DÚVIDAS

Fonemas e outras questões

Porque o h é usado?

   * O h é usado por três razões: 1) por força da etimologia (existia já na palavra grega ou latina que deu origem à palavra portuguesa), em palavras como harpa, hálito, hebraico, hipócrates etc.; 2) por longa tradição gráfica, como em húmido e humor e palavras suas derivadas; 3) por convenção, como sucede em várias interjeições - hã? Hem? Hum!.
   Quanto ao uso dos fonemas que se seguem, apenas a aprendizagem da escrita e os hábitos de leitura dão segurança ao utente da língua sobre quando devem empregar um ou outro. A consulta de um dicionário também ajuda muito. De qualquer modo, aí vão as distinções fundamentais.

   Emprego do j e g

   O g tem o valor de /g/ antes das vogais a, o e u (gato, gosto, Agosto); vale /j/ antes de e e i (gesto, ginástica). O j vale sempre /j/ (já, jeito, jiló, jóia, jumento).

   Emprego do s e do z

   O s entre vogais vale /z/: rosa, casa, mesa, piso, uso. Quando em início de palavra ou de sílaba precedida de consoante, vale /ss/: santo, saia, cansado, valsa, persa. O z vale sempre /z/: azeite, zelo, zénite. Em situação final, lê-se como o s em final de sílaba: voz, vivaz.

   Emprego do x e ch

   O x pode valer /ch/ (xisto), /z/ (exame), /ss/ (sintaxe), /cs/ (fixo), e /is/ (ex-presidente, expresso). O ch vale sempre /ch/ (acho, chato).

   Emprego do c, ç, s e ss

   O c vale /k/ antes de a, o e u (casa, coisa, custo); vale /ss/ antes de e e i (cesto, cimo). O c cedilhado - ç - usa-se, sempre com o valor de /ss/, antes de a, o, e u (caça, poço, açucena); nunca se usa em início de palavra. O s vale /ss/ em início de palavra ou de sílaba (santo, penso).

   Emprego do e e do i

   O e pode ser aberto (ex: perto), fechado (ex: pêssego) ou mudo (ex: pedir). Quando é mudo, vale /i/ no Brasil; em Portugal, vale /i/ em início de palavra: exemplo (lê-se «ixemplo»), encarnado (lê-se «incarnado») etc. O i vale sempre /i/.
   Mas só a consulta do dicionário indicará onde deve empregar-se uma ou outra. O mesmo acontece com o emprego do o e do u. Quanto a estes, o o pode ser também aberto (ex: porta), fechado (ex: pôr) ou mudo e, então vale /u/ (ex: domínio, campo, livro). O u vale sempre /u/.

   O que são palavras parônimas e homônimas?

   Parónimo significa parecido, semelhante. São palavras parónimas/parônimas as que se assemelham tanto, na pronúncia e na escrita, que por vezes se confundem: perfeito/prefeito, comprimento/cumprimento. Homónimas/homônimas são as que se escrevem e lêem da mesma maneira, mas têm significado diferente: vaga (onda)/vaga (vazia); dó (pena)/dó (nota musical).

   Uso do por que, porque, porquê e por quê

   A esta pergunta já se respondeu aqui por diversas vezes. Pede-se ao estimado consulente que veja em Respostas Anteriores. Note-se que por quê não existe na norma portuguesa.

   Qual a diferença entre mau e mal?

   Mau/má é adjectivo: «ela é má pessoa»; mal é advérbio - vem junto do verbo para o modificar: «ela passou mal». Por isso não se deve dizer «mau estar», mas sim mal-estar. Mal também é, por vezes, substantivo: «ela é o meu génio do mal»; e, nesse caso, varia em número: «há males que vêm por bem».

   Qual a diferença entre onde e aonde?

   Aonde é um advérbio formado por contracção da preposição a com o pronome relativo onde. Pode-se dizer «aonde vais»= a que lugar, para onde vais; mas não se deve dizer «aonde estás»= em que lugar estás.

   Qual a diferença entre trás e traz?

   Trás é uma preposição que significa «atrás de»; traz é a 3ª. pessoa do singular do presente do indicativo ou a 2ª. pessoa do singular do imperativo do verbo trazer: «o menino traz na mão uma flor», «traz-me um copo de água».

   Uso de: cessão - Cessão significa cedência, acto de ceder;
   Sessão - tempo que dura uma reunião, uma assembleia; duração de um espectáculo;
   Secção/seção - é a mesma palavra: a primeira forma usa-se em Portugal, onde se lê o 1º.c; a segunda é a forma brasileira.

   O porquê do uso de 2 consoantes (cc,cç,ss)

   Cc e usam-se quando se pronunciam, como nas palavras ficção, ficcionista, secção e muitas outras. Em Portugal empregam-se também quando, embora não pronunciadas, servem para abrir a vogal átona anterior:acção /àção/, protecção /protèção/, confeccionar /confècionar/. Os dois ss usam-se em posição intervocálica com o valor do s inicial: sucesso, progresso, presságio.

   O emprego das iniciais maiúculas e minúsculas
   Obrigado.

Resposta

A maiúscula inicial emprega-se, entre outros, nos seguintes casos: 1) em começo de período ou parágrafo; também pode ser usada no início de cada verso de um poema; 2) nos nomes próprio de pessoas (António, Maria), nos cognomes (Afonso X, o Sábio), nos nomes mitológicos (Zeus, Diana, Titãs), nos topónimos (Portugal, Brasil, Europa, África); nos nomes astronómicos (Sol, Terra, Lua); nos nomes de ruas ou lugares públicos (Jardim Botânico, Avenida da Liberdade).

Um bom prontuário poderá ajudá-lo quanto aos outros (abundantes) casos em que se deve usar maiúscula. A tendência, hoje em dia, é de usar maiúsculas a torto e a direito. Não esqueçamos que o Português não é igual ao Alemão, em que os substantivos, mesmo os comuns, são iniciados por maiúscula.

* Respostas a itálico da dra. Teresa Álvares.

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