DÚVIDAS

Porquê «círculo vicioso»,
e não «"ciclo" vicioso»
Atendendo ao texto seguinte, agradeço os vossos comentários sobre o acerto/erro das expressões círculo vicioso/ciclo vicioso. Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora (2006) Círculo (geometria) =< Porção de plano limitada por uma circunferência. Circunferência (geometria) =< Limite exterior do círculo; Curva plana fechada cujos pontos são equidistantes do centro; Ciclo (física) =< Conjunto de transformações por que pode passar um sistema material que, partindo de um dado estado inicial, volta ao mesmo estado. Vicioso =< Que tem vícios. Vício =< Defeito pelo qual uma pessoa ou uma coisa se afasta do tipo considerado normal, ficando inapto a cumprir um determinado fim. Notas ===== 1) Um círculo é um espaço geométrico num plano (a duas dimensões, portanto). 2) Uma circunferência é uma linha imaginária que delimita o círculo. 3) Um ciclo é um conjunto finito de acções, acontecimentos ou transformações, passíveis de repetição (e repetidas dentro do ciclo pela mesma ordem inicial). 4) Um vício é uma repetição não intencional, não natural, não programada, de acções, acontecimentos ou transformações que teimam em permanecer ao longo do tempo. 5) Um ciclo vicioso é a repetição não intencional, não natural e não programada (mas viciada) de um ciclo. 6) Um ciclo não tem nada a ver com um círculo; as acções, os acontecimentos ou as transformações não são circulares, mas, sim, ordenadas e repetidas (dentro do ciclo) pela mesma ordem inicial. Quando se chama círculo vicioso a um ciclo vicioso está-se a associar (erradamente) o ciclo a uma circunferência, que por definição é viciosa, no sentido de que não tem princípio nem fim. E por analogia ortográfica (que não semântica) entre os dois termos ciclo e círculo o erro vai persistindo. Viciosamente...
Previsivelmente
Há dias deparei-me com esta frase: «Atestando a sua importância, alguns anos mais tarde, Simenon veio a ser editado numa coleção autónoma, Romances policiais de Georges Simenon, cujo número de estreia foi o romance O cão amarelo, traduzido por Adolfo Casais Monteiro, publicado previsivelmente em 1939 pela Empresa Nacional de Publicidade.» O «previsivelmente» foi corrigido para «provavelmente». Porém, não deixei de admitir alguma plausibilidade semântica àquele «previsivelmente». Já que «previvelmente» é «o que se pode prever», e «prever» é, não só «antecipar», mas também «supor» ou «conjeturar». E, sendo assim, aquele «previsivelmente» estaria lá por «de acordo com o que se pode prever/conjeturar». Ou seja: «[...] cujo número de estreia foi o romance O cão amarelo, traduzido por Adolfo Casais Monteiro, publicado, de acordo com o que [hoje] se pode prever/conjeturar, em 1939 pela Empresa Nacional de Publicidade.» Gostaria, a este respeito, de obter a vossa opinião. Obrigado.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa