DÚVIDAS

A presença de oxímoro (revelador do desconcerto)
Veja-se a trova abaixo: Se ouso me aproximar dela E sobre amor revelar tudo, Pouco ou nada se revela, Fico extático, fico mudo   Pode-se afirmar que há um paradoxo nos dois últimos versos, já que, ao mesmo tempo que «pouco ou nada se revela», o eu poético fica extático e mudo? Sendo paradoxo, seria um paradoxo "convencional", diga-se assim, do tipo «morte em vida»? Pois a uma afirmação (a não revelação do amor) é contraposta a descrição de um estado, que sutilmente indica que tudo foi de fato revelado.
«Todas as músicas que sabe(m) bem ouvir»?
Ouço diária e insistentemente numa estação de rádio a frase seguinte, que me parece incorreta: «Todas as músicas que sabem bem ouvir.» Esta frase, tal como é dita, parece querer significar que as músicas é que sabem ouvir, e até muito bem(!) quando o que creio que o autor da frase deverá querer significar é que nos sabe bem ouvir todas essas músicas. Tendo como propósito este último significado, não se deveria dizer: «Todas as músicas que sabe bem ouvir»? Gostaria de conhecer a vossa opinião sobre estas questões (correção e significado).
O uso do travessão e da vírgula
Gostaria que me explicassem o uso do travessão e da vírgula nesta frase retirada de um concurso público: «Em metade dos municípios brasileiros, os detritos são despejados em lixões – pontos clandestinos, ou quase, em que tudo é jogado e nada é tratado, ameaçando a saúde dos catadores e da população em geral com a contaminação do solo e dos cursos de água.» Eu imaginava que o deveria haver duplo travessão em: «(...) em lixões – pontos clandestinos, ou quase –, em que tudo é jogado e nada é tratado (...).» O gabarito está afirmando que a frase anterior está correta. Qual é a explicação para este uso da pontuação?
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa