Filipe Carvalho - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Filipe Carvalho
Filipe Carvalho
17K

Mestre em Teoria da Literatura (2003) e licenciado em Estudos Portugueses (1993). Professor de língua portuguesa, latina, francesa e inglesa em várias escolas oficiais, profissionais e particulares dos ensinos básico, secundário e universitário. Formador de Formadores (1994), organizou e ministrou vários cursos, tanto em regime presencial, como semipresencial (B-learning) e à distância (E-learning). Supervisor de formação e responsável por plataforma contendo 80 cursos profissionais.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Gostaria de saber qual é a regência verbal do verbo incorporar, a preposição a ou em, para textos que requerem mais formalidade, como provas e relatórios. Ex: «Ele incorporará os vencimentos ao/no salário.» e «Todos foram incorporados às/nas fileiras.»

Obrigado.

Resposta:

As duas situações são legítimas. O verbo incorporar, sendo um verbo transitivo direto e indireto, pode reger a preposição a ou a preposição em. Não há indicações específicas, neste caso, para textos que exijam mais ou menos formalidade.

O Guia Prático de Verbos com Preposições, de Helena Ventura e Manuela Caseiro, da Lidel, 2.ª edição, julho de 2004, página 63, sublinha que o verbo incorporar, quando acompanhado pela preposição em, significa “juntar num todo, acrescentar a, integrar em”. O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa salienta que incorporar, entre outros significados, significa “integrar-se um  elemento a um conjunto; inserir-se, juntar-se, introduzir-se”. Por exemplo: «incorporar um parágrafo a um capítulo»; «a arquitetura incorpora-se à paisagem» [página 1068].

 O mesmo dicionário apresenta os seguintes exemplos:

– «Os vencidos incorporam os vencedores à vida da cidade»;

– «Incorporou-se à família»;

– «O diretor decidiu incorporar os lucros não distribuídos ao capital da empresa»;

O

À volta da expressão «nem por isso» e de outras que tais
Sobre a «alforreca das respostas negativas», segundo Miguel Esteves Cardoso...

«O nem por isso é a alforreca das respostas negativas. O que mais enfurece nela é a falta não-absoluta de significância», glosava Miguel Esteves Cardoso, na sua crónica no jornal "Público", do dia 21/07/2014: «"Nem por isso": toda a gente sabe o que quer dizer, mas qual é o "isso" por que ocorre o "nem"? (...)» Quatro anos depois, voltou ao tema, para ele ainda não esclarecido, da falta de lógica gramatical desta expressão de uso corrente na coloquialidade dos portugueses. Dela e de outras similares aborda o texto a seguir.  

Os videojogos e os seus anglicismos escusados

Porquê e-sports ou, e-games ou e-commerce, se há alternativas em português?

Pergunta:

Há poucos dias, li o seguinte: «O problema da proteção aos direitos autorais». Pensei, de imediato, que a frase teria um erro, pois o uso da preposição a a seguir à palavra «proteção» soa-me muito estranho. Eu utilizaria a preposição de e diria «proteção dos direitos autorais», mas já não tenho a certeza. Que preposição devemos usar nesta frase, depois da palavra proteção?

Se me pudessem esclarecer esta dúvida, ficar-lhes-ia muito agradecida. 

Resposta:

No contexto em causa, as duas frases são possíveis, com uma ligeira diferença de significação. 

O substantivo proteção pode fazer-se acompanhar de diferentes preposições, consoante o contexto ou o objetivo do enunciador. A preposição de une o nome ao seu complemento [«proteção» é o nome e «dos direitos autorais» é o complemento do nome] e estabelece, neste caso, uma ligação da ação [a proteção, o ato de proteger] que é desenvolvida em relação a algo: dos direitos autorais. Exprime claramente a noção de quem é o detentor/possuidor da proteção.

Mas, se se quiser vincar para quem se destina a proteção, poder-se-á dizer: «o problema da proteção aos direitos autorais» [a proteção «dirige-se para os direitos autorais» - ou «tem como finalidade os direitos autorais»]. Nesta situação, está bem marcada a ideia de fim, objetivo. Sobre este assunto, pode certificar-se na Nova Gramática do Português ContemporâneoCelso Cunha e Lindley Cintra, Lisboa, Edições João Sá da Costa, 13.ª edição, 1997, página 558.

Porém, como se disse em cima, o termo proteção também pode vi...

Depois de expressões como desde logo, com o sentido da expressão castelhana «desde luego» ou o modismo "futebolês" do desde, o comércio português também sofre a sua infiltração, com o termo rebaixas, influenciado pelo vocábulo castelhano rebajas, em vez  saldos, fixado numa  montra de uma loja da Baixa de Lisboa ... de origem espanhola.