Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Português na 1.ª pessoa Pelourinho
Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

«Tinha pago ou pagado/morto ou matado»? O nosso leitor Carlos Dinis quer saber porque é que, havendo regras que ditam que com ser e estar devemos ter o particípio irregular (pago) e com ter e haver, o particípio regular (pagado), usa-se mais o pago do que o pagado? O nosso leitor sabe que «tinha pagado» é a forma correcta, mas admite que ela… «soa um pouco mal».

Coisas do desconhecimento da língua…

 

"PORQUE NÃO TE CALAS?"*

Por que não te calas?”, afirmou o rei Juan Carlos de Espanha ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez, quando este interrompeu o primeiro-ministro espanhol, Rodrigues Zapatero, no momento em que pedia “respeito” para José Maria Aznar, a quem Chávez tinha, pelo segundo dia consecutivo, classificado de “fascista”.

* in Correio da Manhã, de 11 de Novembro de 2007

O desconhecimento da língua tem destas coisas. O rei  de Espanha não podia ter afirmado, porque estava a perguntar.

Que a língua varia, toda a gente sabe; que um mesmo falante pode activar diferentes variedades, também. Numa cimeira internacional, por exemplo, não se fala como no café entre amigos.

Há quem pense, no entanto, que isto acontece por uma questão de etiqueta ou requinte linguístico; que usar o nível de língua cuidado é como pôr fato e gravata e fazer salamaleques para não se ficar malvisto (ou, agindo pela negativa, para dar um ar de modernidade ou de originalidade).

O provedor do leitor do Público, Rui Araújo, volta dedicar parte da sua crónica de 4/11/2007 aos erros ortográficos do jornal. «Concordo que seja utópico eliminar totalmente os erros ortográficos de um jornal», escreve um leitor. «No entanto, nalgumas áreas (títulos, editoriais) fica francamente mal eles existirem. Nos editoriais dos últimos meses r...

Português (básico)  para jornalistas

«"A queixa foi apresentada, mas não foram relatados muitos pormenores que permitam identificar os três autores do crime", salientou outra fonte policial ouvida pelo nosso jornal.

A investigação foi, por inerência da lei, entregue à Polícia Judiciária de Setúbal.

Uma brigada de inspectores acompanhou a jovem ao Hospital de Santa Maria [em Lisboa] para a realização dos testes ginecológicos, fundamentais para a investigação deste tipo de crime.»

Miguel Curado

Correio da Manhã, 28 de Outubro de 2007

 

Antigamente a ortografia era para respeitar. Porquê? Ninguém perguntava. Com a chegada da modernidade, também a ortografia se despiu de dogmatismos e apareceu explicada: é importante atender à forma escrita de uma palavra, porque aí se regista o seu código genético. Recentemente, a ortografia foi considerada um obstáculo metodológico para a aferição da competência da leitura nas provas do 1.º e do 2.º ciclos do ensino básico — 2007. Mais recentemente, Gonçalo M. Tavares, autor do romance ...

Toda a gente sabe que o antónimo de certo é errado, de culpado, inocente, de torto, direito. São os chamados antónimos dicotómicos. Mas há também os antónimos seriais, que assentam numa escala graduada: há duas palavras que se situam nos extremos de uma dad...

A Gronelândia não pagou o ar condicionado

O calote glaciar da Gronelândia está a diminuir muito mais rapidamente do que previam os investigadores. Segundo o Centro Espacial da Dinamarca, o aumento é agora de 400 por cento, o que eleva o nível do mar até 2100 em mais 60 centímetros.

 

A avaliar por esta notícia do Correio da Manhã, os gelos da Gronelândia estão a derreter porque alguém se esqueceu de pagar o ar condicionado e pregou um calote ao fornecedor de energia.

Não é nada disso. O que está a derreter é a calota e não o calote.

Vale a pena dar revelo a uma palavra que muitas vezes passa despercebida, mas que faz muita diferença na interpretação dos enunciados: a preposição.

Tome-se para primeiro exemplo este título: «Alan Greenspan em Lisboa para conferência do Sol e DD» (Diário Digital, 3/10/07). Conhecemos as «conferências de imprensa, de paz, da ONU, do Casino»…, mas não de um ou dois jornais. Houve a intenção de puxar para o t...

Os equívocos de uma viagem linguística

 

Na SIC, canal de televisão português, uma jornalista convida a «fazer de “trugalheiro” da língua portuguesa». Promete-se uma “Viagem pela Língua Portuguesa”, com imagens de um antigo mapa do Reino que entrecortam outras de gente — idosa, na maioria — que vive em campos, aldeias, vilas...