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Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. A nova entrada em A covid-19 na língua tem uma configuração menos vulgar: molnupiravir. Assim se chama o medicamento, que, a confirmarem-se as expectativas, se tornaria o primeiro tratamento antiviral oral contra o vírus SARS-CoV-2. Trata-se de um produto da empresa farmacêutica norte-americana Merck, que foi buscar a sua denominação ao onomástico da mitologia nórdica – em Mjölnir, o martelo de Thor, deus do trovão, de modo a sugerir o efeito esmagador do medicamento sobre o coronavírus. Segundo os primeiros estudos anunciados, o medicamento é ministrado logo após a infeção, mas não substitui a vacinação.

Na imagem, O combate de Thor contra os Gigantes, quadro de 1872 do pintor sueco Mårten Eskil Winge (1825-1896).

2. A pandemia lança desafios, e nem todos os países «têm facilidade em enfrentá-los» – ou «têm facilidade em os enfrentar»? Este é mais um exemplo dos caprichos da colocação dos pronomes átonos na frase, tópico que é abordado na presente atualização do Consultório. Incluem-se igualmente outros pedidos de esclarecimento: porque não se deve usar «pelo o», mas, sim, «pelo» em «CR viajou pelo Brasil»? Como identificar o predicativo do sujeito em «ela está doente com gripe»? Diz-se «ele acarretou as culpas» ou «ele acarretou com as culpas»? O futuro do indicativo tem algum valor de incerteza? No português de Portugal, como se pronuncia o e do verbo arrestar?

3. «Ter macacos no sótão», ou seja, «ter medos infundados», é expressão recorrente, por exemplo, como chamada à realidade dirigida muito em especial a crianças receosas. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o livro Onde Moram os Teus Macaquinhos?, livro de Ana Markl, cuja escrita menos convencional desmistifica o sentido de várias expressões idiomáticas para entretenimento e tranquilidade dos jovens leitores.

4. De expressões idiomáticas e metáforas fala também a professora Carla Marques num apontamento intitulado "Cortar" e disponível em O Nosso idioma. Esta rubrica inclui ainda outro novo texto, da autoria de Carlos Rocha, a propósito de três nomes geográficos e de aspetos das suas histórias: Portugal, Canadá e Califórnia.

5. O Dicionário Priberam da Língua Portuguesa faz 25 anos, aniversário que é também pretexto para recordar o que era a Internet em 1996. Mais informação nas Notícias.

6. Registo dos programas de rádio produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa:

♦ O pleonasmo e o neologismo dão tema para a participação da professora Sandra Duarte Tavares em Língua de Todos, emitido na RDP África, na sexta-feira, 22 de outubro de 2021, pelas 13h20* (com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*).

♦  No contexto do Congresso Internacional Fernando Pessoa, realizado na Fundação Calouste Gulbenkian em 13 a 15 de outubro de 2021, convida-se o filósofo italiano António Cardiello (Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa) para falar da sua comunicação acerca dos textos pessoanos alusivos à língua portuguesa no Páginas de Português, transmitido na Antena 2, no domingo, 24 de outubro de 2021, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 29 de outubro, às 15h30*). Ainda no mesmo programa, intervém o professor António Sampaio da Nóvoa para assinalar o centenário da Seara Nova, destacar a marca indelével desta revista na vida cultural e política do século XX português e sublinhar o papel de António Sérgio (1883-1969). Finalmente, a crónica da professora Edleise Mendes sobre o estatuto do português no espaço da lusofonia: língua materna, segunda língua ou língua estrangeira? 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Em A covid-19 na língua existe uma nova entrada: descovidificação, que se refere ao tratamento – ou seja, à análise e à modelação por meio de tecnologia avançada – dos dados disponíveis sobre e para a vacinação contra a covid-19 em Portugal. É um termo alusivo a outro, descodificação, e esporadicamente usado em português. Dê-se como exemplo o título "Os dados ao serviço da 'descovidifcação' de Portugal", um artigo da autoria de Pedro Saraiva, diretor da escola de Gestão de Informação da Universidade Nova de Lisboa, e incluído há meses no jornal Público de 6 de janeiro de 2021. Não é claro tratar-se de criação exclusivamente portuguesa, pois uma consulta do Google faculta contextos de ocorrência do verbo inglês to decovidify («descovidificar») – como é o caso do jornal eletrónico irlandês The Journal, em 30 de abril de 2020 –, podendo aqui encontrar-se a motivação dos neologismos descovidifcar e descovidificação, que são possíveis e estão corretos. Na mesma rubrica, outra entrada: «(novos) hábitos alimentares».

2. No Consultório, explica-se por que motivo se deve dizer «Ordem dos advogados» e não «ordem de advogados». Analisa-se a presença do complemento indireto na frase «apresentou-me à Maria», através de exercícios de substituição. Relativamente à palavra contemporaneidade,  explica-se o processo de formação (contemporâneo + -idade). Além disso, analisa-se uma frase em que o  adjetivo apresenta um valor não restritivo.  O uso e a origem de Algueirão (Sintra) são também esclarecidos. Esclarece-se ainda a eventual omissão do artigo definido com África em expressões como «vento de África» (sem qualquer artigo) ou «vão para a África» (com artigo definido). Por último, responde-se a uma dúvida acerca da utilização do futuro do conjuntivo (subjuntivo) do verbo dizer (disser), que não deve ser confundida com dizer, que é a forma de infinitivo do verbo em apreço.

3. Na rubrica Montra de Livros, apresenta-se o Manual de Técnicas de Expressão e Comunicação (Universidade Aberta), uma publicação da autoria do professor e investigador Paulo Nunes da Silva. Apesar de o público-alvo serem os estudantes da licenciatura em Línguas Aplicadas (LLA), poderá  interessar a professores, jovens investigadores, alunos em geral e a todos aqueles que têm a escrita como ferramenta de comunicação.

4.  Sobre o Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza, assinalado em 17 de outubro, lembramos o termo aporofobia, que significa «ódio a pessoas pobres ou desfavorecidas». Foi criado pela filósofa espanhola Adela Cortina (Universidade de Valência), nos anos 90 do século passado, a partir dos elementos de origem grega áporos, «sem recursos, pobre», e fobia, «medo, aversão, ódio». Atualmente ocorre também em textos em português, como é o caso da crónica «O aporófobo» do jornalista português João Almeida Moreira (in Diário de Notícias de 6/05/2021).

5. Em Portugal a incerteza quanto a haver ou não acordo escrito entre o Governo de António Costa e o Bloco de Esquerda para a viabilização do Orçamento de Estado trouxe de novo ao espaço mediático a errónea pronúncia do plural acordos. Vale pois a pena lembrar que sua prolação é exatamente a do singular: /acôrdo(s)/

6. Um registo final, cabo-verdiano¹, a propósito da eleição do novo Presidente do país, José Maria Neves, e do lançamento, em Portugal, do livro Manifesto A Crioulização, da autoria do músico, compositor, escritor e ex-ministro da Cultura Mário Lúcio Sousa. E um outro, luso-francês, relacionado com a homenagem ao cônsul de Portugal em Bordéus durante a ocupação nazi de França,  Aristides de Sousa Mendes (1885 – 1954) , cujos restos mortais são trasladados para o Panteão Nacional², em Lisboa, na terça-feira, dia 19 de outubro de 2021.

¹ CfCabo-verdiano + O bilinguismo em Cabo Verde e o ensino da expressão escrita + Oficializar a língua cabo-verdiana?

² Cf. Papa Francisco evoca Aristides de Sousa Mendes no "Dia da Consciência" Aristides de Sousa Mendes: desobedecer para salvar Aristides: “A história foi ontem”, mas resgatá-la está a ser difícil em Cabanas de Viriato +  Livro desvenda a “A Lista de Aristides de Sousa Mendes” Cuidado com a Língua!... no Panteão Nacional, em Lisboa

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1. Do Brasil, chega ao Consultório uma pergunta relativa à existência de um termo específico para designar o estudo da língua e cultura japonesas. Esta é a matéria de uma resposta que explora a significação e o processo de formação das palavras japonólogo e nipólogo. São as palavras ainda que estão na base de uma resposta sobre a grafia de «contra vontade» e uma outra sobre a correção do termo subestimativa. Noutro âmbito, o plano da disposição das palavras na frase motiva uma resposta sobre a colocação do determinante possessivo em relação ao substantivo e outra sobre a anteposição do adjetivo. Por fim, reflete-se sobre alguns aspetos da relação semântica entre os advérbios antigamente e modernamente e o verbo da frase onde surgem e sobre a possibilidade de omitir o artigo definido em expressões como «prémio Nobel da Literatura».  

2. Na rubrica Montra de Livros, José Mário Costa, cofundador do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, apresenta a obra Dar à Língua, da autoria de Guilhermina Jorge e de Suzete Jorge. Trata-se de uma publicação que recolhe expressões idiomáticas, provérbios, expressões populares, entre tantas outras construções que caracterizam e dão cor à língua portuguesa.

3.  O escritor e jornalista angolano João Melo levanta uma questão nuclear para a verdadeira existência de uma comunidade de língua portuguesa: por que razão os falantes de português não podem circular livremente entre os vários países onde se fala a língua? Este é um problema que se estende à própria circulação de livros e que funciona como uma barreira à divulgação cultural e literária (artigo publicado no Diário de Notícias e aqui transcrito com a devida vénia). 

4. Uma visita à serra de Monchique motiva o texto de Miguel Boieiro, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Naturalogia, no qual apresenta a designação de algumas das espécies botânicas que por ali se encontram, para se deter numa planta particular: a adelfeira, um endemismo ibérico com mais de 60 milhões de anos. 

