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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Com as palavras parónimas todo o cuidado é pouco: basta lembrar a repetida troca de discriminar por descriminar ou a confusão infantil entre cumprimento e comprimento. A propósito de paronímia e de mais um par traiçoeiro, a rubrica O nosso idioma inclui uma nova crónica do professor e jornalista angolano Edno Pimentel, que, aludindo a outras "-nímias" da língua portuguesa (sinonímia, antonímia, antroponímia), salienta o contraste ortográfico, semântico e etimológico entre dispensa e despensa. Quanto às dúvidas em foco no consultório, descreve-se a função discursiva da expressão «convenhamos», reflete-se sobre a classe gramatical dos nomes das notas musicais e comenta-se a morfologia dos termos gramaticais preposição, pronome e advérbio.

2. Em Portugal, um acontecimento trágico (três jovens colhidos por um comboio no apeadeiro de Águas  Santas, na região do Porto), levou a informação mediática a empregar sem hesitações (e bem) as formas grafiteiro e grafitar, derivadas do aportuguesamento grafito ou do empréstimo italiano graffito, mais usado no plural – graffiti –, para designar «desenho, inscrição, assinatura ou afim, feito geralmente com tinta de spray, em muros, paredes e outras superfícies urbanas» (Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, consultado em 11/11/2015)*. Recorde-se que, na linguagem popular, esta arte urbana antes era por vezes chamada  "pinchagens", mas as notícias sugerem que as palavras derivadas grafiteiro e grafitar, de resto, já dicionarizadas, poderão dar oportunidade à generalização de grafito, em concorrência com grafíti, que igualmente aparece em referência específica a esse tipo de inscrições e como adaptação mais direta do italiano graffiti (ver dicionário Priberam; consultar ainda resposta "Os graffiti" e o apontamento Grafite(s) é outra coisa).

* Refira-se que no Brasil, a par de grafito, se usa e aceita grafite, no género masculino, como aportuguesamento de graffiti (cf. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, edição brasileira de 2001; ler também, na revista brasileira Veja, de 16/08/2011, o artigo "A grafite e o grafite: parece, mas não é", de Sérgio Rodrigues, e texto do blogue Dicionarioegramática.com, em 27/09/2015). Regista-se também pichação, mas como designação de simples escritos ou rabiscos inscritos sobre mutos e paredes de edifícios (idem).

3. No programa Língua de Todos, que vai para o ar na sexta-feira, 11 de dezembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 12 de dezembro, depois do noticiário das 9h00*), Sandra Duarte Tavares esclarece várias dúvidas frequentes no uso da língua portuguesa. O Páginas de Português de domingo, 13 de dezembro (às 17h00*, na Antena 2), foca também diferentes questões linguísticas.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A presente atualização inclui esclarecimentos e comentários sobre:

– a escrita dos números, das horas e das datas, num artigo do professor Guilherme de Almeida, em linha em O nosso idioma;

– a palavra caligrafia, atualmente utilizada como sinónimo de «escrita à mão», como observa o professor e jornalista angolano Edno Pimentel também em O nosso idioma;

– um erro sintático recorrente na imprensa portuguesa com o verbo tratar-se, que José Mário Costa assinala no Pelourinho, num apontamento que inclui uma dúzia de outros casos nada abonatórios do domínio básico do idioma nacional;

– três palavras, a saber, Bíblia, enviuvar e édito, cujo uso é descrito no consultório.


2
. A propósito de palavras, das suas origens e da sua formação, uma nota muito breve a respeito de chocalho, designação de um instrumento de metal que, pendurado ao pescoço dos animais, produz som e ao qual, em 1 de dezembro p. p., a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) atribuiu o título de Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente. O vocábulo surgiu em português como derivado por sufixação de choca, que, entre várias aceções, também pode significar «chocalho grande» (Cândido de Figueiredo, Novo Dicionário da Língua Portuguesa, 2.ª edição, 1913, em linha como Dicionário Aberto). A sua família de palavras inclui alguns termos que adquiriram novas significações; por exemplo (fonte consultada: Dicionário Houaiss): chocalhar, «fazer soar o chocalho», «sacudir, agitar», «conversar alto», «divulgar segredos ou espalhar boatos»; chocalhada, «ato ou efeito de chocalhar», «gargalhada»; chocalhante, «que chocalha»; chocalheira, «mulher intriguista, mexeriqueira», «tipo de mesa ou escrivaninha»; chocalheiro, «que chocalha», «que faz intriga»; chocalhice, «ato ou traço de caráter de pessoa intriguista». Chocalheiro é também como se chama uma das máscaras dos festejos do Entrudo em Trás-os-Montes.

