DÚVIDAS

«Faz(em)», «fazes /fazeis», marca do recetor/objeto
Veja-se a seguinte estrofe: Oh! pesadelo terrível Oh! sofrimento brutal Que me faz (fazes) implorar Pelo instante final Considerando que o sujeito poético se dirige a pesadelo e sofrimento personificados, exercendo esses termos a função de vocativo, pergunto qual a concordância correta para o verbo fazer. Parece-me que, conforme se considere a oração adjetiva como restritiva ou explicativa, haveria a possibilidade de estarem corretas as duas concordâncias. Outras frases semelhantes: «Oh! velho amigo, que me vens alegrar»; «Oh! velho amigo que me vem alegrar». Gostaria de uma análise a respeito, a qual desde já agradeço.
«Além de», conetor adverbial aditivo
Antes de tudo, quero manifestar minha satisfação e agradecimento pelo precioso trabalho prestado pela equipe de mestres do Ciberdúvidas. Ao fazer análise sintática de um texto bíblico, deparei-me com uma dificuldade, talvez motivada pelo fato de ser eu ainda um neófito nos estudos da língua portuguesa. Por isso decidi pedir ajuda. No texto «Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que recebeste, seja anátema» (Gl 1:9), como devo classificar a estrutura «além do»? No primeiro momento, pareceu-me referir-se a uma locução prepositiva acrescida de pronome demonstrativo o (aquele). Entretanto, logo me surgiram dois problemas: se a referida estrutura é uma locução prepositiva, qual a função sintática do pronome demonstrativo o? E, se de fato é assim, quais os termos relacionados pela locução, antecedente e consequente, os quais, segundo Cunha e Cintra, possuem o status de ser completado e completar, ou explicar e ser explicado, respectivamente? Peço-vos a vossa solicitude e atenção. Certo disso, desde já agradeço vossos preciosos préstimos, úteis a milhares que se alimentam diariamente de tão indispensável conhecimento.
As figuras de estilo em «Versilusão»
Gostaria, por gentileza, que se apontassem três figuras de estilo no poema abaixo. Nele pode-se considerar que o "verso" citado pelo sujeito poético retrate um amor não correspondido, ou apenas retrataria a difícil arte de compor um poema? Versilusão Quando me vencia a solidão, Um estranho lampejo surgiu Quando todo sonho era vão, O quase-nenhum virou mil   Nascido em trevosa canção, Um verso, uma imagem sutil, Rebelde como poucos o são, Alegre como os ares de abril   Tomei-o nos lábios, vacilante A voz trêmula, na ilusão imerso, Queria muito ouvi-la altissonante   Igualando, porém, o ato perverso Do mais fútil e pérfido amante, Deixou-me só o fingido verso.
Modificador restritivo do nome vs. complemento de nome
Relativamente ao Dicionário Terminológico, que é o documento orientador do Conhecimento Explícito da Língua, muitas dúvidas me têm inquietado, sobretudo no que se refere aos constituintes selecionados pelo nome, quando se trata de um grupo preposicional, iniciado por de, pelo facto de esse grupo poder exercer sintaticamente a função de complemento do nome ou modificador restritivo do nome. Tendo em conta o contexto (perspetiva inerente ao CEL), eu questiono se o mesmo grupo preposicional pode mudar de função sintática em função do dito contexto, como acontece no grupo verbal (complemento oblíquo/modificador do grupo verbal). Concretizando, na frase: «A cidade de Viana do Castelo localiza-se na região do Minho», o grupo «de Viana do Castelo» é complemento do nome, ou modificador restritivo? A mim parece-me que a palavra cidade exige/seleciona, neste contexto, um complemento, logo seria complemento de nome. Porém, na frase: «Eu vou à cidade de Viana do Castelo», o mesmo complemento me parece dispensável, ou seja, o nome cidade não o exige, o que me leva a pensar que é modificador restritivo, pelo facto de a aceção do nome cidade ser diferente, já que, no segundo caso, o significado de cidade pode ser antónimo de aldeia (e não repartição administrativa, como na primeira situação). Ainda a este propósito, considera-se que o grupo preposicional «de gravuras» na frase «Gostei do livro de gravuras» é modificador, ou complemento do nome? Já detetei versões diferentes em livros/gramáticas. E na frase «Coloquei o livro de gravuras na estante», a função é a mesma?
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