Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho Mau uso da língua no espaço público
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

A propósito das recentes di(con)vergências entre António Costa e António José Seguro, o principal semanário português publica um texto que traça uma espécie de biografia comparada de ambos, no qual, a dado trecho, se diz:

«Mesmo que subliminar, há um certo 'preconceito de classe' deste em relação aquele» (Expresso, n.º 2101, de 2 de fevereiro de 2013, caderno principal, p. 5).

«Falar repetidamente» de um determinado assunto nada tem que ver com «falar consecutivamente» sobre esse mesmo assunto como se aponta neste texto publicado no jornal i do dia 19 de novembro de 2012, que a seguir se transcreve na íntegra, com os devidos agradecimentos ao autor e ao díário português.

 

«O prazo pode determinar a validade, a validade não afecta o prazo», alerta o jornalista Wilton Fonseca, a propósito da frase «[os medicamentos] estão próximos do prazo de validade». In jornal "i" de 12/11/2012.

 

 

A questão é o «prazo de validade», ou a maneira como uma simples notícia – a criação de um banco de medicamentos e produtos de saúde para os mais carenciados – pode ser transformada num quebra-cabeças.

A diferença entre ambos os verbos, neste apontamentodo jornalista Wilton Fonseca, publicado no jornal i, a propósito de uma outra palavra mal utilizada pelo primeiro-ministro português.

 

Com a sua “refundação”, Passos Coelho mostrou mais uma vez a pouca familiaridade com que ele e o seu Governo tratam a língua portuguesa. A incapacidade de exprimir claramente uma ideia demonstra incapacidade mental e ideológica.

Erros maciços

Há dias, percorrendo a programação dos diferentes canais de televisão disponibilizada pela Zon, deparei-me com esta sinopse do filme Terramoto no Gelo (15 de outubro de 2012):

«Na véspera de Natal uma massiça placa de gelo colapsa na Russia provocando uma onda de choque por todo o Alaska deixando uma família isolada no meio da neve dependendo de si mesmos para sobreviver.»

«Como flagelo que será motivo de muitíssimas notícias no futuro, o desemprego já deveria estar a ser tratado com respeito e consideração […] Para fazer referência à taxa, o jornalista pode dizer “a taxa do desemprego em Portugal é elevada, se comparada com a taxa europeia”; mas não pode deixar a taxa de lado e dizer “o elevado número do desemprego”, para significar o elevado número de desempregados.» alerta Wilton da Fonseca na sua crónica no jornal português <a href="http://www.ionline.p...

«Um disse “modelar”, o outro disse “modular” […]. Apesar de pouco exigentes – na escolha dos seus governantes e dos jornais que compram – os leitores sabem que com “modelação” ou com “modulação” vão acabar por abrir o bolso ainda mais e continuar a ser servidos por quem não tem respeito pela língua portuguesa.» Os equívocos à roda do uso dos dois verbos são tema da crónica do jornalistas  Wilton Fonseca,  publicada no jornal i de 24 de setembro de 2012.

 

Numa entrevista do presidente do Banco Espírito Santo português, Ricardo Salgado, e referindo-se à privatização da TAP e à possibilidade de a Iberia poder vir a ser a companhia escolhida para o negócio, pode ler-se:

«Não digo isso. Por venturaIberia e a British Airways poderão fazer uma proposta onde deem garantias mas isso deve ser o Estado a julgar, não eu» (Expresso, Caderno  Economia, n.º 2060, 21 de abril de 2012).

A diferença de significado destes dois verbos, a propósito de uma demissão justificada na recusa se «continuar a compactuar» com a ausência de determinadas decisões.

Os Estaleiros de Viana do Castelo constituem um problema de enorme dimensão. Podem até dar azo a questões linguísticas interessantes. Há dias, um dos administradores demitiu-se, acusou os seus pares de «inércia» e declarou que não podia «continuar a compactuar» com a ausência de decisões da administração.

O registo escrito em televisão, possível graças aos dispositivos de inserção de caracteres que permitem inserir texto — legendas, rodapés, etc. — em programas e peças jornalísticas, comporta frequentemente casos quase caricatos em matéria de língua portuguesa. Será talvez porque a função possa ser entregue a não jornalistas? Será talvez, em certas situações, pela pressão do direto? Não sei! Este caso é, porém, ainda mais incompreensível porque aconteceu com informação previamente preparada, n...