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Gramática do Português

Há muito aguardada – trata-se do resultado de um projeto iniciado em 2000 –, a publicação desta gramática impõe-se certamente em Portugal como o acontecimento mais marcante de 2013 em matéria de estudos gramaticais. Com edição da Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa) obra, constituída por três volumes (o terceiro volume ainda não se encontra disponível), apresenta-se como uma gramática de referência, tendo por objetivo fundamental a descrição a norma culta do português europeu, sobretudo encarado do ponto de vista sincrónico e abrangendo vários níveis estruturais – da sintaxe à semântica, da morfologia à fonologia. No entanto, não se julgue que esta obra se limita à variedade lusitana: os capítulos iniciais são dedicados à variação da língua não só no eixo histórico, mas também na sua dimensão geográfica, quer relativa à dialetologia no território atualmente português, quer nos países onde ela tem estatuto oficial, em especial no Brasil, em Angola e Moçambique. Mas a sua originalidade parece residir sobretudo no modo como se posiciona relativamente ao confronto (nem sempre pacífico) entre a gramática tradicional (ou prescritiva) e a gramática teórica; tal aspeto fica explicitado nas palavras de dois dos seus autores, membros também da comissão organizadora deste trabalho monumental:

«[…] [E]sta Gramática destina-se a um público culto, de nível de instrução acima da média, que nela pode obter informação actualizada e aprofundada sobre os principais temas da gramática do português. Não é uma gramática teórica, destinada apenas a especialistas em Linguística, nem uma gramática simplificadora, de tipo escolar.» [Maria Fernanda Bacelar do Nascimento (in texto de apresentação).]

«[...] [S]em ignorar noções, conceitos e resultados provindos da investigação linguística mais recente, a que me referirei já a seguir, esta Gramática adopta, de forma geral, o quadro descritivo da gramática tradicional, com as suas classes de palavras e as suas funções gramaticais.» [Eduardo Paiva Raposo, ibidem.]

Uma obra de proporções que há muito tempo não se viam em Portugal, cujo alcance terá, com certeza, grande impacto na forma como se interpreta e ensina o funcionamento da língua portuguesa.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa