Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

Quando se estuda gramática na escola, aprende-se o que é um sintagma nominal: o sintagma nominal é consituído por um nome em torno do qual gravitam vários tipos de constituintes, entre eles o adjectivo.

Em relação àquilo que é designado pelo nome, o adjectivo pode qualificar (ataque terrível) ou classificar (ataque cardíaco).

Mas vale a pena analisar de perto a função ou pertinência de alguns adjectivos em expressões (sintagmas nominais) que foram entrando no ouvido.

Porquê Dunkirk, em vez de Dunquerque?

Duinkerke em flamengo, Dunkerque em francês, Dunquerque, em português. Os anglófonos dizem e escrevem Dunkirk. Mas porquê esta opção pelo topónimo em inglês, em detrimento da forma aportuguesada, na tradução/legendagem do documentário exibido1 pela RTP 2 sobre os bastidores do filme Expiação2?

Abriram-se as prendas de Natal. Se a prenda é um livro, o simples desembrulhar não permite tirar conclusões acerca do produto.

Veja-se o caso de dois livros de literatura infanto-juvenil, ambos traduções: A Flauta Mágica (Edições Hipòtesi/Kalandraka Editora) e A Vida de Um Piolho Chamado Matias (Edições Teorema). Ambos têm erros gravíssimos, que acusam uma má tradução e uma igualmente má revisão.

Listo apenas alguns desses erros.

Um cem sem sentido

 

Percebe-se a ideia: Paulo Bento faz o 100.º jogo como treinador do Sporting, coincidindo com o castigo que lhe fora aplicado pela Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol Profissional. Só que a ideia saiu pela culatra. Ou seja: um cem sem sentido. Fica entretanto a dúvida: saberá o imaginoso tituleiro da manchete do “Record” que a preposição sem é homófona do numeral cem?

«Nós, Rei de Portugal pela graça de Deus, fazemos saber que…» Era assim que, na Idade Média, os monarcas se dirigiam à Nação. A voz do rei era a única com legitimidade para usar da palavra em nome de todos. Daí que o uso da primeira pessoa do plural (nós) para dizer eu tenha recebido a designação de plural majestático. Este nós majestático tinha também o correlativo vós: «Vós, Senhor…»

 Julgados por alegadas burlas com fundos europeus

UGT: Torres Couto, João Proença

e Oliveira e Costa absolvidos


17.12.2007 - 14h09

Por
Lusa, PUBLICO.PT</...

De um modo geral, a redundância, isto é, a reiteração de uma informação num sintagma ou frase, é descrita, no comum dos prontuários, como um deslize de linguagem: «Descer por ali abaixo» ou «Entrar por ali dentro» são exemplos de redundâncias.

Dicionário: «Hermetismo — doutrina semelhante ao ocultismo, ao esoterismo e à alquimia, que supõe relações íntimas, correspondências misteriosas entre todas as porções do Universo; carácter do que é incompreensível.»

Exemplos — retirados das duas últimas edições do Expresso, suplemento Actual, secção Música: «psicadelismo aristocrático das origens»; «qualquer coisa ...

« —  Stora, como se escreve "cóque"?

—  "Coq" é francês…

—  Francês? Não! Eu quero escrever: Eu sou mais esperto "cóque" (que o que) se julga…»

O episódio teria piada se fosse anedota, mas como não é, e como se passou numa escola portuguesa — como tantos outros episódios similares —, não tem piada nenhuma.

Há muitas pessoas que falam português desde o berço e que duvidam que a construção «mais bem preparado/feito/arranjado» seja absolutamente correcta; ou que dignitário exista nos nossos dicionários, por exemplo. Dizem que são formas que «soam mal». Poriam as mãos no fogo por "melhor preparado" ou "dignatário".

Quer isto dizer que as formas que hoje soam mal aos falantes vão, mais tarde ou mais cedo, cair em desuso? Talvez sim.