DÚVIDAS

O uso de permissividade e de permissão
Qual é a forma correcta? «Não era o que ela conjecturava, a ideia que fazia das suas quedas, dos seus vícios, da sua vida que o irritava, mas a permissividade que se autorizava de o querer admoestar.» ou «Não era o que ela conjecturava, a ideia que fazia das suas quedas, dos seus vícios, da sua vida que o irritava, mas a permissividade que se autorizava em o querer admoestar.» Com os meus agradecimentos.
«Dizer para...» e «pedir para...» + infinitivo
Não posso concordar [quando se diz] que é aceitável dizer «eu disse para fazeres isso». Correcto é (e sempre foi assim): «Eu disse que fizesses isso.» E porquê? Porque eu disse: «Faz isso!» Logo, fica: «eu disse que fizesses isso»; mas nunca «eu disse para fazeres isso», pois tal não faria sentido nenhum. Da mesma maneira que se diria: «eu ordenei que fizesses isso», e nunca «eu ordenei para fazeres isso», nem «eu mandei para fazeres isso», mas, sim, «eu mandei que fizesses isso»; pois a ordem, ou o mandado, foi: «Faz isso.» E o mesmo se aplica ao verbo pedir: Eu pedi: «Faz isso.» «Eu pedi que fizesses isso»; e não: «Eu pedi para fazeres isso». O uso de para seria correto neste caso: «Eu disse aquilo, para te animar»; «eu pedi aquilo, para te animar». Esse erro parece-me, mais, ser uma corrupção pelo inglês, em que se costuma dizer: «I told/ask you to do that», que, vertido literalmente para português, seria, efectivamente: «Eu disse-vos/pedi-vos para fazerdes isso»; mas cuja tradução em português correcto é: «Eu disse-vos/pedi-vos que fizésseis isso» («eu disse-vos/pedi-vos: Fazei isso»). Isto, sim, faz pleno sentido. Erros devem ser condenados prontamente; e não devem ser tolerados, só porque são muitos os que os cometem. E os doutores têm a obrigação de fazer isso mesmo. Quando prevaricam, o erro espalha-se velozmente.
As regências do verbo interessar e do substantivo interesse
A regência do verbo interessar causa-me sempre dúvidas. A frase «eu interesso-me pelo teatro clássico» está correta, não é verdade? No entanto, é também possível expressar a mesma ideia dizendo «eu tenho interesse pelo teatro clássico». A minha dúvida é se se pode igualmente dizer «eu tenho interesse no teatro clássico». No Guia Prático de Verbos com Preposições, de Helena Ventura e Manuela Caseiro, as autoras afirmam que o verbo interessar rege unicamente a preposição por. Contudo, quando expressamos a mesma ideia dizendo – «tenho interesse» –, que preposição devemos usar, em, ou por? Pode dizer-se «eu tenho interesse no teatro clássico»? Muito obrigada.
ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa