Pergunta:
Qual a explicação para a não palatalização (ou pelo menos parcial) das consoantes d e t na região Nordeste do Brasil? Ao mudar-me de Pernambuco para o Sudeste da Bahia/Baía, percebi uma mudança sensível na pronúncia do d e do t que são lidas “dji” e “tchi”, assim como no Sudeste do Brasil; deparei-me, assim como vários conterrâneos, ainda por cima, com o preconceito e com a discriminação por não pronunciar as ditas consoantes com palatalização. Qual a explicação linguística para este fenômeno em ambas as regiões? Gostaria, outrossim, de saber se existe alguma regra que defina a pronúncia-padrão das vogais átonas (como, por exemplo, o e com som de i, ou o com som de u).
Resposta:
Não encontrei fontes que explicassem a ausência de palatalização na região em apreço. Contudo, sabendo que a palatalização da consoantes oclusivas dentais t e d é uma inovação na história da língua portuguesa do Brasil, parece-me que é de inferir o conservadorismo de certos falares de Pernambuco. Explicar tal conservadorismo é, em última análise, uma tarefa da sociolinguística, que tratará de correlacionar essa atitude dos falantes pernambucanos com diferentes aspectos das comunidades em que se integram.
Quanto a uma regra que defina a pronúncia das vogais átonas, a mais generalizada diz respeito às vogais que se encontram em posição pós-tónica final: comer — [koˈme], [koˈmeR] > come, [ˈkomi]; actor — [aˈto], [aˈtoR] vs. acto, [atu]. As descrições referem-se uma tendência no Rio Grande do Sul para pronunciar este e e u finais como [e] e [o], respectivamente. Noutras posições, regista-se certa variação: por exemplo, e e o pretónicos são pronunciados como [e] e [o] no Centro-Sul e [ɛ] [ɔ] no Norte e no Nordeste (os chamados "e aberto" e "o aberto"): pegar — [peˈga] vs. [pɛˈga]; morar — [moˈra] vs. [mɔˈra] (ver Paul Teyssier, História da Língua Portuguesa, Lisboa, Edições Sá da Costa, 1982, pág. 81). Mas é também possível encontrar situações em que as vogais e e