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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O discurso do chamado empreendedorismo distingue-se pela abundância de empréstimos do inglês, sempre deslumbrantes para quantos a eles recorrem, mas raramente esclarecedores para falantes de português. No consultório, comenta-se o uso de start-up (e de feature) no contexto da anunciada realização no outono de 2016, em Lisboa, da Web Summit, um fórum anual que atrai numerosas empresas emergentes no campo das novas tecnologias: «Nenhuma destas palavras tem tradução portuguesa, ou trata-se só de mais um (mau) exemplo de um governante português preferir o inglês ao idioma nacional?» E, para não se pensar que é de agora a entrada de palavras ou expressões estrangeiras, leia-se a resposta sobre a construção modal «há que» seguida de infinitivo, um castelhanismo há muito naturalizado. Outras dúvidas: como empregar mesmo? Como elaborar o retrato de uma personagem?

2. Sobre a(s) pronúncia(s) no Brasil é o apontamento do nosso consultor Luciano Eduardo de Oliveira que fica disponível na rubrica Acordo Ortográfico, a propósito de declarações do jornalista Nuno Pacheco no programa Olhos nos Olhos do canal português TVI24, contestando o Acordo Ortográfico em vigor no país, desde 2009.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O Ciberdúvidas da Língua Portuguesa completa neste dia 19 anos de atividade junto de quem fala, escreve e quer saber sempre mais sobre o português em qualquer ponto do mundo. Com as suas características de sempre: desde que, em 1997, ficou disponível, como espaço simultaneamente de esclarecimento, de informação e de debate – em áreas devidamente demarcadas pelas suas atuais 12 rubricas temáticas – sobre os usos criteriosos da língua portuguesa nos países em que ela tem estatuto oficial ou nas comunidades em que perdura. Espaço pioneiro e – nestes seus moldes de funcionamento e natureza de serviço público, gracioso, sem fins lucrativos ou comerciais – ainda único na internet, passa também por aí a razão das suas conhecidas vicissitudes, obstáculos e constrangimentos de viabilização. Na inexistência de outros apoios, públicos ou privados, só com a generosidade dos nossos mais dedicados consulentes, mobilizados na campanha SOS Ciberdúvidas, tem sido possível levar por diante este projeto, como não há outro em todo o espaço lusófono. É, sem dúvida, este o maior prémio imaginável, confirmando a pertinência dos propósitos do Ciberdúvidas: a abertura ao conhecimento da língua portuguesa tanto na sua unidade como na sua diversidade geográfica e regional.

2. O fruto do trabalho acumulado ao longo destes 19 anos está aquí ao dispor de todos: um arquivo, de mais fácil e rápida pesquisa desde a sua última remodelação, com mais de 40 000 respostas e cerca de 3000 artigos que materializam bem o muito que temos coletivamente a dizer sobre a língua que falamos. Fora o que, noutros meios e plataformas, o Ciberdúvidas vem dinamizando: os programas radiofónicos Páginas de Português, na Antena 2 e Língua de Todos, emitido pela RDP África, assim como o formato Mambos da Lingua – o tu-cá-tu-lá do português de Angola, difundido na Rádio Nacional de Angola. Nos primeiros dois, criou-se um espaço de reflexão sobre múltiplas vertentes do idioma, estéticas, culturais, gramaticais, com o programa para os países africanos a privilegiar aspetos didáticos, de identidade e das variantes em presença nos PALOP. E esperemos que, da parte da RTP, seja possível dar continuidade a outra iniciativa impulsionada no âmbito do Ciberdúvidas, o magazine televisivo Cuidado com a Língua!, de tão forte impacto junto dos telespectadores portugueses e africanos.

3. De Brasília a Lisboa, de Luanda a Maputo, de Bissau a São Tomé, da Praia a Díli, em dia de aniversário desta plataforma comum que é o Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, o seu consultório oferece cinco novas respostas, com os seguintes tópicos:

 – a etimologia de bárbaro e bravo;

– a grafia das palavras prefixadas por co-;

– a noção de sujeito nulo;

– a concordância adjetival com substantivos coordenados;

– a classe de palavras de trio.

