Textos publicados pelo autor
A grafia de busto-relicário
Pergunta: Acabo de ler "busto-relicário".
Nestes casos, o hífen ainda se justifica?Resposta: Os compostos formados por dois substantivos continuam a ter geralmente hífen. É o caso de sofá-cama, Estado-membro e, portanto, o de busto-relicário.
Estes são exemplos de compostos hifenizados que não têm elementos de ligação e cujos elementos, de natureza nominal, «constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio», conforme o...
O português dos judeus na Europa no começo do séc. XX
Pergunta: José Leite de Vasconcelos, na sua Dialetologia, refere-se ao português dos judeus, mas ele chega a caraterizar o falar dos judeus, apontando particularidades de pronúncia, de vocábulos, de construções, etc?
Muito obrigado!Resposta: Leite de Vasconcelos descreve brevemente o português falado pelos judeus na Europa na sua tese intitulada Esquisse d'Une Dialectologie Portugaise (1901), em duas ocasiões:
– quando refere a geografia do português, focando a presença...
«Puxar a alguém» e «puxar por alguém»
Pergunta: É correto dizer:
«Maria puxou pelo pai»
Ou deve dizer-se «Maria puxou ao pai»?Resposta: Se o significado a veicular é o de «ter características semelhantes a alguém; parecer-se com», então o mais correto é «puxar a»: «Maria puxou ao pai.» É o uso registado no Dicionário Houaiss: «herdar características de (ascendentes). Ex.: «puxa ao avô»1. Além disso, na mesma aceção, igualmente se regista o emprego do verbo sair, na expressão «sair a alguém» (cf. Dicionário...
A locução «até a»: «até àqueles dias»
Pergunta: «Até aqueles dias» ou «Até àqueles dias»? Porquê?
Muito obrigado pela vossa ajuda de sempre.Resposta: Referindo um limite temporal ou espacial, diz-se e escreve-se, em Portugal, «até àqueles dias», tal como se diz e escreve «até às próximas semanas», expressão em que às também exibe acento grave em resultado da contração da preposição a com o artigo as.
Mas grafa-se «até aqueles dias» (sem contração da preposição a), se se pretender dar...
Sobre a sequência «... e mas»
Pergunta: Eu gostaria de saber se há algum respaldo da gramática prescritiva para a combinação de duas conjunções (e + mas).
Encontrei isso num verso de Gonçalves Dias: «Nem tão alta cortesia / Vi eu jamais praticada / Entre os Tupis,– e mas foram / Senhores em gentileza.» (I-Juca-Pirama, VII).
Também encontrei outros exemplos:
1. «A ameaça rugiu-lhe no coração e mas a cólera cedeu à angústia e ele sentiu na face alguma cousa semelhante a uma lágrima.» (Helena – Machado de Assis);
2. «Ele aqui abriu a carteira com...
