Pergunta:
Fiquei surpreendido, ao adquirir uma medalha de Nossa Senhora de Fátima, ver inscrito na medalha Nossa Senhora do Rosário da Fátima.
Vejo que é comum nas medalhas essa inscrição.... Ora quando nos referimos à cidade também dizemos (aquela pessoa é) «de Fátima» ou (há um bom restaurante) «em Fátima».
Qual a formulação correcta? “De”ou “da”?
Resposta:
O topónimo Fátima usava-se com artigo antes dos acontecimentos que levaram à criação do santuário. Com efeito, dizia-se ou ainda se diz «vive na Fátima», o que de algum modo é comprovado pelo título de uma publicação local ainda hoje existente: A Voz da Fátima.
Trata-se de um uso por esclarecer, porque Fátima, como nome de lugar (topónimo), parece ter origem num nome próprio (o de uma filha de Maomé), que tem origem na palavra arábica fāṭ(i)má, «a que desmama (uma criança)»1. Geralmente, com topónimos com origem em nomes de pessoa (antropónimos), não ocorre artigo definido: assim acontece com os topónimos do norte de Portugal que têm origem em nomes de pessoa germânicos – Gondomar (Porto) ou Guimarães (Braga); ou com nomes do Sul que parecem ter origem em povoadores medievais – Fernão Ferro (Setúbal), Paio Pires (Setúbal), ou Martinhanes (Setúbal), este provavelmente de «Martinho Anes»2. Com estes topónimos, diz-se, portanto, «moro em Gondomar/Guimarães» e «vivo em Fernão Ferro/Paio Pires/Martinhanes».
Observe-se, contudo, que o uso de artigo definido encontra exemplo paralelo na ilha de Maiorca, nas Baleares, onde se assinala um lugar chamado «puig de na Fàtima»3 (no catalão da região, o mesmo «monte da Fátima»), em que «na Fátima», com o artigo definido