3. Muitas pessoas têm dúvidas na grafia das palavras porque e por que. Quando é que devemos escrevê-las, junto e em separado? Sandra Duarte Tavares responde a esta e a outras perguntas no programa Língua de Todos, que vai para o ar na sexta-feira, 11 de dezembro (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 12 de dezembro, depois do noticiário das 9h00*). O Páginas de Português tem nova emissão no domingo, 13 de dezembro (às 17h00*, na Antena 2), focando várias questões linguísticas, entre as quais: a forma adjetival “inconfortável” está correta?

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Em Portugal, continua instalada a prática de juntar títulos académicos aos nomes próprios em enunciados como «o senhor doutor deseja um café?», ou «a senhora engenheira... está?». Neles ocorrem formas de tratamento ou de referência que pretendem obsequiar um prestígio real ou imaginado, quantas vezes com lapsos embaraçosos («olhe que a senhora não é engenheira, é arquiteta...»). Mas não terá a língua recursos para um estilo mais económico e direto, sem faltar à civilidade e ao respeito mútuo nem entrar em familiaridades abusivas? O nosso idioma disponibiliza uma crónica do historiador e político português Rui Tavares, na qual, depois da fúria revolucionária do título  – "Morte aos doutores!" –, se salienta com mais distância um acontecimento político com repercussão linguística: «Segundo ouvi na rádio, não foram mencionados os títulos académicos dos novos ministros e secretários de Estado durante a tomada de posse do novo Governo. Tentei depois procurar confirmação na imprensa escrita, mas não vi qualquer menção a este facto. A ser verdade, é uma revolução. Por ter acontecido e por não ter sido notado, o que significa que pode estar em vias de normalização o tratamento igualitário e republicano pelo nome próprio» (texto da edição de 30/11/2015 do jornal português Público). No consultório, para falar e escrever sem sobressaltos, as dúvidas focam a grafia da expressão «mau humor», o uso do nome próprio espanhol Don Juan e a análise da concordância na frase «todos os dias é Natal».

2. Dos usos e inovações que, em Portugal, o mundo mediático vai registando, colhe-se o (aparente) neologismo perplexizante, empregado pelo ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas, líder do CDS-PP, agora na oposição. A palavra foi proferida durante a discussão em parlamento de uma moção de censura ao novo governo português, mas já não é primeira vez que Portas a emprega. Na verdade, ela já ocorria em 2014, em declarações reproduzidas pela Rádio Renascença, que assinalou a sua novidade com aspas: «"É "perplexizante" que alguns achem que as casas caem do céu.» Mas o vocábulo tem história mais recuada, como atesta uma ocorrência de 2007, num título do blogue do politólogo português Pedro Magalhães: "Tesourinhos perplexizantes da história eleitoral portuguesa". O percurso desta palavra não dicionarizada promete.*

* O uso escrito de perplexizante recua a 1995, se não for anterior: o Corpus de Referência do Português Contemporâneo (CRPC), do Centro de Linguística da Universidade de Lisboa apresenta seis ocorrências da palavra, compreendidas entre 1995 e 2000; os corpora da Linguateca (CL), que incluem textos brasileiros, facultam uma única ocorrência, datada de 1997, num texto de Portugal (no Corpus do Português, nenhuma ocorrência). Refira-se também a forma perplexante, que uma consulta das fontes consultadas identifica com textos jornalísticos portugueses (no total, duas ocorrências, mas só uma datável – de 1995).  Perplexizante pressupõe o tema dos verbo "perplexizar", que os dicionários não registam nem os corpora consultados revelam; perplexante tem por base o tema de perplexar, que ocorre uma vez nos textos brasileiros dos CL (trata-se de um particípio passado com valor passivo: «Processar-se-á a desinfernização do transporte rodoviário nacional, ainda hoje perplexado por mão-de-obra despreparada e metodologias operacionais superadas.»). Sobre perplexizante, observa o tradutor brasileiro Luciano Eduardo de Oliveira, também consultor do Ciberdúvidas (comunicação pessoal): «Seria interessante saber se o político português também usaria o infinitivo "perplexizar", que o adjetivo perplexizante sugere. Se voltarmos ao latim, temos que perplexo vem de perplexus, por sua parte composto de per + plecto, cujo particípio presente, perplectans, muito facilmente teria dado "perplectante" ou "perpletante". A palavra evoca a invenção de um também político, desta vez brasileiro, Antônio Rogério Magri, que comentou que um plano governamental era "imexível" (ou seja, que não podia ser retirado), uso muito criticado na década de 90.»

