Pelourinho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Registos críticos de maus usos da língua no espaço público.

     «O incómodo é tanto que Pedro Santana Lopes não tem mesmo outra solução se não sentar-se nas últimas filas», escrevia-se no jornal “24 Horas” do passado dia 27 de Julho.
     Escrevia-se erradamente, porque a grafia certa é senão. Ou seja, devia ter-se escrito assim: «O incómodo é tanto que Pedro Santana Lopes não tem mesmo outra solução senão sentar-se nas últimas filas». Neste caso, senão significa excepto...

     Mais incompreensível é (no mesmo jornal) ainda haver quem não distinga a diferença entre a moral e o moral (além daquela errada concordância verbal)...

     «....a derrota com a França por 1-0, nas meias-finais, e o afastamento da final de Berlim, deixou marcas pelo menos ao nível da moral dos jogadores [portugueses].»2

     2 Paulo Curado, "Público" de 9 de Julho p.p.

     A abreviação dos números ordinais, como aqui já se recordou várias vezes [cf. 2º não é a mesma coisa que 2.º], não se confunde com a grafia do símbolo de grau angular nem com a do símbolo dos graus celsius, por exemplo. Nas ilustrações em baixo, ficam dois exemplos do desleixo (notícia do... 

     «Causas como esta e causas muito diferentes desta são importantes para que deixem de haver aquelas instituições grandes com muitas crianças, que todos nós conhecemos (…)», escreviam as jornalistas Andreia Valente e Ana Meireles, no jornal “24 Horas” de 12 de Julho p. p.
     Escreveram mal. Deviam ter escrito: «Causas como esta e causas muito diferentes desta são importantes para que deixe de haver aquelas instituições gr...

     Frase do jornalista Paulo Solipa, da RTP, a propósito do eventual pedido de isenção de imposto a aplicar sobre os prémios atribuídos aos jogadores de selecção portuguesa de futebol: «A decisão de isentar o imposto será sempre uma decisão política.»
     Não se trata de “isentar o imposto”, mas de isentar alguém ou algum rendimento do imposto que lhe deveria ser aplicado. O verbo isentar significa «desobrigar», «livrar».

     Frase do dirigente do CDS-PP para o primeiro-ministro português José Sócrates, no debate na Assembleia da República, no passado dia 12 de Julho: «V. Ex.ª fala do dever dos contribuintes para com o Estado, mas, claro, o mesmo princípio não se aplica ao Estado nas suas obrigações para com os cidadãos e as empresas que o financiam. E há-de convir que isso retira muita credibilidade ao seu ar decidido com que aparec...

Ainda no mesmo jornal 3: «Ouro. Uma grama por dia, à espera que a mina volte a abrir».

Pela enésima vez: grama, a milésima parte da massa do quilograma-padrão, é masculino. Nada tem que ver com a grama, de gramado.

 

3, “Público” de 10 de Julho p.p.

     Outra dificuldade crescente parece ser mesmo a conjugação dos verbos no conjuntivo [subjuntivo]. Veja-se esta notícia recente no “Público”:

«Crise do lançamento de mísseis
Tóquio não exclui ataque preventivo à Coreia do Norte


O Japão reserva-se o direito de atacar preventivamente a Coreia do Norte em caso de ameaça nuclear directa, com o object...

     «Pelos vistos, uns senhores em Lisboa decidiram-se por, na secretaria, tentarem condicionar e conseguir aquilo que, de outra forma, no caso concreto, de Braga, nunca conseguiram eleitoralmente. É uma enormidade, para não adjectivar de outra forma».
     Três erros nesta frase, dita1 pelo líder da distrital do CDS-PP...

Chumbos, reprovações, retenções ou exclusões são fruta da época.
     Em rigor, são os alunos (ou todos aqueles que se submetem a uma avaliação) que são chumbados, reprovados, retidos ou excluídos. São eles sujeitos passivos de um agente mais ou menos implacável que os chumba, reprova, retém ou exclui.
     Chumbar, reprovar, reter ou excluir são, em termos gramaticais, verbos transitivos directos, quer dizer,...