Os valores semânticos da construção ao + infinitivo
Tenho visto algumas frases em que a construção ao + infinitivo me parece inadequada, possivelmente por resultar de traduções literais do inglês by + ing form, e gostaria de saber se a sua aplicação está correta ou não nos exemplos de 1 a 3.
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Intuitivamente, costumo usar a construção ao + infinitivo em orações temporais ou temporais-causais e valido a sua utilização substituindo-a por quando ou marcas temporais similares, como nestes exemplos.
4) Ao sair de casa, reparei que me tinha esquecido da chave. (Quando saí de casa, reparei que me tinha esquecido da chave)
5) A rapariga corou ao ver o rapaz. (A rapariga corou porque/quando viu o rapaz)
6) Ouviu as notícias ao preparar o jantar. (Ouvi as notícias enquanto preparava o jantar)
Eu percebo que nos exemplos de 1 a 3 se possam substituir as expressões ao + infinitivo por quando e, ainda assim, obter frases gramaticais. Contudo, parece-me que há uma notória alteração no significado destas frases. Para ser mais exata, estas frases são exemplos inspirados em traduções do inglês em que a forma ao + infinitivo serve de tradução de by + formas terminadas em -ing, que optei por não partilhar na plataforma por razões de confidencialidade. No entanto, em inglês seria mais ou menos assim:
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Partindo dos exemplos em inglês, não me parece que haja uma intenção temporal/causal nas construções introduzidas por by + formas terminadas em -ing. Na verdade, estas construções parecem-me muito próximas daquilo a que anteriormente designávamos como complemento circunstancial de modo:
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Convocando outros exemplos, não me parece que na nossa língua se utilize o ao + infinitivo para descrever a forma como certas ações são concluídas e daí a minha estranheza perante estas estruturas.
Parece-me mais natural dizer:
7) «Visitámos vários países viajando de bicicleta» do que *Visitámos vários países ao viajar de bicicleta
8) «Ela informa-se das notícias lendo o jornal» do que *Ela informa-se das notícias ao ler o jornal
9) «Desloco-me ao escritório conduzindo» do que *Desloco-me ao meu escritório ao conduzir.
Ou seja, se a minha intenção é a de explicar de que forma concluo determinada ação, é natural a aplicação desta estrutura?
Obrigada pela ajuda.
«Ir sair»
Qual a forma correta de escrever: «fui sair» ou saí?
Relativa sem antecedente, conjuntivo e coesão temporal
Li a seguinte frase: «O que tiveres feito para a enfurecer, sugiro que pare agora.»
A minha dúvida é se é correto mudar o tempo verbal para : «O que tivesses feito para a enfurecer...» ou «o que tenhas feito para a enfurecer, sugiro que pare agora».
Se não me engano, o uso do verbo ter no futuro do conjuntivo (tiveres) refere-se a uma ação que pode ou não acontecer no futuro, mas acho que a frase no exemplo acima, «O que tiveres feito para a enfurecer, sugiro que pare agora», tem sentido passado.
Muito obrigada antecipadamente pela ajuda!
Condicional simples e condicional composto
Do ponto de vista gramatical, é possível substituir verbos no condicional com os mesmos verbos, mas no futuro do pretérito composto, sem modificar o sentido da frase?
Por exemplo, queria saber se as frases seguintes são usadas com os mesmos significados.
1) Aonde é que ele iria? = 2) Aonde é que ele teria ido?
Muito obrigado.
As orações temporais em Portugal
Em um artigo sobre as futuras possibilidades do uso da tecnologia digital, li várias orações com verbos no presente que me despertaram dúvidas sobre o uso do indicativo ou do subjuntivo (conjuntivo em Portugal). Praticamente em todos os exemplos, o verbo aparecia no presente do indicativo na oração subordinada, mas o verbo da principal estava no futuro do indicativo.
Exemplos:
– «Quando estamos em férias, as conversas com estrangeiros, na nossa língua materna, serão traduzidas em simultâneo e serão escritas no dispositivo na sua língua materna.»
– «Quando compramos numa loja de desportos online, iremos escolher o artigo que desejamos.»
– «Enquanto estamos em uma reunião de trabalho, a ata está a ser elaborada.»
No português do Brasil, parece ser muito mais comum o uso do subjuntivo na oração subordinada nesses casos. Dependendo da oração, acredito que poderia ser considerado incorreto o uso do indicativo. Diríamos, por exemplo: «Quando estivermos de férias, as conversas com estrangeiros, na nossa língua materna, serão traduzidas...», ou «Quando estamos de férias, as conversas (...) são traduzidas».
Gostaria de saber se me podem ajudar com a interpretação do uso dos tempos e modos verbais com as conjunções enquanto e quando nos citados contextos.
Muito obrigada pela ajuda e parabéns pelo trabalho realizado todos os dias.
Uso do futuro composto do indicativo
Podia ajudar-me a compreender quando se pode utilizar verbos em futuro composto para expressar ações do passado?
Em geral, quantas aplicações esse tempo tem?
Obrigado.
Oração condicional contrafactual e imperfeito do conjuntivo
Gosto muito do Rúben Amorim e vejo todas as conferências de imprensa dele.
Tenho uma dúvida sobre uma frase que ele disse hoje, ou seja (minuto 10:32, Youtube):
«O contexto é completamente diferente. Quando jogámos aqui, acho que tínhamos os mesmos pontos ou, se o Porto ganhasse, apanhava-nos na classificação.»
Tendo em conta que foi um evento relativo ao passado e hoje não poderia acontecer, não deveria ter dito: «Se o Porto tivesse ganhado, ter-nos-ia apanhado/tinha-nos apanhado na classificação»?
Obrigado.
«Mais e mais e mais»
A frase seguinte pode ser considerada correta: «Do modo como ando e ando, andei»?
O cerne da minha dúvida centra-se na repetição da forma verbal ando intercalada pela conjunção coordenativa copulativa e. Do mesmo modo, na mesma linha de raciocínio, poderia dizer «E falei e falei e falei e falei e ele não me ouviu»?
Além disso, há ainda um caso semelhante que, para mim, é mais aceitável: o do mais. Por exemplo, «Correu mais e mais, até que chegou à meta», «Comeu mais e mais e mais até engordar».
Não vos parece que a expressão «mais e mais» tem o mesmo sentido de «cada vez mais» e pode-se tratar aqui de uma influência da sintaxe inglesa? Notem os exemplos: «Simply by going on and on...« ou «She wants more and more...».
Aguardo o esclarecimento das minhas dúvidas. Votos de um ótimo trabalho!
Ir com gerúndio
Não encontro informação nas gramáticas sobre a perífrase ia+gerúndio em contextos como «um míssil ia apanhando Zelensky», quer dizer, com o valor de que esteve quase a apanhar o tal.
Podem dar uma ajudinha?
As expressões «tudo de bom», «tudo bom» e «tudo bem»
Ouve-se cada vez com maior frequência desejar a alguém «tudo de bom!».
Como se vê, nem se trata de uma pergunta, pois nunca ouvi ninguém perguntar «tudo de bom?», mas de um desejo, habitualmente numa despedida ou como remate de uma conversa telefónica.
A minha questão tem a ver com a inclusão da preposição de na frase. Não seria suficiente e correto dizer-se só «tudo bom!»...?
E, já agora, pergunta-se: «tudo bom?» ou «tudo bem?»?
Muito obrigado!