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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No Correio, o consulente Ângelo A. Vaz fala de dois atropelos à língua portuguesa: nas placas dos percursos pedestres, confundem-se as unidades de tempo com as unidades goniométricas (relativas à medição de ângulos); entre os profissionais de rádio e televisão, é urgente melhorar a dicção, porque são frequentes desleixos como "tamém" (= também)  ou "pà" (= «para a»).

2. Como escrever? «Uva passa» ou uva-passa? "Video-arte", ou videoarte? «À vontade» ou à-vontade? As respostas estão no consultório.

3. Sucedem-se em Portugal as reações à decisão do parlamento e do Governo de não aceitarem a revisão unilateral do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (AO) proposta pela Academia das Ciências de Lisboa (ACL) em audição parlamentar realizada em 7/2/2017. À volta deste assunto, a rubrica Acordo Ortográfico tem selecionado várias ligações, para dar conta de como a questão ortográfica absorve a atenção dos Portugueses. Assim, leiam-se Francisco José Viegas (Correio da Manhã, 9/2/2017), que declara sombriamente ter-se o AO «estabelecido em terra queimada»; Joana Petiz (Diário de Notícias, 9/2/2017), que se resigna a ver o AO como um facto consumado entre a população mais jovem; ou o blogue Acordo Ortográfico: O que mudou?, onde se publicou em 30/1/2017 o texto intitulado "Propostas da Academia de Ciências para o AO90: a montanha pariu um musaranho!". Igualmente se dá acesso a outros documentos, como um manifesto em que Ana Salgado, coordenadora dos trabalhos para a nova edição do dicionário da ACL, clarifica a sua posição sobre o AO; e a dura crítica que Rolf Kemmler, sócio correspondente estrangeiro da ACL, dirige aos proponentes da revisão. Finalmente, a mesma rubrica disponibiliza o artigo "Não ao Acordo Heterográfico", que o jornalista Henrique Monteiro publicou no semanário Expresso em 9/2/2017 e do qual se transcreve a seguinte passagem: «É [...] racionalmente inexplicável uma polémica tão antiga a respeito de algo que – ao contrário do que nos querem impingir – nada tem a ver com pureza da língua ou com as confusões de palavras. Quem estudou um pouco de linguística sabe que as palavras são sempre entendidas no contexto de frases e não isoladamente – tanto faladas como escritas. Por isso canto (verbo cantar), canto (da sala) ou canto (no futebol) podem ser escritas da mesma maneira e sempre entendidas consoante o contexto.»

4. Da Galiza chegam notícias sobre a apresentação em 1/2/2017 do livro As Irmandades da Fala, cen anos despois, com o qual o grupo de Investigação Linguística e Literária Galega da Universidade da Corunha marcou a comemoração do centenário daquele movimento, fundado em 1916 na Corunha e que tinha, entre os seus objetivos, uma aproximação ao mundo de língua portuguesa1. Refletindo sobre o que ficou do impulso dado pelas Irmandades da Fala à promoção do galego, a coordenadora do volume, Carme Fernández Pérez-Sanjulián não escondeu certo pessimismo: «Debemos preguntarnos se se acadou a plena normalización da lingua na nosa terra.»

1 Em 16 de fevereiro de 2016, também o Ciberdúvidas se juntou de algum modo a estas comemorações, ao organizar com a Universidade Sénior de Almada uma palestra proferida pelo investigador e crítico literário galego Isaac Lourido (Prémio Carvalho Calero de Ensaio em 2014), com o título "Cem anos de cultura galega moderna: das Irmandades da Fala ao Ano Castelao". Na imagem, o primeiro número (16/12/1916) do boletim A Nosa Terra, porta-voz das Irmandades da Fala.

5. Os programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa centram a sua atenção no lançamento da plataforma de ensino a distância Português mais Perto, projeto resultante da colaboração editorial entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Porto Editora. Sobre esta iniciativa, o Língua de Todos de sexta-feira, 10 de fevereiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 11 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00**), entrevista Vasco Fernandes Teixeira, administrador da Porto Editora, explica quais serão os utilizadores da nova plataforma, a que aqui já se deu relevo. Também o Páginas de Português de domingo, 12 de janeiro (na Antena 2, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, às 15h30**), foca a apresentação desta plataforma numa conversa com o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.

* Lembramos a atividade desenvolvida pela Ciberescola da Língua Portuguesa e pelos Cibercursos da Língua Portuguesa no âmbito do ensino a distância e da aprendizagem do português, conforme realça a abertura de 6/2/2017.

** Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No parlamento de Portugal, em audição convocada em 7/2/2016, os deputados da Comissão Parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto rejeitaram as Sugestões para Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovadas pela Academia das Ciências de Lisboa em 26/1/2017, por considerarem que uma revisão ortográfica no contexto do português europeu só é negociável em sede própria, ou seja, no Instituto Internacional da Língua Portuguesa (ler notícia no jornal Expresso e num apontamento de 7/2/2017 no Telejornal da RTP 1, aos 50' 49''). Também o ministro do Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, reforçou que se deve «[...] aguardar serenamente que o processo de ratificação seja concluído para que o acordo possa entrar em vigor em todos os países que o assinaram e o aprovaram», visto que se trata de «um acordo internacional que obriga o Estado português» (ler peça da agência Lusa, no jornal Público). Recorde-se que um dos argumentos dos opositores ao AO é o de este ainda não ter sido ratificado por todos os países da CPLP, designadamente, Angola e Moçambique. Se é verdade que, no caso angolano, não se vislumbram iniciativas para aplicar o AO, deve assinalar-se que, em Moçambique, já se dispõe de um vocabulário ortográfico nacional conforme o normativo em causa e o conselho de ministros aprovou a sua ratificação há bastante tempo, em 2012, mas falta ao parlamento moçambicano concluir o processo. Na rubrica especificamente destinada a este tema do Acordo Ortográfico – e tendo sempre  em conta as suas diferentes vertentes (informação factual, polémica, anti e pró, e sugestões e propostas concretas para o seu aperfeiçoamento, entre outras mais três subáreas) – fica um apanhado destes e de outros textos publicados entretanto sobre o assunto.

2. Para quem lê e escreve, como saber ao certo o que ou não é um plágio? A rubrica O nosso idioma apresenta uma reflexão de D'Silvas Filho sobre este problema, que motiva acusações frequentes, umas fundamentadas, outras precipitadas e injustas.

3. Às canções da música urbana portuguesa, que conjugam a linguagem popular com os estilos musicais de origem americana e os seus anglicismos – hip-hop, é um caso –, também se exige correção gramatical? Por exemplo, no verso «e a nossa filha já vai ter um mano ou mana», não se terá o rapper* esquecido da palavra uma? O consultório dá um parecer sobre este tópico, relacionado com a variação por registos. Desta atualização, fazem parte duas outras perguntas: aceita-se o uso da locução «toda a sorte de»? E diz-se «obrigados a cantar», ou «obrigados a cantarem»?

* Um rapper é um cantor/músico/praticante de rap, anglicismo que designa um «género de música popular, urbana, que consiste numa declamação rápida e ritmada de um texto, com alturas aproximadas» (Dicionário Houaiss). (cf. idem). Poderia pensar-se em aportuguesamentos para hip-hop, rap ou rapper, mas estes modismos ingleses são autênticos símbolos identitários nos meios da música popular urbana de Portugal e de outros países não anglófonos, de tal maneira que, por enquanto, pode parecer descabido propor-se uma adaptação a padrões vernáculos. 

4. Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– Uma plataforma de ensino a distância – Português mais Perto – acaba de ser apresentada no auditório do Instituto Camões*, neste fevereiro friorento, em Lisboa, contando com a presença do ministro luso dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva e do secretário de Estado das Comunidades portuguesas, José Luís Carneiro. O projeto resulta da colaboração editorial entre o Camões – Instituto da Cooperação e da Língua e a Porto Editora e tem como público-alvo as crianças e jovens que iniciaram o percurso educativo em Portugal e, agora, em virtude da emigração temporária dos seus pais, se encontram a residir no estrangeiro, tendo no seu horizonte voltar ao sistema escolar português; mas também para as crianças e jovens de origem portuguesa escolarizados no estrangeiro, para os quais foi criada a oferta de Português Língua de Herança. No Língua de Todos de sexta-feira, 10 de fevereiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 11 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00**), Vasco Fernandes Teixeira, administrador da Porto Editora, explica quais serão os utilizadores da nova plataforma, a que aqui já se deu relevo.

– Ainda respeito do mesmo tema, o Páginas de Português de domingo, 12 de janeiro (na Antena 2, às 12h30**, com repetição no sábado seguinte, às 15h30**), conversou com secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro.

* Lembramos a atividade desenvolvida pela Ciberescola da Língua Portuguesa e pelos Cibercursos da Língua Portuguesa no âmbito do ensino a distância e da aprendizagem do português, conforme realça a abertura de 6/2/2017.

** Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Constantes já de vários esclarecimentos anteriores no Ciberdúvidas são a prolação da palavra acordo, no plural, e o erro da "precaridade", em vez de precariedade. Voltamos a eles no contexto das negociações da concertação social, em Portugal e do que se voltou a ouvir em declarações públicas relacionadas com este tema. Foi o caso da entrevista dada em 5/2/2017 ao programa Conversa Capital (Antena 1) pelo líder da CGTP, Arménio Carlos, que, como já parece seu hábito, não evitou dois velhos tropeções: "precaridade" e "acórdos" (aos 6' 18'' e 6' 48'' do registo áudio). Repita-se – as vezes necessárias – que o substantivo derivado de precário é precariedade, com um e entre as sílabas -ri- e -da- desta palavra; que o plural de acordo tem o fechado ("acôrdos"); e que, havendo dúvidas, estão sempre disponíveis para consulta as perguntas e os artigos do vasto arquivo do Ciberdúvidas, por exemplo, aqui e aqui.

2. Na atualização deste dia do Ciberdúvidas entraram entretanto três novas respostas, no consultório: haverá equivalente português para o anglicismo stand-up comedy? O advérbio de lugar atrás pode ter valor temporal? E como é que se conjuga pronominalmente levares em «é melhor levares a caixa»?

3. A lufa-lufa dos rebocadores e de quem neles trabalha na barra do Tejo é o cenário do 4.º programa da nova série do magazine Cuidado com a Língua!, transmitido pela RTP 1 nesta terça-feira, 7 de fevereiro, depois das 21h001. Com as expressões, ditos, curiosidades, mas também com algumas das confusões mais recorrentes desta linguagem náutica. Por exemplo: porquê bombordo e porquê estibordo? E «andar à frente» e «andar à ré»? E a diferença entre barco, barca, iate e cruzeiro? E a frase «deixar barco e redes», o que significa? E «arrear cabo»? Finalmente: o que se quer dizer, em São Tomé e Príncipe, com o provérbio «o mar enche e vaza»?

1 Hora de Portugal Continental. A nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, passa igualmente nos canais internacionais da RTP (ver aqui), ficando também disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.

4. Nesta terça-feira realizar-se-á também o lançamento, em Lisboa, da plataforma de ensino a distância Português mais Perto, resultante de uma parceria entre o Instituto Camões e a Porto Editora, visando apoiar a competência linguística de jovens de famílias falantes de português radicadas em países não lusófonos. É de lembrar que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa igualmente intervém na área do ensino a distância em Portugal, por intermédio das plataformas Ciberescola da Língua Portuguesa e Cibercursos, as quais contam já com anos de experiência na preparação e realização de aulas bem como na produção de recursos destinados à disciplina de Português em diferentes modalidades – língua materna (PLM), língua não materna (PLNM), língua de herança, ou língua estrangeira (PLE). Importa ainda realçar que a atividade da Ciberescola abrange, entre outros, o Projeto de Cursos de PLNM a Distância da Ciberescola, que funciona em regime de aprendizagem mista (blended learning) e consiste num processo de cooperação institucional e educativa da Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa/Ciberescola, da Direção-Geral de Educação (Ministério da Educação) e de agrupamentos e escolas não agrupadas da rede pública de ensino.

5. De Angola, chegam ecos da questão à volta do português usado nas escolas, na administração, nas empresas ou na comunicação mediática deste país. Um texto do escritor e jornalista angolano José Luís Mendonça, disponível no blogue da Associação Internacional dos Colóquios da Lusofonia (AICL) – e que fica também na rubrica O Nosso Idioma, na área temática O português em Angola –, apresenta um quadro preocupante, a pedir uma intervenção exigente do Estado e de outras entidades responsáveis, conforme sublinha o autor num parágrafo: «A versão popular, que eu chamo de portungolano, pode ser usada na rua, nos corredores da escola, no seio da família e no discurso literário, mas, na sala de aula, na burocracia do Estado e das empresas privadas e no noticiário da TPA [Televisão Pública de Angola] é o português oficial que deve servir de veículo da comunicação. Sem concessões de espécie alguma. O resto são balelas para adormecer incautos e para alguns licenciados se vangloriarem com teses mal concebidas.»

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Querendo proferir palavras menos habituais, como coevo («da mesma época») ou longevo («com longa vida»), há sempre hesitação. É que, com estas palavras graves, não se consegue saber apenas pela leitura se a vogal e do elemento -evo tem timbre aberto ou fechado, o que obriga a conhecer a sua pronúncia pelo exemplo de quem domina a língua culta ou por uma transcrição fonética, recurso ainda pouco generalizado entre os falantes de português. Um caso destes leva o consultório a responder à seguinte pergunta: como pronunciar primevo? Continuando com o tema da relação fonia-grafia, alguém se interroga sobre o vocábulo espírita, «adepto do espiritismo»: poderá este deixar de ser esdrúxulo e perder o acento gráfico? Passando à sintaxe, para (com os dois aa fechados) é sempre uma preposição, ou também ocorre como conjunção? Finalmente, já que, ao mencionar espiritismo, se alude a espíritos e à vida imaterial, uma dúvida: existe algum verbo derivado de fantasma?

2. Na rubrica Acordo Ortográfico, ficou disponível o texto da palestra que o filólogo e linguista alemão Rolf Kemmler, investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, proferiu em 12/01/2017 na sua tomada de posse como Sócio Correspondente Estrangeiro da Academia das Ciências de Lisboa (ACL). Intitulado O papel da ACL no estabelecimento de uma ortografia simplificada e unificada para a lusofonia: perspetiva histórica e responsabilidade atual, este trabalho avalia o contributo da ACL para a definição e fixação da ortografia do português, desde que foi fundada, nos finais do século XVIII, até à atualidade, no preciso momento em que, como já aqui se assinalou, esta instituição publicou uma proposta de alteração do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Observa Kemmler, entre outras considerações: «Como 'órgão consultivo do Governo português em matéria linguística' desde 1978, é por incumbência da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1943 que a Academia das Ciências de Lisboa deve destacar-se por uma atitude científica em matéria ortográfica, carateri­zada pela serenidade e pela sobriedade. No que respeita à questão secular da ortografia simplificada e unificada, infelizmente, tal nem sempre se tem verificado.»

