DÚVIDAS

Interpretação de oração comparativa
Li um artigo no Diário de Notícias [em linha], datado de 23 de Março e intitulado «Estudantes chineses estão a aumentar», no qual me deparo com a seguinte frase: «A Escola Básica do 1.º Ciclo n.º 26 não fecha aos sábados, como a maioria das outras. Enche-se de meninos que vêm aprender mandarim, porque é ali que funciona a Escola Chinesa de Lisboa.»Causa-me uma certa "impressão" a conjunção como na frase. Embora perceba que a escola em questão não fecha aos sábados contrariamente às outras, ao tentar analisar a frase surgiu-me uma dúvida.1) «A Escola Básica do 1.º Ciclo n.º 26 não fecha aos sábados, como [o faz] a maioria das outras»?Ou2) «A Escola Básica do 1.º Ciclo n.º 26 não fecha aos sábados, [tal] como a maioria das outras»?Ou seja, a escola em questão está aberta ao sábado, contrariamente às outras (frase 1), ou a escola em questão está aberta ao sábado do mesmo modo que as outras (frase 2)?Muito obrigado.
A propósito das classes de palavras
A abstracção, na gramática, é, pelo que até agora dela estudei, algo frequente. As noções de vogal e consoante são disso um exemplo. Primeiro, há a noção de fonema: os sons elementares que, combinados de determinada maneira, formam os vocábulos. E é na forma como certos fonemas são produzidos pelos órgãos humanos que se chega às noções atrás mencionadas: as vogais são produzidas expelindo o ar, sem que este encontre qualquer obstrução à sua passagem pelo aparelho fonador; as consoantes já encontram algum tipo de obstrução. É, pois, abstraindo-nos das diferenças que definem este ou aquele fonema e encontrando uma propriedade (ou, eventualmente, mais propriedades) comum a alguns deles que podemos definir novas noções, abstractas — as noções de vogal e de consoante. Escrevo isto tudo, não para dar lições, mas para colocar uma questão e verificar se percebi bem os métodos da gramática. A minha dúvida é — chegando ao que interessa — sobre as classes de palavras. Se bem percebi, as dez classes de palavras são também resultado de uma abstracção. Para justificar a definição de tal noção, penso assim: na língua existe uma imensidade de palavras; os linguistas, ao percorrerem o léxico de uma língua, deram-se conta de que havia algumas delas que serviam para nomear pessoas, coisas, animais, ideias e concluíram que fazia sentido, para efeitos do conhecimento da língua e dessas palavras, apor-lhes uma mesma etiqueta: o substantivo; percorreram outras palavras e concluíram que algumas delas, para lá de aspectos que as diferenciam, convergiam na função que desempenhavam: por exemplo, o adjectivo, que serve para caracterizar o substantivo. E, no fim do caminho pelo léxico da língua, encontraram dez tipos de palavras que, no que à função a desempenhar diz respeito, convergiam. Ou seja, a noção de classes de palavras resulta da análise das palavras abstraindo-nos da ideia particular que exprimem ou ajudam a exprimir, e considerar apenas em que aspecto convergem no tipo de ideias que exprimem (ou ajudam a exprimir). E ainda a propósito das classes de palavras: é raro encontrar nos livros definições claras e simples acerca de cada uma das classes de palavras. Coisa que me deixa confuso. É normal, isto? Estou certo ou errado? Espero não ter sido confuso. Obrigado pela ajuda.
A sintaxe do verbo favorecer
Primeiro agradeço pelas várias vezes em que fui atendido, em minhas dúvidas, pelo Ciberdúvidas. Minha dúvida é a respeito da construção de uma frase que, aos meus ouvidos, não pareceu muito apropriada: «Professor, para favorecer que os alunos construam uma história pessoal de leitura...» Esse «para favorecer que os alunos» me pareceu agramatical, pois entendo que favorece-se alguém ou alguma coisa (inclusive procurei a construção em www.corpusdoportugues.org e não encontrei nada semelhante), de modo que, para mim, a construção adequada seria: «para favorecer os alunos a que construam (a construir) uma história...» Estou certo, ou a outra construção é possível? Muito obrigado.
Sobre os complementos circunstanciais, novamente
Há dias tive uma prova de Língua Portuguesa em que o professor pedia para fazer a análise sintática da seguinte frase: «Esta sopa é de cenoura.» Minha resposta para esta frase não foi correcta. Na correção, o professor fez da seguinte maneira: Sujeito subentendido — «ela» Predicado — «é» Complemento circunstancial de conteúdo — «cenoura». Nunca tinha ouvido falar de tal complemento. Procurei na gramática e pesquisei na Net e não achei nada a respeito do complemento circunstancial de conteúdo. Gostaria que vocês me esclarecessem acerca deste complemento. Obrigada.
A palavra nem e os advérbios de negação
Na Gramática Universal da Língua Portuguesa, de António Afonso Borregana, a palavra nem aparece no quadro dos advérbios de negação. Procurei informação em outras gramáticas e encontrei uma grande diversidade de informação. Pergunto: 1. Nem, além de conjunção, também pode ser advérbio de negação? Em que casos? 2. Apenas a palavra não é advérbio de negação, ou também nunca e jamais? Em Celso Cunha e Lindley Cintra apenas figura não como advérbio de negação... Obrigada.
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