Português na 1.ª pessoa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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AO90, a fórmula do desastre

«(...) O sistema português das consoantes etimológicas encontra-se, desde há séculos, em profunda instabilidade, digamos tudo, em estado caótico, e não se lhe vislumbra melhoria. Podemos lamentá-lo, podemos tentar abrir aqui e ali corta-fogos, mas a instabilidade veio para ficar. E que fez este AO? Tirou-nos duma situação em si suportável, e introduziu-nos, sem ganho nenhum, num emaranhado de perplexidades. (...)»

[artigo que se transcreve a seguir na íntegra e conforme a norma seguida no original, in jornal Público de 1 de agosto de 2016. Uma referência ao Ciberdúvidas e outro ponto igualmente menos rigoroso do autor justificaram duas notas da nossa responsabilidade editorial.]

(isto não é um texto ordinário ou vulgar)

Sobre o palavrão e outros tabuísmos de linguagem – neste artigo do jornalista português Henrique Monteiro, publicado no semanário "Expresso" de 31/07 p.p.

Inconstitucionalidades da Resolução n.º 8/2011 (AO 90)

Dois dos mais ativos oponentes do Acordo Ortográfico, em Portugal, juristas de formação, consideram neste artigo** haver cinco inconstitucionalidades e uma ilegalidade na Resolução do Conselho de Ministros, de janeiro de 2011, que determinou a sua aplicação no sistema educativo do país no ano lectivo de 2011-2012 e, a partir de 1 de janeiro de 2012, ao Governo e a todos os serviços, organismos e entidades na dependência do Estado (vigorando em pleno a partir de 22 de maio de 2015).

** in jornal "Público" de 30 de julho de 2016

Ainda os exames de Português: o analfabetismo funcional

Continuando as apreciações que fez acerca dos Exame Nacional de Português do 12.º ano no Público (artigo disponibilizado também aqui)António Carlos Cortez publica novo texto em 24/07/2016 no mesmo jornal, tecendo comentários muito críticos sobre a (má) situação da disciplina de Português, conforme indiciam os muitos erros e lacunas de aprendizagem que os alunos revelam na escrita, na construção do discurso e na interpretação de textos.

O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?

Assinado por João Paes Gameiro, e com o título “Erro no vosso site”, recebemos uma contestação ao que no Ciberdúvidas se tem recomendado quanto à obrigatoriedade do ponto nas abreviaturas – nelas incluídas nas dos numerais cardinais [cf. Textos Relacionados, ao lado]. É o que fica a aqui, na íntegra – com a devida réplica de dois dos nossos consultores que mais têm abordado este assunto, D’Silvas Filho e Maria Regina Rochaaqui e aqui, respetivamente. Leia-se, ainda, o contributo posterior de Guilherme de Almeida, disponível aqui.

Sobre o ponto abreviativo nos ordinais
Por João Paes Gameiro

«(...) Não apenas nossos melhores gramáticos e a própria Academia Brasileira de Letras estampam "3ª edição", "4ª edição", "5ª edição", sem pontos, em suas capas – o próprio Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, instrumento oficial e legal regulador da ortografia da língua, assinado pelos representantes dos governos de todos os países lusófonos, foi inteiramente redigido com ordinais sem pontos (...) Em suma, o próprio Acordo Ortográfico em vigor não usa pontos nos cardinais. De modo que dizer que escrever "quarta" como "4ª" é um erro de português não é sequer "ser mais realista que o rei". É erro, mesmo.»

[Sobre esta controvérsia, O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?, ver ainda; O ponto nas reduções dos ordinais, na tradição do português europeu + Porquê o ponto nas abreviaturas – e já não nas siglas.]

« (...)  Em primeiro lugar, é preciso avaliar qual a vantagem de se manter o ponto nos ordinais quando na sua redução com algarismos. Como se refere no texto que aqui me leva, habitualmente permite que o género masculino do ordinal se distinga do grau de temperatura: 10.º, décimo, é diferente de 10º, graus.  Depois, temos de avaliar o sentido que a tradição dá ao ponto neste caso. O ponto representa um significado não expresso, como o faz nas abreviaturas das palavras. Repare-se que em 10º é necessário indicar a seguir qual a unidade de medida: Celsius, Fahrenheit: 10º C ou 10º F. Ao passo que o ponto em 10.º serve para marcar taxativamente que se trata de um ordinal, sem necessidade de outras indicações. (...)»

  [[Sobre esta controvérsia, O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?, ver ainda; «Dizer que é erro escrever "quarta" como "4ª"... é erro, mesmo», + Porquê o ponto nas abreviaturas– e já não nas siglas.]

Se se quer seguir a norma, deverá utilizar-se o ponto abreviativo a seguir ao número relativo ao numeral ordinal (1.º, 3.ª, 35.º…). Quanto à sigla, inicialmente era utilizado um ponto após cada uma das letras, mas a sigla acabou por se constituir como um processo de formação de palavras, sendo sentida globalmente como uma nova palavra, desaparecendo, pois, o ponto no final de cada letra. (...)

[Sobre esta controvérsia, O ponto é ou não obrigatório para marcar uma abreviação?, ver ainda; «Dizer que é erro escrever "quarta" como "4ª"... é erro, mesmo»O ponto nas reduções dos ordinais, na tradição do português europeu.]

O professor e o cumprimento das metas

Ministério da Educação impõe, ao corpo docente, metas de sucesso, a alcançar em cada ano de escolaridade, iguais ou superiores a 90% (o objectivo é conseguir 100%!).

Carta aberta ao PR:<br> o acordo ortográfico do nosso descontentamento

« (...) Desde a assinatura do Acordo Ortográfico, a 16 de Dezembro de 1990, muitos foram os políticos que atentaram contra um dos pilares do nosso património cultural imaterial, e deles a história dará conta. Espero que Vossa Excelência fique na história exactamente pelas razões opostas.»

[carta aberta ao Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, publicada no jornal "Público" de 25/07/2016]