3. Quanto aos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa, assinale-se que o tema central do Língua de Todos de sexta-feira, 3 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 4 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), são os crioulos, numa conversa com a professora Dulce Pereira. O Páginas de Português de domingo, 5 de janeiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*) entrevista o presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, sobre a iniciativa Escritores no Palácio de Belém, bem como acerca do Acordo Ortográfico, – depois das propostas de alteração elaboradas pela Academia das Ciências de Lisboa – e da promoção global da língua portuguesa.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No consultório, pergunta-se se o verbo mandar pode fazer parte de uma construção passiva: será correto dizer «o restaurante foi mandado construir pela presidente da câmara»? Ao encomendar uma piza, pedimos «com muita mozarela» ou «com muito mozarela»? E pede-se para cortar «ao meio» ou «a meio»?

2. Alhadas são «problemas», mas igual forma corresponde ao nome de um lugar, que a jornalista Joana Marques Alves recolheu para uma lista de topónimos equívocos publicada sob o título "Outras terras com nomes peculiares em Portugal" no jornal i em 31/01/2017, dando continuação a um trabalho saído no mesmo periódico em 25/01/2017. Ambos os textos se encontram disponíveis em O nosso idioma.

3. Na Montra de Livros, apresenta-se A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa (Lisboa, Guerra e Paz, 2017), um novo livro do tradutor e professor universitário Marco Neves, que retoma uma interpretação do passado e do presente do português fora dos esquemas convencionais. Registe-se aqui um dos parágrafos da obra (pág. 19): «Para podermos saber as histórias das pessoas que falaram português e o que sentiam ao falar, temos de imaginar muito. Muito mesmo. Por isso, convido-vos a imaginar algumas das histórias de quem falou a nossa língua ao longo dos séculos. São histórias de quem viveu, trabalhou e amou nesta peculiar maneira de falar que é a língua portuguesa.»

4. Temas dos programas produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– Como surgem as línguas crioulas? Estarão os crioulos fadados ao esquecimento? Vão desaparecer? Em Cabo Verde, o crioulo tem o estatuto de língua oficial, a par do português e é o idioma materno, nas suas pequenas variantes, da maioria da população do arquipélago. Mas que definição é essa, a dos crioulos? O Língua de Todos, como sempre, transmitido na sexta-feira, 3 de fevereiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 4 de fevereiro, depois do noticiário das 9h00*), conversa com a professora Dulce Pereira.

– Uma iniciativa inédita, a do presidente da República de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa: depois da mini-Feira do Livro de finais de 2016, o convite a escritores e ao público, jovem ou não, para entre si conversarem no Palácio de Belém. A Leitura e os livros, com Marcelo a participar, em Escritores no Palácio de Belém. O Páginas de Português de domingo, 5 de janeiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*) falou com o presidente da República: acerca do reacender da polémica em torno do Acordo Ortográfico, depois das propostas de alteração elaboradas pela Academia das Ciências de Lisboa, e sobre a promoção global da língua portuguesa.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O que será um revesilho? Que quer dizer «revolução cultural»? A locução «no final» é uma maneira incorreta de dizer o mesmo que «no fim»? As respostas no consultório.

2. «Os olhos também comem», «comer com os olhos», «guarda que comer, não guardes que fazer», «do prato à boca se perde a sopa.» – são alguns dos provérbios e ditos populares ligados à arte de bem cozinhar e... melhor comer. A que aludem eles, de facto? E qual é a origem da expressão «apertar o bacalhau»? E o que distingue o tradicional cozinheiro do chefe de cozinha, pomposamente agora chamado chef, escrito à francesa? E a diferença entre culinária, dietética e gastronomia? Tudo muito bem condimentado e na dose certa é o que se pode apreciar no terceiro programa da nova série do magazine Cuidado Com a Língua!, transmitido pela RTP 1 nesta terça-feira, 31 de janeiro, depois das 21h001. Com a apresentação do ator Diogo Infante e a locução da jornalista Maria Flor Pedroso, aqui fica uma rápida antevisão deste programa:

1 Hora de Portugal Continental. A nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, fica igualmente disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.

