A escritora moçambicana Paulina Chiziane foi a vencedora do Prémio Camões 2021.
Foi a terceira vez que o galardão é atribuído a um autor moçambicano, depois das distinções a José Craveirinha em 1991 e a Mia Couto em 2013 – ela que foi a primeira mulher moçambicana a publicar um romance (em 1990) narrando, criticamente e pela ficção, a história e os traumas do seu país pós-independência.
Em nota à comunicação social, o Ministério da Cultura de Portugal assinalou que a atribuição do Prémio Camões 2021 à escritora moçambicana Paulina Chiziane obteve a unanimidade do júri, destacando a sua «vasta produção e receção crítica, bem como o reconhecimento académico e institucional da sua obra». No mesmo comunicado, o júri destacou a «importância que [a autora] dedica nos seus livros aos problemas da mulher moçambicana e africana», sublinhando «o seu trabalho recente de aproximação aos jovens, nomeadamente na construção de pontes entre a literatura e outras artes».
Paulina Chiziane nasceu em Manjacaze, Moçambique, em 1955. Estudou Linguística em Maputo, mas não concluiu o curso. Atualmente vive e trabalha na Zambézia. Ficcionista, publicou vários contos na imprensa do seu país (Domingo e Tempo).
Entre as suas obras publicadas, destacam-se os livros Balada de Amor ao Vento (1990), Ventos do Apocalipse (1995), O Alegre Canto da Perdiz (2008), O Sétimo Juramento (2019) e Niketche: Uma história da poligamia (2021).
Em declarações à agência Lusa, a propósito do galardão recebido, a escritora moçambicana considerou ter sido «todo um povo [o moçambicano] que é agraciado por este grande prémio», frisando: «Eu não sou, propriamente, aquela pessoa que se pode dizer "Ela veio de um estrato social X, assim nobre". Não, eu vim do chão! Portanto, um reconhecimento para alguém que veio de lugar nenhum, sem dúvida, é um motivo de inspiração para uma outra geração». São declarações que ficam também aqui documentadas, com um registo da Euronews de 21 de outubro de 2021:
Cf. Comunicado à comunicação social da Ministério da Cultura português (texto integral) e agência Lusa (ler também aqui) + Paulina Chiziane e o álbum de fotografias + Podcast do Encontro de Leituras: conversa com Paulina Chiziane, in "Públco", 14/01/2022 + Paulina Chiziane: «No momento da guerra entre o preto e o branco, onde é que fica o mulato?»
Ministério da Cultura português, agência Lusa e jornal Observador, em 20 de outubro de 2021+ Euronews em 21 de outubro de 2021