DÚVIDAS

A supressão de para (orações adverbiais finais)
Tenho percebido que, ao menos no português brasileiro, as orações subordinadas adverbiais finais introduzidas pela preposição para permitem a supressão dessa preposição quando o verbo ir é o verbo principal (não auxiliar) da oração principal ao mesmo tempo que ambas as orações compartilham o mesmo sujeito. Portanto: «Eu vou para casa para dormir.»/«Eu vou para casa dormir.» «Ele vai cantar para deixá-la feliz.»/*«Ele vai cantar deixá-la feliz.» «João vai ao Rio para ver Maria.»/«João vai ao Rio ver Maria.» «João vai ao Rio para Maria vê-lo.»/*«João vai ao Rio Maria vê-lo.» Minha dúvida é se tal fenômeno ocorre no português europeu e se essa é uma construção da norma culta.
A concordância em «um dos que acabaram»
É o pão nosso de cada dia ouvir e ler frases do género «Manuel foi um dos que arranjou emprego». Como o Manuel foi um dos vários a quem isso aconteceu, penso que a única maneira correcta de dizer/escrever a frase será: «Manuel foi um dos que arranjaram emprego.» Mas será que estou enganado e a primeira forma é aceitável? A dúvida põe-se-me por já ter deparado com concordâncias desse tipo na prosa de excelentes escritores. Até José Carlos de Vasconcelos, no livro Conversas com Saramago (p. 21), põe na boca do nosso Prémio Nobel o seguinte: «(...) um dos [sonhos] que acabou por não se concretizar foi» (etc.). Ora, neste caso, a concordância em questão não só foi utilizada por Saramago (de forma oral, de modo que, a existir erro, é perfeitamente desculpável), como «aprovada» por Vasconcelos, na passagem a escrito da entrevista. Como sempre, fico antecipadamente grato pela vossa resposta.
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