4. Outras rubricas igualmente se juntam à comemoração deste dia. O Nosso Idioma, com mais dois textos: uma nova crónica do jornalista e professor angolano Edno Pimentel, publicada no semanário Nova Gazeta (o que vêm a ser as "soas" que aparecem no discurso oral de alguns falantes de Angola?); e, à volta do furacão Alex, uma outra, do jornalista e escritor açoriano Joel Neto, que transcrevemos do Diário de Notícias. No Correio, o tema é o Acordo Ortográfico, com uma opinião crítica do consulente Rui Tavares – pretexto que aproveitamos para recordar outra marca identitária do Ciberdúvidas. É ela a absoluta isenção editorial no tratamento de toda e qualquer matéria controversa. É o caso da polémica sobre a nova reforma ortográfica e de outros temas fraturantes como são, em Portugal, também, a nova terminologia linguística, as metas curriculares do português para o ensino básico e secundário, ou, ainda, as chamadas «áreas críticas» do uso (ver Controvérsias) – temas e respetivos textos facultados, sempre, nas rubricas de opinião próprias e, como tal, devidamente assinaladas. É, afinal, o modelo de qualquer jornal cumpridor das normas profissionais – filosofia-padrão seguida no Ciberdúvidas desde a sua criação em 15 de janeiro de 1997, com a separação, sempre clara, entre informação e opinião, noticiário ou esclarecimentos factuais e tomadas de posição (e nestas, sempre que tem sido caso disso, a contemplação para o debate de ideias e a polémica de argumentos).

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Quando se trata de convenções literárias, vemos que a criatividade foge muitas vezes à regularidade de sílabas e rimas, tal como se aponta no consultório, respondendo a uma dúvida sobre dois versos do poeta português Nuno Júdice. Uma segunda questão leva ainda a descobrir que, apesar das regras da pontuação, o travessão e as aspas manifestam literariamente uma liberdade insólita noutros contextos. Porém, passando ao plano do funcionamento da língua, quem fala e escreve – com ou sem intuitos estéticos – reconhece barreiras que não pode transpor sob pena de gerar agramaticalidade: assim sugere a descrição sintática do substantivo permissividade, que diverge de outra palavra da mesma família, permissão.

2. O programa Língua de Todos de sexta-feira, dia 15 de janeiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 16 de janeiro, depois do noticiário das 9h00**), dá relevo à fundação do Saudade Theatre, a primeira companhia de teatro portuguesa em Nova Iorque: o seu diretor artístico, Filipe Valle Costa, é convidado a falar sobre a natureza e os objetivos do projeto. Na sequência do anúncio de alterações no sistema de avaliação dos ensinos básico e secundário em Portugal, o Páginas de Português de domingo, 17 de janeiro (às 17h00**, na Antena 2), entrevista o deputado Miguel Tiago sobre a iniciativa do Partido Comunista Português no sentido da anulação das Metas Curriculares introduzidas pelo ministro da Educação, Nuno Crato do anterior Governo PSD/CDS.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Em Portugal, os candidatos à eleição do presidente da República – a qual se realiza em 24 de janeiro p. f. – desdobram-se em declarações, e, no meio de debates acesos, regressa a "precaridade", uma incorreção que teima em substituir a forma legítima, precariedade. Relembremos, por isso, uma resposta da autoria de Maria Regina Rocha, intitulada "Precariedade, e não 'precaridade'".

2. Acerca de outros erros insistentes, no Correio, um consulente traz uma dica muito útil para quantos se esquecem de que não devem dizer nem escrever «"haviam" candidatos». Ainda sobre o mau uso do verbo haver, leia-se uma crónica do advogado Domingos Lopes no Pelourinho que, com a devida autorização, transcrevemos do seu blogue; e, em O Nosso idioma, o jornalista João Paulo Guerra retoma num apontamento radiofónico a destrinça entre refugiado e imigrante, a propósito da entrada de milhares de pessoas que fogem à guerra na Síria e no Iraque. No consultório, a perspetiva sobre a nossa língua comum é descritiva, no intuito de analisar uma oração ambígua.

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1. As novas respostas do consultório concentram-se em palavras que suscitam dúvidas, porque:

– se associam a diferentes preposições, à semelhança de soterrado;

– não se sabe bem em que contexto devem ser usadas, como pode ser o caso de parco;

– as mulheres também jogam futebol;

– se enraiza uma locução concorrente de outra mais antiga, situação ilustrada pelo uso da controversa expressão «a maior», sinónima de «a mais»;

– se procura referir a pessoa que faz programas de entretenimento: animador, artista, apresentador...?

