Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Sintaxe
Natanael Estevão Estudante Brasil 723

Sabendo-se que contrações não devem ser realizadas quando uma preposição está se referindo a um verbo no infinitivo – «apesar DE O [em vez de do] homem ter morrido, todos permaneceram lá»; «o maior problema está EM ISSO (em vez de nisso) fugir do nosso controle» –, é possível que, no mesmo sentido, uma crase se torne um «a a»?

Por exemplo:

– [A professora subestimou minhas habilidades.] Como respondi "à" professora tê-las subestimado? Aperfeiçoei-as mais ainda.

– [A professora subestimou minhas habilidades.] Como respondi "a a" professora tê-las subestimado? Aperfeiçoei-as mais ainda.

Raquel Santos Estudante Porto, Espanha 492

[...] Na seguinte frase usa-se a preposição para em vez de a:

«Com a democratização do ensino, a escola deixou de ser um espaço restrito para classes mais baixas.»

O que significa esta frase? Que antes a escola era para as classes mais altas? Ou para as classes mais baixas? Pelo conhecimento do mundo, sabemos qual a resposta, mas não sei se o uso de «restringido para» traduz essa ideia. A ideia transmitida seria a mesma se se usasse a preposição a («restringido a»)?

«Com a democratização do ensino, a escola deixou de ser um espaço restrito a classes mais baixas.»

Muito obrigada pelos esclarecimentos e pelo vosso magnífico trabalho!

Diogo M. Barbosa Estudante Lisboa, Portugal 592

Devemos dizer e escrever «ter pressa de» ou «em»? Por exemplo: «Tenho pressa de/em publicar este livro.

Obrigado.

Filomena Miguel Tradutora e Professora Português Língua não Materna Loulé, Portugal 598

Ensino o Português a Estrangeiros e muitos alunos estão a aprender o conjuntivo. Em todas as gramáticas para este fim, a conjunção se é seguida por um futuro do conjuntivo em situações como a seguinte: «Se não houver ajuda, é/será tudo mais difícil.»

No entanto, ouço repetidamente na televisão o uso do presente do indicativo em situações deste género. Ex: «Se não há coordenação, há de facto mais problemas.»

Estas duas frases estão corretas? Como interpretar isto?

Agradeço antecipadamente a vossa resposta à minha dúvida. Muito obrigada pelo vosso trabalho. Recorro frequentemente à vossa página para esclarecer as minhas dúvidas.

Fernando Bueno Engenheiro Belo Horizonte, Brasil 553

Examine-se o seguinte excerto:

«Usei a esperteza para defender o meu leito conjugal. Conheço umas palavras que valem por uma senha. É só dizer essas palavras, e posso dormir sossegado com relação à fidelidade...»

Quanto ao período «É só dizer essas palavras, e posso dormir sossegado com relação à fidelidade», supondo-se que seja composto por subordinação, como classificar as orações? Qual delas é a principal?

Se se considerar a primeira como condicional equivalendo a «se eu disser essas palavras», a principal seria a outra. Mas também se pode tomar a primeira como principal, classificando-se a segunda como subordinada consecutiva, já que se pode perceber ideia de consequência nessa oração.

Obrigado.

Miguel de Sá Sotomaior Gestor Ponte de Lima, Portugal 696

«O Chile propôs-se tornar-se o país mais barato do mundo» será, no meu entender, uma frase incorreta, uma vez que não necessitaria ser utilizado o primeiro -se, mas há quem insista que está correto. Está correto, ou não? Qual a regra a aplicar?

Obrigado.

Luis Henrique Auxiliar Administrativo Mogi Guaçu, Brasil 631

Posso iniciar a frase com preposição em antes de adjetivos como referente?

Por exemplo: «Em referente à paciente Maria Alves, fizemos o cadastro da mesma...» ou, no caso, a frase acima estaria incorreta, optando pela construção de: «Referente à paciente Maria Alves, fizemos o cadastro da mesma...»

Isabel Caçorino Copywriter Lisboa, Portugal 613

Gostava que, se possível, me explicassem duas dúvidas. Na frase:

«61% dos portugueses não leram um só livro no último ano.»

– O verbo ler deve estar no plural, como está, ou deveria estar no singular (leu) uma vez que o sujeito é 61%?

– O uso do nesta frase está correto (no sentido de «único») ou no fundo faz com que o sentido da frase seja exatamente o oposto do que o jornalista quer dizer que seria: «61% dos portugueses leram somente um livro.»

Espero não ter sido confusa. No fundo queria saber se a forma verbal e o uso de estão corretos nesta frase.

Muito obrigada e obrigada por nos ajudarem a entender melhor a nossa língua.

Manoel Victor da Silva Rodrigues Autônomo Itajaí, Brasil 573

Lendo um poema de Paulo Leminski, o título chamou minha atenção e causou dúvida.

Segue o título e o questionamento: «O assassino era o escriba.»

Como fica uma análise sintática desse período? E se invertemos os termos: «O escriba era o assassino»?

Como ficaria a análise?

Obrigado.

Moacir Siqueira Jr Funcionário público São Paulo, Brasil 702

Causou-me estranheza parte dum texto com que me deparei hoje:

«Lisboa era visitada por gente de todo o mundo e para ela convergiam pessoas ilustres e foi difícil deixá-los de fora: embaixadores, aristocratas, pobres, prostitutas, amas, até um macaco. Não resisti a tornar todos eles personagens numa Lisboa protagonista absoluta.»

Não deveria ter sido usado o pronome clítico os em vez de eles como complemento do verbo tornar («torná-los todos personagens»)?

Aproveito o ensejo para parabenizar a equipe do Ciberduvidas pelo inestimável serviço que presta ao nosso querido idioma.