3. É tempo igualmente para um breve esclarecimento sobre a publicidade em língua inglesa que se acha nestas páginas. Trata-se de um espaço exclusivamente gerido pelo ISCTE-IUL, para cujos servidores o Ciberdúvidas se transferiu a partir de 10 de junho de 2015, situação que determinou mudanças estruturais e contrapartidas em benefício da referida entidade. Embora o ideal fosse ler essas mensagens promocionais em português, os compromissos universitários internacionais da instituição que nos acolhe requerem o inglês como veículo suscetível de abranger um público ainda mais alargado. Sem deixar de desejar o sucesso dessa estratégia na projeção além-fronteiras do ensino superior de Portugal, fazemos votos para que, em breve, a língua portuguesa se faça ler intensa e extensivamente não só nesse âmbito mas também aqui.

4. Termina neste dia o congresso internacional Língua Portuguesa: uma Língua de Futuro, uma iniciativa com que a Universidade de Coimbra quis assinalar as comemorações da sua fundação há 725 anos.

5. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 4 de dezembro de 2015 (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 5 de dezembro, depois do noticiário das 9h00*), fala-se das regras do hífen à luz do Acordo Ortográfico e de algumas flexões verbais difíceis. No Páginas de Português de domingo, 6 de dezembro (às 17h00* na Antena 2), comenta-se a abolição, em Portugal, dos exames no 4.º ano de escolaridade e reflete-se sobre a questão do cânone nas literaturas de língua portuguesa (mais informação na Abertura de 2 de dezembro p. p.).

6. Devido ao feriado do dia 8, em Portugal, voltamos com nova atualização do Ciberdúvidas, na quarta-feira seguinte, dia 9.

*Hora oficial de Portugal continental.

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1. Como é difícil o equilíbrio entre a norma que visa a coesão social e a variação nos comportamentos de indivíduos e grupos! – e as línguas espelham isso mesmo, como sugere a presente atualização que, começando pela rubrica Controvérsias, disponibiliza um texto do professor Guilherme de Almeida a respeito da aplicação universal das regras de prefixação definidas pelo Sistema Internacional de Unidades (mais conhecido pela sigla SI). No consultório, é a profusão de variantes do apelido angolano van Dunem que dá matéria para um esclarecimento de José Mário Costa; e mais interrogações suscita a variação: por exemplo, diz-se «tomar a medicação», mas é igualmente possível empregar «fazer a medicação»; e «autarquia local» pode, sem redundância, ser variante de autarquia; e, ainda nas respostas, propõe-se um pequeno salto à história de palavras para perceber porque "ouriço-caixeiro" é corruptela da forma correta ouriço-cacheiro. Finalmente, no PelourinhoJoão Querido Manha apresenta uma aportuguesamento que não se recomenda: "crachar" (do inglês to crash).

2. No programa Língua de Todos de sexta-feira, 4 de dezembro de 2015 (às 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 5 de dezembro, depois do noticiário das 9h00*), a nossa colaboradora Sandra Duarte Tavares trata alguns temas da língua: as regras do hífen à luz do Acordo Ortográfico e algumas flexões verbais difíceis, como a do verbo colorir. O Páginas de Português de domingo, 6 de dezembro (às 17h00* na Antena 2), dá relevo a um depoimento da Associação de Professores de Português sobre a recente medida legislativa adotada pelo parlamento português pela qual foram abolidos os exames no 4.º ano e a uma entrevista com o professor Vítor Aguiar e Silva sobre o cânone nas literaturas de língua portuguesa.