5.  Entre os programas emitidos na rádio pública portuguesa relacionados com o português, destacamos: 

♦ A entrevista à ensaísta e professora universitária Inocência Mata, a propósito da relação entre os currículos escolares e a divulgação da literatura portuguesa (no programa Língua de Todos, da RDP África, na sexta-feira, 15 de outubro de 2021, pelas 13h20* e com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00*);

♦ Uma conversa com a linguista moçambicana Perpétua Gonçalves, sobre a variedade da língua portuguesa no seu país e, ainda, uma crónica da professora Carla Marques dedicada às significações do verbo cortar e às expressões idiomáticas com ele relacionadas (no programa Páginas de Português, da Antena 2, no domingo, no dia 17 de outubro de 2021, pelas 12h30* (com repetição no sábado seguinte, 23 de outubro, às 15h30*).

♦ O "portunhol" bem como os falsos amigos linguísticos entre o português e o espanhol são o tema de Palavras Cruzadas, programa de Dalila Carvalho que é transmitido pela Antena 2, de segunda a sexta (de 18 a 22 de outubro), às 09h55 e às 18h20. Para explicar alguns destes casos de contacto linguístico, o convidado desta semana é o jornalista alemão Thomas Fischer.

Hora oficial de Portugal continental.

6. Um registo final para assinalar que o escritor, poeta e jornalista Luís Carlos Patraquim (Maputo, 1953), também colaborador do Ciberdúvidas, ganhou o Prémio Lusofonia 2021 da área da literatura da Gala "Prémios da Lusofonia". O galardão, justificado pelo percurso literário deste autor, pela excelência por ele revelada no tratamento da língua portuguesa e pela originalidade da sua abordagem temática, vai ser recebido na V Edição da Gala "Prémios da Lusofonia", em 23 de outubro (mais informação em Notícias). Da autoria de Luís Carlos Patraquim, entre outras colaborações, salientam-se os textos que tem na Antologia: "Língua" "A cabeleira da língua", "Língua" (II), "O lago da língua", "Mandela (1918-2013)" e "Se os provérbios pudessem ritmar a ação...".

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1.  No início do outono, no hemisfério norte, as preocupações centram-se no facto de gripe e covid-19 se encontrarem, o que exige uma preparação acrescida por parte dos hospitais. O cidadão comum deve conhecer alguns dos sintomas da gripe que se distinguem dos da covid-19. À volta de notícias que dão conta destas e outras situações, a rubrica A covid-19 na língua recebe três novas entradas: «gripe + covid 19»,  «(mais) infeções respiratórias e alergias» e  «léxico militarista da pandemia».

2. No Consultório, explicita-se o termo «mais-que-perfeito anterior», referindo-se a possibilidade documentada de o auxiliar ter dos tempos compostos assumir as formas do mais-que-perfeito quando entra nas formas de mais-que-perfeito do conjuntivo e de condicional composto. Explica-se, ainda, a colocação do advérbio aqui na frase, tendo por base a ordem canónica e outras possibilidades de colocação, nomeadamente as de ordem pragmática. Ainda no Consultório, expõem-se as regras subjacentes à concordância verbal na construção «um dos que», a diferença, no conjuntivo/subjuntivo, entre o pretérito perfeito e o pretérito mais-que-perfeito e a aceitabilidade da expressão «lógica colaborativa», apontando para uma questão interpretativa. 

3. Na rubrica Diversidades, destaca-se o artigo de Margarita Correia publicado no Diário de Notícias de 11 de outubro de 2021 sobre a  Carta Europeia para as Línguas Regionais e Minoritárias (CELRM), de 1992, que Portugal assinou no passado dia 7 de setembro. 

4. Em O Nosso Idioma, no artigo "Influencer, influente ou influenciador", Lúcia Vaz Pedro chama a atenção para a importância do saber falar, quando se é influenciador e do uso da palavra em português, substituindo o  respetivo anglicismo.  No artigo "As metáforas militaristas da pandemia: batalha, inimigo, heróis, vitória"Estrela Serrano alerta para o facto de, relativamente à pandemia, as metáforas poderem prejudicar a transparência e conduzirem à aceitação acrítica da suspensão de regras democráticas, admitindo o seu poder enquanto recurso simbólico. 

5. Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, voltam a ter uma nova edição, desta vez ilustrada por 10 mulheres e com texto adaptado à língua contemporânea. Do lançamento, que tem lugar em 21 de outubro p. f. na 3.ª Bienal de Ilustração de Guimarães, dá-se conta nas Notícias.

