Até com a cedilha e o acento circunflexo há que respeitar a distância q.b. à covid-19!...
Jornalista português, cofundador (com João Carreira Bom) e responsável editorial do Ciberdúvidas da Língua Portuguesa. Autor do programa televisivo Cuidado com a Língua!, cuja primeira série se encontra recolhida em livro, em colaboração com a professora Maria Regina Rocha. Ver mais aqui, aqui e aqui.
Até com a cedilha e o acento circunflexo há que respeitar a distância q.b. à covid-19!...
Li o comentário sobre a forma como deve ser pronunciado o apelido Félix, onde se refere ser mais correcto ¹ pronunciar-se ''Félicse", e não Félixe", como é prática do próprio.
É "errado" dizer-se da forma como ele (o futebolista João Félix – e respectiva família) o faz, é mais correcto pronunciar como "Félixe", ou são ambas aceites devendo, como tal, escolher-se na pronúncia por jornalista a praticada pelo próprio?
¹ Não uso o Acordo Ortográfico em escrita pessoal. Apenas quando sou obrigado a isso.
Obrigado.
Há um equívoco na primeira parte da pergunta, que importa desfazer desde já: a pronúncia recomendada do apelido Félix não é "Félicse" – mas, sim, [ˈfɛliʃ], com a sílaba final dita como a palavra lápis. É assim que registam todas a obras de referência – caso, entre outros, do Vocabulário da Lingua Portuguesa de Rebelo Gonçalves (edição de 1966) – pelas razões já aqui transcritas, conforme o esclarecimento da professora Maria Regina Rocha no livro sobre a 1.ª série do programa Cuidado com a Língua! 1 :
«A sílaba final do apelido Félix pronuncia-se como a sílaba final da palavra lápis.(...)
«Os nomes portugueses terminados em x vieram directamente do nominativo latino (e não do acusativo, como é a regra geral) e mantêm em geral em português a pronúncia latina /ks/ (Fénix, ónix, tórax, clímax, córtex, Ajax, etc.), pois entraram tardiamente no português (no século XVI ou seguintes), importados directamente do latim, sem evolução.
«As excepções são cóccix (/cóccis/), por questões de eufonia, e o antigo cálix (/cális/), do...
Descaso com a acentuação gráfica num concurso televisivo de apreciável audiência em Portugal.
O «Campeonato Nacional de 2019/20». Segundo as normas da língua, o correcto seria usar um hífen em vez da barra («2019-20»)?
[Refiro-me], não à forma de escrever uma data, mas sim um acontecimento que começa num ano e termina no seguinte, como Campeonato Nacional de 2019/20.
Em vez da barra deve usar-se um hífen (2019-2020)?
[N.E. – O consulente escreve conforme a norma anterior ao acordo ortográfico atualmente em vigor.]
Não há regras estabelecidas para a questão levantada pelo consulente, como se pode ver neste apanhado sobre os sinais gráficos ou, também chamados, de pontuação. No caso da barra [/] – e como respondemos no Ciberdúvidas sobre "A barra (/) nas actas" e sobre "Os usos da barra oblíqua e da barra invertida" –, esta é uma questão de gosto (logo, de opção editorial), usando-se, também por isso, o hífen [-].
No caso do futebol, o uso mais generalizado é o emprego da barra oblíqua: Campeonato Nacional de 2019/20 – como se pode ver aqui e aqui, por exemplo.
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