Pergunta:
Ao escrever um trabalho sobre reconstrução mamária após mastectomia por cancro, deparei-me com uma dúvida numa palavra que usamos na prática quotodiana, que não se encontra nos dicionários escolares. Refiro-me à palavra autólogo, que para nós significa a transposição de tecidos do próprio indivíduo de um sítio anatómico para outro (na mesma pessoa). A dúvida é se esta palavra existe em português ou se é um estrangeirismo, proveniente da palavra inglesa autologous, e se poderá ser usada, sem qualquer outra explicação, num texto não dirigido a médicos.
Obrigado.
Resposta:
O termo em questão está registado em dicionários gerais, como o iDicionário Aulete e o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa; neste último, define-se o adjetivo em apreço em duas aceções: «relativo ao próprio indivíduo» e, em medicina, «[relativo ao] que é feito com material do corpo do próprio paciente (ex.: transfusão autóloga, transplante autólogo)». Um dicionário especializado, o Dicionário Médico de L. Manuila et al. (Lisboa, Edições Climepsi, 2004; adaptação de João Alves Falcato), também acolhe este termo, atribuindo-lhe o significado de «relativo ou proveniente do próprio indivíduo» e remetendo-o para os termos autotransplante, autotransfusão, autoenxerto, que, de modo sintético, vêm a significar «transplante autólogo», «transfusão autóloga» e «enxerto autólogo», respetivamente. Apesar de a palavra ocorrer em dicionários gerais, deve-se ter em atenção o seu estatuto de termo médico, o que acarretará certamente, em obras para o público não especializado, a inclusão de um esclarecimento em nota explicativa ou em glossário.