José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
62K

Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor
Porquê

«(...) Foi preso em Itália um cidadão algeriano, suspeito de ter forjado os documentos (...)»

Cristina EstevesTelejornal, RTP 1, 27/03/2016

Um encontrão...  frontal

«(...) O presidente da República diz que já tem praticamente tomada a decisão sobre o Orçamento de Estado.
Marcelo Rebelo de Sousa adianta que vai de encontro ao que já conhecia do documento. (...)»

Cristina Esteves, Telejornal, RTP 1, 26/03/2016

E que tal menos desleixo e mais brio profissional?

O jornal i e o semanário Sol passaram a seguir as novas regras ortográficas em vigor oficialmente em Portugal, terminado que foi o período de transição, tal como no Brasil. Não se pode dizer é que, pelo menos no primeiro caso, a opção tenha sido minimamente ponderada. (...)

Pergunta:

Considere-se um fragmento de discurso em que um indivíduo está a falar. Naturalmente, o discurso é iniciado com um travessão. O discurso do indivíduo prolonga-se por um parágrafo inteiro. No parágrafo seguinte, o mesmo indivíduo continua a falar. Que tipo de sinalização devemos utilizar para continuar o discurso no segundo parágrafo? Repete-se o uso do travessão? Ou empregamos outro sinal? Tenho visto que a continuação do discurso de um mesmo indivíduo num segundo parágrafo é sinalizada por ">>". É correcto empregar esta sinalização?

Obrigado.

Resposta:

O uso do travessão na transcrição do discurso é uma opção (facultativa) de estilo. Há autores e publicações, jornais, por exemplo, que preferem as aspas – sejam aspas em linha [« »] ou aspas elevadas [" "]. E há outros que preferem, até, o recurso ao itálico1. E há ainda outros, como José Saramago, que pura e simplesmente dispensam qualquer dessas marcas tradicionais na sinalização do discurso direto.

No caso da utilização do travessão, classicamente, não há parágrafos, e a reprodução dos diálogos ou monólogos raramente ultrapassa a dúzia de linhas.

Se, por qualquer razão excecional, a reprodução tiver de ser especialmente extensa e com parágrafos, há duas opções possíveis:

1) O uso do itálico (com a vantagem de uma diferenciação mais clara do que é discurso direto em relação ao restante texto); ou

2) O recurso às aspas – tal como se sugere na resposta anterior "Discurso directo com mais de um parágrafo". Exemplificando, neste caso:

«Citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação citação. citação citação citação

...

Pergunta:

Gostaria de saber se, no caso de uma jogadora de futebol que joga no meio-campo, é mais correto dizer-se que se trata de uma "médio" ou de uma "média". Leio escrito de ambas as formas, por isso tenho optado por... "centrocampista".

Resposta:

Recomendamos que o feminino de médio (médio-centro) seja média (que pressupõe média-centro), pelas razões a seguir expostas.

Médio-centro (ver dicionário da Porto Editora, na Infopédia) tem como sinónimo médio, palavra que faz parte da terminologia futebolística usada em Portugal. O termo médio é também usado no Brasil, segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, como redução de médio-volante, que tem significado igual a médio-centro.

No dicionário brasileiro, médio, no contexto do futebol, é um substantivo usado nos dois géneros (é um substantivo comum de dois géneros): nesta perspetiva, diz-se e escreve-se «o médio», se nos referimos a um jogador, e «a médio», se se trata de uma jogadora, portanto, sem alteração da forma da palavra. Contudo, em dicionários portugueses que registam médio na aceção em referência (por exemp...