A cabeleira da língua *
Entra-se pelo subúrbio adentro, pode ser em Maputo, e deparamo-nos com as cores chibantes de um estabelecimento comercial. Na precária parede exterior o desenho de um rosto masculino, encimado pela mancha escura do que se adivinha ser a cabeleira e uma tesoura alada, sem ar ameaçador, como se de um pequenino ngingiritane se tratasse, pássaro lesto e brincalhão a debicá-la. Encimando a porta, em letras tropegantes mas gordas, cada uma de sua cor, o nome funcional e solene: Cabelaria Corte R......
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Língua
Mpurukuma, Língua, corpo quase,o que sou de sobrepostas vozes,Bayete!E tu, pássaro da alma, Mpipi adejandosobre o losango tumultuante de cores,Templo onde me cerco,não me abandones, cão inflando para o riouma escarninha balada que nos enforca.Esfumou-se a Torre na praia nocturna,a preposição que olfactava o nervoe Ele dorme ainda e expulso.Quando a palavra surge, inteira, das águase os espíritos batem a respiração do batuque,Ele ......