Edite Prada - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Edite Prada
Edite Prada
38K

Edite Prada é consultora do Ciberdúvidas. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Português/Francês, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; mestrado interdisciplinar em Estudos Portugueses, defendido na Universidade Aberta de Lisboa. Autora de A Produção do Contraste no Português Europeu.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Consultando uma gramática do primeiro ciclo, constatei que o grupo móvel pode empregar-se no início, no meio ou no fim da frase. Devo com isto depreender que o dito grupo móvel pode empregar-se entre o sujeito e o predicado, sem qualquer pudor? Existe alguma regra que estipule que determinado tipo de grupo móvel deve empregar-se em determinada posição na frase?

Muito obrigada pela ajuda.

Resposta:

O grupo móvel, estrutura que não é contemplada no Dicionário Terminológico, é assim designado por poder ocorrer em vários pontos da frase. Tal como refere, pode ocorrer no início, no meio, ou no final da frase. E pode, sim, ocorrer entre o sujeito e o predicado, desde que não corte, digamos assim, o grupo nominal que serve de sujeito. Vejamos exemplos que nos ajudem a formular juízos de aceitabilidade:

1. «A Maria, silenciosamente, entrou na sala»;
2. «A Maria entrou silenciosamente na sala»;
3. « Silenciosamente, a Maria entrou na sala»;
4. «A Maria entrou na sala silenciosamente

 

Como podemos verificar em 1 e 3, quando o grupo móvel — correspondendo sempre a um advérbio ou a uma expressão de valor adverbial — ocorre antes do verbo, é frequentemente isolado por vírgulas. Nesse sentido, é uma excelente estrutura para trabalhar algumas especificidades da utilização da vírgula.

Pergunta:

Gostaria de entender o que trata a ecolexicografia e quem a criou.

Obrigada.

Resposta:

O conceito de ecolexicografia reporta a uma área, ou subárea, da lexicografia proposta por Manoel Soares Sarmento, professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Brasil, recentemente falecido.

Num artigo intitulado Por uma ecolexicografia, publicado em 2005, na revista online Confluências, n.º 2, páginas 85 a 97, o próprio Manoel Soares Sarmento diz «Os novos subcampos propostos foram previstos em um texto que enviei à Universidade de Graz, como já escrevi, durante o Simpósio Österreichische Linguistiktagung 2000».

De uma forma muito sintética, que poderá complementar com a leitura do artigo referido, poderemos dizer que a ecolexicografia prevê a organização dos verbetes de um dicionário tendo em conta, além da definição e da abonação, os efeitos e os resultados subjacentes.

Pergunta:

No uso do plural majestático, numa resposta datada de 2003 sobre este tema, responderam que «quaisquer adjectivos ou particípios referentes ao sujeito devem concordar com este de acordo com o seu género e número naturais e não segundo o número gramatical do sujeito».

A minha dúvida diz respeito aos grupos que de alguma forma estejam também relacionados com o sujeito: num determinado texto, por exemplo, se nos quisermos referir aos filhos ou pais ou outra qualquer filiação, deve-se escrever «os nossos filhos», «os nossos tios» etc., ou o pronome mantém-se no singular? E quem diz os pronomes diz qualquer outra noção ou coisa respeitante ao sujeito?

Obrigado e parabéns por este sítio maravilhoso.

Resposta:

Em primeiro lugar, importa contextualizar o uso do plural majestático. Não se usa em qualquer comunicação de índole informal, mas sim em comunicações com um elevado grau de formalidade. Por exemplo, apresentação de uma comunicação num congresso, ou defesa de uma dissertação ou de uma tese. Nestes contextos, dificilmente o orador irá falar de seus filhos, pais, tios, etc.

Mas pode falar da sua investigação, ou das suas pesquisas. Nesse caso, o sujeito, se opta pelo plural majestático, vai usar os pronomes correspondentes à primeira pessoa do plural, nosso, nossa. E usará esses pronomes no singular ou no plural consoante o elemento que pretenda referir seja singular ou plural. Assim, se quiser referir-se à sua pesquisa, enquanto palavra no singular, poderá dizer, por exemplo, «ao longo da nossa pesquisa…». Se, porém, quiser salientar o carácter diverso dessa pesquisa e preferir usar o plural, dirá «ao longo das nossas pesquisas…»

O que fica no singular é, normalmente, o predicativo do sujeito, que, em vez de concordar gramaticalmente com o sujeito «(Nós) fomos confrontados», vai concordar com a entidade emissora, incluindo as marcas de singular e do género a que pertença o orador: «fomos confrontado» ou «fomos confrontada».

Concluo agradecendo as suas palavras simpáticas.

Pergunta:

Unimed é uma marca, é o nome de uma cooperativa de serviços médicos do Brasil. A dúvida é: o plural de Unimed é "Unimeds", ou "Unimedes"?

Agradeço antecipadamente seu auxílio.

Resposta:

Enquanto designação, ou firma, de uma cooperativa, não se espera que a palavra tenha plural. A tê-lo, deverá seguir as regras do português, que prevêem a introdução de uma vogal, habitualmente e, quando a palavra termina em consoante. O plural seria, pois, Unimedes.

Pergunta:

A palavra assinatura é da família de sinal?

Resposta:

Se tivermos em conta a história da palavra, sim. Com efeito, ambas as palavras têm em comum o radical de sign-, do termo latino signum (sinal). Se nos centrarmos no português, assinatura provém de assinar, que, por sua vez, se liga ao latim assignare, verbo constituído pela associação da preposição ad ao termo signo (ad + signo). Ainda no latim surgiu o termo signale, de que deriva directamente a palavra sinal.