6. Acerca de património e da disponibilidade de bibliografia em português, refira-se a tradução de Guia Significância 2.0: um guia para avaliar o significado das coleções do património cultural, de Roslyn Russell e Kylie Winkworth. Trata-se de um trabalho colaborativo realizado no Brasil, entre profissionais especialistas em património que transpuserem a obra em espanhol e português, adaptando-o ao contexto ibero-americano (notícia aqui e livro aqui).

7. Um registo final, para lembrar os temas dos programas produzidos pela Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa para a rádio pública portuguesa: o conhecimento mútuo das literaturas em português nas escolas dos diferentes países da CPLP, em Língua de Todos, na RDP África, transmitido na sexta-feira, dia 15 de outubro de 2021, pelas 13h20 * (com repetição no dia seguinte, depois do noticiário das 09h00); e a génese do português moçambicano nas Páginas de Português, na Antena 2, no domingo, 17 de outubro pelas 12h30 * (repetido no sábado seguinte, 16 de outubro, às 15h30).

* Hora oficial de Portugal continental.

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1. Em 9 de outubro de 2021, os EUA e os talibãs reuniram-se presencialmente para discutir a situação do Afeganistão, um país conhecido pela sua história conturbada. Lembramos, por isso, em O Afeganistão de A a Z as reflexões do escritor português Eça de Queirós a propósito da guerra travada pelo então império britânico no Afeganistão, vertidas nas Cartas de Inglaterra (Porto, Livraria Chardon de Lello & Irmão – Editores, 1905).  Ainda sobre o tema explicita-se a questão da Guerra Anglo-Afegã. Outras novas entradas: Estado Islâmico de Coraçone e Hazaras.

Na imagem, Cabul, capital do Afeganistão (fonte: Wikipédia).

2. No Consultório, abordam-se os nomes que vinham do francês com o sufixo -age, por exemplo, viagem (de viage), que convergiram por analogia com os nomes que evoluíram de outros latinos terminados em -ine, tal como virgem. Além disso, explica-se em que situações o, a, os, as pode ser considerado um pronome demonstrativo.  Relativamente à palavra Taiwan, refere-se que o topónimo ainda não foi completamente adaptado ao português. Ainda no Consultório, comenta-se o uso da locução «por mais de». Por último, levanta-se a questão gráfica nas palavras convectivo e transdução, que não têm grafia dupla nem em Portugal nem no Brasil. 

3. Na rubrica O Nosso Idioma, apresentamos a crónica Caminhos da linguística em Angola e que demonstra a necessidade de reflexão por parte dos linguistas sobre o processo de formação do português angolano. Ainda na referida rubrica, transcrevemos, com a devida vénia, uma crónica de Miguel Esteves Cardoso, com o título "Consoantes de gato", uma reflexão sobre os sons, as onomatopeias e os verbos que estão associados à linguagem dos gatos.

4. Na Montra de Livros, apresentamos Feira dos Anexins de D. Francisco Manuel de Melo (1608-1668), um dos autores mais notáveis do século XVII literário português. Este livro reaparece em 2021, numa nova edição a cargo Maria Sofia Silva Santos, com a chancela da editora Guerra & Paz

5. Da atualidade com impacto no vocabulário, urge destacar os seguintes aspetos:

– Relativamente à decisão do Tribunal Constitucional da Polónia quanto à prevalência  das leis do país sobre as da União Europeia¹, surgem há algum tempo ocorrências da forma Polexit (ver aqui e aqui), nome próprio que refere o risco de a Polónia sair do espaço comunitário. A palavra evoca outra saída recente, a do Reino Unido, e forma-se como Brexit, uma amálgama de «British exit», ou seja, «saída britânica» (ver Abertura de 22/07/2016). Polexit constitui-se de maneira análoga, com elementos de «Polish exit», e vem a ser, portanto, o mesmo que «saída polaca». 

¹ sentença  do Tribunal Constitucional da Polónia declara incompatível com a Constituição  do país o artigo 1.º do Tratado da União Europeia (é o  que constitui a UE através de uma atribuição de competências dos Estados-membros) e o artigo 19.º ( que estabelece o Tribunal de Justiça da União Europeia como intérprete do direito europeu).

– A crise vulcânica na ilha canária de La Palma continua presente na comunicação social, para mais com o agravamento da situação após o desabamento da ala norte do vulcão Cumbre Vieja. À volta do tópico da vulcanologia recordamos os seguintes textos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas: O neologismo eruptir (verbo); Erupção/irrupção;  Peleano; e O aportuguesamento de Krakatoa (vulcão). E, ainda, Vulcão (in "A Mitologia no nosso vocabulário quotidiano").

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1. Se em Portugal a vacinação contra a covid-19 já abrangeu grande parte da população, noutros países, noutros continentes, a situação anda longe disso, a ponto de António Guterres, secretário-geral da Organização das Nações Unidas, declarar indignado: «Não termos uma distribuição justa das vacinas não só é imoral, também é estúpido» (entrevista à RTP, no dia 7 de outubro de 2021). Do que se passa à volta da pandemia continua a rubrica A covid-19 na língua a fazer eco, desta vez com oito entradas: «dedos covid»,  Hapvida, «maiores de 65 anos», «passaporte da vacina», perfecionistas , presentismoPrevent Senior, «variante vietnamita».

2. Será que a expressão «único e singular» é uma simples redundância? A resposta encontra-se no Consultório e junta-se a várias outras, relativas aos seguintes tópicos: o sujeito subentendido, o futuro do conjuntivo, o aspeto imperfetivo, o verbo fraudar, a distinção entre pedreiro e canteiro e o significado de decêndio. Por último, um esclarecimento dirigido a uma consulente de São Tomé e Príncipe sobre a diferença entre aviso, comunicado e anúncio.

Na imagem à direita, Mulheres na Feira (2005), do pintor são-tomense Olavo Amado.

3. Nas demais rubricas:

– Nas Lusofonias, disponibiliza-se o artigo que o jornalista angolano João Melo publicou no Diário de Notícias de 5 de outubro, com críticas à forma como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa  tem funcionado desde os seus começos.

– Em O Nosso Idioma, transcreve-se, com a devida vénia, o texto de apresentação que a escritora Nélida Piñon  escreveu para o Jornal de Letras de 6 de outubro p.p. a propósito do seu romance Um Dia Chegarei a Sagres, publicado em 2020. Na mesma rubrica, inclui-se um apontamento de Lúcia Vaz Pedro sobre a expressão inglesa Pandora Papers, relativa ao escândalo financeiro que envolve figuras públicas internacionais com contas nos chamados «paraísos fiscais».

– Da publicação do segundo volume do dicionário de língua gestual angolana dão conta as Diversidades com uma notícia do Jornal de Angola (7 de outubro de 2021) sobre os esforços envidados em Angola para a inclusão dos alunos surdos

4. Registos com interesse para a promoção cultural e académica da língua portuguesa:

– o anúncio em 6 de outubro do projeto de criação, em Coimbra, de um polo do Museu da Língua Portuguesa, sediado em São Paulo;

– os Encontros Mensais sobre Discurso Académico (EMDA), do CELGA-ILTEC da Universidade de Coimbra e da ESECS do Politécnico de Leiria, cuja 2.ª sessão, em 13 de outubro das 18h00 às 19h00, é preenchida com uma comunicação da linguista Lu Gao, intitulada "A posição autoral (stance) de aluno-autores universitários em ensaios académicos".

5. A propósito dos prémios Nobel, atribuídos a diferentes áreas – Física, Química, Medicina, EconomiaLiteraturaPaz – e que por estes dias são notícia pelo anúncio dos galardoados de 2021, recorde-se que o nome que os identifica é uma palavra aguda, isto é, oxítona, soando a sua prolação como "nobél", e que o plural se faz como o de papel ou anel. Sobre este tópico, já clássico, recomenda-se a consulta de alguns textos disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas, como sejam "O plural de Nobel e a sua pronúncia", "Fugiu o Nobel, ficou o erro", "Bem-haja, José Saramago!", "Prémio N[ó]bel ou Nob[él]?", "A pronúncia de Nobel" e "Como (bem) dizer ONU e Nobel... em português ". 

6. Temas de relevo nos três programas que a rádio pública portuguesa dedica à língua portuguesa:

♦ O evento Ateliê Poético: Residências (virtuais) em movimento, realizado pela Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) em outubro, em Lisboa – no programa Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 08/10/2021, pelas 13h20*).

♦ O espaço na aprendizagem que as diferentes literaturas em língua portuguesa têm nas escolas da CPLP, num depoimento da professora Inocência Mata – no Páginas de Português, transmitido na Antena 2 (domingo, 10/10/2021, 12h30*), programa que conta ainda com a crónica de Edleise Mendes, a respeito da Internet e a diversidade linguística e cultural do português.

♦ Também na Antena 2, o Palavras Cruzadas, um programa de Dalila Carvalho transmitido de segunda a sexta (de 11 a 15 de outubro, às 09h50 e às 18h20), centra-se nos meios de pagamento eletrónico.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No Consultório, comentam-se a grafia do advérbio pró-ativamente, derivado da palavra pró-ativo (também escrita proativo), bem como o plural do nome composto quadro-resumo, tendo em conta que se trata de um composto formado por nome seguido de modificador restritivo. Explica-se ainda a opção pelo vocábulo Santiago como forma toponímica indiscutivelmente correta, tendo em conta o ponto 1, c, da Base XVIII do Acordo Ortográfico de 1990.  Relativamente às frases «um dia encontrei o João» e «num dia, encontrei o João»,  constata-se que ambas estão corretas, embora tenham sentidos diferentes. Por último, explica-se que tanto se pode dizer «cheiro a tinta» como  «cheiro de tinta», uma vez que ambas as regências são possíveis. 

