíça, Espanha e Inglaterra – O regresso a casa" (2011), "Ensinar em Português" (2007). Ler também o que se publicou em 2010 no Observatório da Emigração e um artigo de uma grande figura da lusofonia, Solange Parvaux (1933-2007).

– A deslocação a Luanda do ministro português dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, preparatória da visita oficial do primeiro-ministro António Costa à capital angolana, é uma oportunidade para abordar aspetos da política linguística lusófona no contexto da CPLP. No concernente ao português angolano, nesta subárea temática da rubrica O Nosso Idioma, sugerimos a (re)leitura das crónicas de Edno Pimentel designadamente "O susto de Talapaxi", ou de artigos sobre a influência das linguas nacionais. E, a propósito da tragédia ocorrida num estádio de futebol em Uíje, em 11/2/2017, recorde-se o que aqui se disse sobre a grafia deste topónimo – Uíje, com j, e não "Uíge" –, bem como à volta da ortografia da toponímia angolana em geral ou de outros temas.

3. Quando se pensa em como apareceram, os topónimos deixam toda a gente intrigada. Pergunta-se, por exemplo, se Cancelinha, nome de uma rua em Matosinhos, fazia originalmente alusão a uma cancela pequena – talvez não... E sobre Estremoz (distrito de Évora), uma velha dúvida: tem o aberto ou fechado? O consultório dá resposta a estas duas questões e a uma terceira: donde vem o verbo lotar?

4. Ainda a respeito dos aperfeiçoamentos do Acordo Ortográfico (AO) propostos pela Academia de Ciências de Lisboa (ACL) e da sua rejeição pelo parlamento e pelo governo de Portugal, a rubrica Acordo Ortográfico disponibiliza o artigo que três membros da ACL – João Malaca CasteleiroTelmo VerdelhoRolf Kemmler –, publicaram no semanário Expresso em 11/2/2017, para manifestarem total discordância com a mencionada proposta, que, além «vã» e inoportuna», consideram sem «o rigor científico indispensável a um empreendimento académico desta natureza». E perguntam: «Então, andaram os nossos grandes mestres da Filologia e da Linguística, portugueses e brasileiros, a labutar pela defesa da unidade essencial da língua e agora atraiçoamos esse património?». Também nesta mesma edição do Expresso, mas contra o AO, escreveu o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares, com a seguinte tese: «Se a nossa pátria é a língua portuguesa*, o Acordo Ortográfico de 1990 foi uma traição à pátria»**.

* Alusão à célebre frase de Fernando Pessoa «Minha pátria é a língua portuguesa», em texto inserto no "Livro do Desassossego" (Bernardo Soares, ed. de Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1982 vol. I, págs. 16-17). Nele, o poeta manifestava o seu «odio verdadeiro» às principais alterações introduzidas pela pela reforma ortográfica de 1911, a primeira da língua portuguesa: a substituição do y pelo i e a de todos os dígrafos de origem grega por grafemas simples (o th substituído por t, o ph por f, o ch, com valor de [k], substituído por c ou qu, e o rh substituído por r ou rr).

** ligação também incluída no apanhado de reações à iniciativa da Academia das Ciências de Lisboa constantes no documento "Sugestões para o aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", na rubrica em apreço.

5. Por razões de programação do primeiro canal da televisão pública portuguesa, com transmissões da Liga dos Campeões Europeus de futebol nos dias 14 e 21, a nova série do Cuidado com a Língua! faz uma interrupção de duas semanas, voltando a ser transmitido no dia 28 de fevereiro p. f., no mesmo horário, tanto na RTP 1 como na RTP Internacional. Mais informações aqui.