3. Como já foi aqui assinalado, a Academia das Ciências de Lisboa (ACL) aprovou em 26/1/2017 as suas propostas de alterações ao Acordo Ortográfico de 1990 (AO), anunciadas já em 23/11/2016, para o adequar melhor à variedade do português de Portugal2. O documento aprovado – Sugestões para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa2 –, já suscitou diferentes reações críticas no meio da polémica à volta da questão ortográfica. Disso se dá conta na rubrica Acordo Ortográfico (subárea Critérios a rever – propostas e sugestões), com um apanhado dos principais artigos e notícias que nos últimos dias fizeram eco deste assunto. É o caso de um texto publicado no Jornal de Notícias de 29/01/2017, no qual a autora, a professora Lúcia Vaz Pedro, considera que esta proposta «introduziu novos aspetos que contrariam os objetivos iniciais: reduzir ao mínimo possível as diferenças existentes [entre os países signatários do AO]». Outro registo que aí fica é a estranheza manifestada por José Mário Costa, em declarações prestadas à agência Lusa, quanto a esta «iniciativa unilateral» da Academia portuguesa, em contraciclo ao histórico relacionamento com a Academia Brasileira de Letras – ambas responsáveis pela negociação e concretização deste Acordo Ortográfico3, subscrito em 16 de dezembro de 1990 pelos representantes de sete países lusófonos (mais tarde, oito, com Timor-Leste) – e ao próprio envolvimento do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, no seu estatuto e competências de entidade supranacional, em matéria da língua oficial comum dos Estados-membros da CPLP4.

2 Em comunicado, a ACL apresenta esta revisão como «um contributo que resulta de aturada reflexão em torno da aplicação da nova ortografia e sobre algumas particularidades e subtilezas da língua portuguesa que não podem ser ignoradas em resultado de um excesso de simplificação». Para a ACL, «[a]perfeiçoar o Acordo Ortográfico não significa rejeitar a nova ortografia, mas antes aprimorar as novas regras ortográficas e retocar determinados pontos para fixar a nomenclatura do Vocabulário e do Dicionário da Academia.» Resta saber como conta a ACL pôr em marcha a revisão que propõe no quadro do conjunto dos países de língua portuguesa, quando é sabido que, no âmbito do Instituto Internacional da Língua Portuguesa, há muito trabalho feito, como evidenciam o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) e os vocabulários nacionais (VON) já elaborados e disponíveis em linha (ver apresentação do VOC, sobre o papel dos VON). A respeito de tudo isto, a ACL tem parecer desfavorável e não podia ser mais perentória nas referidas Sugestões: «6.º Apesar de o Vocabulário Ortográfico Comum (VOC), sob a coordenação do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), se encontrar disponível em linha (http://voc.cplp.org/), até ao momento não há conhecimento dos critérios seguidos pelas equipas responsáveis, nem um histórico das alterações que hajam eventualmente ocorrido, e não existe uma publicação em suporte físico. Além do mais, o VOC apresenta versões específicas para cada país, o que contraria o espírito e o propósito de unificação ortográfica do texto legal. De facto, o Preâmbulo do AO90 previa a elaboração taxativa de um vocabulário, não de vários, que reunisse as grafias comuns.» Esta posição levanta, portanto, várias interrogações e gera perplexidade quanto ao futuro da aplicação coordenada do AO no mundo de língua portuguesa.

3 Sobre esta bem antiga cooperação ativa entre as duas academias, a portuguesa e a brasileira, conducentes à concretização do Acordo Ortográfico de 1980, leia-se o texto "O papel da Academia das Ciências de Lisboa no estabelecimento de uma ortografia simplificada para lusofonia (perspetiva histórica e realidade atual", da autoria do professor universítário Rolf Kemmler (Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro)– correspondente à palestra proferida por ocasião da sua tomada de posse como Sócio Correspondente Estrangeiro da ACL, na sessão da Classe de Letras do dia 12 de janeiro de 2017.

4 As competências na gestão da língua oficial dos oito países integrantes na CPLP, numa perspetiva multilateral e pluricêntrica, descrevem-se aqui. E os seus diversos projetos e trabalhos, concretizados ou ainda em curso – desde o Vocabulário Ortográficio Comum da Língua Portuguesa aos vários vocabulários nacionais –, assentam precisamente nas novas regras da reforma ortográfica de 1990 (e, para tal, com critérios comuns na sua aplicação, conforme decisão no ponto 4 do comunicado finala da XI Reunião do Conselho Científico do IILP, realizada na cidade da Praia, em maio de 2016).

4. Relevo ainda neste dia para o lançamento de Cantigas medievais galego-portuguesas: corpus integral profano, pelas 18h00, no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa. Com coordenação da professora Graça Videira Lopes (Universidade Nova de Lisboa), esta coedição da BNP, do Instituto de Estudos Medievais (IEM) e do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM) tem apresentação de Xosé Ramón Pena, professor catedrático na Universidade de Vigo e especialista em língua e literatura galega. Observe-se que uma versão eletrónica desta obra se encontra em linha desde 2011 na página Cantigas Medievais Galego-Portuguesas.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Depois de ter assinado a retirada dos Estados Unidos do Acordo Transpacífico de Comércio Livre, o novo presidente Donald Trump prepara a renegociação do tratado comercial entre os EUA, o Canadá e o México, ao qual noticiários se referem pela sigla NAFTA, sobretudo usada como acrónimo, isto é, lida como se fosse a palavra nafta. Esta é uma abreviação do inglês North American Free Trade Agreement, o mesmo que Acordo de Comércio Livre da América do Norte, conforme tradução da Infopédia (Porto Editora). Convertendo a expressão portuguesa em sigla, obtém-se ACLAN, que também pode comportar-se como acrónimo ("aclã")*. E se os noticiários em português deixassem de difundir formas inglesas e passassem a empregar esta e outras siglas em português? Lembre-se, por exemplo, o caso de OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), ainda à espera de finalmente substituir o inglês NATO (North Atlantic Treaty Organization) nas notícias publicadas em Portugal.

