Escreve-se fotointerpretação quer em Portugal quer no Brasil. Convém, no entanto, deixar alguns esclarecimentos sobre esta grafia.
O Dicionário Eletrônico Houaiss, conforme o Vocabulário Ortográfico de 1943, que se aplicou no Brasil até ao fim de 2008, regista fotointerpretação
(termo da geografia), definindo este termo como «método de pesquisa e descrição da crosta terrestre (aspectos geológicos, geoeconômicos etc.) por meio de análise e interpretação de fotos aéreas ou espaciais; interpretação fotográfica». O dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, que segue o Acordo Ortográfico de 1945 (AO 1945), ainda a vigorar em Portugal, não acolhe o termo, mas observa-se na entrada de fotoelectricidade não existir hífen entre os elementos constituintes, pelo que se depreende que em Portugal também não se hifeniza fotointerpretação. Conforme o novo Acordo Ortográfico (AO 1990), a palavra também se escreve sem hífen (cf. Base XVI e 5.ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras).
De referir que, à luz do AO 1945, o elemento de formação de palavras foto- («exprime a ideia a ideia de luz», Dicionário Houaiss) se pode descrever como «um elemento de origem substantiva, proveniente do grego ou do latim e terminado em o», o que se significa que «se combina com um ou mais elementos substantivos ou adjectivos», formando compostos nos quais se faz
«sempre a união completa dos elementos iniciais aos imediatos» (Rebelo
Gonçalves, Tratado de Ortografia Portuguesa, Coimbra, Livraria Atlântida, 1947, pág. 250). Há, no entanto, algumas alterações a apontar nesta união:
«a) elisão de o final de um elemento, antes de vogal ou h + vogal (suprimindo-se o h);
b) duplicação, após o o final de um elemento, do r inicial do elemento immediato;
c) duplicação do s inicial de um elemento, quando fica entre vogais.» (nota 4, ibidem)
Exemplos de cada uma das situações descritas (ibidem; cf. também Dicionário Houaiss):
a) laringectomia < laring(o) + ectomia; cefalematoma < cefal(o)- + hemat(o)- + -oma [perda do h de hemat(o)-]
b) cefalorraquidiano < cefal(o)- + raquidiano;
c) neurossensorial < neur(o)- + sensorial
A estas situações, acrescenta-se um caso especial (Gonçalves, op. cit., pág. 252):
«Se em compostos do modelo referido se mantém, contra o que é normal, o o
final de um elemento antes de vogal de elemento imediato, não deve por isso empregar-se o hífen, mas fazer-se, como nos casos em que ao o se segue consoante, a aglutinação de elementos. Exemplos: electroíman, e não electro-íman; hidroavião, e não hidro-avião; hidroeléctrico, e não hidro -eléctrico; radioeléctrico, e não radio-eléctrico; termoelectricidade, e não termo-electricidade.»
Quer isto dizer que, no quadro do AO 1945, e à semelhança de hidro-, todas as palavras formadas com o elemento foto- se escrevem sem hífen: fotoeléctrico, fotoionização, fotoenvelhecimento, etc. Mesmo que o segundo elemento comece por o, não se usa hífen: assim como se escreve microondas, e não "micro-ondas", também se escreverá, por exemplo, fotooptimizar, e não "foto-optimizar".
Com o AO 1990, altera-se a regra, porque se passa a empregar hífen quando se dá o encontro de vogais iguais (Base XVI, n.º 1):
«b) [emprega-se hífen] [n]as formações em que o prefixo ou pseudoprefixo termina na mesma vogal com que se inicia o segundo elemento: anti-ibérico, contra-almirante, infra-axilar, supra-auricular; arqui-irmandade, auto-observação, eletro-ótica, micro-onda, semi-interno. [...]»
Sendo assim, teremos fotointerpretação, hifenizado, mas, retomando um exemplo, foto-optimizado, sem hífen.