Pergunta:
[A propósito da resposta A escrita das siglas de três clubes de futebol portugueses ] lamento contrariá-los, mas, o que a prática tinha consagrado durante dezenas e dezenas de anos, como se poderá comprovar na imprensa escrita existente nos respectivos jornais ou nas bibliotecas, bem como nas diversas publicações da especialidade, escrevia-se F.C. do Porto, F.C.P., como aparece na história deste clube, etc.
Poderei anexar, se desejarem, diversa documentação que atesta o que escrevi.
Em boa verdade, a ausência dos pontos é muito recente, por uma questão de preguiça, presumo.
Resposta:
Nada do que refere a consulente infirma o que se referiu na resposta em causa: 1) A grafia das siglas com pontos ou sem pontos não tem qualquer regulamentação: nem nas gramáticas, mais antigas ou mais recentes, nem em qualquer vocabulário ortográfico. 2) Foi o uso generalizado – seguido em todos os dicionários, prontuários, manuais de estilo, jornais, livros de todas áreas e até nas gramáticas mais reputadas (v.g., a Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, e Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara) – que consagrou a grafia das siglas sem pontos.
Houve tempos que as siglas figuravam com pontos? Sim, é verdade. Só que esse uso assentava, tão-só, como agora, em critérios editoriais, e não em qualquer regra estabelecida… que nunca houve. E, mesmo assim, a opção não era uniforme.
Basta consultarmos publicações da época e constatamos, por exemplo, ora E.U.A./U.S.A., ora EUA/USA; O.N.U. e ONU; O.T.A.N./N.A.T.O. e OTAN/NATO; U.R.S.S. e URSS. E até a polícia política do Estado Novo tanto aparecia grafada com pontos (P.I.D.E., depois D.G.S.) como sem eles (PIDE/DGS). E muitíssimos mais exemplos se podiam dar.
Na minha opinião, o uso dos últimos 40 anos resulta de uma opção bem mais criteriosa. Acaso tinha alguma lógica ...