Carlos Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Carlos Rocha
Carlos Rocha
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Licenciado em Estudos Portugueses pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, mestre em Linguística pela mesma faculdade e doutor em Linguística, na especialidade de Linguística Histórica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. Professor do ensino secundário, coordenador executivo do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, destacado para o efeito pelo Ministério da Educação português.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual o gentílico de Ottawa (Otava), capital do Canadá?

Muito obrigado.

Resposta:

Não existe forma gentílica consagrada, mas Luiz Autuori e Oswaldo Proença Gomes, em Nos Garimpos da Linguagem, Rio de Janeiro, Livraria S. José, 4.ª edição), propõem otavano e otavense. Confirmo também que a forma portuguesa do nome da cidade em apreço é Otava (cf. Rebelo Gonçalves, Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966, e Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, Porto Editora, 2009).

Pergunta:

Qual o gentílico de Jacarta, capital da Indonésia?

Muito obrigado.

Resposta:

Não existe forma generalizada. Luiz Autuori e Oswaldo Proença Gomes (Nos Garimpos da Linguagem, Rio de Janeiro, Livraria S. José, 4.ª edição) propõem jacartês, que é forma correcta na língua portuguesa.

Pergunta:

Qual o gentílico de Niassalândia, atual Malauí? Seria "niassa", ou "niassalândio", ou ainda "niassalando"?

Muito obrigado.

Resposta:

Não existe termo generalizado. No entanto, é de observar que as formas propostas são anómalas se tivermos em conta que outros geónimos terminados pelos elementos -lândia e -landa têm gentílicos em -landês: Islândia, islandês; Irlanda, irlandês. Por isso, parece-me mais adequado que o gentílico correspondente a Niassalândia (nome que de resto já não se usa) seja niassalandês.

Pergunta:

Qual é o gentílico de Riade, capital da Arábia Saudita, se é que ele existe?

Muito obrigado.

Resposta:

Não existe forma generalizada, o que significa que se abre um leque de possibilidades: riadense é talvez a que se perfila de imediato, dada a produtividade do sufixo -ense na formação de gentílicos.

Pergunta:

Gostaria que me pudessem ajudar sugerindo um tema para um trabalho que tenho de fazer acerca dos falares da ilha da Madeira (linguística madeirense). Pensei trabalhar na parte da semântica, mas não sei o que fazer dado que também não disponho de muito tempo para pesquisas muito profundas.

Agradeço a sua ajuda.

Resposta:

Lamento, mas não me foi possível reunir muitas referências sobre a descrição dos falares madeirenses. Sobre semântica, as referências são mesmo nulas, a não ser que enverede pela semântica lexical, que lhe permite abordar os chamados regionalismos. De qualquer modo, deixo as seguintes sugestões:

Bento, António e M.ª da Conceição Figueira de Sousa. "Continuidade e perenidade do falar madeirense", in Chris Chrystello (ed.), III Encontro Açoriano da Lusofonia, 2008.

Mateus, M.ª Helena Mira Mateus, A mudança da língua no tempo e no espaço

Segura, Luísa, Variação dialetal no território português: conexões com o português do Brasil.

Gonçalves, Miguel, "Para um estudo da palatalizaçao do L e da ditongação do I no dialecto madeirense", in Actas do XIX Congreso Internacional de Lingüística e Filoloxía Románicas, coord. por Ramón Lorenzo Vázquez, Vol. 6, 1994.