2. Assinale-se também o que entrou noutras secções do Ciberdúvidas:

– na rubrica Lusofonias, divulga-se um artigo que o tradutor-intérprete português João Paulo Esperança escreveu sobre os vínculos de Timor-Leste com o mundo de língua portuguesa;

– no Correio, dois consulentes manifestam certa perplexidade com aspetos decorrentes da aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa: tem sentido óptica e ótica exibirem agora a mesma grafia, ótica? E para quê a supressão do acento agudo de para (antes pára), do verbo parar?

3. Críticas ao Acordo Ortográfico e à sua aplicação em Portugal voltaram a ter destaque em dois espaços televisivos. O primeiro foi no programa da TVI24 Olhos nos Olhos, do dia  4 p. p., com a participação do diretor-adjunto do jornal Público, Nuno Pacheco. O segundo aconteceu na emissão do dia 7 p. p. do debate Quadratura do Círculo, na SIC Notícias.*

* No caso do debate Quadratura do Círculo, sobre algumas imprecisões produzidas por dois dos seus participantes, Jorge CoelhoJosé Pacheco Pereira, sobre a alegada «não implementação» do Acordo Ortográfico no Brasil, remete-se para estes dois esclarecimentos... brasileiros: Acordo Ortográfico em pleno no Brasil desde 1 de janeiro de 2016 + Carta do embaixador do Brasil aos deputados portugueses.

4. O incêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, em 21/12/2016, deixou consternados os países e as comunidades de língua portuguesa. Registe-se, por isso, a deliberação do parlamento de Portugal de colaborar na reconstrução daquele espaço, acontecimento a que a imprensa do Brasil não foi indiferente, como se confirma pelo relevo que lhe deu o jornal carioca O Globo.

5. O programa Língua de Todos de sexta-feira, dia 8 de janeiro (às 13h15**, na RDP África, com repetição no sábado, 9 de janeiro, depois do noticiário das 9h00**), foca as dificuldades linguísticas que, em Portugal, encontram os alunos que falam as variedades africanas do português. O Páginas de Português de domingo, 10 de janeiro (às 17h00**, na Antena 2), assinala o projeto de criação de um museu da diáspora e da língua portuguesa na cidade de Matosinhos.

** Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Nesta data, em que tradicionalmente se festeja o Dia de Reis, o consultório disponibiliza duas novas perguntas sobre tópicos da história e do presente da nossa língua comum:

– Qual será a origem da troca do v pelo b (o chamado betacismo), tão característico dos falantes do Norte de Portugal?

– No passado, terá havido relação entre o verbo enxergar, «distinguir, avistar, ver», e o substantivo enxerga, «colchão»?

2. No programa Língua de Todos de sexta-feira, dia 8 de janeiro (às 13h15*, na RDP África, com repetição no sábado, 9 de janeiro, depois do noticiário das 9h00*), o realce vai para uma entrevista com a professora e investigadora Maria Manuel Chitas sobre o estudo Alunos dos PALOP – dificuldades concretas do português europeu. No Páginas de Português de domingo, 10 de janeiro (às 17h00*, na Antena 2), o presidente da Câmara de Matosinhos, Guilherme Pinto, fala sobre a criação de um museu da diáspora e da língua portuguesa naquela cidade.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O Brasil passou a aplicar plenamente o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa a partir de 1 de janeiro de 2016, pondo assim termo ao período de transição que começara em 2009 e durante o qual coexistiram a norma mais antiga – a do Formulário Ortográfico de 1943 – e as novas regras. A este assunto dedicou a TV Globo uma reportagem que está também disponível na rubrica Acordo Ortográfico.

2. Como anunciado, o consultório regressa às atualizações trissemanais para neste dia evidenciar a mestria do Padre António Vieira (1608-1697) no uso da interrogação retórica, descrever o comportamento do numeral milhão e analisar a formação de inúmero. Em O nosso idioma, a propriedade vocabular é o tema em foco numa crónica do professor e jornalista angolano Edno Pimentel, que mostra como a confusão entre convite e bilhete é também um problema de honestidade. Por último, no Correio, um consulente retoma o debate sobre a definição da norma linguística: o que é o erro? Que limites devem ter a variação e a mudança da língua?

