DÚVIDAS

Concordância com verbo pronominal
Ultimamente, em meu trabalho de revisão de texto, venho me deparando com um tipo de construção que me causa dúvida: a concordância do verbo pronominal na oração subordinada. Levo em conta a regra de que, pelo menos para verbos não pronominais, esse tipo de concordância é facultativa quando o sujeito da segunda oração já for referenciado na primeira e o verbo estiver no infinitivo pessoal (ex.: «O professor ajudou as crianças a entender a lição»/«O professor ajudou as crianças a entenderem a lição»). No entanto, a dúvida me ocorre quando o verbo da oração subordinada é um verbo pronominal. Nesse caso, é obrigatória a conjugação em número? E a presença do pronome átono? A fim de elucidar minha pergunta, deixo três frases que exemplificam as alternativas para minha questão: 1. «O garçom nos ajudou a sentar.» 2. «O garçom nos ajudou a nos sentar.» 3. «O garçom nos ajudou a nos sentarmos.»
Os sentidos do verbo haver
Recentemente, uma pessoa escreveu, num blogue, as seguintes frases: «Parece-me que vai sendo tempo de os últimos defensores da forma brasileira "por que" em Portugal acatarem a lei, ou então emigrarem para o Brasil. Que pena não haverem multas para estas infracções!» Várias outras pessoas, nas quais me incluo, apontaram o «haverem» da última frase como um erro; sendo que o verbo haver tem ali o significado de «existir», deveria ser conjugado no singular e não no plural: «Que pena não haver multas para estas infracções!» seria, portanto, a frase correcta. A pessoa em causa veio depois contrapor com os seguintes argumentos, que passo a citar: «Se forem ao Dicionário Houaiss (versão electrónica), verão que a primeira acepção de haver é "t. d. ant. ter ou obter comunicação de; receber", e é dado o exemplo: "Logo os Noronhas houveram notícia da sua prisão." «Mais adiante, encontra-se a acepção "t. d. bit. frm. ser aquele sobre quem incide ou a quem se dirige a ação; receber" e são dados os exemplos: "Os sitiantes houveram dos mouros as suas cicatrizes"; "Não haverão favores de ninguém." «Aquele "haverem" está por "receberem", e refere-se aos «últimos defensores da forma brasileira "por que" em Portugal» que estavam na frase anterior e que desempenham na última frase a função sintáctica de sujeito.» (Fim de citação.) Por último, de forma a explicar o uso de para na última frase, a justificação apresentada foi (passo a citar): «Vão de novo ao Dicionário Houaiss e atentem na acepção de para como "adequada(s) a".» (Fim de citação.) Estas explicações não foram aceites pela maioria das pessoas que frequentam o blogue, que simplesmente as ignoraram ou não acreditaram na sua honestidade. Embora os argumentos anteriores pareçam rebuscados e algo ardilosos, limitei-me a analisá-los objectivamente e pareceram-me totalmente correctos. Tendo em conta que as frases faziam parte, segundo a pessoa que as escreveu, de uma cilada preparada por ela para os demais intervenientes no blogue, poder-se-á entender o raciocínio rebuscado. Ficaria muito agradecido se me dessem a vossa opinião imparcial sobre este assunto, que gerou alguma polémica.
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