Pergunta:
Na gramática tradicional, ainda ensinada aos alunos de 8.º e 9.º anos, torna-se difícil encontrar uma explicação cabal para a definição de verbos transitivos indiretos. Nalgumas publicações é dito que são aqueles que são seguidos por complemento indireto, noutras afirma-se que são os que são seguidos de complemento indireto ou outro complemento iniciado por preposição, e noutras, ainda, diz-se que são os que são seguidos de complemento indireto ou complemento circunstancial.
Gostaria que, se possível, me ajudassem nas seguintes dúvidas:
Nas frases «Ele dormiu bem», «Ele dormiu no sofá» e «Entreguei o livro na biblioteca», que tipo de verbo temos? Estará correto dizer que nas duas primeiras é um verbo transitivo indireto e, na última, um verbo transitivo direto e indireto, pois têm à frente um complemento circunstancial?
Resposta:
De acordo com a terminologia mais antiga, conforme a Nomenclatura Gramatical Portuguesa a fixou em 1967, os verbos eram apenas descritos de acordo com duas categorias, a de verbo transitivo e a de verbo intransitivo. O termo «verbo transitivo indireto» parece de uso mais recente, visto fazer parte do Dicionário Terminológico, que o define assim: «v[erbo] principal que selecciona um sujeito e um complemento indirecto ou oblíquo.»
De qualquer forma, nos exemplos apresentados na pergunta não ocorre nenhum verbo transitivo indireto. Em «Ele dormiu bem» e «Ele dormiu no sofá», o verbo dormir é intransitivo, enquanto «bem» e «no sofá» são ambos complementos circunstanciais na terminologia mais antiga ou modificadores na nova terminologia. Quanto a «Entreguei o livro na biblioteca», ocorre na frase um verbo transitivo direto, entregar, que tem por complemento direto o grupo nominal «o livro», e por modificador, o grupo preposicional «na biblioteca».