2. «Às vezes, a intenção de fazer títulos muito informativos atinge o objectivo contrário, tornando-os redundantes ou despropositados» – lembra o jornalista João Alferes Gonçalves num apontamento publicado na página do Clube de Jornalistas (6 de outubro de 2021) e que se transcreve, com a devida vénia, na rubrica Pelourinho.

3. No dia 30 de setembro, assinalou-se o Dia Internacional da Tradução, instituído pela Resolução n.º 71/288 da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), de 24 de maio de 2017. A esse propósito, na rubrica O Nosso Idioma, transcreve-se o artigo que a linguista portuguesa Margarita Correia publicou no Diário de Noticias de 4 de outubro de 2021, a chamar a atenção para o quão árdua é a tarefa dos tradutores: «O trabalho do tradutor nem sempre é devidamente respeitado e valorizado pelas sociedades, e muitos tradutores veem a sua atividade constantemente ameaçada pelo uso inadvertido de ferramentas de tradução automática em situações inapropriadas e pelo trabalho precário e mal remunerado [...].»

À volta dos problemas mais genéricos da tradução  leiam-se também a sub-rubrica Tradução e estrangeirismos e a nota dedicada ao livro ABC da Tradução (2020), de Marco Neves. Na imagem à direita, S. Jerónimo, na tradição católica, o padroeiro dos tradutores, num quadro de 1521 de Albrecht Dürer (1471-1528) que está patente no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

4. Nos programas que a Associação Ciberdúvidas da Língua Portuguesa produz para a rádio pública portuguesa, têm relevo os seguintes temas:

♦  No evento Ateliê Poético: Residências (virtuais) em movimento, realizado pela  Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI) em outubro, em Lisboa, centra-se o programa Língua de Todos, na RDP África (sexta-feira, 08/10/2021, pelas 13h20*).

♦ No Páginas de Português, transmitido na Antena 2 (domingo, 10/10/2021, 12h30*), a professora Inocência Mata fala sobre o espaço na aprendizagem que as diferentes literaturas em língua portuguesa têm nas escolas da CPLP. Este programa conta ainda com a crónica da professora universitária brasileira Edleise Mendes, a respeito da Internet e a diversidade linguística e cultural do português.

* Hora oficial de Portugal continental.

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. Como anunciado na Abertura de 1 de outubro p. p., as atualizações do Ciberdúvidas passam a ter frequência trissemanal – às segundas, quartas e sextas. Reforça-se assim a intervenção deste espaço dedicado ao esclarecimento e debate de temas da língua portuguesa na sua diversidade, já que, ao longo dos anos, o interesse do público por estas páginas tem crescido. De tal maneira que, neste momento, o acervo do Ciberdúvidas atinge mais de 40 000 artigos distribuídos pelo Consultório e pelas demais rubricas (Controvérsias, Diversidades, Ensino, O Nosso Idioma, Pelourinho, Montra de LivrosNotícias e Antologia). Contam-se ainda rubricas temáticas que documentam momentos críticos da atualidade, como mais recentemente sucedeu (em 2020) com a criação de A covid-19 na língua, dando conta do enorme impacto da pandemia sobre os usos do idioma. Recorde-se, por último, que o serviço de esclarecimento de dúvidas está, como sempre, ativo (aqui) e aberto a quantos queiram conhecer cada vez melhor esta língua que é de todos.

2. No Consultório, são cinco as novas perguntas: como analisar a sintaxe caprichosa do provérbio «quem o feio ama, bonito lhe parece»? Quando se refere a totalidade de um universo («todos os maiores de 18 anos»), será sempre obrigatório o quantificador todos? Na fala popular do Brasil, pronuncia-se por vezes "mobilha" em vez de mobília – será este fenómeno fonético desconhecido em Portugal? E como se há de escrever a associação de ponte com báscula e de tomada com macho – com ou sem hífen?

3. «Fazer a cabeça», «fazer das suas» e «fazer-se de novas» são três das expressões idiomáticas formadas por fazer, um verdadeiro verbo multiúsos, no dizer da professora Carla Marques em crónica que escreveu e leu para o programa Páginas de Português (Antena 2, 3 de outubro de 2021), agora igualmente disponível em O Nosso Idioma. Na mesma rubrica, a professora Lúcia Vaz Pedro assinala um neologismo que denota um conceito bem antigo e que se tem tornado recorrente no discurso sobre feminismo e identidade: sororidade.

4. Nas Diversidades, transcreve-se, com a devida vénia, um interessante apontamento do jornalista Leonídio Paulo Ferreira, lembrando que o vietnamita se escreve hoje numa versão do alfabeto latino (quôc-ngu) graças ao engenho linguístico do jesuíta português Francisco de Pina (1585-1625).