* Para o espanhol, a Fundéu BBVA já recomendou o uso da sigla espanhola correspondente: TLCAN. Em português, ocorre expressão semelhante – Tratado Norte-Americano de Livre Comércio –, cuja sigla seria "TNALC". A solução da Porto Editora pode ter vantagem, por a sigla correspondente, ACLAN, parecer mais fácil de pronunciar como acrónimo.

2. Aboim das Choças, Anais, Ancas, Cabeça Gorda, Carne Assada, Minhocal, Mioma, Nariz, Picha, Sarilhos Pequenos, Vale de Azares são alguns dos casos de toponímia insólita que pontuam o mapa de Portugal, do Minho ao Algarve, autênticos ex-líbris «que não lembram ao diabo» – como se descreve num trabalho da jornalista Joana Marques Alves, publicado no diário português i de 25/01/2017, que se disponibiliza na rubrica O nosso idioma, com devida vénia.

3. No consultório, comentam-se o a aberto átono de camião, o diminutivo colherinha e a grafia de hipereloquente. Outra dúvida, ainda: o significa cantera em futebolês?

4. Na rubrica Acordo Ortográfico (em espaço próprio relacionado com os contributos colocados na subárea Critérios a rever – propostas e soluções), o consultor D'Silvas Filho apresenta considerações críticas sobre o atual Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), elaborado no âmbito do Instituto Internacional da Língua Portuguesa.

5. Na mesma rubrica – e na subárea correspondente – deixamos assinalada a petição do movimento Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990 e os argumentos de um dos seus subscritores, o realizador António-Pedro Vasconcelos, na RTP Notícias, no sentido da desvinculação de Portugal da norma ortográfica em vigor oficialmente no país desde 2009. 

6. Entretanto, a Academia das Ciências de Lisboa aprovou as suas propostas de alterações ao Acordo Ortográfico de 1990 que anunciara já em 23/11/2016, com vista a adequá-lo melhor à variedade do português de Portugal**. Ao documento aprovado – Sugestões para o Aperfeiçoamento do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa** –, será dado o devido realce numa próxima atualização.

** No comunicado divulgado, a Academia das Ciências de Lisboa sublinha que se trata de «um contributo que resulta de aturada reflexão em torno da aplicação da nova ortografia e sobre algumas seis particularidades e subtilezas da língua portuguesa que não podem ser ignoradas em resultado de um excesso de simplificação. E nele esclarece o que entende por ‘aperfeiçoamento’: «Aperfeiçoar o Acordo Ortográfico não significa rejeitar a nova ortografia, mas antes aprimorar as novas regras ortográficas e retocar determinados pontos para fixar a nomenclatura do Vocabulário e do Dicionário da Academia.» 

7. Temas dos programas desta semana produzidos pelo Ciberdúvidas para a rádio pública portuguesa:

– Que problemas se colocam a nível linguístico-comunicativo em contextos escolares reais africanos? Como se pode ensinar o português língua não materna? O Língua de Todos de sexta-feira, 27 de janeiro (às 13h15***, na RDP África, com repetição no sábado, 28 de janeiro, depois do noticiário das 9h00***), conversa com a Professora Helena Ançã, especialista no ensino do português como segunda língua, em contexto africano.

– O Glossário da Poesia Medieval Galaico-Portuguesa (GLOSSA) constitui o primeiro repertório lexical dicionarizado, contextualizado e exaustivo do corpus da lírica profana galego-portuguesa: cantigas de amor, cantigas de amigo e cantigas de escárnio e de maldizer, para além de alguns textos de outros géneros com uma menor representação. A primeira versão completa do glossário está acessível no sítio do projeto, que nasce no seio do Grupo de Investigación Lingüística e Literária (ILLA) da Universidade da Corunha. O Páginas de Português de domingo, 29 de janeiro (na Antena 2, às 12h30***, com repetição no sábado seguinte, às 15h30***), entrevista Manuel Ferreiro Fernández, investigador principal do GLOSSA e seu orientador.

*** Hora oficial de Portugal continental.

8. Ainda a propósito de poesia lírica profana galego-portuguesa, assinale-se o lançamento de Cantigas medievais galego-portuguesas: corpus integral profano, no dia 30 de janeiro p. f., pelas 18h00, no auditório da Biblioteca Nacional de Portugal (BNP), em Lisboa. Com coordenação da professora Graça Videira Lopes (Universidade Nova de Lisboa), trata-se de uma coedição da BNP, do Instituto de Estudos Medievais (IEM) e do Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (CESEM), cuja apresentação é feita pelo professor Xosé Ramón Pena, especialista em língua e literatura galega. Recorde-se que a versão eletrónica desta obra se encontra em linha desde 2011 na página Cantigas Medievais Galego-Portuguesas.

