José Mário Costa - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
José Mário Costa
José Mário Costa
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Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aquiaqui e aqui.

 
Textos publicados pelo autor

Pergunta:

[...] Gostaria de saber o que é mais correto: se escrever-se conforme se diz, ou não usar a contração/apóstrofe no caso que a seguir descrevo.

É só correto escrever «em declarações a O Alcoa» (o nome do nosso jornal tem o determinante, assim como O Jogo, A Bola), ou se pode-se refletir a oralidade na escrita e escrever "em declarações a'O Alcoa?

Muito grata!

Resposta:

Quando o título da publicação é precedido pela preposição a e começa pelas vogais a ou o, correspondente ao artigo respetivo, deve evitar-se a sua aglutinação ou contração na escrita.

Portanto: «... em declarações a O Alcoa/... em declarações a A Bola/ ...em declarações a O Jogo

Tal como para jornais estrangeiros: «... noticiou El Pais/ . .. noticiou Le Monde/... noticiou L'Express/ ... noticiou The New York Times», etc.

Diferente seria se especificássemos o tipo de publicação em causa:

«... em declarações ao jornal digital O Alcoa/... em declarações ao jornal desportivo A Bola/ ... em declarações ao diário desportivo do Porto O Jogo

«... noticiou o diário espanhol El Pais/ ...... noticiou  o jornal francês Le Monde/ ...... noticiou o semanário L'Express/... ... noticiou o matutino The New York Times», etc.

Na oralidade, fazem-se as aglutinações e contrações da pronúncia normal: «... em declarações [ao] Alcoa/... em declarações [à] Bola».

Este procedimento está previsto pelo Acordo Ortográfico em vigor, quando, a propósito do uso do a...

O <i>mandado</i> de detenção de Bruno de Carvalho…<br>...e o seu <i>mandato</i> que já lá vai…

A confusão no uso dos termos mandado (judicial) e mandato (presidencial), de novo à tona…

Música oficial da seleção de Portugal... em inglês?!
Para o Campeonato do Mundo de Futebol, Rússia 2018

Deve ter sido para fazer toda a diferença com Cristiano Ronaldo, o "capitão" da equipa das quinas, que faz questão, sempre, de falar em português... mesmo quando comemora as suas vitóriasprémios alcançados pelo Real Madrid...

Uma Loja Verde só para anglófonos?

Loja Verde Official Store, na baixa lisboeta... só falta mesmo mudarem o nome do clube, português, para inglês...

Pergunta:

Vejo muito o uso das aspas simples, e sempre fico com dúvida do por que não empregaram as duplas (") em vez de as simples ('). E isso ocorre porque eu conheço uma única função para as aspas simples: quando se aplica "aspas em algo que já está com aspas".

Contudo, acredito que existam mais funções, e gostaria de saber quais são elas.

Também vejo muito o uso desse sinal em títulos de filmes, seriados, músicas, etc.

Por exemplo, neste portal jornalístico importante, porque  se usou (no título da matéria) as aspas simples e não as duplas? O título é: "Investigadores criticam 'demora' para PF deflagrar operação sobre irregularidades no fundo de pensão dos Correios."

Veja que a palavra "demora" está em meio às aspas simples. E, claro, aqui eu usei as duplas e as simples por causa da regra, porém, no portal, as duplas não constam.

Resposta:

Como já se esclareceu em anteriores respostas – por exemplo, nesta, e nas que se assinalam nos Textos Relacionados, ao lado –, o tipo de aspas que se usam é uma questão opcional e meramente de estilo. 

Na imprensa, antes da generalização da informatização, ainda no tempo composição de chumbo, as citações eram com as chamadas aspas caídas [«»]1 – como se emprega de resto, ainda, na edição dos livros. Mas já não nos jornais ou nas legendas televisivas e do cinema em que  o uso corrente são as chamadas aspas levantadas [" "]2

A opção pelo tipo específico de aspas estende-se obviamente para as demais situações de escrita  – as transcrições intercalares, as frases ou expressões que se  pretendem realçar,  os neologismos, os arcaísmos, as gírias ou expressões populares, os estrangeirismos e os títulos  de obras variadas, etc., etc.  –, impondo-se para isso apenas que elas sejam distintas entre si e utilizadas de forma uniforme. É por isso que, para tal, é tão importante a existência de livros de estilo e de manuais de redação, com normas também nesta área concreta.