José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

Qual a origem da expressão «branco [ou português] de segunda»?

Muito obrigado.

Resposta:

Trata-se de um rótulo depreciativo que, nos tempos coloniais, os portugueses, em Angola se chamavam  a si próprios  (e eram assim chamados pela população local) devido ao seu estatuto subalterno em relação à "metrópole", que deixaram por motivos políticos ou económicos. Mas era mais em relação aos já nascidos em Angola que se recorria à expressão «branco de segunda».

Num estudo à volta do romance Yaka, do escritor angolano Pepetela, encontra-se uma passagem que esclarece o sentido atribuído a «branco de segunda» ou «português de segunda», no contexto das relações entre as personagens de uma ficção narrativa com valor documental porque retrata a sociedade colonial (Laura Cavalcante Padilha, "O sapalalo ou uma casa entre dois mundos em Benguela" in  Novos pactos, outras ficções: ensaios sobre literaturas afro-luso-brasileiras, Porto Alegre, EDIPUCRS, 2002, pág. 73):

«O segmento [étnico] branco, lugar simbólico focalizado de forma mais direta pelo olho-câmera do narrador, compõe-se de indivíduos percebidos, de um modo ou de outro, como cidadãos portugueses de segunda classe. Uma parte deles se constitui de pessoas que, por motivos políticos ou econômicos, são obrigadas a deixar Portugal, algumas delas em busca da "árvore das patacas", referenciada no próprio texto [...]. Num primeiro grupo ainda se encontram os brancos nascidos em Angola [...]. Tal nascimento se torna absolutamente estigmatizador, pois a "mácula" se inscreve nos docu...

Uma alteração... energética

«Dilma: "Condenaram uma inocente e consumaram um golpe."

Ex-presidente do Brasil reagiu à votação que ditou o seu afastamento do cargo.

Dilma Rousseff promete recorrer da decisão e fazer a "mais firme, incansável e energética" oposição a Temer.»

[Élvio CarvalhoTVI 24, 31/08/2016]

«(...) É uma fraude, contra a qual ainda vamos recorrer em todas as instâncias possíveis. (...)

Eles pensam que nos venceram, mas estão enganados. Sei que todos vamos lutar.

Haverá contra eles a mais firme, incansável e enérgica oposição que um governo golpista pode sofrer. (...)»

[Dilma Rousseff, ibidem]

Os Jogos Olímpicos do Rio de A a Z

A propósito dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro de 2016, um curto glossário à volta da diferença, por exemplo, entre olimpíada e olimpíadas, olímpico e olimpismo, arena, estádio ou pavilhão. E muito mais.

Não, não é verdade..." class="img-adjust">

Vasco Cordeiro – Um dia tipicamente açoriano...
António Costa – ... Solarengo, como se vê...
Vasco Cordeiro – Ora aí está... E portanto seja muito bem-vindo aos Açores.
António Costa – Isto é só para acabar com a má fama dos Açores, [segundo a qual] está sempre a chover. Não é verdade!...
Vasco Cordeiro – Muito bem!

[Diálogo entre o presidente do Governo Regional dos Açores, Vasco Cordeiro, e o primeiro-ministro António Costa, à sua chegada a Ponta Delgada, em dia de sol radioso, in Telejornal da RTP 1, 29/04/2016.]

Porquê <i>Panama Papers</i>... em Portugal?

É bem verdade que o chamado Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação – no original, em inglês, International Consortium of Investigative Journalists (ICIJ) – é de raiz norte-americana, com sede em Washington. Mas do mesmo modo que, e bem, é em português que ele é noticiado nos media portugueses, qual a razão de grande parte deles preferir o contrário, quando se escreve e se fala do escândalo fiscal por ele revelado? Porquê Panama Papers (...)?