Pergunta:
Napoleão Mendes de Almeida (1911-1999) diz no Dicionário de Questões Vernáculas que o verbo apiedar-se deve conjugar-se, nas formas rizotônicas, como: «eu me apiado», «tu te apiadas», «ele se apiada» – e assim vai.
É correto conjugá-lo assim, ou é algo excêntrico desse estudioso?
Resposta:
É uma especificidade brasileira,que vem assim descrita por Napoleão Mendes de Almeida na sua Gramática Metódica da Língua Portuguesa (São Paulo, Edição Saraiva, 1961, p. 232; mantém-se a ortografia original)1:
«Deriva êste verbo de piedade, palavra que os nossos caboclos errôneamente pronunciam piadade. Se êsse a constitui êrro no substantivo, deve aparecer no verbo apiedar-se tôdas as vêzes em que o acento recai no tema do verbo. ou seja, nas formas rizotônicas: Eu me apiado, tu te apiadas, êle se apiada. êles se apiadam; que eu me apiade, que tu te apiades, que êle se apiade. que êles se apiadem; apiada-te tu.
Nas demais formas, o verbo deverá trazer e, visto cair o acento na desinência : nós nos apiedamos, vós vos apiedais; que nós nos apiedemos, que vós vos apiedeis; eu me apiedei etc.; eu me apiedarei etc.»
Este preceito não é de aplicação forçosa2. Com efeito, o Dicionário Houaiss observa o seguinte sobre os verbos terminados em -edar, nos quais inclui essa idiossincrasia de apiedar:
«os verbos da língua com esta terminação têm o -e- aberto nas formas rizotônicas: alamedo, alevedas, almoeda, amoedam, aquede, arredes, arremede, azedem; o verbo apiedar (e