3. Igualmente neste dia, em cerimónia realizada na Biblioteca Municipal José Saramago, em Loures (Portugal), anunciou-se (ler notícia) que refugiado é a Palavra do Ano de 2015, escolhida entre as dez de uma lista que a Porto Editora pusera em linha em dezembro passado, para votação pública. Além da vencedora, contavam-se as seguintes opções: terrorismo (17% das escolhas), acolhimento (16%), esquerda (8%), drone (7%), plafonamento (6%), «bastão de selfie» (5%), festivaleiro (4%), superalimento (3%) e privatização (3%). Sobre refugiado, podem ler-se no Ciberdúvidas: "A noção jurídica de refugiado", "Refugiados, e não migrantes", "O significado de migrante".

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1. Vai-se 2015, e, depois dos festejos do Ano Novo, o consultório retoma as suas atualizações semanais na segunda-feira, 4 de janeiro de 2016. Neste entrementes (para usar um arcaísmo, como que em homenagem ao ano velho), entram respostas que aguardavam divulgação e peças jornalísticas que abordam temas da atualidade à volta da língua portuguesa. Comecemos pelo consultório, no qual se propõe um breve comentário sobre a história do verbo calhar e se regista um uso que parece exclusivo do português do Brasil. Em O nosso idioma, um texto de Manuel Matos Monteiro questiona a anglicização que o avanço tecnológico comporta (ver Público de 27/12/2015); e, na mesma rubrica, inclui-se um apontamento que lista vocábulos característicos do falar carioca, aludindo à realização dos Jogos Olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro. Finalmente, nas Lusofonias, um artigo de Renato Epifânio, presidente do Movimento Internacional Lusófono, defende a validade da ideia de lusofonia (ver Público de 27/12/2015).

2. A propósito das notícias publicadas em Portugal sobre o caso do Banif, convém lembrar que o nome por que este banco português é conhecido resulta de um acrónimo, ou seja, uma redução baseada em iniciais e grupos gráficos do nome oficial – Banco Internacional do Funchal – que se lê como uma palavra – "bànife". Sobre a diferença entre acrónimo e sigla, consultar a resposta "A distinção entre siglas e acrónimos".

3. Com interesse para as culturas de língua portuguesa, registem-se ainda:

– o trabalho que a agência Lusa dedicou à situação (precária) do crioulo português de Malaca (ler aqui).

– a entrevista que o músico e escritor Mário Lúcio, galardoado em 2015 com o Prémio Miguel Torga pelo livro Biografia do Língua, concedeu ao jornal Público (de 27/12/2015) e na qual o também ministro da Cultura de Cabo Verde evoca, com alguma ironia, o impacto da linguagem publicitária nas suas aprendizagens: «Aprendi a ler graças à importação das latas de banha e de azeite de Portugal. [...] Inventava muito o ler quando ainda não sabia ler. E às vezes acertava. É muito engraçado. Também hoje me pergunto como é que copiava Vaqueiro, V, A, Q, U, E, I, R, O, e como é que sabia que era vaqueiro. Essa frase sempre me perseguiu, era muito criança e repetia: “Vaqueiro torna tudo mais apetitoso.” Ou a lata de banha, “Braço Forte, Lda.” Ou: “Azeite Galo.” Copiávamos tudo o que havia. Isso tudo no chão de terra batida. E líamos. Ali nasceu a escrita.»

4. O incêndio no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, foi um dos desastres de 2015. E acerca do que já se projeta para o reerguer, o programa Língua de Todos de sexta-feira, 1 de janeiro (às 13h15* na RDP África; com repetição no sábado, 2 de janeiro, depois do noticiário das 9h00*) entrevista António Carlos Sartini, diretor desse lugar único, inaugurado em 2006. No Páginas de Português de domingo, 3 de janeiro (às 17h00*, na Antena 2), em conversa com o professor José de Sousa Teixeira, do Instituto de Letras e Ciências Humanas da Universidade do Minho, fala-se de provérbios e frases feitas: o que são, para que servem, qual a sua importância para a língua portuguesa, a utilização que têm na literatura, na publicidade, na política... Alguns exemplos: «presunção e água benta, cada qual toma a que quer», «quem não se sente não é filho de boa gente», «ensinar o padre-nosso ao vigário», «quem não quer ser lobo que não lhe vista a pele», «essa é que é essa», «tão ladrão é o que vai à vinha como o que fica à porta», «não há fogo sem fumo», «grão a grão enche a galinha o papo».

