Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Semântica nominal
Aida Lemos Professora Braga, Portugal 7K

Numa questão em que se pretende localizar erros (sem especificação de tipo), não se deveria considerar como "erro" a expressão «gotas de orvalhos»?

Muito obrigada.

Oliveira Ramos Professor Aveiro, Portugal 6K

Quanto à discussão das frases «A profissão dele é professor.» e «A profissão dele é a de professor.», verificamos que as nossas prezadas Ciberdúvidas, a quem temos motivos para estar muito agradecidos pelos excelentes serviços que prestam, referem como evidentemente melhor e mais exacta a expressão «a profissão dele é a de professor.»

Ora esta declaração da evidência da qualidade superior e da exactidão da segunda frase levanta-me... novas dúvidas. Será que é assim tão evidente? A minha posição actual é a de que as frases merecem semelhante valorização, por pertencerem ao mesmo nível, padrão, de linguagem e serem funcionalmente equivalentes, o que não significa que não incorporem algumas diferenças, como abaixo expresso. Estilisticamente, não creio que a frase sem o pronome a seja inferior, como abaixo também expresso.
Para começar, estabelecendo cadeias em que as expressões revelem bem os seus sentidos, consideremos a sequência de frases:

Médico é uma profissão. Canalizador é uma profissão.

Professor é uma profissão e é a profissão dele. A profissão dele é professor.

E consideremos estoutra sequência de frases:

Existe a profissão dele. É a de professor. A profissão dele é a de professor.

Será que uma destas formulações é evidentemente melhor do que a outra? De acordo com o parecer dado pelas Ciberdúvidas, as questões em causa são mais de ordem semântica do que sintáctica. No entanto, os significados das duas frases são imediatamente reconhecidos como idênticos e claros por qualquer lusófono, que, à partida, nunca iria pensar em significados que envolvam a ideia de que a «profissão» é «um professor». A esta estranha ideia contraponho outras matizes semânticas relativas à aplicação do verbo ser, bem como a consideração do seu efeito em cada um dos casos, como explico abaixo. Note-se, de passagem, que na frase «Médico é uma profissão.» ninguém pensará que «o médico» é «uma profissão». Que risco haverá, então, de «a profissão» ser «um professor»? Claro que ninguém pensa assim ao formular ou ao receber uma destas frases.

Na frase «A profissão dele é a de professor.», a utilização do pronome a invoca a palavra profissão, pelo que a frase equivale a «A profissão dele é a profissão de professor.» Aqui, o verbo ser é utilizado para estabelecer uma relação directa, de tipo comparativo, de identidade entre duas coisas da mesma natureza, duas profissões: a profissão dele e a profissão de professor. Por via do verbo ser, diz-se que a profissão dele e a profissão de professor são iguais, ou melhor, a mesma.

Já na frase «A profissão dele é professor.», o verbo ser estabelece um relação que não é de identidade directa, mas sim de atribuição selectiva entre duas coisas de natureza distinta, um homem e uma profissão: do universo das profissões, a que pertencem médico, canalizador, professor e outras, a que é dele é professor.

Em termos de exactidão, as duas formulações são equivalentes, pois nos dois casos não há qualquer incerteza ou especificação potencialmente errónea: ele é professor, ou seja, a profissão dele é professor, ou seja ainda, a profissão dele é a (profissão) de professor.

Passando a um plano estilístico, se bem que a expressão com pronome a possa, segundo algumas opiniões, parecer mais "refinada", ela é mais retorcida, uma vez que o pronome a introduz redundância relativamente ao termo que é o sujeito da frase e que dista de apenas duas palavras: «A profissão dele é a (profissão) de professor.» Não me parece que esta formulação seja superior a «A profissão dele é professor.» Não admira que a forma «A profissão dele é professor» seja mais corrente, se evita a referida redundância. E a menor frequência de uma expressão não a torna, por isso, superior. Não sem ironia, digo: a este mesmo nível, estilístico, não seria até de abandonar as duas expressões e adoptar, se quisermos criar certos efeitos, «Ele exerce o mester de docente.»?

Tudo isto, claro, «salvo melhor opinião»!

Fico a aguardar com interesse a resposta de V. Exas., que muito agradeço.

Cristina da Silva Professora Lisboa, Portugal 6K

Quando pretendemos passar uma frase de um singular para o plural, o que mudamos? Por ex.:

«A mãe misturava água com terra.»

Obrigada.

Maria Silva Professora Angra do Heroísmo, Portugal 6K

Uma colega, a propósito de "elo de ligação", "certeza absoluta", "8, 9 e 10 inclusive", "exceder em muito", "quantia exacta", "expressamente proibido", disse-me que eram expressões que se deviam evitar por se tratar de tautologias.

Gostaria de saber se será exactamente assim.

Obrigada e parabéns pelo trabalho excelente que têm vindo a realizar.

Joaquim Ramos Professor Coimbra, Portugal 11K

Relativamente à frase:

«Dá-se a morte simbólica de Ana, quem (1) vai morrendo devagar depois da morte da sua irmã e quem (2), às vezes, parece morrer na companhia de seu marido.»

O uso do pronome quem, em (1) e (2), está correcto? Não deveria ser usado que? Caso esteja correcto, como se justifica tal facto?

Obrigado pela disponibilidade.

Amélia Furtado Madi Secretária Barcelona, Espanha 4K

«Diagnóstico de glaucoma», ou «diagnóstico do glaucoma»?

Patrícia Madeira Professora de Inglês S. João da Madeira, Portugal 5K

Antes de mais, as minhas felicitações pelo trabalho magnífico que colocam à disposição de todos.

Sempre utilizei o adjectivo bizarro no sentido de estranho, fora do vulgar. No entanto, recentemente disseram-me que essa era a denotação anglo-saxónica da palavra, e não a portuguesa, que estaria ligada à ideia de nobreza ou arrogância. Consultei alguns dicionários e encontrei isso mesmo. Nenhuma referência ao conceito de invulgaridade.

Após consulta no Ciberdúvidas, constatei que os senhores utilizaram já o termo no sentido que indiquei anteriormente (confesso que a própria musicalidade da palavra me atrai e ligo-a instantaneamente à obscuridade e ao oculto). Qual é a vossa posição?

Elin Fagundes Func. pública federal Florianópolis – Santa Catarina, Brasil 20K

Desejo saber o significado e a origem da palavra barda.

Helena Matias Assistente de bordo Lisboa, Portugal 20K

Uma amiga diz-me que a expressão «chorar convulsivamente» está incorrecta: e que se deve dizer «chorar compulsivamente».

Eu considero ambas correctas mas com sentidos diferentes: a primeira significa um choro muito agitado, e a segunda, um choro incontrolável e sem explicação.

Qual a vossa opinião?

Obrigada.

Sandra S. O. Marques Estudante Américo Brasiliense, Brasil 4K

Nos versos «Gosto de sentir a lingua roçar/ a lingua de Luís de Camões», qual o sentido dos vocábulos língua e roçar?