5. Uma referência à sagração de Portugal, pela primeira vez, como campeão mundial de futsal em 3 de outubro p. p., ao derrotar a Argentina por 2-1, em Kaunas (Lituânia). Sobre a origem do termo futsal, retome-se a explicação dada pelo jornalista João Querido Manha ao Consultório em 8 de julho de 2009: «A palavra futsal1 foi inventada pela Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), quando a FIFA proibiu a utilização da palavra futebol por outras entidades (anos 80) [...]»; é o resultado da amálgama de uma expressão espanhola fútbol sala ou fútbol de salón (cf. dicionário da Real Academia Espanhola e Fundéu).

6. Dois registos da atualidade que dão conta do constante aperfeiçoamento do ensino da língua portuguesa em suporte digital: neste dia, a realização em Santiago de Compostela do encontro "Português, multilinguismo e ensino à distância", promovido pela Academia Galega da Língua Portuguesa e pela Comissão Temática de Promoção e Difusão da Língua Portuguesa dos Observadores Consultivos da CPLP; e a notícia do prémio que a International E-Learning Association (IELA) atribuiu ao curso LMOOC Introdução à Língua Portuguesa, produzido pela Faculdade de Letras e pelas Tecnologias Educativas da Universidade do Porto.

7. Uma chamada de atenção  final para as comemorações do 5 de Outubro em Portugal, data em que se festeja a implantação da República no país, ocorrida em 1910. Entre artigos alusivos ao tema disponíveis no arquivo do Ciberdúvidas, propõe-se a leitura de As palavras república e monarquia, 'Viva a República' e 'vivà República' e As mudanças na 'orthographia da lingua portugueza' há 100 anos.

Cf. 130 anos de "A Portuguesa", adoptada como Hino Nacional português um ano depois da implantação da República + A história do Hino Nacional

 

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. O dia 1 de outubro corresponde em Portugal, e no contexto da evolução da pandemia, à passagem para o estado de alerta. Entra-se, desta forma, na fase três do plano definido pelo Governo, o que implica um aligeirar de medidas de restrição, como, por exemplo, o limite máximo de pessoas no interior de restaurantes, cafés e padarias e também em espetáculos culturais. Neste contexto, a rubrica A covid-19 na língua regista quatro novas entradas: Amamentação,  «Regresso ao escritório», «Situação de alerta» e «Vacina cubana». 

Neste dia  assinala-se também o Dia Mundial da Música, uma data instituída em 1975 pelo International Music Council (uma instituição da UNESCO) e o Dia Nacional da Água. Esta é uma excelente oportunidade para reler algumas respostas e textos relacionados com amos os temas no arquivo do Ciberdúvidas. Por exemplo: «Música», «O feminino de músico» e «Banda de música», «As sílabas de água», «Qual a origem da palavra água?», «À tona de/da água» e «A diferença entre água e águas». 

2. Ao Ciberdúvidas chegam com frequência questões que se orientam no sentido de procurar determinar se certa palavra ou construção está correta. Desta feita, a dúvida recai sobre o pretenso verbo "eremitar" e também sobre a construção «fazer grávida», inexistente em português. Entre as novas respostas, destaque para a colocação da vírgula antes da conjunção enquanto, a construção do verbo esperar com oração completiva e a grafia do nome cinza-rato. Apresentamos ainda uma explicação relacionada com a etimologia do nome mamãe e um esclarecimento relativo à classe de palavras dos nomes clero, nobreza e povo

3. Na rubrica Montra de Livrosapresentamos a obra coordenada por Laura Álvares LópezPerpétua Gonçalves e Juanito Ornelas de Avelar, intitulada The Portuguese Language Continuum in Africa and Brazil. Trata-se de uma publicação de 2018, que a John Benjamins Publishing Company coloca agora em acesso livre. Uma obra fundamental para o conhecimento de diferentes aspetos de natureza linguística relacionados com as variedades não europeias do português.

4.  Os resultados das eleições autárquicas 2021 em Portugal  desencadearam muitos comentários orais e escritos. Neste quadro, na imprensa escrita, é comum identificar o uso de maiúsculas depois de números. A professora Lúcia Vaz Pedro aponta a incorreção neste apontamento e recorda algumas regras de uso de maiúsculas e minúsculas. 

5. Com a devida vénia aos seus autores e publicações envolvidas, transcrevemos três textos nas rubricas NotíciasO Nosso Idioma e Lusofonias:

♦ Uma noticia sobre o que defende vice-Presidente angolano Bornito de Sousa para a grafia unificada da toponímia do seu país, uma posição reafirmada já quando ele exercia o cargo de ministro Administração do Território no Governo do então Presidente José Eduardo dos Santos. 

♦ Um artigo do escritor e jornalista angolano João Melo dedicado ao conceito de lusofonia em contraste com a realidade dos povos de língua língua portuguesa.

♦ Um texto dedicado aos usos de verbos como haver, faltar ou tratar-se, da autoria da professora portuguesa Cristina Fontes.