9. A próxima atualização do Ciberdúvidas fica marcada para 30 de janeiro p. f.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. «Nenhuma vacina é 100% efetiva» – leu-se na legenda ao lado* com certa estranheza ou pronta rejeição nas redes sociais desse dia, pois esperar-se-ia da vacina que fosse eficaz, e não "efetiva". Uma pesquisa eletrónica depressa facultou algumas «vacinas efetivas» em artigos científicos, e instalou-se a dúvida: não se trataria de interferência semântica do inglês effective, de configuração tão semelhante a efetivo, mas equivalente a eficaz? Na verdade, o dicionário Aurélio XXI, apesar de aplicar efetivo ao que se diz de alguma coisa «que se manifesta por um efeito real, positivo», não apresenta este adjetivo como sinónimo de eficaz. Outras fontes, entre elas, o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (2001) ou o dicionário de Artur Bivar (1948), registam efetivo no sentido de «que produz efeito» – afinal, o significado básico de eficaz. E em dicionários mais recentes, quer de Portugal, quer do Brasil, subentende-se ou chega a explicitar-se decididamente que efetivo pode, afinal, ser usado como sinónimo de eficaz. Que fazer? Aceitar efetivo, quando queremos dizer «eficaz»? Não ignorando o registo dicionarístico da sua sinonímia com eficaz, o aumento da frequência de efetivo afigura-se-nos por vezes transposição preguiçosa do inglês effective. Para evitar esta e outras confusões induzidas pelos falsos amigos do inglês, sempre empobrecedoras, reserve-se efetivo sobretudo para qualificar algo que existe concretamente («foram tomadas medidas efetivas», ou seja, «reais, concretas»), ou que é permanente («conseguiu um lugar efetivo»), e deixe-se eficaz produzir efetivamente (=«realmente») «vacinas eficazes». Sobre casos inequívocos e mais clamorosos de anglicismos semanticamente traiçoeiros, leiam-se, por exemplo: "O recorrente erro do realizar (por perceber)",  "'Falso amigos': frase e o inglês phrase", "Do transpacífico aos 'falsos amigos' do inglês", ou "A praga dos vocábulos estrangeiros que não sabemos usar. Está Portugal perdido na tradução?".

* in Bom dia, Portugal, RTP 1, 28 de janeiro p.p.

2. No consultório, três respostas sobre a sempre problemática mesóclise («absolver-me-á», «absolver-me-ia»), a expressão «boas práticas» e o adjetivo «azul e branco».

3. O tema do bom e do mau tempo... também no português que falamos e escrevemos é o que trata o segundo programa da nova série do magazine Cuidado Com a Língua!, que a RTP 1 emite nesta terça-feira, dia 24, depois das 21h00**. Por exemplo: qual é a diferença entre chuva, nevegranizo e saraiva? E entre tufão e furacão? E o que é, na verdade, um aguaceiro? E qual é a palavra que designa o aparelho que mede o vento? E, em Angola, o que quer dizer «chuva de caju»? Finalmente: porque é errada a frase «condições climatéricas»?

** Hora de Portugal Continental. Esta nova série do Cuidado com a Língua!, como qualquer das anteriores oito, fica igualmente disponível na página oficial da RTP. Outras informações, aqui.

4. Se durante muito tempo se pensou que o liberalismo era uma das dimensões inerentes à democracia, hoje vive-se uma situação absurda: como é possível falar de «democracia iliberal»? Uma tentativa de resposta acha-se no artigo intitulado "Há uma nova linguagem política quando falamos de democracia?", que a jornalista Teresa de Sousa assinou no jornal Público, em 22/1/2017. É uma reflexão em torno de vocábulos como democracia, nacionalismo, xenofobia e racismo, cujo uso e significado dão sinais de preocupante mutação.

5. Finalmente, na rubrica Acordo Ortográfico fica disponível um artigo saído no jornal Observador em 22/1/2017 e a que o seu autor, Carlos Maria Bobone, deu o título "História dos acordos e desacordos ortográficos", lançando o desafio sereno de pôr a ortografia do português em perspetiva, para identificar os sucessivos enquadramentos culturais em que se foi inscrevendo.

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1. No dia da tomada de posse de Donald Trump como 45.º presidente dos Estados Unidos da América, justifica-se retomar perguntas e artigos que incidam quer no tema específico da campanha eleitoral que culminou com a vitória do multimilionário, quer em tópicos de alguma maneira relacionados com o país em apreço e com o impacto que ele tem na política mundial. Sugere-se, portanto, a leitura de "Dos tempos de Obama ao de Trump", "Suspense, palavra marcante nas eleições dos EUA", "Estado Unidos: plural, ou singular?", "Os estados Unidos são um país", "Sigla EUA", "Tradução dos nomes das regiões dos Estados-Unidos", "Gentílicos de cidades dos Estados Unidos da América", "Estado-unidense, estadounidense, norte-americano", "Norte-americano" ou "americano"?, "'Eleito como' e 'considerado'". Torne-se também ao registo dos vários neologismos e palavras recorrentes que rechearam as notícias sobre a ruidosa ascensão de Trump: por um lado, trumpismo, trumpista, pró-Trump, anti-Trump, trumpadaTrumpamérica, trumpescotrumpificação, trumpestade; por outro, racismoxenofobia, misoginia, homofobia, populismo, arrogância, ou megalomania. E, para não esquecer como se usam e abreviam os numerais ordinais, recorde-se ainda que 45.º é a representação numérica de «quadragésimo quinto», a qual, como abreviação que é, se escreve com ponto abreviativo e, depois deste, com -o final de quinto em expoente (ler "O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?").

* Posteriores derivações, entretanto, do antropónimo do novo Presidente dos EUA: Como trurmpificar um pais. Ainda a respeito do discurso mediático decorrente da tomada de posse de Donald Trump, concretamente para o castelhano, vide a recomendação,da  Fundación para el Español Urgente (Fundéu BBVA), com data de 19/1/2017.

2. Na rubrica Acordo Ortográfico, fica disponível um texto do jornalista Nuno Pacheco saído no Público de 19/1/2017, a propósito do anúncio dos aperfeiçoamentos que a Academia das Ciências de Lisboa tenciona introduzir na aplicação do Acordo Ortográfico de 1990 (AO) em Portugal. Uma curta citação: «Que volte tudo à mesa, para que, "remendando" o AO ou deitando-o fora, não haja mais escolhas impensadas, baseadas em panaceias há muito desmentidas».

3. No consultório, quatro perguntas: a palavra odre tem o fechado ou aberto? É correto empregar o particípio passado aceito? Se linguística tem acento, porque não se acentua linguista? «Ser confrontado com» ou «por»?

4. A variação linguística sempre deu azo a situações cómicas: são exemplo as falas das personagens populares do teatro vicentino, destinado a fazer rir quem se sentia instalado na variedade tida por normal. Explorando esta tendência, o humorista Ricardo Araújo Pereira dedicou, na rubrica Mixórdia de Temáticas da Rádio Comercial, um apontamento à volta de duas pronúncias dissonantes do padrão: trata-se de como, quando articulado "cumo", e de rio, tio ou frio, que continuam a ser dissílabos em várias regiões portuguesas. Observe-se que estes três últimos vocábulos, em Lisboa e cada vez mais noutros pontos de Portugal, são monossílabos, pronunciando-se "riu", "friu" e "tiu", portanto, com ditongo.

5. Quanto aos programas que o Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa, lembramos que o Língua de Todos de sexta-feira, 20 de janeiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 21 de janeiro, depois do noticiário das 9h00*), a consultora Sandra Duarte Tavares foca dúvidas recorrentes do português. No Páginas de Português de domingo, 22 de janeiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), Sara de Almeida Leite, professora do Instituto Superior de Educação e Ciências (Lisboa), comenta o impacto dos anglicismos na nossa língua.

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Na presente atualização, o consultório foca a dimensão gramatical das palavras: a forma "interespécies" estará bem construída? E qual será o plural de aluno-tutorando? Como pronunciar revoltas em «águas revoltas»? E diz-se «dar fé a», ou «dar fé de»?

2. Também sobre as palavras, mas incidindo no seu poder comunicativo, a rubrica O nosso idioma disponibiliza uma reflexão de Sandra Duarte Tavares, professora do Instituto Superior de Educação e Ciências (Lisboa), e consultora do Ciberdúvidas. Desse texto, publicado na edição em linha da revista Visão, em 17/01/2017, duas frases a reter: «Há palavras que edificam, outras que destroem; umas trazem bênção, outras, maldição. E é entre estas duas balizas que a comunicação vai moldando a nossa vida.»

3. Nos mesmos moldes do que foi feito em Portugal, também em Angola e MoçambiquePorto Editora promoveu o passatempo Palavra do Ano 2016. Os angolanos escolheram crise, enquanto, entre os moçambicanos, a palavra selecionada foi paz. Num caso e noutro, palavras que assinalam bem as atuais preocupações dos cidadãos deste países.

4. Quanto aos programas que o Ciberdúvidas produz para a rádio pública portuguesa:

– No Língua de Todos de sexta-feira, 20 de janeiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 21 de janeiro, depois do noticiário das 9h00*), são focadas algumas dúvidas recorrentes do português. Por exemplo, diz-se e escreve-se "logotipo" ou "logótipo"? A resposta é da consultora Sandra Duarte Tavares.

– No Páginas de Português de domingo, 22 de janeiro (na Antena 2, às 12h30*, com repetição no sábado seguinte, às 15h30*), pergunta-se: os anglicismos estão a invadir a língua portuguesa? O comentário de Sara de Almeida Leite, professora do Instituto Superior de Educação e Ciências (Lisboa).

* Hora oficial de Portugal continental.