DÚVIDAS

A grafia de opioide

Segundo o novo acordo, os ditongos ei e oi deixam de ser acentuados nas palavras paroxítonas. Assim sendo, esta regra aplicar-se-á à palavra opioide. No entanto, o corretor ortográfico assinala esta opção como erro, corrigindo-a para a versão acentuada.

Ficou então a dúvida sobre se haverá aqui alguma exceção...

Resposta

É correta a afirmação da prezada consulente. De facto, de acordo com o texto do Acordo Ortográfico em vigor, «não se acentuam graficamente os ditongos representados por ei e oi da sílaba tónica/tônica das palavras paroxítonas, dado que existe oscilação em muitos casos entre o fechamento e a abertura na sua articulação: [...] alcaloide, [...], Azoia, boia, boina, comboio [...] dezoito, estroina, heroico, introito, jiboia, moina, paranoico, zoina». Assim sendo, a grafia correta da palavra em análise, à luz do AO, deverá ser efetivamente opioide.

Julgo que valerá ainda a pena dizer, porém, que, apesar de o referido vocábulo não se encontrar registado em nenhum dos dicionários de português europeu de referência consultados, nem constar tampouco do Vocabulário Ortográfico do Português , desenvolvido pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC), nem do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Porto Editora, verificamos que o mesmo é acolhido, por exemplo, pelo Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras, e pelo Aulete Digital, com esta mesma grafia não acentuada (opioide). Registe-se, porém, estranhamente, que o Novo Dicionário Aurélio acolhe apenas a forma acentuada opióide.

Finalmente, é ainda de notar que o Lince – conversor para a nova ortografia, desenvolvido pelo ILTEC, aceita as duas formas gráficas da referida palavra, isto é, opioide e opióide.

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa