«Ter medo de» + infinitivo
Na CNN Portugal li a frase seguinte : «Tínhamos medo de viajar e sermos atingidos...»
Podia dizer-me como é que o escritor decide usar o segundo verbo no infinitivo pessoal ("sermos", e não "ser"), enquanto o primeiro verbo está no infinitivo ("viajar", e não "viajarmos") ?
O verbo desancar
«Desancar» ou «desancar em»? Pergunto isto porque acabo de ler «Eu desanquei Portugal e os portugueses», quando na verdade me pareceria que se deveria ler «Eu desanquei em Portugal e nos portugueses».
Obrigado e bom ano!
As variantes cetro e ceptro
No fim do período de transição comecei a usar o Acordo Ortográfico de 1990 e, até hoje, que me lembre, no que se refere a consoantes mudas, só tive uma forte discordância com o estabelecido no Acordo: foi a palavra ceptro, em que eu sempre pronunciei o pê e sempre ouvi pronunciar o pê.
É claro também que a palavra ceptro é uma palavra sobretudo escrita e muito pouco dita. Ou seja, encontra-se em livros, jornais e revistas, mas usa-se pouco na oralidade. Lembro-me de que a aprendi com o Tintin em O Ceptro de Ottokar.
Em 20 de dezembro, a propósito da conquista do Mundial pela Argentina, ouvi na CNN a palavra ceptro com o pê bem pronunciado em: «Messi pegou no ceptro», para significar «a taça», ou algo assim.
Creio que, de acordo com as transcrições fonéticas constantes nalguns dicionários, o pê não é pronunciado mas, francamente, e de forma impressiva, acho que é. Já fiz o teste com vários amigos e a opinião largamente generalizada é a de pronúncia do pê. Num universo de umas 12 pessoas, a percentagem deve andar nos 80% a pronunciarem o pê contra 20% a não o pronunciarem.
É possível também que, justamente por ser uma palavra mais escrita que dita, possa ter havido alguma corruptela oral da prolação.
Podem esclarecer?
Obrigado.
Inundamento, inundação
Ouvi na rádio a locutora a proferir a palavra inundamento. Gostaria de saber se este termo é correto, pois apenas conheço inundação.
Muito obrigada.
Códigos dos estados dos EUA
A abreviatura de estado americano deve seguir a forma como é usada em inglês ou tem uma forma própria a ser usada em português?
Qual a forma correta para o estado da Carolina do Sul?
«Domingo, 01 de janeiro de 2022, Simpsonville, SC, EUA»
ou
«Domingo, 01 de janeiro de 2022, Simpsonville, CS, EUA»?
Obrigado!
A sequência «acabei de começar»
É correto dizer "acabei de começar"?
O português língua e o inglês language
Em português utilizamos o termo língua, entre outros significados, para um sistema de comunicação utilizado pelos membros de uma mesma comunidade linguística. Podemos utilizar o termo linguagem num sentido lato que pode ser empregue em, por exemplo, linguagem animal, linguagem corporal, etc.
Como se pode traduzir estes dois termos para inglês, com os significados diferentes que se denotam acima?
Eu só encontro o termo language, com o sentido de «língua». Não encontro um termo inglês para linguagem como um domínio mais amplo que língua.
Muito obrigado pelo vosso excelente trabalho.
Grafia e etimologia de carrossel
Esta palavra já aqui ["Carrossel/carrocel"] foi abordada, e segundo alguns dicionários tanto se pode utilizar a palavra carrossel como carrocel, sugerindo o artigo, no entanto, que o termo carrossel seja mais usual devido à origem da palavra.
A minha dúvida no entanto prende-se com a sua adaptação à grafia mais concordante com a grafia portuguesa.
Nesse sentido não será mais correto usar carrocel tal como por exemplo pincel, corcel?
Gradação e anáfora em António Vieira
No segmento «um monstro tão dissimulado, tão fingido, tão astuto, tão enganoso, e tão conhecidamente traidor?» (Padre António Vieira, Sermão de Santo António), podemos constatar a presença de uma gradação. Mas, não podemos constatar também a presença de uma anáfora? Ou a anáfora é apenas a repetição de palavras no início de, pelo menos, duas frases ou dois versos?
Concordância no plural com dois infinitivos
Numa resposta a uma pergunta feita por mim, cujo título é “Concordância com infinitivo: 'Agrada-me dançar e cantar'”, a consultora Carla Marques disse: «um sujeito composto por duas orações coordenadas desencadeia uma concordância na 3.ª pessoa do singular». E justificou citando um trecho da Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian). Compreendi muito bem a sua resposta, pela qual lhe fico muito agradecido.
Só que, lendo na Nova Gramática do Português Contemporâneo de Lindley Cintra e Celso Cunha, em relação a concordância, apareceu o seguinte:
«Mas o verbo pode ir para o plural quando os infinitivos exprimem ideias nitidamente contrárias:
«Em sua vida, à porfia, Se alternam rir e chorar.» (A. de Oliveira, Póst., 43.).” »
Aí, eu pergunto:
1.º Por que há a possibilidade de o verbo ir para a 3.ª pessoa do plural, já que o sujeito feito de infinitivos não possui um núcleo pronominal ou nominal a ser fonte para uma concordância numérica?
2.º Então, teria de aceitar que «rir e chorar» são sujeitos compostos apesar de não possuir um núcleo pronominal ou nominal?
Desde já, muito obrigado.
