O termo val é uma variante de vale. Há quem considere (ver páginas da Guimarães TV) que o topónimo urbano Val de Donas alude às senhoras (donas) de famílias abastadas que residiam nessa rua de Guimarães. Trata-se de uma hipótese que é reiterada em artigo sobre a toponímia de Guimarães, disponível nas páginas de Internet da câmara municipal daquela cidade:
«Ornamentada por uma varanda rotulada das últimas existentes em Guimarães, outrora vila cerrada por rótulas e gelosias, principia a rua de Val-de-Donas, romântico nome a resistir ao tempo, evocativo de fidalgas damas, remotas, longínquas, as brumas a envolverem-nas no passado, a não deixarem conhecê-las no presente.»1
Outra hipótese, considerando a pista dada pelo consulente, é a de se tratar da identificação de um lugar pelo convento aí existente, isto é, um lugar onde viviam religiosas, respeitosamente referidas como donas. No entanto, a informação que obtive2 aponta não para um convento, mas antes para um refúgio ou simples casa de oração. À palavra vale, que significa também «trincheira», «valado» (cf. Dicionário Houaiss), poderia atribuir-se, por extensão semântica, o valor de «cerca» ou até «muro». Nesta perspectiva, sugiro que a rua vimaranense documenta a permanência de um espaço com função religiosa aonde ocorriam mulheres em geral, não necessariamente religiosas que professassem numa ordem.
1 Ao que sei, a toponímia oficial consagrou a forma Val de Donas sem hífen.
2 Agradeço os esclarecimentos do dr. Manuel Gonçalves (Cavês, Cabeceiras de Basto, Braga).