♦ Uma reflexão do historiador e crítico de arte angolano Adriano Mixinge, onde se aborda a importância da leitura e da escrita, em particular entre crianças e adolescentes. 

6. Nos programas que a rádio pública portuguesa dedica a questões relacionadas com a língua portuguesa, destaque para: 

Língua de Todos, na RDP África, que tem esta semana como convidada a linguista moçambicana Maria Perpétua Gonçalves, professora de Linguística da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, numa conversa em torno da obra O Continuum de Língua Portuguesa na África e no Brasil, que apresentamos na Montra de Livros (sexta-feira, 1 de outubro de 2021, pelas 13h20*; com repetição no dia seguinte, após o noticiário das 9h00*).

— Páginas de Português, na Antena 2, que ouviu a professora Ana Paula Laborinho sobre o Ateliê Poético para a Interculturalidade, que terá lugar em outubro, em Lisboa, no âmbito da Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI); conta ainda com a crónica da professora Carla Marques sobre o verbo fazer (domingo, 3 de outubro de 2021, pelas 12h30*, com repetição no sábado seguinte, 8 de outubro de 2021, às 15h30*).

—  Palavras Cruzadas, também na Antena 2, com o tema do Protocolo Cerimonial e Digital (de segunda,dia 4, a sexta-feira, dia  8/10, às 09h50 e às 18h20*)

* Hora de Portugal continental

Nota:  Informamos os nossos consulentes que, a partir do mês de outubro, o Ciberdúvidas passará a contar com três aberturas semanais, respetivamente à segunda, quarta e sexta-feira.  

Por Ciberdúvidas da Língua Portuguesa

1. No passado dia 26 de setembro assinalou-se o Dia Europeu das Línguas, pretexto para uma crónica do professor e tradutor português Marco Neves sobre a origem da linguagem humana, no portal SAPO. Ainda sobre a edição fac-similada da Grammatica da Lingoagem Portuguesa de Fernão de Oliveira (vide a sua recensão na rubrica Montra de Livros), deixamos transcrito, na rubrica O Nosso Idioma, o artigo* da professora universitária Clara Barros sobre o que é considerado tratar-se a «primeira anotação da língua portuguesa». Destaque-se, ainda, a mais recente atualização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras: mil novas entradas – entre as quais, avultam os termos biopsiar, ciberataque, covid-19 (com minúscula inicial), docussérie, feminicídiogentrificação, gerontofobiahomoparental, infodemia, judicializaçãoladarnecropolíltica, negacionismotelemedicinateleinterconsulta, por exemplo. Ou estrangeirismos como botox, bullying, compliance, coworking, crossfit, home office e lockdown. Disponíveis na sua versão digital.

*in jornal  Público do dia 23 de setembro de 2021.

Pode fazer uma busca das palavras no VOLP, aqui

2. Na rubrica Ensino, propõe-se a leitura das considerações de João Costa, atual secretário Adjunto e da Educação em Portugal, numa entrevista intitulada "Gramática formal e ensino". João Costa, enquanto linguista, salienta o valor e a importância da formação linguística adequada no ensino da língua materna, cujo trabalho é também o de capacitação para literacias múltiplas e potenciadoras de um respeito pelos direitos humanos, pela diversidade linguística e cultural, com fomento de capacidade analítica e crítica sobre o que se lê e ouve. 

3. Consultório continua a dar respostas às múltiplas perguntas que nos fazem chegar. Assim, na área dos estrangeirismos, temos o anglicismo jeans, geralmente classificado como nome dos dois géneros (masculino e feminino) nos registos dicionarísticos. Outros tópicos abordados são o aportuguesamento da palavra bruschetta para brusqueta, ou ainda a forma micro-front-end, que deve escrever-se com hífen. O gentílico referente ao topónimo Meãs talvez mais seguro se associado a uma perífrase, como «os naturais de Meãs», «os moradores de Meãs». O verbo coartar com o sentido de «limitar, restringir», sem relação com coercivo, coercitivo e coerção, palavras semanticamente relacionáveis com o verbo coagir, que significa «obrigar alguém a fazer alguma coisa; forçar». A obrigatoriedade da ênclise (colocação do pronome átono após o verbo), quando o infinitivo vem regido da preposição a. O caso das frases com a preposição + pronome relativo («em que»). Por último, temos o valor aumentativo ou diminutivo do sufixo -oco ou -oca em palavras como dorminhoco, pernoca, passaroco, beijoca, além de um comentário sobre um caso de duas variantes corretas quanto à sua acentuação: clítoris e clitóris.

4. Em A covid-19 na língua ficaram as seguintes novas entradas: ADN, desoxirribonucleicoDNA, uniforme branco e vacinas indianas. E em O Afeganistão de A a Z acrescentaram-se os termos fátuahadicemadraça, ulema e vaabismo.