Pergunta:
Primeiramente, gostaria de registrar os meus parabéns e dizer que gosto muito de sempre consultar e passar um tempo lendo este site!
Em relação à minha pergunta, na verdade, talvez seja mais uma provocação do que propriamente uma dúvida, porém gostaria de ouvi-los a respeito: em alguns materiais, encontro a informação de que a mesóclise deve ser utilizada apenas quando não for possível a próclise; em outros, essa orientação possui caráter facultativo. Tenho muito preconceito com mesóclises colocadas no meio de frases, tal como na mensagem de cabeçalho «Ter dúvidas é saber. Não hesite em nos enviar as suas perguntas. Os nossos especialistas e consultores responder-lhe-ão o mais depressa possível.»
Qual a valiosa opinião de vocês?
Muito obrigado!
Resposta:
Em nome do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, agradeço as suas palavras calorosas.
Sabemos que, no português do Brasil, a colocação do pronome é tendencialmente proclítica. Só o registo formal é que parece dar oportunidade a outras colocações cujas regras não são claras e estão muitas vezes dependentes de certos usos literários, nem sempre de acordo com o uso contemporâneo.
No caso do português de Portugal – trabalhamos em Portugal e falamos/escrevemos português de Portugal –, a situação é diferente, porque em frase declarativa afirmativa ou em frase interrogativa não negativa a colocação é geralmente enclítica («respondemos-lhe»). Ora, quando se usa um verbo pronominal no futuro do indicativo ou no condicional (o futuro do pretérito na terminologia gramatical brasileira), razões históricas impõem a mesóclise, que, embora pouco produtiva na oralidade informal, ainda vigora na escrita e no discurso oral formal.
Tudo isto para dizer que, em Portugal, a mesóclise no meio de uma frase ou oração estará perfeitamente correta, se essa frase ou essa oração não forem negativas e se os verbos respetivos não forem precedidos de advérbios que os modifiquem (nunca, sempre, ainda, já, entre outros). É, portanto, este o caso da frase «os nossos especialistas e consultores responder-lhe-ão o mais depressa possível» – nem é frase negativa, nem o seu verbo vem antecedido dos advérbios que mencionámos.
Resta observar que a descrição que lhe apresentamos é a situação presente do funcionamento do português de Portugal. Não é de exclu...