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O Ciberdúvidas faz a tradicional pausa de Natal, para regressar logo depois da festa de Ano Novo, razão por que o formulário para envio de perguntas para o consultório fica  inativo até 4 de janeiro p.f. (para outros assuntos, recorrer aos contactos indicados aqui). A seu tempo, poremos entretanto em linha as dúvidas que aguardam esclarecimento e, sempre que for caso disso*, outros textos de interesse à volta da língua portuguesa. Aos nossos consulentes – de cuja generosidade tanto depende a sustentabilidade de um serviço desta natureza, gracioso e sem fins comerciais, sem nenhuns outros apoios para a sua manutenção –, agradecemos as questões, os pedidos, as observações e os reparos, tantas e tantas vezes acompanhados de palavras de estímulo e incentivo ao longo de 2015. A todos desejamos um Natal feliz e um 2016 que permita manter este estimulante contacto de quase 19 anos.**

Os novos textos e respostas que forem sendo colocados durante esta pausa ficarão devidamente assinalados nos Destaques (em baixo ou à direita), assim como no Facebook do Ciberdúvidas.

** Na imagem, um pormenor de "A Adoração dos Reis Magos", de Domingos Sequeira (1768-1835), pintura à volta da qual o Museu de Arte Antiga, em Lisboa, promove a campanha "Vamos pôr o Sequeira no lugar certo" com vista à aquisição desta peça.

2. Com tristeza, registamos nas Notíciasincêndio que destruiu o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, em 21 de dezembro p.f. (na imagem, fotografia da edição impressa de 22/12/2015 da Folha de S. Paulo). Apesar de a nota emitida pelo Museu deixar esperança numa rápida reconstituição do seu acervo (ao que parece, todo em suporte digital), são sempre de temer as partidas que as conjunturas pregam à continuação de projetos desta envergadura. Oxalá comece depressa a reconstrução deste espaço tão admirado entre os países e as comunidades de língua portuguesa!

3. No consultório, comentam-se a possível relação do termo loca («gruta, cavidade, depressão») com a língua alemã e a etimologia de uma palavra dos tempos dos trovadores. *** Ainda acerca da Idade Média, o Correio dá conta do interesse de um consulente flamengo em consultar registos áudio da reconstituição fonética do galego-português: como soaria a língua literária de Portugal e da Galiza nos séculos XII a XIV? Em O nosso idioma, o professor angolano Edno Pimentel corrige um erro também frequente no português de Angola: o uso do verbo abusar na voz passiva; e disponibiliza-se um texto do humorista português Ricardo Araújo Pereira sobre o excesso de obrigados que pode ocasionar uma sequência de ações do dia a dia.

*** Nova resposta disponível desde 22/12/2015: "A etimologia de diálogo e diabo".

4. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 25 de dezembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no dia seguinte, 26 de dezembro, depois do noticiário das 9h00*) o tema central é o chamado «cânone literário em língua portuguesa», com uma conversa com o professor universitário português Vítor Aguiar e Silva. Já o programa Páginas de Português de domingo, 27 de dezembro (às 17h00*, na Antena 2), passa uma entrevista com o brasileiro Rafael Trombetta, organizador do 1.º Congresso Lusófono de Escrita Criativa, realizado em novembro passado.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O consultório regressa ao tema das palavras que o português toma de empréstimo a línguas estrangeiras, nem sempre com o devido cuidado. Assim, uma consulente manifesta surpresa por detetar um «desculpem as moléstias» («desculpem o incómodo/o transtorno»), quase por certo decalcado de uma expressão espanhola. E, dos Açores, perguntam-nos como usar militaria (pronuncia-se "militária"), termo provavelmente com origem no inglês e referente a objetos militares com interesse histórico. Muito menos hipotético é o uso do ponto abreviativo, como, a propósito do apontamento que recebemos do magistrado Anselmo Lopes, se assinala noutra resposta que define os critérios a ter em abreviaturas como n.º e art.º. A rubrica O nosso idioma foca a própria expressão da dúvida e da probabilidade na nossa língua, disponibilizando uma crónica do escritor português Miguel Esteves Cardoso sobre a locução «se calhar», tão típica do falar lusitano, que, com a devida vénia, transcrevemos do jornal Público.

2. A respeito do processamento computacional de língua portuguesa, a Universidade de Lisboa anuncia a realização, de 13 a 15 de julho de 2016, em Tomar, do PROPOR, um encontro bienal de especialistas dessa área (informação sobre a iniciativa aqui). Atenção, que o prazo para o envio de comunicações e tutoriais termina em 15 de dezembro p. f.