Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Classe de palavras: verbo
Diana Gonçalves Professora Coimbra, Portugal 498

Estas duas frases são aceitáveis?

«Ontem, enquanto eu fiz o jantar, ele fez as sobremesas.»

«Ontem, enquanto eu fazia o jantar, ele fazia as sobremesas.»

Normalmente, enquanto está associado ao pretérito imperfeito quando se ensina português a estrangeiros, surgindo essa regra frequentemente em livros, para quando se trata de ações simultâneas no passado.

No entanto, a frase com o pretérito perfeito simples também me parece aceitável.

Muito obrigada pelo vosso trabalho.

João Alferes Gonçalves Jornalista Lisboa, Portugal 475

É possível torcer o uso de enveredar, para considerar que se trata do verbo sinónimo de envidar, neste caso?

«No sentido de demonstrar ao povo ucraniano que não está sozinho nesta luta pela independência e liberdade, pela democracia, por um Estado de direito e pela paz, apelamos a Vossa Excelência para que possa enveredar os seus mais diligentes esforços junto do Conselho Supremo da Ucrânia (Parlamento Ucraniano – Verkhovna Rada) para que uma delegação de deputados desta Comissão possa realizar uma missão parlamentar com os seus congéneres ucranianos» (Público, 26/04/2022) – refere a proposta assinada pelos deputados Ricardo Baptista LeiteTiago Moreira de SáPedro Roque.

Obrigado.

Inês Barbosa Professora Rio Maior, portugal 525

Qual a expressão correta: «Praticamente metade da superfície agrícola em Portugal são pastagens» ou «praticamente metade da superfície agrícola em Portugal é pastagens»?

Obrigada.

Ana Henriques Estudante Ponta Delgada, Portugal 466

Relativamente à formação do nome derivado do verbo reusar, o mesmo deve ser acentuado ou não?

Qual a forma correta, "reúso" ou "reuso"?

Grata pela atenção

Eliane Viza Revisora São Paulo, Brasil 406

Sobre a regência do verbo desgarrar, encontrei que é transitivo («desviar do rumo»), intransitivo e pronominal («desviar-se do rumo»). No entanto, gostaria de entender se a expressão «desgarrar para longe» encontra respaldo na linguagem formal.

Obrigada.

Afonso Hermínia Estudante São Domingos de Rana, Portugal 566

Não abdico de um bom pequeno almoço logo pela manhã.

Qual é a função sintática «de um bom pequeno-almoço»?

Silva Rodrigues Autônomo Barretos, Brasil 560

Gostaria, se possível, que dissertassem um pouco sobre o predicativo do sujeito na seguinte frase «Esse bolo é para mim».

Sabendo que o predicativo é uma característica do sujeito, como defender a ideia de que «para mim» é uma característica de «esse bolo».

Certo do auxílio, agradeço.

José Garcia Formador Câmara de Lobos, Portugal 458

Sobre o uso (por vezes incorreto) do verbo derivar, perguntava-vos se, na frase apresentada, é possível aceitar o seu uso:

«A poluição deriva da falta de civismo.»

Cordialmente.

Denise Franco de Rezende Médica Petrópolis, Brasil 445

Qual o significado da expressão «ele gosta de ficar tisicando»?

Gabriel Lago Revisor de textos Cascavel, Brasil 682

Primeiramente agradeço o sempre excelente trabalho que vocês desempenham.

Tenho encontrado em Machado de Assis um tipo de construção que me é nova: o uso do pretérito perfeito composto do indicativo em lugar do pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo, especialmente em situações condicionais, hipotéticas. Trago abaixo alguns exemplos do mesmo escritor. A locução de tempo composto vai destacada em maiúsculas:

1) "Um dos oradores do dia 21 observou que se a Inconfidência TEM VENCIDO, os cargos iam para os outros conjurados, não para o alferes. Pois não é muito que, não tendo vencido, a história lhe dê a principal cadeira."

2) "Teve seus minutos de aborrecimento, é verdade; a princípio doeu-me que Ezequiel não fosse realmente meu filho, que me não completasse e continuasse. Se o rapaz TEM SAÍDO à mãe, eu acabava crendo tudo, tanto mais facilmente quando que ele parecia haver-me deixado na véspera evocava a meninice, cenas e palavras, a ida para o colégio..."

3) "De repente, cessando a reflexão, fitou em mim os olhos de ressaca, e perguntou-me se tinha medo. — Medo? — Sim, pergunto se você tem medo. — Medo de quê? — Medo de apanhar, de ser preso, de brigar, de andar, de trabalhar... Não entendi. Se ela me TEM DITO simplesmente: "Vamos embora!" pode ser que eu obedecesse ou não; em todo caso, entenderia."

Onde destaquei, parece dizer-se "tivesse vencido", "tivesse saído", "tivesse dito". Sei que muitos tempos e modos podem assumir o lugar de outros, como "Se eu fora (fosse) rico...", mas é a primeira vez que me deparo com tal possibilidade, e nunca a vi noutro autor.

Tem certa semelhança com o uso corrente do presente do indicativo a substituir o pretérito ou o futuro do subjuntivo: "Se erro a questão, reprovo". Vocês têm conhecimento dessa hipótese de substituição? É prevista em alguma gramática? Acha-se noutros escritores?