Acordo Ortográfico - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Questões relativas ao Acordo Ortográfico.

«Nas relações luso-brasileiras, parece por vezes existir um tropismo no sentido da dramatização das pequenas dissonâncias, como se o entendimento mútuo tivesse ciclicamente de passar por renovadas provas. A questão do Acordo Ortográfico parece estar a ser um desses temas, como se uns anos a mais ou a menos na conclusão de um texto trouxessem algum mal ao mundo, que viveu sem ele até agora», escreve...

«Não pode mais acontecer darmos livros didáticos para Angola e eles serem queimados porque a ortografia é diferente», argumenta-se do lado brasileiro. A verdade é que tudo volta a estar em aberto, por causa das reticências portuguesas e do silêncio das autoridades angolanas.

Prós e contras de um (des)acordo

Quais as vantagens e as desvantagens de um acordo ortográfico para a língua portuguesa? E em relação a este, em concreto, o que dizer dele? E o que têm a ganhar e a perder os oito países lusófonos, nomeadamente Portugal e Brasil? Texto da jornalista Filipa M. Gouveia e opiniões dos linguistas Paulo Osório e Cármen Gouveia, aqui.

 

A propósito da notícia de o Governo português pretender  uma moratória de dez anos para a entrada em vigor do novo Acordo Ortográfico (com o objectivo ponderável de proteger as editoras portuguesas) talvez esteja esquecido o seguinte:

Brasil (em 2004), Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (ambos em 2006) são, até agora, os três países da comunidade lusófona que ratificaram o acordo para uma nova e única grafia da língua portuguesa. Por motivos provavelmente diferentes, Portugal, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Timor-Leste ainda hesitam na adesão ao acordo. Mas como a CPLP definiu que a ratificação em três países seria suficiente para a nova grafia passar a vigorar, o Brasil tomou a dianteira, para que em 2008 os livros didá...

«Aqueles que não leem têm como consequência não entrar em contato com novas ideias.» Antes de você pensar que esqueci o trema e alguns dos acentos nessa frase, comece a se acostumar. Apesar de não ter uma data definida, a partir do ano que vem, entram em vigor novas regras na escrita do brasileiro. Entretanto, muito mais do que acentos deixados de lado, trema abolido e regras para o uso do hífen modificadas, a reforma ortográfica trará despesas econômicas, confusões e exigirá muita adaptação ...

Breve história. Em 1931 foi aprovado o primeiro Acordo Ortográfico entre Brasil e Portugal, que não foi posto em prática. Em 1945, o acordo tornou-se lei em Portugal, mas não no Brasil. Em 1975, a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras fizeram um novo projecto do acordo, que não foi aprovado. Em 1986, foi elaborado um memorando. Por esta altura, criou-se em Portugal o chamado Movimento Contra o Acordo Ortográfico. Em 1990 as duas academias elaboraram o «novo» acordo...

«O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que padronizará os oito países da CPLP a partir de 2008, não tem base científica e trará mais transtornos do que benefícios» — defende Luiz Carlos Cagliari, professor do departamento de Linguística da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, em entrevista à Agência Fundação Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo.
 

Acordo ou desacordo? Parece que ninguém se entende bem nesta questão de ortografia da língua portuguesa, sobretudo os maiores interessados, que são os povos que a falam. Cada um acha que o outro foi o privilegiado na escolha da forma para a grafia, e todos temem se atrapalhar na hora da mudança.