*Hora oficial de Portugal continental.

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1. A realização da Cimeira do Clima em Paris, de 30 de novembro a 11 de dezembro p. f., é o tema da atualidade. As notícias e os artigos andam, portanto, repletos de termos dos campos lexicais da climatologia e da ecologia, domínios que também têm sido abordados no Ciberdúvidas, como se exemplifica pelos títulos das seguintes respostas em arquivo: "Climático", "O adjetivo climatérico", "Alterações climáticas ou mudanças?", "Condições atmosféricas", "As aceções do adjetivo temporal", "Erros inadmissíveis", "Condições edafoclimáticas", "A formação da palavra edafoclimático". E, já agora, que tal uma rememoração de alguns dos mais expressivos provérbios e expressões populares ligados ao clima e ao estado do tempo? Aqui estão alguns.

Cf. O que é verdade e mito nos provérbios populares sobre o clima

2. A rubrica O nosso idioma acolhe dois textos cujos tópicos de discussão se repartem pela ortografia e pela gramática, a saber:

– "Deixemos respirar livremente as ortografias nacionais", um artigo que Artur Anselmo, presidente do Instituto de Lexicologia e Lexicografia da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa, publicou no Jornal de Letras (n.º 1178, de 25 de novembro a 8 de dezembro de 2015), no qual este académico, a propósito do colóquio Ortografia e Bom Senso, promovido pela Academia das Ciências de Lisboa, nos dias 9 e 10 de novembro p.p., reivindica «o direito à ortografia nacional, em Portugal, no Brasil ou em qualquer outro país lusófono onde a marca da autonomia cultural esteja claramente presente no uso da língua»;

– acompanhando a relação entre norma e usos linguísticos em Angola, uma crónica de Edno Pimentel foca uma construção incorreta – «entre janeiro a dezembro» –, recorrrente no discurso jornalístico angolano.

No consultório, a gramática está igualmente no centro das atenções: qual a classe de palavras da forma centena? E, no plano sintático, como usar corretamente a locução «mesmo se» e construir uma frase condicional sem a palavra que geralmente a identifica, a conjunção condicional se?

Finalmente, a Montra de Livros recebe rápidos apontamentos sobre obras que se publicaram em Portugal nos últimos meses ou conheceram nova edição; salientamos, com interesse para a dialetologia, Porto, naçom de falares, de Alfredo Mendes, e, para os mais jovens, O Livro dos Provérbios I, de António Mota.

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1. Na rubrica O Nosso Idioma, apresenta-se o segundo de uma série de três textos que  o físico português Guilherme de Almeida dedica às normas e as convenções a que obedecem os símbolos das unidades. No consultório, fala-se ainda do que estes símbolos podem ser do ponto de vista da descrição gramatical, são dadas recomendações sobre como abreviar o feminino e o plural de nomes e adjetivos, retoma-se o problema da identificação do complemento do nome e classifica-se a disposição da rima num poema de Fernando Pessoa – "Tenho tanto sentimento".

2. Os meios de registo de som e imagem permitem-nos avaliar a dimensão da mudança no âmbito linguístico. É, pois, curioso rebuscar gravações com 60 ou 50 anos para descobrir como a pronúncia e a entoação se alteraram em Portugal, ao ouvir as vozes de figuras da rádio e da televisão dessa época, como Igrejas Caeiro (1917-2012), Maria Leonor (1920-1987) – ver programa "No Ar" (46 min 22 s), da RTP (2010) – ou Pedro Moutinho (1919-1999) e muitos outros (sobre dicção, ler "Boa dicção e pronúncia regional", no Correio). No Brasil, a diferença soa mais evidente ainda, conforme se comenta num apontamento áudio do jornal digital brasileiro Nexo (11/11 p. p.), no qual se focam as grandes alterações fonéticas do português falado nos canais de rádio e televisão do Brasil.

3. Assinalando o congresso internacional Língua Portuguesa: uma Língua de Futuro, que a Universidade de Coimbra organiza de 2 a 4 de dezembro de 2015 para comemorar a sua fundação há 725 anos, o programa de rádio Língua de Todos de sexta-feira, 27 de novembro de 2015 (às 13h15* na RDP África; com repetição no sábado, 28 de novembro, depois do noticiário das 9h00*), fala com a professora moçambicana Perpétua Gonçalves sobre a sua intervenção «Multilinguismo em sociedades pós-coloniais: subsídios para uma descolonização do discurso académico». Realce para o mesmo acontecimento no Páginas de Português de domingo, 29 de novembro (às 17h00*, na Antena 2), que entrevista o professor português Carlos Reis, coordenador do congresso (mais informação na Abertura de 25/11/2015).

*  Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Quem visite a capela do Palácio Nacional da Pena, em Sintra, não deixa de reparar no vitral neogótico oitocentista que foi encomendado pelo rei D. Fernando II (1816-1885) a uma famosa família de vitralistas alemães, os Kellner; e, ao olhar para a esfera armilar que encima essa obra magnífica, é capaz de ficar intrigado com a sigla nela inscrita, SMIDME. Significa o quê, exatamente? – pergunta uma consulente. Também no consultório, outro mistério: que quereria dizer o poeta brasileiro Vinicius de Moraes (1913-1980) com os «bicos de rouxinóis» que menciona no poema "Falso Mendigo"? Mais uma pergunta: «independentemente de» é locução prepositiva ou advérbio seguido de preposição?

2. Qual é o símbolo do quilograma? Qual é o género de grama? Qual é o símbolo do minuto? As respostas encontram-se na rubrica O nosso idioma, num texto que o professor Guilherme de Almeida escreveu sobre as regras de representação das unidades. Trata-se do primeiro de três textos sobre as normas que abrangem a terminologia e os símbolos usados no discurso técnico-científico.

3. Assinalando a comemoração dos 725 anos da fundação da Universidade de Coimbra (UC), os programas de rádio Língua de Todos e Páginas de Português têm como tema central a realização do congresso internacional Língua Portuguesa: uma Língua de Futuro, de 2 a 4 de dezembro de 2015, que a UC realiza no Convento de S. Francisco (Coimbra), com a finalidade de refletir sobre a língua portuguesa como idioma do futuro (consultar o programa aqui). Para participar nesta iniciativa, está convidada toda a comunidade científica, em Portugal, nos restantes países de língua oficial portuguesa, noutros países em que a língua portuguesa é estudada e ainda na diáspora portuguesa. Por isso, no Língua de Todos de sexta-feira, 27 de novembro de 2015 (às 13h15* na RDP África; com repetição no sábado, 28 de novembro, depois do noticiário das 9h00*), falamos com a professora moçambicana Perpétua Gonçalves sobre a sua intervenção «Multilinguismo em sociedades pós-coloniais: subsídios para uma descolonização do discurso académico». No Páginas de Português de domingo, 29 de novembro (às 17h00*, na Antena 2), entrevistamos o professor português Carlos Reis, coordenador do congresso.

*  Hora oficial de Portugal continental.

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1. No consultório, três novas respostas abordam os seguintes tópicos:

– o uso de historial, tendo em conta o contraste do significado desta palavra com o de histórico;

– as palavras sufixadas com -ença (avença, diferença, licença), do ponto de vista da sua relação com as que integram -ência (ausência, consciência, vigência);

– um famoso trocadilho de Fernando Pessoa – «flagrante delitro» –, pelo qual se evoca a sua vida sentimental.

2. Nos destaques e na nossa página do Facebook, deixamos ainda um apontamento colhido na Internet, a respeito dos muitos anglicismos tão (excessivamente) recorrentes, hoje, no discurso público.

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1. Quando se agradece em português, diz-se obrigado ou obrigada, enquanto em Espanha e Itália se diz, respetivamente, gracias e grazie, o que sugere que, no contexto das línguas românicas, a língua portuguesa sobressai por certa originalidade. Explorando esta perspetiva, o professor universitário português António Sampaio da Nóvoa – também candidato a presidente da República Portuguesa nas eleições marcadas para 24 de janeiro de 2016 – associou obrigado ao nível mais profundo da gratidão, no final de uma intervenção feita em 2014, cujo registo em vídeo se disponibiliza na rubrica O nosso idioma e no qual se pode ouvir o seguinte: «Só em português, que eu saiba, é que se agradece com o terceiro nível, o nível mais profundo do Tratado da Gratidão [de São Tomás de Aquino]. Nós dizemos «obrigado», e obrigado quer dizer isso mesmo: «fico-vos obrigado» – fico obrigado perante vós, fico vinculado perante vós, fico-vos comprometido a um diálogo [...].» Entre a mesma rubrica e o Correio também se dialoga a propósito de boa dicção e do que tem sido a norma-padrão em Portugal, com um apontamento de José Mário Costaoutro de Carlos Rocha. Finalmente, no consultório, fala-se da história da pronúncia da conjunção copulativa e, para, depois, passar à relação que pode haver entre os adjetivos relacionais e o complemento do nome.

Na imagem, o retrato de São Tomás de Aquino em Triunfo de São Tomás de Aquino, entre Platão e Aristóteles, de Benozzo Gozzoli, 1471, Louvre, Paris. Sobre este mesmo tema, vide, ainda, estas reflexões dos professores brasileiros Luiz Jean Lauand e Miguel Dias Filho: Antropologia e Formas quotidianas – a Filosofia de S. Tomás de Aquino Subjacente à nossa Linguagem do Dia a Dia  +  O Valor de um “muito obrigado!”

2. No programa de Língua de Todos de sexta-feira, 20 de novembro (pelas 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 21 de novembro, depois do noticiário das 9h00*), o tema em foco é a diferença entre neologismos, estrangeirismos e empréstimos. O Páginas de Português de domingo, 22 de novembro (às 17h00* na Antena 2), é dedicado ao ensino da língua portuguesa na República Popular da China e particularmente na cidade de Macau. Mais informações sobre estes programas na Abertura de 18 de novembro p. p.

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1. Os atentados terroristas de 13 de novembro p. p., ocorridos nas ruas, nos restaurantes e num dos espaços de espetáculos de Paris, levaram naturalmente os media de Portugal a empregar a típica palavra francesa arrondissement ou a encontrar-lhe equivalentes vernáculos, por exemplo, bairro. No consultório, um consulente propõe que a tradução mais adequada seja a tradicionalíssima freguesia – mas será que é assim tão simples? E que dizer do feminino de tigretigresa ou tigre-fêmea? Outra dúvida: pressupondo a forma de tratamento vocês, aceita-se o emprego de vós, como acontece na sequência «ao contrário de vós, que fazem as coisas à pressa...»?

2. Relativamente às demais rubricas, O nosso idioma, conta com o regresso de Edno Pimentel, que reflete sobre a atitude linguística dos brasileiros e explica o que significa magoga. Na mesma rubrica, Edno Pimentel, a propósito das características do português falado em Angola, assinala em crónica o uso erróneo de simpatizar como verbo reflexo («simpatizei-me com ela», em vez do correto «simpatizei com ela»). Finalmente, no PelourinhoJosé Mário Costa deteta, nos debates televisivos e no discurso político, a pronúncia viciosa da palavra item, que volta a soar como "áiteme", indevidamente anglicizada.


3
. Sobre a diferença entre neologismos, estrangeirismos e empréstimos, o programa de Língua de Todos de sexta-feira, 20 de novembro (pelas 13h15*, na RDP África; com repetição no sábado, 21 de novembro, depois do noticiário das 9h00*), propõe uma conversa com a professora Sandra Duarte Tavares (docente no Instituto Superior de Educação e Ciências e colaboradora do Ciberdúvidas), que também tece considerações sobre o uso da vírgula no texto escrito. No Páginas de Português de domingo, 22 de novembro (às 17h00* na Antena 2), o tema é o ensino da língua portuguesa na República Popular da China e particularmente na cidade de Macau: são entrevistados o professor Lei Heong Iok, que se refere à ação do Instituto Politécnico de Macau e ao ensino da língua portuguesa naquele país; o professor Choi Wai Hao, que comenta sobre o papel da Escola Superior de Línguas e Tradução na formação de tradutores-intérpretes para a administração e função pública de Macau; e, por fim, é ouvido o investigador Carlos Ascenso André, que fala sobre duas iniciativas, a conferência "Português na China: passado, presente e futuro” e a exposição fotográfica “Rios, gentes e montanhas – olhares dispersos sobre a China”, com fotografias do próprio entrevistado.

* Hora oficial de Portugal continental.